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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

X Colóquio da Residência em Psicologia Clínica e Saúde Mental


Vivemos muitas crises ao longo da vida...
Crise existencial, crise financeira, crise social, crise psicótica !?
A experiência dos variados serviços de saúde mental, entre avanços e entraves, revela que lidar com a crise é, ainda, um grande desafio. Seja pelo que emerge subjetiva e objetivamente, seja pelo que implica na criação de estratégias e tecnologias de cuidado, fundadas em princípios clínicos e políticos. Lidar com a crise, em suas dimensões subjetiva, social e institucional, requer a humanização dos processos de cuidado, visando a integralidade em saúde mental.
O propósito do X Colóquio é criar um espaço de trocas, reflexões e análise da crise em suas múltiplas aparições e as estratégias de cuidado nos diferentes contextos, a partir de dois eixos temáticos: a clínica das psicoses e a clínica das toxicomanias.
Na clínica das psicoses, particularmente, há o desafio de fazer a leitura da estrutura psicótica e, então, inventar, criar estratégias de intervenção para manejar as situações de crise, na singularidade de cada caso e contexto.
O abuso de substâncias psicoativas é um fenômeno que ganhou destaque nos últimos anos, chegando, a mídia, a construir uma espécie de 'mal social' a ser combatido, o que serve a determinados grupos e obscurece a dimensão sintomática do que isso revela sobre a sociedade. Sintoma social? Ao mesmo tempo, na rede de saúde mental diversas experiências de cuidado ao usuário de SPA's vêm se consolidando a partir de tecnologias que buscam humanizar e dar visibilidade aos sujeitos, produzindo uma abordagem clínica diferenciada.

Dinheiro: Mulheres associam com amor, homens com liberdade

Mulheres associam dinheiro com amor, homens com liberdade
Estudos dão razão ao ditado popular de que o dinheiro não traz felicidade: alguns indicam que o dinheiro corrompe, mas o tempo salva, e que, quando o assunto é felicidade, o respeito importa mais do que dinheiro, enquanto outros chegam a questionar se o dinheiro não tornaria as pessoas más.
Irracionalidade econômica
Apesar de séculos de teorias econômicas e psicológicas, os seres humanos não parecem ser nada racionais quando se trata do dinheiro.
A novidade é que homens e mulheres parecem sucumbir de modos diferentes à sedução da grana.
Adrian Furnham e seus colegas da Universidade College de Londres pesquisaram mais de 100.000 indivíduos a respeito das suas emoções quando lidam com o dinheiro ou com a falta dele.
Os questionários aplicados aos voluntários incluíam perguntas tais como se eles costumam comprar coisas quando se sentem ansiosos, entediados ou chateados, além de questões para detectar se eles sentem culpa, orgulho ou poder em relação ao dinheiro.
Emoções econômicas
As respostas permitiram estabelecer quatro categorias principais de associações com o dinheiro: segurança, poder, amor e liberdade.
Ao analisar os resultados, contudo, ficaram claras as diferenças entre os homens e as mulheres quanto ao enquadramento em cada uma dessas categorias.
Em média, as mulheres associam o dinheiro ao amor e às emoções duas vezes mais do que os homens. E os homens associam o dinheiro ao poder e à liberdade igualmente duas vezes mais dos que as mulheres.
Patologia do dinheiro
Segundo a equipe, "as mulheres apresentaram mais 'patologia do dinheiro' do que os homens" - uma perda do autocontrole quando o assunto é gastar dinheiro.
"A maior diferença [entre os gêneros] foi na associação do dinheiro com a generosidade (o dinheiro representando o amor), onde os homens tiveram índices muito menores do que as mulheres, e na autonomia (o dinheiro representando a liberdade), onde os homens pontuaram mais do que as mulheres," escreveram os pesquisadores.
A equipe afirma esperar que a identificação de características específicas na maneira como como cada sexo lida com o dinheiro possa ajudar homens e mulheres a "obterem um melhor controle dos seus sentimentos financeiros".
Fonte: Diário da Saúde

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Transtornos parafílicos

Trata-se de uma parafilia que causa sofrimento e prejuízo ao indivíduo e geralmente se inicia na adolescência, dando certa satisfação quando há danos ou risco para o outro

Os transtornos parafílicos, assim denominados pelo Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais na sua 5ª edição (DSM - 5), são caracterizados por comportamentos, fantasias e/ou pensamentos sexuais recorrentes, intensos e sexualmente excitantes, por um período igual ou superior a seis meses e que envolvam: objetos; pessoa viva, não adulta; pessoa que não tenha consentido participar do ato sexual; sofrimento ou humilhação a si e/ou ao outro. São condições crônicas que podem ocasionar limitações e angústia em outras áreas da vida como o relacionamento conjugal, familiar e social. Geralmente se iniciam na adolescência e persistem ao longo da vida. São mais prevalentes em homens que em mulheres e entre os mais jovens.
O DSM-5 distingue “parafilias” de “transtornos parafílicos”. Indivíduos que têm interesses sexuais atípicos (comportamentos parafílicos consensuais), por si só, não são portadores de transtorno mental.
Pela 10ª edição da Classificação Internacional de Doenças (CID -10), as parafilias são designadas como transtornos da preferência sexual e se dividem em:
Fetichismo: o fetichista gratifica-se sexualmente com o uso de objetos ou alguma parte do vestuário que estejam intimamente associados com o corpo humano.
Transvestismo fetichista: o ato de vestir ou estar vestido com peças de roupas do outro gênero provoca excitação sexual, seguida usualmente de masturbação.
Exibicionismo: é uma tendência persistente a expor a genitália a estranhos (usualmente para mulheres) em lugares públicos, sem convite ou pretensão de contato mais íntimo.
Voyeurismo: as fantasias sexuais estão associadas com a excitação provocada em assistir práticas sexuais ou pessoas se despindo.
Pedofilia: é uma preferência sexual por pessoas de até treze anos de idade. Alguns pedófilos são atraídos apenas por meninas, outros somente por meninos e outros ainda se interessam por ambos os gêneros.
Sadomasoquismo: envolve fantasias, impulsos e/ou práticas sexuais que provoquem dor ou humilhação à parceira ou a si próprio.
Transtornos múltiplos da preferência sexual: dois ou mais deles podem estar associados.
Outros transtornos da preferência sexual como, por exemplo, zoofilia (fantasias e/ou práticas sexuais com animais).

É comum a associação dos transtornos parafílicos com outros distúrbios sexuais e psiquiátricos como disfunção erétil, ejaculação rápida, transtornos do humor, transtornos de ansiedade, transtorno dos impulsos e abuso de substâncias psicoativas

Apesar das causas que levam à parafilia serem desconhecidas, vários estudos sugerem a presença de anormalidades neurobiofisiológicas associadas ao comportamento parafílico. Além disso, vivências emocionais durante o processo de maturação psicossexual, como sentimentos de repressão sexual adquiridos no desenvolvimento pessoal, superproteção ou desorganização familiar e história de abuso sexual e/ou emocional na infância são elementos recorrentes e que contribuem para a compreensão dessa condição. Assim sendo, as primeiras experiências ou fantasias sexuais, sejam elas gratificantes ou não, podem influenciar comportamentos futuros.
Determinados fetichistas referem, na anamnese, a utilização de algum objeto para a obtenção de gratificação sexual em suas primeiras fantasias ou práticas sexuais, e é comum observar no relato de vários parafílicos, principalmente pedófilos, histórias de abuso sexual e /ou emocional na infância.
O poder que a família e a sociedade exercem no controle de impulsos primitivos, apesar de serem menos relevantes, pode gerar emoções contraditórias, quando as relações interpessoais provocam conflito e dificuldade de resolução. Portanto, a gratificação sexual ocorreria somente na presença dessas fantasias ou práticas. O diagnóstico dos transtornos parafílicos é fundamentalmente clínico, baseado na entrevista e no exame psíquico, enfatizando-se os diversos aspectos da anamnese sexual.
É importante investigar: desenvolvimento psicossexual, percepções sobre as relações e vínculos familiares, história de abuso sexual, primeiras lembranças das fantasias e práticas sexuais, uso de álcool ou outras drogas para facilitar o desempenho do sexo, envolvimentos afetivos, orientação sexual, início dos sintomas e sua periodicidade.
É comum a associação dos transtornos parafílicos com outros distúrbios sexuais e psiquiátricos como disfunção erétil, ejaculação rápida, transtornos do humor, transtornos de ansiedade, transtorno dos impulsos, abuso de substâncias psicoativas (especialmente álcool), transtornos de personalidade e transtorno de défict de atenção, principalmente em adolescentes com sintomas parafílicos.
O tratamento consiste no emprego de psicofármacos, entre eles os antidepressivos são os mais utilizados, principalmente os inibidores seletivos da receptação da serotonina (fluoxetina, por exemplo). Além da terapia medicamentosa, é fundamental a psicoterapia individual e/ou grupal, já que a associação entre as duas modalidades terapêuticas tem se mostrado útil no controle dos sintomas e na reintegração dessas pessoas à sociedade. O tratamento deve ser mantido indefinidamente, não havendo perspectiva de alta, pelo menos com o tipo de terapêutica e o nível de conhecimento disponíveis no momento.

Referências: 
American Psychiatric Association. Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, 5ª edição (DSM-5). Arlignton, VA, 2013. 
Organização Mundial da Saúde. Classificação Internacional de Doenças, 10ª edição (CID-10). Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

Giancarlo Spizzirri é psiquiatra doutorando pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) da Faculdade de Medicina da USP, médico do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Ipq e professor do curso de Especialização em Sexualidade Humana da USP.



Fonte: Revista Psique

Memórias são para sempre: Você nunca esquece totalmente

Memórias são para sempre: Você nunca esquece totalmente

Outros estudos já haviam demonstrado que memórias perdidas podem ser reativadas com luz.

Memórias são para sempre

Nossas memórias são mais robustas e duradouras do que pensávamos - na verdade, parece ser impossível esquecer de fato alguma coisa.
Uma equipe da Universidade de Cardiff (País de Gales) descobriu que é possível reverter a amnésia provocada por métodos que se acreditava produzirem a perda definitiva da memória.
Isto representa a descoberta de um processo no cérebro que poderá permitir a recuperação de memórias perdidas ou, ao contrário, ajudar a enterrar bem fundo más lembranças traumáticas.
"Pesquisas anteriores nesta área concluíram que, quando você relembra uma memória, ela é sensível à interferência de outras informações e, em alguns casos, é completamente apagada. Nossa pesquisa contesta essa visão e nós acreditamos que prova que as coisas não acontecem dessa maneira," disse Thomas Kerrie, líder da equipe.
Amnésia
A equipe aplicou em cobaias uma técnica descrita na literatura científica como capaz de induzir a amnésia total.
De forma surpreendente, eles descobriram que é possível aplicar "lembretes fortes o suficiente" para trazer de volta a memória, mostrando que não ocorreu de fato uma amnésia total.
Embora os resultados tenham sido demonstrados em camundongos, a equipe afirma esperar que eles possam ser verificados igualmente nos seres humanos, abrindo o caminho para o desenvolvimento de novas terapias e novas drogas para pessoas que sofrem com distúrbios de memória.
"Estamos ainda muito longe de ajudar as pessoas com problemas de memória. No entanto, esses modelos animais refletem com precisão o que acontece nos seres humanos e sugerem que nossas memórias autobiográficas, nossas auto-histórias, são obscurecidas por novas memórias, em vez de serem perdidas," disse o professor Thomas.
"Esta é uma perspectiva interessante em termos do tratamento de doenças psiquiátricas associadas com distúrbios de memória, tais como o transtorno de estresse pós-traumático, a esquizofrenia e a psicose," concluiu.
Fonte: Diário da Saúde

Dormir de lado ajuda a limpar resíduos do cérebro

Dormir de lado ajuda a limpar resíduos do cérebro
A via glinfática do cérebro limpa compostos químicos que se acumulam no cérebro. Seu funcionamento é mais intenso durante o sono.
Lixo cerebral
Dormir de lado, em comparação com dormir de costas ou de bruços, é a forma mais eficaz para remover o "lixo cerebral", resíduos que se acumulam pelo funcionamento normal do cérebro.
Por isso, o decúbito lateral pode ser uma técnica simples, mas importante, para ajudar a reduzir as chances de desenvolver AlzheimerParkinson e outras doenças neurológicas.
"A análise nos mostrou de forma consistente que o transporte glinfático foi mais eficiente na posição lateral, em comparação com as posições decúbito dorsal ou ventral," disse Helene Benveniste, da Universidade Stony Brooks (EUA).
"Devido a esta conclusão, propomos que a postura corporal e a qualidade do sono devem ser consideradas quando da padronização de futuros procedimentos de diagnóstico de imagem para avaliar o transporte de CSF-ISF em seres humanos e, portanto, para a avaliação da limpeza das proteínas cerebrais prejudiciais que podem contribuir ou causar doenças cerebrais," defendeu a pesquisadora.
Rota glinfática
A equipe usou uma técnica de imageamento de ressonância magnética por contraste dinâmico para rastrear a rota glinfática do cérebro, um complexo sistema que remove resíduos e outros solutos químicos nocivos do cérebro.
Acredita-se que o acúmulo de resíduos químicos no cérebro possa contribuir para o desenvolvimento de doenças neurológicas.
"É interessante que a posição de dormir de lado já seja o mais popular entre os humanos e a maioria dos animais - mesmo os selvagens - e parece que adaptamos a posição lateral ao sono para limpar de forma mais eficiente nosso cérebro dos resíduos metabólicos que se acumulam enquanto estamos acordados," disse a professora Maiken Nedergaard, coordenadora da equipe.
Os resultados foram publicados no Journal of Neuroscience.
Fonte: Diário da Saúde

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Nicotina muda o efeito da maconha no cérebro

Um estudo norte-americano pode revolucionar tudo que se sabe sobre o efeito da maconha e da nicotina no cérebro. Cientistas da Universidade do Texas, na cidade de Dallas, descobriram que há uma relação bizarra entre a memória e o uso destas substâncias.
A memória e o aprendizado são regulados por uma região do cérebro chamada hipocampo. Geralmente, pessoas que têm essa área cerebral menor também apresentam um mau funcionamento da memória.

Estudos anteriores indicavam que pessoas que usam maconha têm hipocampo menor e, consequentemente, uma memória pior.
No entanto, segundo a pesquisa norte-americana, quando os usuários combinam a nicotina com a cannabis, esta relação é diferente. Mesmo com a diminuição do hipocampo, a memória de quem usa as duas drogas não sofre piora.


Além disso, os pesquisadores também descobriram que quanto maior for o número de cigarros de maconha e nicotina fumados por dia, menor o volume do hipocampo e melhor o desempenho da memória.

De acordo com a pesquisa, não houve associação significativa entre o tamanho do hipocampo e a melhora da memória em pessoas que só usam nicotina ou fumam apenas a cannabis.
Como a pesquisa foi feita
Os participantes foram divididos em quatro grupos: pessoas que não usaram maconha ou nicotina nos últimos três meses; usuários que fumam maconha pelo menos quatro vezes por semana; indivíduos que usam nicotina dez ou mais vezes por dia; e usuários que fumam cannabis quatro vezes por semana e também nicotina dez vezes por dia.

Para realizar a pesquisa, os cientistas fizeram ressonâncias magnéticas nos cérebros dos participantes. Eles completaram uma avaliação sobre histórico de uso de drogas e testes neuropsicológicos três dias antes do exame.
De acordo com Francesca Filbey, líder do estudo, ela decidiu fazer esta pesquisa pois 70% das pessoas que usam maconha também são usuários de nicotina. "A maioria dos estudos sobre a cannabis não analisam o uso da nicotina", disse a pesquisadora ao site da universidade.

"Nós precisamos compreender como o uso combinado destas substâncias altera o funcionamento do cérebro para realmente entender seus efeitos na memória e no comportamento", finalizou Filbey. O estudo foi publicado no jornal "Behavioural Brain Research".

Fonte: Superinteressante

Música que não sai da cabeça

O desenvolvimento de habilidades musicais na infância promove ganhos que fazem da música uma aliada no tratamento de distúrbios comuns entre crianças

imagens: shutterstockNão demorou muito para que as transformações vindas com o livre acesso à informação fossem ecoadas no sistema educacional, trazendo a necessidade de revermos muitos aspectos dos métodos tradicionais. Nesse momento em que o conteúdo tende a ceder importância ao ganho de habilidades mentais, algumas práticas antes deixadas em segundo plano encontram a brecha para ganhar papéis de destaque na educação.
Há muito se fala dos reflexos do ensino da música no aprendizado de outras capacidades, como o raciocínio lógico abstrato. Mas apenas nas últimas décadas, com as facilidades tecnológicas, a neurociência está conseguindo comprovar que o conhecimento musical provoca alterações na estrutura do cérebro que, de fato, trazem ganhos importantes em outras áreas intelectuais.
Ao ouvirmos atentamente uma música, ativamos diversas áreas do cérebro ao mesmo tempo, num exercício prazeroso que finalmente vem ganhando reconhecimento por sua função terapêutica em vários tipos de situações. Se escutar já traz vantagens, os ganhos de se aprender um instrumento são imensamente superiores e definitivos.
Um dos mais recentes e significativos estudos que comprovam esses ganhos foi realizado por pesquisadores da Universidade de Medicina de Vermont, nos Estados Unidos, com 232 crianças entre 6 e 18 anos. Foi constatado que o tempo de prática está relacionado com melhor atenção, maturidade emocional e controle de ansiedade. O estudo analisou a espessura do córtex – camada cerebral mais externa, responsável pelo processamento das funções mais complexas – a partir de exames coletados pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos com a intenção de acompanhar o desenvolvimento do cérebro infantil. Entre crianças que estudaram música, foi observada maior maturação em diversas áreas corticais, entre elas a área motora e diversas regiões da pré-frontal – que envolve planejamento, organização, memória de trabalho e processamento emocional.
A expectativa dos pesquisadores da Universidade de Vermont é alertar para os avanços que a prática musical pode representar no tratamento de distúrbios mentais comuns na infância, como autismo e déficit de atenção e hiperatividade. Uma das grandes vantagens de se trabalhar com a música como instrumento terapêutico está no fácil engajamento das pessoas com essa atividade. Ela atua diretamente no nos so sistema de recompensa, provocando a distribuição de neurotransmissores relacionados ao prazer e estados de entusiasmo e relaxamento – o que garante um maior comprometimento com a terapia.
A música exige coordenação de ambos hemisférios cerebrais, embora seu processamento se encontre primordialmente no lado direito. Essa ativação simultânea faz com que, em instrumentistas, a estrutura que permite a comunicação entre os dois hemisférios – o corpo caloso – seja maior em volume e atividade. Sua maturação permite uma melhor combinação de habilidades precisas e linguísticas com a capacidade de pensar criativamente. Acredita-se que uma conexão mais intensa e firmemente construída entre os dois hemisférios permite também o desenvolvimento de uma expressividade mais rica, de uma melhor comunicação entre palavras e sentimentos

A música, como uma das vias mais eficazes para nos colocar em contato com nossas emoções e organizá-las, ocupa papel importante na história da evolução humana

O uso da música como uma das vias mais eficazes para nos colocar em contato com nossas emoções e organizá-las ocupa um papel importante na história da evolução humana – o que faz dessa arte algo tão instintivo e natural quanto a linguagem. Como Oliver Sacks já definiu, nós somos uma “espécie musical”, da mesma forma como somos linguísticos.
De acordo com o neurocientista e produtor musical Daniel Levitan, no podcast Music and the Brain, sobre seu livro The World in Six Songs (O Mundo em Seis Músicas), transformações no cérebro dos nossos ancestrais permitiram surgir o desejo de se comunicar criando representações artísticas e emocionais – e não apenas factuais. A música, segundo ele, faz parte da formação e da evolução de qualquer sociedade, cumprindo um papel fundamental na criação de vínculos, no registro e propagação de conhecimento, na contenção de conflitos e, acompanhada da dança, na sinalização sexual.
Recentemente, descobriu-se que o próprio confronto com as emoções, promovido pela música, também traz vantagens cognitivas. No estudo Funções Cognitivas, Origem e Evolução das Emoções Musicais, de 2012, o pesquisador da Universidade de Harvard, Leonid Perlovsky, mostra que a música, ao promover a reconciliação com sentimentos conflitantes enquanto tomamos decisões – das mais simples às mais complexas –, aprimora também essa função executiva. “Quanto mais diversa e diferenciada nossa nuance de emoções, mais bem fundamentadas são nossas decisões. Seja ao escolher com qual objeto brincar ou ao fazer uma proposta ao namorado, a música ajuda nessas habilidades cognitivas”, conclui o pesquisador.
Essa relação das emoções com a capacidade de tomada de decisão já foi amplamente estudada pelo neurocientista português Antônio Damásio. A novidade é que a música, agora comprovadamente, pode atuar na promoção da melhor comunicação entre essas regiões cerebrais, tão diferentes quanto interdependentes.


Michele Muller é jornalista com especialização em Neurociência Cognitiva e autora do bloghttp://neurocienciasesaude.blogspot.com.br


Fonte: Revista Psique

Sintomas do ataque de pânico podem parecer com infarto

Você está tranquilo em casa e, de uma hora para outra, começa a sentir taquicardia, acompanhada de dor no peito, falta de ar e tremor. Qual seria a sua primeira reação? Ir a um pronto-socorro? Ligar para o cardiologista? O recomendado é, realmente, diante de tais sintomas, procurar atendimento médico o mais rápido possível. Mas, em muitos casos, depois de realizados os exames, constata-se que a pessoa não tem problema físico. Isso é o que ocorre com 90% dos pacientes que sofrem de transtorno do pânico, que se manifesta por ataques intensos de ansiedade, acompanhados de sintomas físicos.

Você está tranquilo em casa e, de uma hora para outra, começa a sentir taquicardia, acompanhada de dor no peito, falta de ar e tremor. Qual seria a sua primeira reação? Ir a um pronto-socorro? Ligar para o cardiologista? O recomendado é, realmente, diante de tais sintomas, procurar atendimento médico o mais rápido possível. Mas, em muitos casos, depois de realizados os exames, constata-se que a pessoa não tem problema físico. Isso é o que ocorre com 90% dos pacientes que sofrem de transtorno do pânico, que se manifesta por ataques intensos de ansiedade, acompanhados de sintomas físicos.

Segundo o psiquiatra e chefe do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Humberto Correa, em um primeiro momento, o ataque de pânico se assemelha a uma doença orgânica. “A pessoa pensa que está infartando. Com frequência, o primeiro contato médico que ela tem é com um serviço de atendimento de urgência. Esses profissionais precisam ser capazes de identificar a doença e encaminhar o paciente para um especialista”, observa.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que de 3% a 4% da população mundial tenha trastorno do pânico. Assim como a depressão, ele costuma ser mais frequente em mulheres. Cientistas, porém, ainda não descobriram a razão dessa diferença. Segundo Humberto Correa, mesmo que o transtorno possa se manifestar em qualquer idade, o normal é que ocorra em indivíduos adultos, geralmente na terceira década de vida. Os ataques duram de cinco a 20 minutos.

“O ataque de pânico normalmente ocorre sem nenhum fator desencadeante. A pessoa pode estar tranquila, dormindo, inclusive. A principal característica é de uma ansiedade maciça. São dois tipo de sintomas: os psíquicos e os físicos. Os psíquicos são uma sensação de morte iminente, de que algo grave esteja ocorrendo ou esteja para ocorrer. Os físicos são ligados muito à esfera cardíaca e respiratória. E isso, possivelmente, vai desaparecer da mesma forma que apareceu”, completa.


Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP
Disponível em: <http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2/>.Acesso em: 25 ago. 2015

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Com a ajuda da família

Relações de solidariedade podem diminuir o isolamento dos pacientes e o preconceito com transtornos mentais

Amigos próximos e pessoas da família, em geral, não sabem como agir quando alguém passa a apresentar sintomas de esquizofrenia. Diante da nova situação, repleta de dificuldades, é comum ficar entre dois extremos: refugiar-se no conformismo, que leva a não procurar tratamentos; ou adotar postura imediatista e iludindo-se com a ideia de que as coisas irão se resolver magicamente, de uma hora para outra, seja mudando o remédio, confiando em apenas um tipo de profissional da saúde ou simplesmente não aceitando o distúrbio.

O mais saudável, tanto para o paciente quanto para aqueles que o querem bem, é procurar um caminho intermediário. Ou seja: informar-se sobre a doença sem negá-la e compreender que se trata de um transtorno crônico, que exige cuidados em longo prazo. Os resultados, muitas vezes, são lentos e a melhora só é possível com a busca constante e cotidiana de resolução de problemas e de exercício de diálogo e atendimento multidisciplinar. A experiência tem mostrado que, com o acesso a informações corretas sobre os transtornos mentais, é possível estabelecer relações de solidariedade, diminuindo o isolamento dos pacientes e o preconceito.
Não raro, aqueles que convivem com o paciente também precisam de cuidados, já que a carga emocional pela qual passam é bastante forte. Por isso, é importante integrar-se a grupos de pessoas que vivem a mesma situação ou mesmo procurar atendimento psicológico individual.

Fonte: Scientific American Mente Cérebro

Perdidos na zona cinzenta

Pacientes em estados como vegetativo ou coma apresentam diferentes graus de consciência

A consciência parece ser uma questão de tudo ou nada – ou as luzes estão acesas ou apagadas –, mas na realidade ela pode estar presente em diferentes graus. As condições em que ela está comprometida são conhecidas como distúrbios de consciência (abaixo). Na maioria das vezes, resultam de trauma na cabeça ou de eventos como acidente vascular cerebral ou parada cardíaca, que provocam falta de oxigênio no cérebro: resultados tendem a ser piores com falta de oxigênio que com trauma. Pacientes podem progredir ou regredir de uma categoria a outra, exceto no caso de morte cerebral, da qual não há recuperação.

Morte cerebral: todas as funções do cérebro e do tronco cerebral cessam permanentemente.

Coma: perda de consciência é completa; ciclos de vigília e de sono desaparecem e os olhos permanecem fechados. O coma, que raramente dura mais de duas a quatro semanas, costuma ser temporário; depois, os pacientes ficam conscientes ou em um dos estados abaixo.

Estado vegetativo: ocorrem ciclos de sono-vigília e os olhos podem se abrir espontaneamente ou em resposta a estímulos, mas os únicos comportamentos apresentados tendem a ser de reflexo. Casos famosos: Terri Schiavo, Karen Ann Quinlan.

Estado minimamente consciente: pacientes podem parecer vegetativos, mas às vezes mostram sinais de consciência, como buscar um objeto após um comando ou resposta a uma ordem ou ao ambiente. Caso famoso: Terry Wallis, que recuperou a consciência após 19 anos.

Síndrome do encarceramento (locked-in): tecnicamente, esse estado não é um distúrbio de consciência, pois os pacientes estão totalmente conscientes, mas não conseguem se mover e podem equivocadamente ser considerados vegetativos ou com consciência mínima. Muitos mantêm a capacidade de piscar e de mover os olhos. Caso famoso: Jean-Dominique Bauby, que ditou um livro de memórias piscando o olho esquerdo.

Fonte: Scientific American Mente Cérebro
Disponível em: 
<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/perdidos_na_zona_cinzenta.html>. Acesso em: 17 ago. 2015

Por que algumas músicas dão prazer físico?

Emoção da música
Não é preciso ser um instrumentista ou especialista em música para vivenciar percepções intensas quando se escuta uma canção.
A sensação atinge qualquer pessoa, a qualquer momento - em uma igreja ou em um shopping, em uma festa ou no ônibus a caminho do trabalho.
Muitos de nós já sentiram até leves arrepios ou formigamentos com certas músicas, mas algumas pessoas experimentam sensações tão fortes que as descrevem como "um orgasmo da pele".
Nós normalmente só respondemos dessa maneira a situações que podem assegurar ou ameaçar nossa sobrevivência: a comida, a reprodução ou o mergulho assustador em uma montanha-russa.
Então, como é que a música - que está longe de ser uma questão de vida ou morte - consegue mexer com o corpo e a mente de forma tão avassaladora quanto o sexo?
Orgasmo da pele
Psyche Loui, psicóloga da Universidade Wesleyan (EUA), arrebatada uma vez pelo Concerto para Piano No. 2 de Rachmaninov, realizou uma revisão das evidências e das teorias que tentam explicar o fenômeno.
Ela destaca que as sensações podem ser extraordinariamente variadas, para além dos arrepios que as pessoas normalmente reportam. Uma pesquisa realizada em 1991 com músicos profissionais e não músicos, por exemplo, descobriu que quase metade deles experimentou tremores, calor, transpiração e excitação sexual em resposta a suas canções favoritas, assim como a familiar sensação de frio na espinha.
Experiências tão variadas e intensas como essas podem explicar as origens do termo "orgasmo da pele". E, de fato, muitas culturas reconhecem abertamente as semelhanças entre as duas sensações de plenitude. Os sufis do norte da Índia e do Paquistão há tempos discutem uma dimensão erótica da atividade de escutar músicas a fundo.
Mesmo assim Loui e seu colega no estudo, Luke Harrison, preferem usar o termo francês frisson (emoção, sensação, excitação), para evitar conotações que possam constranger os voluntários envolvidos nos experimentos.
Por que algumas músicas dão prazer físico?
Já se sabe também que o cérebro controla o movimento usando ritmos musicais. Literalmente, as ondas cerebrais produzem música. [Imagem: Mark Churchland/Stanford]
Melodias surpreendentes
Assim como a própria psicóloga percebeu com o concerto de Rachmaninov, as pessoas conseguem apontar compassos específicos de uma música que liberam as sensações de prazer.
Usando essas informações, os pesquisadores puderam identificar os tipos de melodia que têm mais chances de detonar as diferentes sensações durante o frisson musical.
São particularmente poderosas as mudanças repentinas na harmonia, os saltos dinâmicos (do baixo volume para o alto volume), e as appoggiaturas melódicas (notas dissonantes que se confrontam com a melodia principal, como na canção Someone Like You, de Adele).
"O frisson musical extrai uma mudança fisiológica que está atrelada a um ponto específico da melodia", explica Loui.
Ao pedir a voluntários que ouvissem suas músicas favoritas enquanto passavam por um exame de ressonância magnética, neurocientistas conseguiram mapear as regiões do cérebro que respondem a essas canções. Isso os ajudou a tabular alguns dos mecanismos que podem corresponder a esse fenômeno peculiar.
Por que algumas músicas dão prazer físico?
Ouvir música faz o cérebro inteiro se iluminar, um fenômeno até agora sem equivalente em termos de atividade humana. [Imagem: Vinoo Alluri]
Doce antecipação
Um dos principais componentes parece ser a maneira como o cérebro monitora nossas expectativas, segundo Loui. Desde o momento em que nascemos (ou até antes, possivelmente), começamos a aprender certas regras que caracterizam a maneira como canções são compostas.
Se uma música segue de perto essas convenções, ela acaba sendo suave demais e não consegue atrair nossa atenção; se quebrar muito os padrões, elas soam como barulho. Mas quando compositores se equilibram na fronteira entre o familiar e o incomum, jogando com nossas expectativas usando prelúdios imprevisíveis, eles atingem um ponto fraco que provoca prazerosamente o cérebro. E isso pode produzir ofrisson.
A quebra das expectativas parecem dar um leve susto em nosso sistema nervoso autônomo, em sua região mais primitiva - o tronco cerebral -, produzindo a aceleração cardíaca, a falta de ar e a onda de calor que podem sinalizar o início do frisson.
Além disso, a antecipação, a quebra e a resolução de nossas expectativas dispara a liberação de dopamina em duas regiões essenciais - o núcleo caudado e o núcleo accumbens, um pouco antes e imediatamente depois do frisson.
"É uma resposta semelhante à que temos no sexo ou no uso de drogas, o que pode explicar por que achamos esse tipo de música tão viciante", explica Loui.
Fonte: Diário da Saúde

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Não externar sentimentos pode fazer mal a saúde


Diversas pesquisas realizadas nos últimos anos tem apontado para um grande número de pessoas com doenças relacionadas a depressão e em muitos casos o isolamento ou a falta de alguém para conversar tem agravado ainda mais essa situação. Sentimentos reprimidos podem causar dor emocional e doenças físicas. Desabafar mágoa e ser sincero consigo mesmo é sempre a melhor saída para viver bem. 
O estresse do trabalho, a rotina cansativa de casa, uma enxurrada de problemas e não demora a aparecer uma tensão muscular, insônia ou impaciência em tudo que vai se fazer. Muita pessoas ficam remoendo as mágoas e preferem reprimir a dor por medo de expor os sentimentos ou por não conseguir colocar para fora toda a angústia que está ali martelando sem parar e acaba não percebendo que estocar mágoas e sofrimentos faz mal para a saúde e para o coração principalmente.
Segundo Denise Diniz, psicóloga e coordenadora do Setor de Gerenciamento de Qualidade de Vida da Unifesp, alerta para os problemas em não conseguir digerir algumas emoções negativas.
"Nosso organismo não foi feito para guardar mágoas e sentimentos ruins. Tanto o corpo quanto a mente vão pesando na medida em que eles se acumulam e uma hora a panela de pressão transborda na tentativa de aliviar o sofrimento. É um processo natural. Na medida em que não extravasamos este sentimento e vamos dando a ele uma conotação negativa maior do que de fato ele deveria ter, sufocamos nossos limites emocionais e daí aparecem os sintomas físicos”
Os sentimentos ruins geralmente são causados pelas expectativas frustradas. Colocamos no outro ou naquela oportunidade a responsabilidade de resolver nossos problemas como se eles não fossem consequências dos nossos próprios atos, gerando assim a mágoa e o ressentimento.
"Todos nós criamos expectativas sobre a vida e toleramos até certo limite algumas frustrações. Quando elas extrapolam este limite, que é pessoal, e nos fazem sofrer, significa que algo está em desequilíbrio e é preciso resolver. O grande problema é que na hora da explosão, a pessoa se sente tão sufocada que sai atirando para todos os lados, magoando as pessoas que estão ao seu redor sem perceber. É preciso tempo e paciência para aprender a lidar com os sentimentos sem ferir as pessoas e nem a si mesmo"
Uma boa forma de resolver esse problema é a própria pessoa entender o que te de fato a fez mal e porque a situação ganhou tamanha dimensão em sua vida e a partir daí buscar o equilíbrio necessário. Muitas pessoas costumam guardar a mágoa e os sentimentos ruins por não conseguirem extravasar, por consequência vem à tristeza e a angústia. Isso ocorre porque temos temperamentos e limites diferentes fazendo com que alguns levem sem traumas as decepções do dia a dia, enquanto outros guardem e fiquem remoendo as dores.
"É algo muito pessoal a forma que cada um reage às adversidades. Se você é tímido, reage de um jeito; se é inseguro, age de outra maneira. O importante nesta questão é perceber que quem cria a conotação negativa que gera a mágoa e o ressentimento somos nós. A pessoa pode até ter errado com você, mas a intensidade disso na sua vida quem dá é você mesmo"
 
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 Ainda de acordo com a psicóloga da Unifesp, a dor emocional se torna física quando a intensidade que damos ao fato que nos magoa chega a interferir na atividade cerebral de modo a dificultar o envio de estímulos nervosos responsáveis pela execução de algumas funções de nosso organismo.
"O cérebro deixa de comandar alguma função e o corpo reage sinalizando onde está o problema. A gente se adapta as novas situações, isso é um processo natural, porém, quando algo nos machuca a ponto de extrapolar nossos limites, a dor emocional bloqueia alguma função física que já é propensa a ter problemas ou intensifica os sintomas de alguma doença já existente"
Para ela, os sintomas emocionais podem acometer três áreas interdependentes das nossas vidas de modo a influenciar umas às outras de acordo com a origem do problema emocional.
"Quando a pessoa tem uma doença que tem origem emocional, dificilmente consegue desempenhar com total desenvoltura suas atividades sociais e começa a dar sinais físicos. É um conjunto de fatores que se somam e vão se acumulando. Quando o corpo reage com sintomas de alguma doença é porque a pessoa extrapolou seu limite emocional e o organismo responde tentando eliminar a dor"
Dentre os sintomas físicos que podem estar relacionados à dor reprimida estão: úlcera, hipertensão, alergias, asma, estresse, e a longo prazo, câncer. Para quem convive com pessoas que sofrem de dor reprimida é sempre bom observar os níveis de irritabilidade, ansiedade, agressividade, nervosismo e verificar se essa pessoas está com alguma queda de desempenho no trabalho, tendência ao isolamento, apatia, conflitos domésticos.
Reconhecer o problema e lidar com ele da forma mais clara possível pode parecer uma boa opção mas nem sempre é, de acordo com Denise Diniz as pessoas conseguem lidar com a dor que sentem.
"Conversar com o outro que os magoou significa trair seus valores morais e isso as maltrata mais do que a mágoa ou a dor reprimida",
Explica ela apontando que nestes casos, é melhor trabalhar para que ela supere a dor e siga em frente.
Fonte: (EN)Cena

Ensinando generosidade para crianças: você está fazendo isso certo?


Em uma sociedade cada vez mais individualista e virtual, alguns valores tem se perdido. Um deles é a generosidade, gesto simples que exige acima de tudo boa vontade, talvez para um adulto seja mais difícil de ser ensinado, mas crianças por natureza estão bem suscetíveis a todo aprendizado oferecido.
Segundo uma pesquisa realizada pelo psicólogo Richard Weissbourd de Harvard e divulgada ano passado, 80% das crianças entrevistadas afirmavam que os pais estavam mais preocupados com o bom desempenho e a felicidades dos filhos (os entrevistados) do que se estavam sendo generosos.
Para o pesquisador, as crianças não nascem boas ou más, cabe aos pais educa-las pra que sejam respeitosas e se preocupem com sua comunidade em todos os estágios da vida. Richard alerta para o fato de nossa sociedade  afirmar o tempo todo que precisamos ser competitivos, alimentando desde cedo nos pequenos o desejo de ser o primeiro e melhor em tudo. Outra dificuldade apontada é o individualismo, onde cada vez mais fechados no seu contexto social, e na busca por uma vida mais digna as pessoas esquecem de se preocupar umas com as outras.
Apesar de nos encontrarmos em meio a uma crise moral sempre é possível mudar o quadro em estamos e para isso Weissbourd aponta cinco estratégias a serem utilizadas:
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 1 – Faça seu filho se preocupar com a necessidade do outro.
Crianças precisam aprender o equilíbrio entre as necessidades delas e dos outros, seja pra tocar a bola em jogo para um amigo ou para se manifestar contra o bullying que um amigo está sofrendo. Se certifique de que seu filho trata todos os colegas, mais novos ou mais velhos, com respeito. Pergunte na escola como ele se porta em grupo e seja exemplo de conduta em casa.
2 – Crie oportunidades para que seu filho seja generoso.
Crianças precisam praticar a gratidão e a contribuição com outros. Aprender a se importar é quase como aprender a tocar um instrumento. Não recompense seu filho por cada tarefa cumprida na casa. Pode parecer estanho, mas deixe que a participação dele se torne natural e o agradeça por colaborar com tudo ao final de todas as tarefas. Converse com seu filho sobre exemplos de pessoas que se importam em acontecimentos na TV, na comunidade, nos jornais e por aí vai. Faça a gratidão ser visível à ele no seu dia a dia.
3 – Expanda o círculo de preocupação do seu filho.
Vá para além dos amigos e família. Faça os perceberem como decisões deles podem afetar um grupo maior do que eles imaginam. Deixe-os perceber com quantas pessoas interagem em um dia e quão grato podem ser por elas. Seja respeitoso com todas elas e os ensine a serem também. Converse sobre algumas notícias de jornal para que eles entendam como decisões de alguns afetam muitos.
4 – Seja um modelo moral e um mentor.
Por vezes queremos que nossos filhos sejam coisas que não somos, e isso raramente funciona. Por isso, verifique seu comportamento com todos que te cercam. Praticar a honestidade com as crianças. Conversar sobre dilemas simples. Exemplo: Devo convidar para meu aniversário dois amigos meus que não se gostam?
5 – Oriente seus filhos a administrarem sentimentos destrutivos.
Sentimentos destrutivos como raiva, inveja e vergonha podem atrapalhar a tentativa de ser respeitoso ou generoso. Precisamos ensinar as crianças que está tudo ok se sentirem isso, mas que há algumas formas de lidar com isso que não são saudáveis. Ensine seu filho a inspirar pelo nariz e expirar pela boca contando até cinco, primeiro em momentos em que estiver calmo e depois passando para momentos em que estiver irritado. Após a respiração, ajude-o a pensar em formas de lidar com aquilo sem prejudicar nem a ele e nem a outros. Com o tempo ele fará isso sozinho.
Para a professora Luana Palaci, 22 anos, essas lições são exercitadas diariamente em sua rotina com a filha Anna Sofia de 3 anos.
“Eu converso muito com ela, mas criança aprende mesmo é no momento em que precisa exercer aquilo, como por exemplo quando ela ajuda outra criança ou divide o que é dela. Quando ela precisa exercer em casa é que eu intensifico o que ensinei: “Lembra que a mamãe te ensinou”.
Além do diálogo constante é preciso também ter o auxílio dos familiares e de quem mais estiver envolvido no cotidiano da criança. Segundo Luana, apesar da ausência do pai de Anna Sofia ela conta com a ajuda principalmente da mãe e da irmã que também estimulam a criança a ter o habito do respeito e generosidade.
“Ela é muito inteligente, quando conversamos ela me conta histórias das vezes que ajudou um amigo ou dividiu balinhas na escola e por aí vai. Minha mãe e irmã também trabalham muito com ela, as vezes até mais que eu (Risos)”
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Quando questionada sobre as maiores dificuldades encontradas no processo de ensino Luana afirma que é Para muitos a maior dificuldade em difundir esses valores para as crianças é o fato de muitas crianças na escola de Anna Sofia terem uma criação que valoriza a individualidade colocando a perder horas de esforço diário em ensinar o que ela acredita ser certo e ao chegar na escola a criança ver o exemplo contrário nos colegas.
“A maior dificuldade é quebrar sentimentos que ela já descobriu sozinha. O egoísmo nas crianças é muito intenso. Ensinar sobre generosidade e gentileza é difícil quando o egoísmo está tão aflorado. Aquela coisa do é meu, só meu. Só eu posso, só eu quero. E por ela ser filha única a coisa fica mais complicada. Na escola, quase tudo que ensino se quebra. Lá ela vê os outros fazendo o contrário do que eu ensino e repete, isso torna o meu trabalho com ela mais difícil. Aí entra o exemplo, ela me vê fazendo, então ela aprende. Isso tira um pouco a força que o exemplo dos amigos da escola dão pra ela”.
Apesar das dificuldades ensinar crianças é mais fácil que ensinar adultos, portanto todo esforço para ensinar coisas boas a eles deve ser feito.
Fonte: (EN)Cena