Dados da International Stress Management Association – Isma-Brasil revelam que mais de metade dos brasileiros economicamente ativos sofre com a sobrecarga profissional e com os excessos que a cercam. No dia a dia é necessário cumprir prazos restritos e demandas cada vez mais complexas, acompanhar mudanças tecnológicas, enfrentar avaliações de rendimento e ainda manter um relacionamento razoável com clientes, chefes e colegas. Isso sem falar da preocupação em se manter empregado. Adoecemos porque o estresse constante é interpretado pelo organismo como uma situação de perigo que pode desencadear desequilíbrios do sistema imunológico e distúrbios psicológicos.
Essa reação orgânica é compreensível se pensarmos que o sistema cerebral de resposta ao estresse é ativado em ocasiões que representem ameaças – e as adversidades muitas vezes são interpretadas como riscos. Se o equilíbrio interno, chamado de homeostase, é ameaçado, várias respostas imunológicas e comportamentais são acionadas para neutralizar forças perturbadoras e restabelecer o bem-estar. As reações adaptativas, porém, podem se transformar em fatores estressantes, causando alterações fisiológicas e psíquicas em situações de ameaça ou que exijam melhor desempenho.
O cérebro e o sistema imunológico enviam sinais um ao outro continuamente, em geral pelos mesmos “caminhos”, o que pode explicar como o estado mental influencia a saúde. Se ao longo da evolução humana o homem primitivo precisava se haver com as feras para sobreviver, hoje grande parte dos embates ocorre mesmo é nos meios profissionais – as “feras” que enfrentamos ou das quais nos escondemos estão em nosso cotidiano. E, nesse sentido, o estresse pode ser benéfico: nos ajuda a ficar em estado de alerta para entrar na “briga”. Ocasionalmente, funciona como energia motivadora, que nos permite lidar com as adversidades. Sem ele, aliás, não haveria possibilidade de reação aos estímulos, ficaríamos apáticos.
Mas se a situação de tensão é constante, o organismo sofre com o excesso – e surgem as doenças. Há casos extremos em que o estresse prolongado é capaz até mesmo de levar à morte. E hoje se sabe que o estresse não influencia apenas os indivíduos – também tem consequências culturais, sociais e econômicas. De forma geral, acredita-se que o prejuízo anual decorrente de faltas ao trabalho, baixa produtividade, acidentes e doenças causados pelo problema ultrapasse US$ 300 bilhões nos Estados Unidos e US$ 265 bilhões na Europa. “No Brasil estimamos que poderia haver uma economia de até 34% se fossem diminuídos os índices de estresse ocupacional”, acredita a psicóloga Ana Maria Rossi, especialista no estudo do estresse e presidente da Isma-Brasil. E ela aconselha: “Tirar férias apenas a cada 11 meses, por exemplo, costuma ser prejudicial; nesse intervalo o nível de estresse acumulado atinge patamares muito altos. Segundo a especialista, períodos menores de descanso, divididos ao longo do ano, podem ser mais benéficos à saúde.
Fonte: Scientific American Mente Cérebro
Disponível em: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/quando_o_trabalho_faz_adoecer.html. Acesso em: 22 abr. 2015
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