É possível que o ciúme tenha raízes biológicas semelhantes ao Alzheimer, Parkinson e esquizofrenia
Acreditar que outra pessoa é capaz reduzir o espaço afetivo que ocupamos na vida de quem amamos causa desconforto, é um sentimento natural. Mas, em excesso, pode se refletir em comportamentos agressivos e obsessivos, como o hábito de vigiar e perseguir o parceiro amoroso. Em casos extremos, pode resultar em crimes passionais e suicídio. Estudos de neuroimagem estão identificando áreas do cérebro relacionadas ao sentimento, o que abre caminho para intervenção medicamentosa no caso de ciúme patológico.
A psiquiatra Donatella Marazziti, da Universidade de Pisa, na Itália, e sua equipe analisaram imagens do cérebro registradas em diversos estudos sobre diferentesdistúrbios neurológicos e psiquiátricos. Em comum, os voluntários dessas pesquisas apresentavam sinais de ciúme delirante. Segundo a cientista, a prevalência de pensamentos obsessivos sobre o parceiro amoroso era maior entre dependentes químicos e pacientes com esquizofrenia, Alzheimer e Parkinson. “É possível que exista uma mesma rede neural subjacente ao ciúme e a esses transtornos”, aponta a psiquiatra em artigo publicado na CNS Spectrums.
Assim, as raízes biológicas do medo de perder o ser amado correspondem ao córtex pré-frontal ventromedial, região responsável pelo processamento de emoções, como o amor. Os cientistas acreditam que o “cérebro ciumento”, porém, parece cultivartrês características principais: tendência a considerar o objeto de amor como a única coisa valiosa; interpretação equivocada de comportamentos inofensivos, pensamentos e emoções do parceiro; supervalorização de ideias de sofrer abandono, o que não raro pode levar a reações extremas.
Donatella diz que o estudo das raízes do ciúme no cérebro ainda está apenas começando. “Compreendê-las bem o suficiente abre perspectivas para controlar as formas mais extremas do ciúme."
Fonte: Scientific American Mente Cérebro
Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/a_relacao_entre_ciume_patologico_e_doencas_do_cerebro.html>. Acesso em: 5 ago. 2014
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