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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Desafios do SUS Para a Saúde Mental

Apresentando as dificuldades da superação dos antigos modelos de tratamento para pacientes de saúde mental e destacando a importância de novas políticas para a área, o pesquisador da ENSP e coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial da Escola, Paulo Amarante, ministrou, no dia 4 de novembro, a palestra Questões contemporâneas no campo da saúde mental. A exposição foi mais uma das atividades realizadas no âmbito dos Ciclos Temáticos de 2011: Território, Desenvolvimento e Saúde - organizados pela equipe de pesquisadores do Plano de Monitoramento Epidemiológico da Área de Influência do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (LabMep/Comperj), coordenado pela ENSP.
Amarante traçou um panorama de como a medicina se desenvolvia no final do século XVIII, quando o foco era a centralização da medicalização, e os hospitais se tornavam laboratórios para uma nova forma do saber médico. "Com isso, há o nascimento da clínica. Os hospitais tornaram-se máquinas de conhecimento", destacou. Na exposição, o pesquisador abordou desde o trabalho, no passado, de Jean-Martin Charcot e a produção da histeria, em que, ao se pesquisar uma doença, se produz na pessoa pesquisada seus sintomas, até os dias atuais, com Marcia Angell e suas críticas aos laboratórios farmacêuticos, que não permitem que os resultados sejam publicados quando não são favoráveis aos medicamentos que produzem.


O pesquisador criticou ainda as pesquisas publicadas em revistas e/ou jornais com perguntas que levam as pessoas a acreditarem que possuem algum problema de saúde, fazendo com que ela se torne alguém doente na sociedade. "Além disso, as pesquisas epidemiológicas podem ter muito mais um significado de produção de comportamentos patológicos do que de identificação de doenças", explicou Amarante, citando como fonte um de seus trabalhos, Muito prazer, fulano de tal, bipolar: identidade e produção de doenças, disponível para leitura na publicação Determinação Social da Saúde e Reforma Sanitária, do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes).
Especificamente sobre o campo da saúde mental, Paulo Amarante ressaltou que as políticas para a área não devem ser reduzidas a processos de reorganização ou reorientação do modelo assistencial, assim como o conceito de reforma psiquiátrica deve ser entendido como um processo social complexo, de construção de outro lugar social para os sujeitos em sofrimento. "Atualmente, no Brasil, há uma baixa articulação entre a rede de saúde mental e a Estratégia de Saúde da Família, causando a fragilização da área", disse. O pesquisador encerrou destacando os novos conceitos de tratamento, que envolvem a cultura e a diversidade cultural, educação, lazer, redes sociais, em prol da garantia de direitos para os usuários do sistema de saúde mental.

Fonte: Informe ENSP

Disponivel em: <http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/materia/?origem=1&matid=28067>. Acesso em: 08 nov. 2011

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