Desde muito cedo, até mesmo antes de nascer, a identidade de gênero vai se delineando segundo expectativas manifestadas de acordo com o sexo do bebê. Os ditados e as crenças populares são exemplos de como os comportamentos e sinais da mãe são a ele associados: se a face da mãe estiver rosada, nascerá um menino; se estiver pálida, menina; se o bebê estiver agitado e der muitos pontapés, certamente será menino, se estiver mais calmo e a mãe com muito sono, menina.
É clara a construção social das diferenças entre os sexos até mesmo antes do nascimento. A socióloga Dulce Whitaker chamou a esse fenômeno “didática da gravidez”, ou seja, a maior valorização do bebê do sexo masculino e a diminuição de autoestima da menina, atribuídas às crianças no útero materno. Ao nascerem, a menina e o menino já têm sua educação, de certa forma, direcionada: pais e mães delineiam mentalmente o modelo a seguir. Crianças ainda pequenas construirão um corpo, mas não assexuado; um corpo, um modo de andar, de falar ou de agir masculino ou feminino.
O corpo de meninas e meninos também passa, desde muito cedo, por um processo de feminilização e masculinização, responsável por torná-los “mocinhas” ou “capetas”. Esse minucioso processo se repete até que a violência e a agressividade da menina desapareçam, até que ela comece a se comportar como uma “verdadeira” menina, delicada, organizada e quieta, reprimindo sua agressividade e ressaltando sua meiguice e obediência.
Já para o menino, esse processo se dá ao contrário: na atribuição de tarefas dinâmicas e extrovertidas e, em especial, com a privação da afetividade, não lhe sendo permitido, por exemplo, expressar-se pelo choro. A masculinidade está calcada no trabalho, na perseverança, na competitividade e no sucesso, elementos entendidos como os mais importantes para sua constituição considerada hegemônica: a coragem, diretamente relacionada à força física, à energia, à ousadia, à virilidade.
Crianças de ambos os sexos são agressivas, mas nesse processo a agressão, no sentido de satisfazer necessidades, é estimulada para apenas um dos sexos, restando ao outro a passividade.
Fonte: Revista Mente e Cérebro
Disponível em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/construcao_social_dos_sexos.html>. Acesso em: 10 nov. 2011
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