Comportamento dos pais serve de espelho para os filhos e inserem, de forma positiva, as novas gerações na sociedade, oferecendo ferramentas para que a criança monte um repertório de conceitos e atitudes importante em sua formação
Na educação das crianças, os comportamentos de seus pais funcionam, em grande parte das ocasiões, como uma verdadeira guideline, que, de acordo com sua adequação, permite-lhes adquirir atitudes e condutas cada vez mais refinadas e compatíveis com os hábitos e costumes sociais aceitos em sua cultura.
Tais comportamentos inserem, positivamente, as novas gerações na sociedade, dando-lhes ferramentas, que, além de lhes facilitar uma produtividade com eficiência e eficácia acima da média, podem garantir uma qualidade de desempenho pessoal, que resulta em um diferencial diante de seus pares. A escola oportuniza a manutenção, a fixação e a expansão desse repertório, por meio do exercício diário das primeiras vivências sociais fora do círculo familiar.
Já que desde o nascimento as crianças são observadoras vorazes do comportamento dos pais e, com eles, interagem sempre em busca de sua atenção, na medida em que seu repertório de conhecimentos e comportamentos se torna mais complexo, e que as experimentações com o meio começam a ser mais significativas, é natural que busquem referências, respostas sinalizadoras de agrado ou desagrado para seus comportamentos. Em outras palavras, buscam comportamentos reativos, que delimitem e orientem essas condutas.
Na nossa sociedade, duas formas clássicas de resposta para tal tipo de demanda são o elogio e a crítica, ambos extremamente úteis, quando bem aplicados, e muito prejudiciais, quando usados indevidamente.
Como o comportamento dos pais é a maior fonte de exemplo para os filhos, suas críticas e elogios também são os melhores meios de produzir estímulos ou contenção dessas condutas. então, que motivo faz com que sejam ambos tão banalizados na educação das crianças?
O elogio é, primordialmente, um feedback positivo, essencial para o desenvolvimento emocional e social, que se traduz em um bem-estar interno, devido ao desencadeamento da produção de uma série de substâncias em nosso sistema nervoso, que nos dão a sensação de prazer, alegria, reforçam a autoestima e nos induzem a repetir a experiência.
A crítica, a princípio, encerra julgamento, aponta defeitos, coloca em questão acompetência. pode detonar crises de baixa autoestima, sentimentos de raiva e revolta. produz, na maior parte dos casos, repúdio, mas pode levar, também, o indivíduo à repetição do comportamento, pela atenção exagerada que lhe é dedicada.
Crianças com menos de 4 anos são, geralmente, mais facilmente manipuladas com elogios e críticas às suas capacidades e características do que as mais velhas. depois dessa idade, já se apercebem quando os adultos tentam adulá-las ou chantageá- las e aprendem que esses recursos podem ser duplamente interessantes, já que também podem fazer uso deles, tanto para controlar seus pais quanto para deixar de fazer o que não lhes convém.
em educação, tanto elogio quanto crítica são indispensáveis instrumentos de aprendizagem e motivação. quando os pais elogiam exageradamente, congelam os filhos naquele estágio de desenvolvimento, simplesmente porque é assim que acham que agradam aos pais e porque passam a crer que atingiram seu melhor e, portanto, não devem se arriscar a mudar ou correrão o risco de serem mal-sucedidos.
ao perceber que os familiares as adulam e tentam controlá-las com elogios, as crianças aprendem que seus pais não são inteiramente confiáveis e nem tão espertos: de um lado, são adultos que decepcionam, pois são capazes de mentir para elas e, de outro, percebem que podem mentir para seus pais, controlando-os por meio desses mesmos comportamentos.o elogio exige credibilidade para ter valor e para não desenvolver uma verdadeira aversão a riscos. Críticas fáceis, constantes, que magoam e não apontam um caminho, da mesma forma, são desastrosas formas de perder a oportunidade de educar.
se é verdade que elogios podem motivar e críticas destruir, também é certo que, ao frustrarem, as críticas bem feitas, dirigidas à produção, ao comportamento, ao esforço empregado, e não à criança propriamente dita, criam um espaço de aprendizagem, de busca de novos modelos e decrescimento emocional e pessoal. Críticas podem motivar novos comportamentos, mais adequados, e elogios podem destruir o interesse por novos desafios. nosso cérebro funciona melhor quando há uma recompensa à vista e esse é o segredo das pessoas persistentes.
Assim, críticas e elogios bem direcionados, específicos, sinceros, da mesma forma são positivos, construtivos, impelem para mudanças, adequadas e importantes na educação, até porque mostram novas possibilidades, que, por vezes, as crianças não conseguem distinguir quando são repreendidas de modo inespecífico, emocionalmente carregado e sem apontar alternativas, opções de desempenho, que as induzam a pensar em um novo tipo de solução.
Seja porque a ênfase no esforço, que pode ser aumentado, é muito mais eficaz do que, simplesmente, realçar características basicamente imutáveis, como inteligência e beleza, é preciso pensar bem antes de elogiar ou criticar. isso se desejarmos criar pessoas persistentes, automotivadas.
Fonte: Revista psique
Disponível em: <http://portalcienciaevida. uol.com.br/esps/Edicoes/101/ artigo313553-1.asp >.Acesso em: 07 jul. 2014
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