Uma atitude otimista pode fazer mais do que ajudar uma pessoa a começar bem o dia – é capaz de melhorar suas condições de saúde. Uma pesquisa coordenada pela neurocientista cognitiva Irene Tracey, da Universidade de Oxford, mostrou que tanto os pensamentos radiantes como os céticos influem na forma como as drogas são assimiladas pelo organismo.
No estudo publicado na Science Translational Medicine, 22 voluntários saudáveis foram submetidos a exames de imagem por ressonância magnética funcional (fMRI) enquanto um dispositivo lhes aquecia a panturrilha direita até um nível desconfortável. Como era esperado, regiões do cérebro associadas à percepção da dor foram ativadas.
Em seguida, os participantes receberam na veia doses de remifentanil, analgésico de ação rápida, enquanto se submetiam ao mesmo aquecimento na perna. Porém, os pesquisadores os enganaram em relação à administração do analgésico. De início, os voluntários não sabiam que o tratamento tinha começado, por isso não pensaram que a dor fosse diminuir. Dez minutos depois foram informados de que a droga estava sendo administrada – e por isso pensaram que o desconforto deveria diminuir. Na sequência, os aplicadores do teste lhes disseram que tinham parado de administrar o medicamento, e os voluntários foram induzidos a acreditar que sua perna começaria a doer mais.
Após a experiência, os participantes relataram que a dor que sentiam era muito menos intensa e desagradável quando acreditavam estar recebendo o analgésico do que quando pensavam não estar, mesmo que a administração da droga não tivesse sido interrompida. Na verdade, quando eles esperaram que a dor aumentasse porque pensavam que o medicamento tinha sido suspenso, essa percepção eliminava qualquer benefício do analgésico – o desconforto era o mesmo do primeiro ensaio sem administração de analgésico. Além disso, as áreas cerebrais responsáveis pela captação de sensações dolorosas permaneciam mais ativas quando eles esperavam pelo pior, imitando a atividade cerebral durante a aplicação inicial do calor. “Os efeitos do pessimismo são provavelmente mais pronunciados em pacientes que vivenciaram anos de frustração com medicamentos ineficazes”, observa Irene. “Por isso, os profissionais da saúde não devem subestimar a influência das expectativas negativas dos pacientes, e estes também devem estar atentos, para que as baixas expectativas não agravem o sofrimento.”
Fonte: Revista Mente e Cérebro
Disponivel em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/expectativas_positivas_e_negativas_interferem_no_efeito_de_remedios.html>. Acesso em: 03 out. 2011
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