Acadêmico de Psicologia do CEULP/ULBRA. Voluntário e administrador da fanpage do (En)Cena. Colunista do Blog Psicoquê?
É de conhecimento coletivo a quantidade de problemas que um divórcio pode acarretar na vida dos filhos do casal, que certamente, são os primeiros a sofrer os impactos da separação conjugal, uma vez que são eles quem lidam diretamente com as consequências da decisão de seus pais/cuidadores.
Tem sido cada vez mais comum deparar-se com núcleos familiares compostos por membros de laços consanguíneos dispares, é o que chamamos de Família Ampliada. Lares em que, devido a um divórcio, os filhos se veem divididos entres duas casas, duas vidas, duas famílias.
Em geral, esses novos ambientes configuram-se pela presença de novos pais: seja padrasto ou madrasta e novos(as) irmãos(ãs). Mas qual será o verdadeiro impacto dessa mudança na vida da criança/adolescente e de que forma isso pode prejudicá-lo na formação do seu caráter?
Muitas vezes o filho é a ponte entre os pais separados. Durante o processo de divórcio, que atravessa toda a relação familiar, eles se veem numa corda bamba e, geralmente, são os intermediários de uma separação conflituosa, atravessada por valores anteriores ao próprio relacionamento.
Não raramente, os pais não têm preparo algum para lidar com o divórcio, se é que há uma maneira segura e indolor de passar por isso. Não podemos ser generalistas e querer privar os filhos de todos os sofrimentos da vida, afinal casais unem-se e separam-se por motivações próprias.
Contudo, um diálogo fundamentado numa relação sólida e transparente pode favorecer um ambiente onde essa transição entre lares/vidas possa ser vivida de forma menos conflituosa para a criança/adolescente e suas (agora duas) famílias. É nesse aspecto que o trabalho do psicólogo pode ser um diferencial.
Durante o processo de divórcio e formação de novos lares e/ou núcleos familiares, os filhos tendem a sentirem-se perdidos e desamparados. Começam a surgir problemas, em geral de ordem social. A confusão gera na criança certa insegurança que será expressada com agressividade ou isolamento, variando para traços maiores (ou não) de rebeldia ou introspecção.
Claro, isso não é regra. Estudos atuais mostram que justificar ou rotular problemas e desvios de caráter na criança/adolescente com o divórcio de seus pais, não é mais aceito assim de forma tão passional.
É fato que num primeiro momento, a separação pode ser traumática para este indivíduo, porém, o comportamento e a forma como os pais lidarão como esse novo dilema em suas vidas e na vida de seus filhos, é o que determinará se estes partirão para uma atitude de caráter mais positiva ou negativa ao longo de seu desenvolvimento biopsicossocial.
Para a Psicóloga Paulista Olga Inês Tessari, o comportamento agressivo em filhos de pais separados que não tinham diálogo em casa, em geral, está ligado a problemas futuros com uso abusivo de álcool e outras drogas. Em tais situações, a psicóloga pôde constatar que algumas crianças sentiam-se aliviadas após o divorcio dos pais, por se verem livres daquele modo de vida, tão traumatizante. Já em famílias onde a decisão do divórcio havia sido tomada de maneira passional, e transmitida aos filhos de forma clara, as crianças demonstraram mecanismos internos capazes de lidar com a dor desse trauma.
Tessani afirma que nem sempre os filhos são contra o divórcio, alguns reconhecem que só por meio dele a família poderá continuar unida e feliz.
Famílias em que os pais depositam nos filhos suas frustrações pela separação conjugal, tornam a criança pivô da separação, é o que defende a Psicóloga e Terapeuta Familiar Maria Cristina Milanez Werner. Às vezes esses pais tentam criar na criança um sentimento de raiva e repulsa pelo ex-marido/esposa – o que já é crime pelo código penal brasileiro caracterizado como: Alienação Parental. O pai/mãe que comete essa infração, pode perder a guarda legal do filho (a). – Nestes casos a criança vai se sentir culpada pelo divórcio dos pais, o que gera nela um sentimento frustração, podendo levá-la a uma depressão.
A terapeuta defende o casamento acima de tudo, e vai além do tema afirmando que “(...) o ideal é a criança viver num lar com dois adultos, sejam eles heterossexuais, homossexuais, juntados ou casados. A biologia, a sociedade e os costumes pedem isso. (...)”.
Famílias estruturadas são mais propensas, pelo menos espera-se que seja, a oferecer um lar saudável para um bom desenvolvimento e maturação sadia do indivíduo. Em lares equilibrados a criança tem mais chances de ter uma formação moral positiva, com caráter altruísta e solidário. Mesmo assim, isso não deve ser considerado como fator determinante, pois exceções sempre existem. Werner afirma que há casos em que o melhor é que a criança seja educada apenas por um único cuidador.
Crianças são altamente resiliêntes. Não podemos esquecer que a capacidade da criança em amar, não está na relação conjugal dos pais, mas na intensidade como esses pais são capazes de demonstrar amor a essa criança. Mesmo em lares diferentes, quando bem cuidada, a criança consegue lidar com essa duplicidade de papeis, e certamente o diálogo aberto e sincero entre pais e filhos é o que fará a diferença na educação dessas crianças.
Para saber mais
Google:http://pt.shvoong.com/ social-sciences/1725783- familia-na-constru%C3%A7%C3% A3o-da-personalidade/
Google: http://blog.diarinho. com.br/pai-ou-mae-que-jogar-o- filho-contra-o-outro-pode- perder-a-guarda
Fonte: (EN)Cena
Disponível em:< http://ulbra-to.br/ encena/2014/07/30/Familia- Ampliada-e-o-papel-da- psicologia>. Acesso em: 5 ago. 2014
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