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terça-feira, 31 de maio de 2011

SCIELO no Topo do Ranking: Biblioteca eletrônica é 1º lugar em ranking mundial de portais de acesso aberto. Biblioteca de teses da USP também se destaca.

A biblioteca eletrônica SCIELO Brasil foi classificada em 1º lugar no ranking mundial de portais de acesso aberto Webometrics, divulgado pelo laboratório Cybermetrics, grupo de pesquisa vinculado ao Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha. Curiosamente, a SCIELO Brasil não estava em primeiro lugar em nenhum dos quatro quesitos medidos no ranking: foi a 2º tanto no item tamanho quanto no de presença no portal acadêmico Google Scholar, 3º em número de arquivos em formato pdf e 4º em visibilidade, que é a quantidade de links que remetem a páginas do portal. O somatório, contudo, rendeu-lhe a liderança. “A consistência do SciELO prevaleceu sobre outros competidores”, diz Abel Packer, coordenador da biblioteca. A segunda posição coube ao portal HAL, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França. Coleções SciELO de outros países também saíram-se bem no ranking, caso do Chile (6º lugar) e Cuba (12º). A biblioteca SciELO de Saúde Pública, sediada no Brasil, desponta na 9ª posição. Outro destaque brasileiro é a coleção Brasiliana, da USP, em 24º lugar.
A SciELO Brasil, sigla para Scientific Electronic Library Online, abrange uma coleção selecionada de 221 periódicos brasileiros, publicados em acesso aberto na internet. Criada em 1997, é um programa especial da FAPESP, em parceria com o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, Bireme, e com a participação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Atribui-se à biblioteca um papel importante na qualificação das revistas científicas brasileiras. Para ser admitido e depois se manter na coleção, cada periódico precisa cumprir uma série de exigências rígidas, em relação à qualidade de conteúdo, à originalidade das pesquisas, à regularidade da publicação, à revisão e aprovação por pares das contribuições publicadas e à existência de um comitê editorial de composição pública e heterogênea.
Para Abel Packer, o desempenho da biblioteca no Webometrics mostra o acerto da decisão da FAPESP e da Bireme de investir numa coleção de acesso aberto.  “O Webometrics é uma iniciativa que começa a adquirir relevância, com toda a complexidade que vem junto com metodologia e estratégias de hierarquizar o desempenho na internet. Ele utiliza um método que consegue avaliar produtos e serviços e sistemas que operam em acesso aberto na web, dividindo-os em repositórios e portais”, afirma.
A conquista do SciELO deu-se na categoria portal. Já na categoria repositório, o primeiro lugar coube ao Social Science Research Network (SSRN). Um destaque brasileiro nesta categoria foi a Biblioteca Digital de Teses da Universidade de São Paulo, classificada em 14º lugar na lista de repositórios. Criada em 2001, a biblioteca mantém acesso online de teses e dissertações defendidas na USP para consulta ou download. Ainda neste ano, a USP deve alcançar a marca de 100 mil teses e dissertações defendidas, segundo a professora Sueli Mara Soares Pinto Ferreira, diretora técnica do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi), da USP. De acordo com Sueli, a biblioteca de teses é apenas uma das frentes em que a USP está investindo para reunir sua produção científica e disponibilizá-la. “Estamos discutindo com a comunidade universitária uma política para definir uma conduta única e coesa entre os pesquisadores e, concomitantemente, estamos instalando um repositório institucional para reunir toda a produção da universidade, incluindo artigos científicos dos pesquisadores. No caso dos artigos, há questões de propriedade intelectual envolvidas, pois algumas revistas que os publicam são de acesso fechado e não permitem sua divulgação livre na internet, enquanto outras aceitam o depósito em repositório institucional, mas estabelecem um prazo de embargo até que seja liberado para divulgação livre na rede”, diz. A proposta, afirma Sueli, é que toda a produção acadêmica da USP seja depositada no repositório, sendo divulgada na medida em que os contratos com as revistas permitirem. “Em síntese, o que está sendo discutido é a inserção da Universidade de São Paulo no movimento internacional do acesso aberto. Iniciamos com a abertura e acesso a texto completo das teses e dissertações aqui defendidas, depois passamos para as revistas científicas produzidas em diversas instâncias da Universidade e, agora, estamos focando as diversas produções docentes e discentes. Obviamente que para a situação das teses/dissertações e revistas científicas tal adesão ao acesso aberto foi mais simples, pois envolviam apenas a universidade e a própria comunidade interna. Já no caso das demais tipologias documentais têm-se o envolvimento de terceiros, editores, casas publicadoras etc., o que exige maior cuidado e conscientização de todos envolvidos”, afirma. Segundo ela, ampliar o acesso aberto à produção cientifica da USP via internet irá potencializar sua visibilidade e, em contrapartida, poderá aumentar a participação da universidade em rankings internacionais.
Ainda na categoria repositório do ranking Webometrics, a Biblioteca Digital Jurídica do Superior Tribunal de Justiça desponta na 12ª posição.

Fonte: Revista FAPESP Online
Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=7064&bd=2&pg=1&lg= . Acesso em: 30 maio 2011

A Mina dos Mapas: material cartográfico revela imaginário colonial português

Um precioso material cartográfico vem ganhando visibilidade irrestrita graças ao trabalho do grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) responsável pela construção da Biblioteca Digital de Cartografia Histórica. O acesso on-line é livre. Fruto de um conceito desenvolvido pelo Laboratório de Estudos de Cartografia Histórica (Lech), o site não só oferece a apreciação de um acervo de mapas raros impressos entre os séculos XVI e XIX, mas também torna possível uma série de referências cruzadas, comparações e chaves interpretativas com a pluralidade e a rapidez da internet. Afinal, “um mapa sozinho não faz verão”, como diz uma das coordenadoras do projeto, Iris Kantor, professora do Departamento de História da USP. O conjunto revela muito mais do que informações geográficas. Permite também perceber a elaboração de um imaginário ao longo do tempo, revelado por visões do Brasil concebidas fora do país. O trabalho se inseriu num grande projeto temático, denominado Dimensões do Império português e coordenado pela professora Laura de Mello e Souza, que teve apoio da Fapesp.
Até agora o acervo teve duas fontes principais. A primeira foi o conjunto de anotações realizadas ao longo de 60 anos pelo almirante Max Justo Lopes, um dos principais especialistas em cartografia do Brasil. A segunda foi a coleção particular do Banco Santos, recolhida à guarda do Estado durante o processo de intervenção no patrimônio do banqueiro Edemar Cid Ferreira, em 2005. Uma decisão judicial transferiu a custódia dos mapas ao Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP – iniciativa louvável, uma vez que esse acervo, segundo Iris Kantor, “estava guardado em condições muito precárias num galpão, sem nenhuma preocupação de acondicionamento adequado”. Foram recolhidos cerca de 300 mapas. Sabe-se que o número total da coleção original era muito maior, mas ignora-se onde se encontram os demais.
O primeiro passo foi recuperar e restaurar os itens recolhidos. Eles chegaram à USP “totalmente nus”, sendo necessário todo o trabalho de identificação, datação, atribuição de autoria etc. Durante os anos de 2007 e 2008, o Laboratório de Reprodução Digital do IEB pesquisou, adquiriu e utilizou a tecnologia adequada para reproduzir em alta resolução o acervo de mapas. Foram necessárias várias tentativas até se atingir a precisão de traços e cores desejada. Em seguida, o Centro de Informática do campus da USP em São Carlos (Cisc/USP) desenvolveu um software específico, tornando possível construir uma base de dados capaz de interagir com o catálogo geral da biblioteca da USP (Dedalus), assim como colher e transferir dados de outras bases disponíveis na internet. Uma das fontes inspiradoras dos pesquisadores foi o site do colecionador e artista gráfico inglês David Rumsey, que abriga 17 mil mapas. Outra foi a pioneira Biblioteca Virtual da Cartografia Histórica, da Biblioteca Nacional, que reúne 22 mil documentos digitalizados. Futuramente, o acervo cartográfico da USP deverá integrar a Biblioteca Digital de Cartografia Histórica. Foi dada prioridade aos mapas do Banco Santos porque eles não pertencem à universidade, podendo a qualquer momento ser requisitados judicialmente para quitar dívidas.
Hoje estão disponíveis na Biblioteca Digital “informações cartobibliográficas, biográficas, dados de natureza técnica e editorial, assim como verbetes explicativos que procuram contextualizar o processo de produção, circulação e apropriação das imagens cartográficas”. “Não existe mapa ingênuo”, diz Iris Kantor, indicando a necessidade dessa reunião de informações para o entendimento do que está oculto sob a superfície dos contornos geográficos e da toponímia. “O pressuposto do historiador é que todos os mapas mentem; a manipulação é um dado importante a qualquer peça cartográfica.”
Fizeram parte dessa manipulação os interesses geopolíticos e comerciais da época determinada e daqueles que produziram ou encomendaram o mapa. O historiador Paulo Miceli, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que no início da década passada havia sido chamado pelo Banco Santos para dar consultoria sobre a organização do acervo, lembra que o primeiro registro cartográfico daquilo que hoje se chama Brasil foi um mapa do navegador espanhol Juan de la Cosa (1460-1510), datado de 1506, que mostra “a linha demarcatória do Tratado de Tordesilhas, a África muito bem desenhada e, à sua esquerda, um triângulo bem pequeno para indicar a América do Sul”. “O Brasil foi surgindo de uma espécie de nevoeiro de documentos, condicionado, entre outras coisas, pelo rigor da coroa portuguesa sobre o trabalho dos cartógrafos, que estavam sujeitos até a pena de morte.” Essa “aparição” gradual do Brasil no esquema geopolítico imperial é o tema da tese de livre-docência de Miceli, intitulada, apropriadamente, de O desenho do Brasil no mapa do mundo, que sairá em livro ainda este ano pela editora da Unicamp. O título se refere ao Theatrum orbis terrarum (Teatro do mundo), do geógrafo flamengo Abraham Ortelius (1527-1598), considerado o primeiro atlas moderno.
Navegadores - Ao contrário do que se pode imaginar, os mapas antigos não tinham a função principal, e prática, de orientar exploradores e navegadores. Estes, até o século XIX, se valiam de roteiros escritos, as “cartas de marear”, registrados em “pergaminhos sem beleza nem ambiguidade, perfurados por compassos e outros instrumentos, e que viraram invólucros de pastas de documentos em acervos cartográficos”, segundo Miceli. “Os mapas eram objetos de ostentação e prestígio, com valor de fruição e ornamentação, para nobres e eruditos”, diz Iris Kantor. “Um dos tesouros do Vaticano era sua coleção cartográfica.” Já os roteiros de navegação eram apenas manuscritos e não impressos, processo que dava aos mapas status de documentos privilegiados. As chapas originais de metal, com as alterações ao longo do tempo, duravam até 200 anos, sempre nas mãos de “famílias” de cartógrafos, editores e livreiros. Às vezes essas famílias eram mesmo grupos consanguíneos com funções hereditárias, outras vezes eram ateliês altamente especializados. Os artistas, com experiência acumulada ao longo de décadas, não viajavam e recolhiam suas informações de “navegadores muitas vezes analfabetos”, segundo Miceli. Para dar uma ideia do prestígio atribuído à cartografia, ele lembra que o Atlas maior, do holandês Willem Blaue (1571-1638), pintado com tinta de ouro, foi considerado o livro mais caro do Renascimento.
Um dos critérios de busca da Biblioteca Digital de Cartografia Histórica é justamente por “escolas” de cartógrafos, entre elas a flamenga, a francesa e a veneziana – sempre lembrando que o saber fundamental veio dos navegadores e cosmógrafos portugueses. Iris Kantor considera que elas se interpenetram e planeja, futuramente, substituir a palavra “escola” por “estilo”. Também está nos planos da equipe reconstituir a genealogia da produção de mapas ao longo do período coberto. No estudo desses documentos se inclui a identificação daqueles que contêm erros voluntários como parte de um esforço de contrainformação, chamado por Miceli de “adulteração patriótica”. Como os mapas que falsificam a localização de recursos naturais, como rios, para favorecer portugueses ou espanhóis na divisão do Tratado de Tordesilhas.
Uma evidência da função quase propagandística da cartografia está no mapa Brasil, de 1565, produzido pela escola veneziana, que ilustra a abertura desta reportagem. Nele não se destaca exatamente a precisão geográfica. “A toponímia não é muito intensa, embora toda a costa já estivesse nomeada nessa época”, diz Iris Kantor. “É uma obra voltada para o público leigo, talvez mais para os comerciantes, como indicam os barquinhos com os brasões das coroas da França e de Portugal. Vemos o comércio do pau-brasil, ainda sem identificação da soberania política. Parece uma região de franco acesso. A representação dos indígenas e seu contato com o estrangeiro transmite cordialidade e reciprocidade.”
“No fundo, os mapas servem como representação de nós mesmos”, prossegue a professora da USP. “Pelo estudo da cartografia brasileira pós-independência, por exemplo, chama a atenção nossa visão de identidade nacional baseada numa cultura geográfica romântica, liberal e naturalista, que representa o país como um contínuo geográfico entre a Amazônia e o Prata. No mesmo período, a ideia do povo não era tão homogênea. Não é por acaso que os homens que fizeram a independência e constituíram o arcabouço legal do país fossem ligados às ciências naturais, à cartografia etc. A questão geográfica foi imperativa na criação da identidade nacional.”
Um exemplo bem diferente de utilização de recursos digitais na pesquisa com mapas está em andamento na Unicamp, derivado do projeto Trabalhadores no Brasil: identidades, direitos e política, coordenado pela professora Silvia Hunold Lara e apoiado pela Fapesp. Trata-se do estudo Mapas temáticos de Santana e Bexiga, sobre o cotidiano dos trabalhadores urbanos entre 1870 e 1930. Segundo a professora, pode-se reconstituir o cotidiano dos moradores dos bairros, “não  dissociados de seu modo de trabalho e de suas reivindicações por direitos”.

Fonte: Revista Pesquisa FAPESP Online

Disponível: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=4427&bd=1&pg=1&lg= . Acesso em: 30 maio 2011.

A Teia Neural da Esquizofrenia: células de pele convertidas em neurônios mostram alterações biológicas ligadas à doença


 


Pesquisadores norte-americanos deram um passo importante para identificar as causas biológicas da esquizofrenia, conjunto de transtornos
 mentais graves que atingem cerca de 60
 milhões de pessoas no mundo – por volta de 1,8 milhão no Brasil – e se
 caracterizam por distanciamento emocional da realidade, pensamento desordenado, crenças falsas (delírios) e ilusões (alucinações) visuais ou auditivas. Alguns desses sinais são semelhantes aos apresentados pelo jovem Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, que no início de abril matou 12 crianças em uma escola no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro, antes de se suicidar.
A equipe coordenada pelo neurocientista Fred Gage, do Instituto Salk, na Califórnia, conseguiu transformar células da pele de pessoas com esquizofrenia em células mais imaturas e versáteis. Chamadas de células-tronco de pluripotência induzida (iPS, na sigla em inglês), essas células foram depois convertidas em neurônios, uma das variedades de células do tecido cerebral, segundo artigo  publicado ontem na versão online da revista Nature.
Essa mudança forçada de função gerou o que os pesquisadores acreditam ser cópias fiéis, ao menos do ponto de vista genético, das células do cérebro de quem tem esquizofrenia, que, por óbvios motivos éticos, antes só podiam ser analisadas depois da morte. Como são geneticamente idênticos às células cerebrais de quem desenvolveu esquizofrenia, esses neurônios fabricados em laboratório são importantes para compreender a enfermidade, que tem importante componente genético , porque permite aos pesquisadores desprezar a influência de fatores ambientais, como o uso de medicamentos ou o contexto social em que as pessoas vivem. “Não se sabe quanto o ambiente contribui para a doença”, diz Kristen Brennand, pesquisadora do grupo de Gage e primeira autora do artigo da Nature. “Mas ao fazer esses neurônios crescerem em laboratório, podemos eliminar o ambiente da equação e começar a focar nos problemas biológicos”, afirma.
Segundo Gage, é a primeira vez que se consegue criar, a partir de células de seres humanos vivos, um modelo experimental de uma doença mental complexa. “Esse modelo não apenas nos dá a oportunidade de olhar para neurônios vivos de pacientes com esquizofrenia e de pessoas saudáveis, como também deve permitir entender melhor os mecanismos da doença e avaliar medicamentos que podem revertê-la”, afirma em comunicado à imprensa o neurocientista, que anos atrás demosntro que o cerebro adulto continua a produzir neurônios .
Depois de converter em laboratório células da pele em neurônios, Kristen realizou testes para verificar se eles se comportavam de fato como os neurônios originais e eram capazes de transmitir informação de uma célula a outra. As células cerebrais obtidas a partir de células da pele (fibroblastos) funcionavam, sim, como neurônios. “Em vários sentidos, os neurônios ‘esquizofrênicos’ são indistintos dos saudáveis”, afirma a pesquisadora.
Mas há diferenças. Kristen notou que os novos neurônios de quem tinha esquizofrenia apresentavam menos ramificações do que os das pessoas saudáveis. Essas ramificações são importantes porque permitem a comunicação de uma célula cerebral com outra – e geralmente são encontradas em menor número em estudos feitos com modelo animal da doença e em análises de neurônios extraídos após a morte de pacientes com esquizofrenia. Nos neurônios dos esquizofrênicos, a atividade genética diferiu daquela observada nas pessoas sem a doença. Kristen e Gage viram que o nível de ativação de 596 genes era desigual nos dois grupos: 271 genes eram mais ativos nas pessoas com esquizofrenia – e 325 menos expressos – do que nas pessoas sem o problema.
Num estágio seguinte, Kristen deixou os fibroblastos convertidos em neurônios passar um tempo em cinco soluções diferentes, cada uma contendo um dos cinco medicamentos mais usados para tratar esquizofrenia – os antipsicóticos clozapina, loxapina, olanzapina, risperidona e tioridazina. Dos cinco, apenas a loxapina foi capaz de reverter o efeito da ativação anormal dos genes e permitir o crescimento de mais ramificações nos neurônios. Esses resultados, porém, não indicam que os outros quatro compostos não sejam eficientes. “A otimização da concentração e do tempo de administração pode aumentar os efeitos das outras medicações antipsicóticas”, escreveram os pesquisadores.
“Esses medicamentos estão fazendo mais do que achávamos que fossem capazes de fazer”, diz Kristen. “Pela primeira vez temos um modelo que permite estudar como os antipsicóticos agem em neurônios vivos e geneticamente idênticos aos de paciente”, conta a pesquisadora. Isso é importante porque torna possível comparar os sinais da evolução clínica da doença com os efeitos farmacológicos. “Por muito tempo as doenças mentais foram vistas como um problema social ou ambiental, e as pessoas achavam que os pacientes poderiam superá-las caso se esforçassem”, comenta Gage. “Estamos mostrando que algumas disfunções biológicas reais nos neurônios são independentes do ambiente”.

Fonte: Revista Pesquisa FAPESP Online

Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=71490&bd=2&pg=1&lg . Acesso em: 30 maio 2011

IV Seminário em Ciência da Informação

O III SECIN, realizado em 2009, teve como tema central as Tendências para a Organização e o Compartilhamento da Informação. Visou discutir as relações em rede e as novas dinâmicas que privilegiam a produção coletiva em substituição às formas unidirecionais de comunicação e de mediação da informação, que fazem emergir métodos para a organização e alternativas para o compartilhamento da informação. O evento contou com a participação de pesquisadores expoentes da área e atuantes em Programas de Pós-Graduação do Brasil, que ministraram palestras e minicursos.
O IV SECIN terá como temática geradora de ideias "A Ciência da Informação: ambientes e práticas na contemporaneidade". Com ela pretendemos colocar em evidência a necessária relação entre pesquisadores, acadêmicos, bibliotecários e arquivistas em serviço para que de forma colaborativa possam idealizar produtos/serviços que atendam as necessidades das diferentes comunidades reais ou virtuais. O evento tem como objetivo oportunizar aos profissionais da área de Ciência da Informação e áreas correlatas o compartilhamento de informação e conhecimento.

Fonte: CONARQ-Aquivo Nacional

A Biblioteca do Congresso Norte-Americano (Library of Congress), em Parceria com a Sony

A biblioteca do Congresso norte-americano (Library of Congress), em parceria com a Sony, disponibilizou na internet seu catálogo de músicas, discursos, poesia e comédia gravados no país até o ano de 1925. No total são mais de dez mil arquivos que podem ser acessados pelo site do serviço.
Segundo o jornal "The Washington Post", o chamado "National Jukebox" é considerado o maior acervo de gravações históricas já disponibilizado na web. A biblioteca afirma, também, que o conteúdo será atualizado nos próximos meses e anos. Um livro virtual chamado "Victrola Book of the Opera" mostra a descrição de 110 óperas da época, com ilustrações, sinopses e uma lista de gravações.
"A falta deste conteúdo cirou uma amnésia cultural. Eu acho que o 'National Jukebox' fará com que as pessoas redescubram os artistas e personalidades", disse o criador da área de audiovisual da biblioteca do Congresso dos EUA, Patrick Loughney.


Fonte: Conselho Federal de Biblioteconomia
Disponível em : http://www.cfb.org.br/noticias-cfb.php?codigo=780. Acesso em: 30 maio 2011.

Salão do Livro Discute Lei que Determina a Existência de Biblioteca nas Escolas

Segundo Elizabeth Serra, secretária-geral da FNLIJ, o objetivo é "chamar a atenção para a riqueza da língua portuguesa". Com o apoio do Itamaraty, a instituição pode trazer para o evento autores de literatura infantil de Angola, Moçambique, da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. O panorama da literatura no âmbito da CPLP e a variedade da língua portuguesa nos livros para crianças e jovens serão temas de seminário dentro do 13º Salão do Livro para Crianças e Jovens, que ocorrerá no período de 6 a 17 de junho.
Elizabeth Serra afirmou que um dos destaques do salão é discussão da lei sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano passado, que determina a existência de bibliotecas nas escolas.
- Todos os estabelecimentos de ensino têm que ter biblioteca até 2020. Essa é uma briga antiga da fundação. A educação pública brasileira nunca incorporou a biblioteca à sua realidade. Há as salas de leitura, mas o conceito de biblioteca, como existe no mundo inteiro, a gente não tem aqui.
Ela argumentou que se a criança não tem em casa o hábito da cultura escrita, traduzido pela compra do livro ou da revista, e se não aprende na escola que existe uma instituição, que é a biblioteca pública, cuja obrigação é manter os alunos como leitores, ela sai da escola e depois não continua o exercício da leitura.E é na escola que você tem que aprender isso,disse ela. Por essa razão, essa lei é muito importante, complementou a secretária-geral.
Durante o 13º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens serão realizados ainda seminário sobre a Escola de Leitores - Compartilhando Aprendizagem e o 8º Encontro Nacional de Autores Indígenas.
A abertura oficial, no dia 6 de junho, será franqueada a professores da rede pública e privada do município do Rio de Janeiro, que poderão agendar gratuitamente (pelo e-mail visitacaoescolar@fnlij.org.br) visitas guiadas no salão para conhecer a produção editorial
No dia 8, haverá o 2º Encontro Nacional do Varejo do Livro Infantil e Juvenil, voltado para o setor editorial e livreiro. Na ocasião, serão divulgadas estatísticas sobre esse segmento e discutidas tendências do livro para menores, como o livro digital.
Desde a sua terceira edição, o Salão do Livro para Crianças e Jovens garante a cada visitante mirim levar para casa gratuitamente um livro de seu interesse. Para isso, a fundação adquire, ao preço simbólico de R$ 1,00, livros que estejam em depósitos das editoras que participam do evento.
Serão ao todo 72 estandes e 63 editoras, que publicam de forma permanente literatura infantojuvenil. A expectativa é que o salão atraia um público de até 50 mil pessoas nos 12 dias de duração. No ano passado, os visitantes superaram 30 mil pessoas.

Fonte: Jornal O Globo

Observatório Sobre Substâncias Psicoativas será Tema de Sessão Temática

A Escola Estadual de Saúde Pública da Bahia  (EESP) realizará no próximo dia 1º de junho, quarta-feira, às 14 horas, sessão temática com o tema "O Observatório Baiano sobre Substâncias Psicoativas". O tema será exposto pela coordenadora do observatório, Célia Baqueiro, e Gustavo Caribe, membro técnico do Centro de Estudos e Terapias do Abuso de Drogas (Cetad). O evento acontecerá no auditório da EESP, localizado na Rua Conselheiro Pedro Luís, nº. 171, Rio Vermelho.Salvador-Bahia.
A sessão temática tem por objetivo estabelecer um ponto de encontro entre profissionais de diversas áreas, em especial saúde e educação, para ampliar os espaços de discussões coletivas.
Mais informações podem ser obtidas através do telefone (71) 3116-5319, pelo site www.saude.ba.gov.br/eesp ou pelo e-mail sesab.eesp@saude.ba.gov.br

Fonte: Escola Estadual de Saúde Pública -Bahia

Mestrado Profissional em Saúde Mental

A Universidade Federal de Santa Catarina, através do Programa de Pós
Graduação em Saúde Pública, inaugura este ano seu Mestrado Profissional em Saúde Mental, o primeiro do gênero no país.
A primeira turma inicia-se em agosto e a seleção será anunciada na página do
Departamento de Saúde Pública e do Programa de Pós Graduação em Saúde
Pública, a partir da metade de junho.
Maiores informações  Tel.: (48) 3721 9388 / 3721 9847 ou na pagina www.ccs.ufsc.br/spb
Ou ainda pelo email walter@ccs.ufsc.br

Fonte: Comissão Pró- Associação de Profissionais de Saúde Mental da Bahia

7 x 7 Contos Crus: contos estimulam jovens leitores a refletir sobre violência, barbárie e sobrevivência

Em Beirute, no Líbano, sete vezes sete dava o mesmo que em outros cantos do mundo. Mas a tabuada era uma das poucas coisas comuns a outras regiões do planeta na rotina da jovem Fairuz, marcada por sirenes, aviões F-16, mísseis, explosões e o triste olhar de um cachorro semiafundado na terra, na sujeira e nos escombros. Em parágrafos curtos e profundos, que simulam a contagem regressiva para um grande evento, o escritor espanhol Ricardo Gómez inicia a coletânea 7 x 7 contos crus retratando o clima de tensão e medo que permeia o cotidiano libanês e de outras regiões do Oriente Médio, constantemente envolvidas em guerras. Inspirado na obra do artista espanhol Francisco de Goya (1746-1828), o conto O cachorro de Goya em Beirute permite apenas um vislumbre de esperança: houve uma explosão, mas não foi desta vez. A dura realidade da guerra, da luta pela sobrevivência e das situações-limite do ser humano são exploradas pelo autor com muita sensibilidade nos sete contos deste livro. As agruras da vida no Saara, em Bagdá e no Cambodja, a violência intrínseca da sobrevivência (que para o homem primitivo significava caçar ou ser caçado) e, finalmente, a relação entre o homem, a situação socioeconômica e a rejeição ou aceitação tácita de se tornar objeto de consumo são temas dos textos de Gómez, ricamente ilustrados por Juan Ramón Alonso. Estruturas e estilos narrativos se diversificam. Há momentos em que a polifonia é a regra. Em outros, a sequência cronológica dos fatos se mescla com diálogos inusitados e até absurdos. O estilo realista dos contos O cachorro de Goya em Beirute, O homem que abriu caminho para o mar, O carteiro de Bagdá e A oferenda do senhor Man despertam a consciência do leitor contra as injustiças e a barbárie. Oferecendo contraponto e equilíbrio, os contos fantásticos, como Mamãe, compra um jacaré! e O fantasma do capitão Cook, aprofundam a reflexão sobre os mecanismos culturais de imposição e legitimação da violência. No centro da obra, um conto diferenciado, que se aproxima do naturalismo - O primeiro livro da selva -, desmistifica a brutalidade e une homens e animais através do instinto e da luta pela sobrevivência. Embora 7 x 7 contos crus seja um encadeamento de relatos extremos e perturbadores, o fio condutor desta obra é algo que está além da violência ou da esperança. A singularidade dos textos de Gómez se dá por uma reflexão de fundo, que acompanha cada conto: o silencioso questionamento sobre o valor da vida. Sobre o autor - Ricardo Gómez nasceu na Espanha, em 1954. Ex-professor de matemática, é apaixonado por música, fotografia e cinema. Autor de vários livros para leitores de todas as idades, ganhou diversos prêmios, entre eles o Barco a Vapor da Espanha.
Sobre o ilustrador - Juan Ramón Alonso nasceu na Espanha, em 1951. Estudou pintura e foi professor. Ilustrou dezenas de obras infantis e juvenis, muitas premiadas. Título: 7 x 7 contos crus Autor: Ricardo Gómez Ilustrações: Juan Ramón Alonso Número de páginas: 144 Formato: 25,5 x 25,5 cm Preço: R$ 40 Indicação: Leitor crítico (a partir de 12/13 anos) ISBN: 978-85-60820-81-8

Fonte: Portal Ciência e Vida

Escritos a Mão Para os Professores: exposição no Arquivo Público do Estado de São Paulo disponibiliza exercícios para alunos do ensino fundamental

O Arquivo Público do Estado de São Paulo resolveu dar uma ajuda para os professores do Ensino Fundamental. Disponibilizou nove sugestões para o uso pedagógico que trazem documentos antigos, que fazem parte da exposição virtual da instituição “Manuscritos da história”.
A mostra exemplifica as modificações dos documentos escritos a mão com o passar do tempo. São dez ambientes com 145 manuscritos, de diversas tipologias, entre cartas, ofícios, inventários, documentos de identidade, processos etc.
Entre os documentos, é possível encontrar, por exemplo, a versão do soneto “Círculo vicioso”, de Machado de Assis. Ou a Constituição política do estado de São Paulo.
Já os exercícios misturam os manuscritos com outros documentos da época para apresentar, de maneira prática, a importância desses registros para os alunos.
Saiba mais

Fonte:  Revista de História da Biblioteca Nacional

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Saúde Mental e Reforma Psiquiátrica em Pauta

O coordenador do GT de Saúde Mental, Paulo Amarante, conceceu entrevista ao Portal Minas Saúde falando sobre o preconceito que ronda as doenças mentais, a diminuição do número de leitos para a saúde mental e o acesso a tratamentos no SUS, entre outros temas. Confira a matéria, divulgada no dia 20 de maio, clicando aqui. Leia também Desafios da Reforma Psiquiátrica, publicada no site da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) que fala sobre a busca no Brasil pela mudança na percepção e nos direitos dos pacientes psiquiátricos 10 anos depois da promulgação da Lei 10216, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.

Fonte: Comissão Pró- Associação de Profissionais de Saúde Mental da Bahia.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

II CONGRESSO INTERNACIONAL DE PSICANÁLISE


Atenção

Os valores promocionais de hospedagem e de passagem presentes no site, estão vinculados à confirmação da inscrição no II Congresso Internacional de Psicanálise A Criança e o Adolescente no Século XXI.
Saiba mais:
Atenciosamente,
Comissão Organizadora

Av. A.C.M., Edf. Golden Plaza, nº 3213 S/ 1202 - Pituba
Salvador-Ba — CEP: 40280-000
CNPJ: 96.740.279/0001-19

Fonte: Comissão Pró- Associação de Profissionais de Saúde Mental da Bahia

7º Seminário Internacional de Arquivos de Tradição Ibérica


O Arquivo Nacional realizará entre os dias 27 de junho e 1 de julho o 7º Seminário Internacional de Arquivos de Tradição Ibérica. O evento, voltado a profissionais e estudantes que atuam em arquivos, centros de documentação e informação, bibliotecas e serviços arquivísticos, contará com a presença de estudiosos do Brasil e do exterior que trabalham, prioritariamente, com documentos de Portugal, Espanha e de nosso país. Haverá tradução simultânea. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site:

Fonte: Revista História Viva

Como Medir a Cultura: pesquisa analisa evolução da inteligência humana usando milhões de livros digitalizados

Autor: Marcos Flamínio Peres

Como quantificar algo tão volátil e multifacetado como a cultura? Como chegar a um denominador que indique uma tendência ou mudança ao longo do tempo em áreas tão sujeitas a chuvas e trovoadas como gramática, literatura, censura e comportamento?
Esse é o objetivo do ambicioso programa Culturomics, que há três anos vem sendo conduzido em parceria por professores, pesquisadores e alunos da Universidade Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, ambos nos Estados Unidos. Parte dos resultados foi condensada no artigo “Quantitative analysis of culture using milions of digitized books” (“Análise quantitativa da cultura usando milhões de livros digitalizados”), o segundo do programa e publicado em janeiro passado na Science.
Assinado por nomes de peso, como o psicolinguista Steve Pinker, o trabalho se debruçou sobre um corpus de 5.195.769 livros digitalizados pelo Google Books – o equivalente, segundo os coordenadores, a 4% de todos os livros já impressos na história. A empresa californiana se tornou, por extensão, “a maior e mais importante fonte de financiamento do projeto”, afirma Adrian Veres, um dos signatários do artigo.
Liderado por Jean-Baptiste Michel e Erez Lieberman Aiden, do Departamento de Dinâmica Evolucionária de Harvard, o artigo na revista norte-americana é fruto da pesquisa que os dois fizeram para quantificar a evolução dos verbos irregulares ingleses a partir de fontes secundárias. “De algum modo”, afirma Veres, “isso serviu para consolidar a ideia de que resultados importantes e significativos poderiam ser obtidos, em um nível quantitativo, através de dados tais como a repetição de uma determinada palavra ao longo do tempo”.
Alcir Pécora, professor de teoria literária na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também se mostra entusiasmado com o projeto: “Acho interessante esse tipo de pesquisa, no sentido de que as máquinas permitem trabalhar hoje com enormes quantidades de dados. É uma massa fabulosa de informação”. Mas pondera: “Quando se trata de entender o que significam, esses dados precisam de um intérprete qualificado, e não de um analista de banco de dados. O que não significa que esse tipo de pesquisa seja inútil e, muito menos, ofensivo, como parecem por vezes pensar em meios humanistas tradicionais”.
Dentro de um universo bastante amplo de variações culturais que o Culturomics pretende mapear, a língua se revelou um dos mais seguros de serem mensurados – “um modelo clássico de mudança gramatical”. Pois, dizem os autores, “diferentemente dos verbos regulares [em língua inglesa], cuja forma pretérita se constrói com o acréscimo da partícula ‘ed’ ao final, os verbos irregulares são conjugados idiossincraticamente”.
Assim, enquanto nos Estados Unidos se disseminou o uso de formas regulares pretéritas de certos verbos (como “burn”/“burned” e “spell”/“spelled”), na matriz europeia se manteve mais frequente o uso de suas formas irregulares (“burnt” e “spelt”, respectivamente).
No entanto, o estudo quantitativo da gramática inglesa apontou uma mudança de paradigma cultural e geopolítico, com a crescente influência do padrão norte-americano sobre os usuários britânicos da língua inglesa. Pois, com o tempo, os britânicos também passaram a adotar as formas dos falantes da ex-colônia, conforme aponta a quantificação realizada pelo Culturomics.
“As formas irregulares terminadas em ‘t’ também podem estar morrendo na Inglaterra. A cada ano, uma população equivalente à da cidade de Cambridge adota burned em vez de burnt.”
Mas os falantes norte-americanos também resgataram formas irregulares já meio esquecidas na metrópole e que seriam, posteriormente, reincorporadas pelos ingleses à sua linguagem cotidiana.
Essas estatísticas levaram os autores do estudo a chamar os Estados Unidos de “os maiores exportadores tanto de verbos irregulares quanto de regulares”.
Não apenas a língua mas também a fama pode ser medida por meio das tabulações. “É possível medir quão rápido alguém se torna famoso, quão rapidamente alguém deixa de sê-lo, qual é a intensidade dessa fama e em que momento da vida determinada pessoa se tornou famosa ou deixou de sê-lo”, explica Veres, cuja linha de pesquisa é justamente a “dinâmica da fama”.
Uma das conclusões mais impactantes – e cruéis – sobre a sociedade contemporânea apresentada no artigo da Science é como as pessoas se tornaram famosas cada vez mais cedo; porém, em contrapartida, caem no esquecimento de modo muito mais veloz.
Verbete - Para chegar a essa conclusão, o estudo tomou como ponto de partida 740 mil pessoas cujos nomes constavam de verbetes na Wikipedia, descartando apenas os casos em que os nomes eram os mesmos. Tabularam o restante tomando como base a data de nascimento e a frequência com que determinado nome era mencionado. Em seguida, considerando o período entre 1800 e 1950, criaram um grupo com as 50 pessoas mais famosas nascidas em cada um daqueles anos. Assim, em 1882 figura, por exemplo, a escritora Virginia Woolf e, em 1946, aparecem o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e o diretor de cinema Steven Spielberg.

As estatísticas apontaram que o período em que as celebridades atingem seu pico permaneceu regular, isto é, cerca de 75 anos após o nascimento. Mas os outros parâmetros sofreram uma mudança drástica ao longo do período analisado: “As pessoas mais famosas nos últimos tempos são mais famosas do que as pessoas famosas das gerações anteriores. Entretanto, essa fama tem vida cada vez mais curta. O período posterior ao ápice da fama despencou de 120 para 71 anos durante o século XIX”.
Esses dados “são particularmente impressionantes porque estamos medindo a fama a partir de livros publicados, os quais, evidentemente, são uma mídia muito mais lenta do que jornais, revistas ou ainda periódicos que cobrem música”, alerta Veres.
Indagado se o Culturomics acabou por validar a profecia feita pelo artista Andy Warhol em 1968 – de que “no futuro todo mundo será famoso por 15 minutos”–, Veres responde com bom humor: “Se considerarmos a sociedade atual, acho que em muito pouco tempo serão apenas 7,5 minutos de fama”. E conclui: “Definitivamente, o ritmo está se acelerando, e a sociedade está se movendo cada vez mais rápido”.
Como consequência, a percepção daquilo que é velho e daquilo que é novo também vem se modificando na mesma velocidade, com ênfase muito maior no tempo presente. Um ano qualquer, como, por exemplo, “1880”, teve uma queda de 50% no número de citações 32 anos mais tarde, isto é, em 1912. Já uma data mais recente, como “1973”, teve uma queda equivalente no número de citações em um período de tempo muito mais curto, isto é, 10 anos depois, já em 1983.
“A cada ano que passa estamos esquecendo nosso passado de maneira muito mais rápida”, cravam os autores.
Mas certas conclusões do artigo não seriam óbvias demais, como afirmar que “o ano de ‘1951’ foi raramente discutido até os anos que imediatamente o precederam”?
Veres assume que “esse é de fato um risco em pesquisas assim. Por exemplo, é óbvio que, quando um país muda de nome (digamos, de Rodésia para Zimbábue), em um curto período de tempo deverá haver um declínio do nome antigo e um incremento do novo”. Entretanto, pondera, “a existência de tais ‘conclusões óbvias’ é muitas vezes útil porque serve como controle para o banco de dados” – justamente por chamar a atenção dos pesquisadores para esse risco.
Controle - “O que poderia ser uma conclusão sem importância nenhuma se torna uma forma de controle muito importante.”
E aqui os pesquisadores correm o risco de cair em outra armadilha, que é o de transpor o limite entre fato e interpretação. E eles próprios o admitem no final do artigo – “o desafio do Culturomics reside na interpretação de suas evidências”.
Veres explica a metodologia que o grupo seguiu para superar essa dicotomia. “Os dados são a frequência com que as palavras surgem ao longo do tempo. Talvez, ainda falando dos dados, sejam necessárias algumas correções menores, como anotações erradas ou falhas na leitura óptica. Já a interpretação é o processo que busca explicar o que levou os dados a tomarem a forma que têm. O desafio, então, é encontrar o melhor lar que se ajuste a eles” – e, por lar, Veres se refere às diferentes histórias e visões de mundo disponíveis.
E, de fato, há muitos tópicos apontados no artigo que permanecem em aberto e que deverão ser explorados nas próximas etapas do projeto. Por exemplo, a incidência de censura a ideias e pessoas. Durante o nazismo, na Alemanha, os membros do partido registraram um crescimento em número de menções de cerca de 500%! Em contrapartida, a menção aos grandes nomes da arte tida pelo regime como “degenerada” – o pintor espanhol Pablo Picasso ou o arquiteto da Bauhaus Walter Gropius – despencou vertiginosamente.
Segundo os autores, esses dados podem levar à criação de um “index da supressão”, “formulando uma estratégia rápida para identificar prováveis vítimas de censura”.
Por exemplo, “Freud” parece estar mais entranhado no imaginário do que “Galileu”, “Darwin” ou “Einstein”; “Deus”, igualmente, não tem andado muito em alta; também se deduz, pela quantificação, que a dieta típica norte--americana é feita de “bife”, “embutido”, “sorvete”, “hambúrguer”, “pizza”, “massa” e “sushi”. Por fim, o feminismo mostra ter deitado raízes mais cedo na França, porém foi nos Estados Unidos que se desenvolveu mais. E, na luta entre os sexos, a “mulher” ganha do “homem” – ao menos no número de menções.
Infelizmente até agora a língua portuguesa não foi contemplada no projeto. E a razão tem a ver não só com sua relativa pouca penetração cultural e geo-
política, mas também com o tamanho e a digitalização das bibliotecas locais.
Veres argumenta que o português não fez parte do projeto por não atender aos critérios estabelecidos. “Mas a ideia é no futuro incluir no banco de dados do Cultoromics tanto o português quanto várias outras línguas”, conclui.

Fonte: Revista Pesquisa FAPESP

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Quem Foi Juliano Moreira: sobre sua obra

Encontramos um artigo em memória do médico baiano fundador da psiquiatria no Brasil.
Nele, os autores, Ana Maria Galdini Raimundo Oda e Paulo Dalgalarrondo, do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, falam sobre a importância de sua obra. Vale a pena conferir:

"Um aspecto marcante na obra de Juliano Moreira foi sua explícita discordância quanto à atribuição da degeneração do povo brasileiro à mestiçagem, especialmente a uma suposta contribuição negativa dos negros na miscigenação. A posição de Moreira era minoritária entre os médicos, na primeira década do século XX, época em que ele mais diretamente se referiu a esta divergência, polemizando com o médico maranhense Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906). Também desafiava outro pressuposto comum à época, de que existiriam doenças mentais próprias dos climas tropicais.

Convém ressaltar que a teoria da degenerescência nunca seria colocada em questão por Moreira, mas apenas os seus fatores causais. Para ele, na luta contra as degenerações nervosas e mentais, os inimigos a combater seriam o alcoolismo, a sífilis, as verminoses, as condições sanitárias e educacionais adversas, enfim; o trabalho de higienização mental dos povos, disse ele, não deveria ser afetado por "ridículos preconceitos de cores ou castas (...)".

Em seu discurso de posse, ao ser aprovado no concurso para professor da Faculdade de Medicina da Bahia, em maio de 1896, Moreira descreveu de forma tão elegante quanto contundente o que parece ser sua experiência pessoal com relação ao marcante preconceito de cor na sociedade brasileira de então. Endereçando-se "(...) a quem se arreceie de que a pigmentação seja nuvem capaz de marear o brilho desta faculdade (...)", disse: "Subir sem outro bordão que não seja a abnegação ao trabalho, eis o que há de mais escabroso. (...) Em dias de mais luz e hombridade o embaçamento externo deixará de vir à linha de conta. Ver-se-á, então que só o vício, a subserviência e a ignorância são que tisnam a pasta humana quando a ela se misturam (...). A incúria e o desmazelo que petrificam (...) dão àquela massa humana aquele outro negror (...)"
 
Artigo na integra: Saiba mais
Fonte: Engenho da Memória: memória e registro sobre o Engenho Velho de Brotas

Solar Boa Vista em Brotas

                  

Datado de 1874, o Solar Boa Vista foi residência do poeta abolicionista Castro Alves e sua família durante boa parte de sua vida. Mais tarde foi transformado no Asylo São João de Deus e futuro Hospital Juliano Moreira. O prédio  foi sede da Prefeitura e, atualmente, é onde funciona a Secretaria Municipal de Educação e Cultura.

Fonte: Blog Engenho da Memória: memórioa e registro sobre o Engenho Velho de Brotas, Salvador-Ba

Médico Baiano Juliano Moreira, Que Deu o Nome ao Hospital

                                             
Juliano Moreira (Salvador, 6 de janeiro de 1873 — Rio de Janeiro, 2 de maio de 1932) foi médico e um dos pioneiros da psiquiatria brasileira. o primeiro professor universitário a citar e incorporar a teoria psicanalítica no seu ensino na Faculdade de Medicina.
Apesar de ser negro, e de família pobre, em 1886, dois anos antes da abolição oficial da escravatura, entrou na Faculdade de Medicina da Bahia, formando-se aos dezoito anos, em 1891, e se tornando professor da Faculdade.
Já em 1900 representa o Brasil em congressos internacionais: em Paris, neste ano - sendo também eleito Presidente Honorário do 4º Congresso Internacional de assistência a alienados, em Berlim; também foi congressista brasileiro em Lisboa, em 1906; Milão e Amsterdão, em 1907; Londres e Bruxelas, em 1913.
Em 1903, após ter exercido a clínica psiquiátrica na Faculdade Baiana, mudou-se para o Rio de Janeiro.
Durante seu trabalho na direção do Hospício Nacional dos Alienados, do Rio de Janeiro, humanizou o tratamento e acabou com o aprisionamento dos pacientes.
Defendeu a idéia de que a origem das doenças mentais se devia a fatores físicos e situacionais, como a falta de higiene e falta de acesso à educação, contrariando o pensamento racista em voga no meio acadêmico, que atribuia os problemas psicológicos do Brasil à miscigenação. Foi importante representante internacional da Psiquiatria brasileira.
Dentre as instituições das quais foi membro Juliano Moreira, contam-se: Antropolegische Gesellschaft (Munique); Societé de Medicine (Paris); Medico-legal Society (Nova York). Juliano Moreira foi membro da Diretoria da Academia Brasileira de Ciências entre 1917 e 1929, tendo ocupado o cargo de Presidente no último triênio.

 Fonte: Wikipédia

Cronicamente Viável: nova edição de todas as crônicas de Machado de Assis levanta debate sobre o formato e sua importância para a literatura nacional

 Autor: Ronaldo Pelli


Literatura ou jornalismo? Ou literatura e jornalismo? O lançamento das crônicas de Machado de Assis em livro – assunto que rendeu inclusive um artigo da professora Ana Flavia Cernic Ramos na edição de maio de 2011 da Revista de História - traz novamente essas perguntas à tona: o que seria esse gênero híbrido que trafega entre a ficção e a não-ficção? “A crônica é um tipo de produção que é ao mesmo tempo literária e tem um protocolo característico em relação com os acontecimentos do momento”, opina o professor Sidney Chalhoub, da Unicamp, que está no projeto de relançamento das crônicas machadianas desde o seu início. Chalhoub, que toca diretamente as edições da série “A+B” e “Gazeta de Holanda”, lembrando a importância cultural do jornal no século XIX como o lugar onde a literatura brasileira acontecia. Somente após passar pelos diários é que os folhetins e contos seguiam para o livro, no formato de romance ou coletânea de contos.
O professor de História da PUC-Rio Leonardo Pereira, que organizou a série machadiana “História de quinze dias”, também acha que a crônica, “como qualquer gênero literário”, não se presta a definições muito fáceis.

“Sua principal característica foi a ligação com os temas em debate no momento da escrita”, escreveu ele, para quem o formato se consolidou no Brasil entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do XX. “Ligadas ao jornal, dentro do qual surgiram e se desenvolveram, as crônicas guardam a vocação do diálogo direto com as questões do tempo – ainda que não se confunda em nenhum momento com a simples reportagem, dado o caráter inventivo que elas assumiram na produção dos nossos principais cronistas.”
A produção de bons cronistas no Brasil no século XX, segundo sugeriu a professora de literatura brasileira Unesp Lúcia Granja – que ficou com os “Comentários da Semana”, junto de Jefferson Cano – se deveu a uma questão mercadológica. Os escritores continuaram vinculados aos jornais porque o nosso mercado editorial não se desenvolveu como em outros países.
“Como os escritores não abandonaram o jornal, eles criaram formatos novos para a crônica. O leitor do século XIX tinha a expectativa que esse espaço fosse literário. No século XX, os escritores tiveram que desenvolver a crônica. Até chegarem na poética do instantâneo, como dizia Antônio Cândido”, contou a professora, fazendo coro com o professor Chalhoub, que também vê uma produção forte brasileira em crônicas no século XX, diferentemente de outros países, tendo chegado até os dias de hoje com escritores como Luis Fernando Verissimo.
“O autor presta o testemunho da história do tempo que se desenvolve. Assim como o escritor, que cria um autor, que faz um comentário, mas um comentário jornalístico. A crônica é um gênero híbrido, a interseção entre jornalismo e literatura.”
Joaquim Maria Machado de Assis foi jornalista antes de ser funcionário público, tendo trabalhado no “Diário do Rio de Janeiro”, a partir de 1860, como conta o professor de Literatura brasileira da Unicamp Jefferson Cano. Foi lá que o futuro autor de “Memórias póstumas de Brás Cubas” começou a se exercitar como cronista, assinando os “Comentários da Semana”, entre 1861 e 62, quando ele tinha 22 anos.
“Acho que esse período pode ser visto como um aprendizado do grande ficcionista que só vai entrar em cena mais tarde. Nesse período, a crônica não é a única inserção de Machado na literatura (ele também faz crítica teatral e escreve algumas peças de teatro); mas o trabalho de cronista é o mais constante”, escreveu Cano, afirmando que as mais de 600 crônicas dos quase 40 anos de atividade são as partes menos conhecida de seu trabalho.
Para ele, há duas características marcantes desde o início nas crônicas machadianas, que vão se fortalecendo ao longo de sua produção: a busca de uma voz estilística e o engajamento político. “Talvez possamos dizer que o amadurecimento do escritor, a elaboração do estilo literário faz também com que o comentário político se torne menos direto, menos jornalístico e mais enredado na própria construção do texto, na maneira como se constrói um personagem, no recurso à ironia. E isso tanto na crônica quanto na ficção, até o seu último livro, ‘Memorial de Aires’.”
A crônica não era um laboratório para se usar os resultados em outros formatos, opina a professora Lúcia Granja. Ela cita as “Notas semanais” (1878), que ela editou ao lado de John Gledson, como a demonstração de que as inovações narrativas de “Memórias póstumas...”, publicado em livro em 1881, já estavam, de certa forma, apontadas nessas crônicas e nos contos reunidos em “Papéis avulsos”. Na recente edição deste livro, publicada agora em 2011, Gledson escreve no prefácio que “há uma linha de especulação e de experimentação na ficção, também concentrada nos últimos anos de 1870 (...). Esse material divide-se em dois: um conjunto estranho de nove itens (...); e catorze crônicas, chamadas ‘Notas semanais’, das mais interessantes que escreveu.”
Um dos recursos desenvolvidos por Machado foi a criação de personagens que assinavam suas crônicas, como é o caso de Lélio, pseudônimo que assinava as “Balas de estalo”, objeto do artigo publicado na RHBN de maio de 2011, ou Manassés, responsável pela “História de quinze dias”, a primeira experiência nesse sentido.
“A crônica, nesses casos, tem maneiras e assuntos que não podem ser ligados ao autor, mas ao personagem que Machado atribui”, argumenta Chalhoub, que cita seus personagens escritores mais famosos Brás Cubas e Dom Casmurro, como exemplo de que a proposta também foi levada para os seus livros mais famosos. “Ainda que o protocolo da crônica não seja o da ficção, o autor constrói esse narrador de maneira preconcebida, como acontece no romance.”
Todos são unânimes em apontar a necessidade de se fazer essa nova edição das crônicas machadianas para o acréscimo de informação em notas que dê mais ferramentas aos leitores para a total compreensão dos fatos abordados nas crônicas. Os professores acreditam que as crônicas de Machado se sustentariam sem interferência, mas acredita que, como há muitas referências aos acontecimentos da época, a pesquisa aos periódicos publicados e até em outros veículos ajuda no melhor entendimento dos acontecimentos da época.
“A crônica foi um gênero praticado com enorme regularidade por Machado de Assis, que ajudou mesmo a definir os contornos assumidos pelo gênero no Brasil”, conclui Leonardo Pereira, dando uma visão geral sobre a importância do gênero para o escritor e para a literatura nacional.

Fonte: Revista de História da Biblioteca Nacional

Uma Joia Desconhecida da Cultura Nacional: encravado no centro do Rio de Janeiro, o Real Gabinete Português de Leitura, que completa 174 anos, foi um dos espaços pioneiros de circulação da literatura no país

 Autor: Pietro Henrique Delallibera



 Na segunda feira, dia 16 de maio, uma importante e pouco conhecida instituição de nosso país completa 174 anos de existência. Criado em 1847 na antiga capital do império, o Real Gabinete Português de Leitura foi um dos primeiros espaços independentes de circulação da cultura letrada em nosso país.
A iniciativa de criar o gabinete partiu de um grupo de imigrantes portugueses, a maioria deles comerciantes, que decidiu construir no Rio de Janeiro uma biblioteca para reunir a literatura mais moderna que circulava entre a intelectualidade europeia. O acervo poderia ser consultado por seus clientes, em geral membros da elite.
Uma ideia semelhante já existia em Portugal, com os chamados “gabinetes de leitura”, mas, como não poderia deixar de ser, a inspiração dos pioneiros veio da França: nas chamadas boutiques à lire, criadas logo após a Revolução Francesa, clientes registrados podiam tomar livros emprestados e trocar títulos entre si, mediante pagamento de uma taxa.

O modelo do Real Gabinete fez história no país: em pouco tempo, instituições do mesmo tipo começaram a se espalhar por várias outras cidades brasileiras. Essas bibliotecas privadas eram fundadas por membros da elite latifundiária, grupos de ativistas republicanos, maçons etc.
O caráter elitista da instituição começou a mudar somente em 1900, quando o Real Gabinete se tornou uma biblioteca pública. Desde então, ele acumulou não somente um rico acervo bibliográfico, mas também documentos e obras de arte.
Sua coleção ostenta relíquias como os manuscritos originais de Amor de perdição, de Castro Alves, livros que pertenceram à Companhia de Jesus e correspondências de personagens ilustres de nossa história, como o padre Antonio Vieira. A relação completa dessas obras está disponível no site do Real Gabinete.

Fonte: Revista de História Viva

Um Passeio Pelas Ruas da Roma Antiga: site disponibiliza maquete digital da capital do maior império da Antiguidade nos tempos de Constantino

           
Autor: Heloísa Broggiato

Em 1900, o arquiteto francês Paul Bigot construiu uma maquete de gesso de 70 m2 recriando a cidade de Roma na época de Constantino, no início do século IV. O trabalho foi bem acolhido pelos arqueólogos na época e acabou doado para a Universidade de Caen, na França. Agora, mais de 100 anos depois, o modelo ganhou uma versão virtual, que pode ser acessada no site da instituição.
A versão digital foi atualizada por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores nas áreas de ciências sociais, Antiguidade, audiovisual e computação e tem a vantagem de poder ser modificada de acordo com o surgimento de novas descobertas arqueológicas e históricas. A ideia dos pesquisadores foi recriar a cidade de Roma em diferentes estágios de evolução, incluindo etapas de construção e desenvolvimento urbano.
A maquete de Bigot foi feita na época em que ele vivia na Villa Medicis, palácio que abrigava a Academia Francesa em Roma. O local foi administrado, durante certo período, pela Escola de Belas-Artes de Paris, onde o arquiteto se formou. Saiba mais

Fonte: Revista História Viva

Psiquiatria Ontem e Hoje: em mais de 2 mil páginas, especialistas analisam a evolução desse ramo da medicina e propõem interface com outras áreas de estudo da mente

Autor:  Fernanda Ribeiro

Nos últimos 30 anos a medicina evoluiu de forma surpreendente: o genoma humano foi decodificado e foram criados meios de monitorar a atividade de circuitos neurais do cérebro humano. É espantoso pensar que, há menos de dois séculos, os tratamentos dispensados aos doentes mentais eram, em geral, semelhantes ao adotado pelo hospital de Bicêtre, que funcionou em Paris até meados do século 18 – verdadeira casa de horrores, a instituição abrigava enfermos, presidiários, inválidos, órfãos e loucos. Estes últimos eram praticamente abandonados à própria sorte.

Tal abordagem foi questionada por um alienista – como eram chamados os médicos que se empenhavam em conhecer doenças mentais e acompanhar pacientes – que assumiu a direção de Bicêtre, Phillipe Pinel (1745-1826). Ele separava doentes por tipo de “desvio” ou “alienação mental”. Assim, a partir dos manicômios, lugares onde os loucos eram internados para que sua doença evoluísse naturalmente, as patologias mentais começaram a ser reconhecidas, nomeadas e estudadas.

Na tentativa de sintetizar anos de conhecimento e de discussões em um tratado sobre a psiquiatria, a editora Manole lança Clínica psiquiátrica – A visão do Departamento e do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP. Em dois volumes, quase 2.300 páginas, especialistas analisam a evolução desse ramo da medicina e propõem uma interface com outras áreas de estudo da mente, como a neurociência, a psicologia e a psicanálise.

São 163 artigos, organizados em 10 seções pelos psiquiatras Euripedes Constantino Miguel, Valentim Gentil e Wagner Farid Gattaz. A seção “Psiquiatria e seus limites” inicia a obra. O leitor é introduzido na história dessa especialidade médica e em seus conceitos básicos. Também é discutida a relação dessa área com a neurocirurgia, a neurologia, a filosofia e a antropologia, entre outros campos de estudo. No artigo “Psiquiatria, psicologia e psicanálise”, em especial, o psiquiatra e psicanalista Ariel Bogochvol afirma que “tanto a psiquiatria como a psicologia têm longo passado, mas história curta”, mostrando que, desde a Antiguidade, pensadores vêm se dedicando à reflexão sobre a natureza humana – pensamento, linguagem, sentimentos, loucura –, mas somente ao longo do século 19 a psiquiatria se estruturou como um ramo especial da medicina e a psicologia se separou da filosofia, tornando-se uma ciência autônoma. A psicanálise surgiria muito depois, somente no século 20. A partir da distinção dos aspectos históricos e conceituais dessas três áreas, Bogochvol aborda o significado de “sintoma” para cada uma delas, discorrendo, por fim, sobre as principais correntes da psicanálise e seus criadores.
A segunda seção, “Vertentes do conhecimento”, aborda os aspectos biológicos da psiquiatria, como o desenvolvimento cerebral nas diversas fases da vida. Entre outros textos, o artigo “Ambiente familiar e transtornos mentais: uma visão da psicologia analítica”, escrito pelo psiquiatra Nairo de Souza Vargas, explica por que o ambiente de cuidado precoce tem influência decisiva no desenvolvimento da personalidade. O texto “Psiconeuroimunologia”, escrito em conjunto por vários cientistas do Instituto de Psiquiatria da USP, discute as descobertas desse novo campo da ciência, que tem menos de 30 anos. Os especialistas são unânimes em afirmar que da mesma forma que o estresse é capaz de influenciar o sistema imunológico, este também pode, de forma inversa, alterar comportamentos e emoções e até mesmo deflagrar transtornos psiquiátricos. Novos estudos têm enfatizado a importância de diagnosticar adequadamente quadros psiquiátricos associados a doenças como câncer e problemas cardiovasculares.

Como não poderia deixar de ser em um tratado de psiquiatria, há os capítulos que descrevem as grandes síndromes e formas de controlar seus sintomas, além de interessantes seções sobre ensino e pesquisa em psiquiatria e estruturação de uma rede de saúde pública. A presença de dados e questionamentos relativos à psiquiatria no Brasil diferencia Clínica psiquiátrica das traduções para o português das grandes obras de referência desenvolvidas em outros países. A última seção, “Ética em psiquiatria e psiquiatria forense”, por exemplo, analisa as contribuições que conhecimentos nesse ramo da medicina podem trazer para a atividade pericial, com comentários adaptados à legislação brasileira.

Parte dos leitores considerará de grande interesse as explicações científicas detalhadas. Outros se concentrarão nas orientações clínicas do dia a dia. A maioria, entretanto, certamente reconhecerá um tratado atualizado, para o uso de profissionais e de estudantes de diversas áreas. Nas palavras do autor do prefácio, James F. Leckman, psiquiatra e professor de psicologia da Universidade Yale, a publicação “fornece bases sólidas que capacitarão o leitor a adquirir o conhecimento atualizado necessário para as práticas inovadoras e modernas da psiquiatria”.

 Fonte: Revista Mente e Cerebro

X Encontro Baiano de Biossíntese


Fonte: Comissão Pró- Associação de Profissionais de Saúde Mental da Bahia.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Fiocruz Brasília Promove 5ª Edição da Jornada Educação, Cultura e Saúde no Dia 26 de Maio

A FIOCRUZ Brasília, por meio do Programa de Educação, Cultura e Saúde (Pecs), realizará no próximo dia 26, a 5ª Jornada Educação, Cultura e Saúde, no Auditório da FIOCRUZ Brasília. Sobre o tema Oswaldo Cruz: Cinema, memória e saúde, o evento tem como objetivo promover espaço para reflexão sobre saúde pública e educação.
A programação da 5ª Jornada contará com a exibição dos filmes Cinematógrafo Brasileiro em Dresden, dos diretores Eduardo Thielen e Stella Oswaldo Cruz Penido, e Oswaldo Cruz: o Médico do Brasil, do diretor Silvio Tendler. O primeiro filme, dirigido pela bisneta do médico que deu origem à Fiocruz, Oswaldo Cruz, contém cenas dos dois filmes mais antigos sobre saúde já realizados no país, produzidos pelo patrono da Fundação, sobre o combate à febre amarela e a descoberta da Doença de Chagas. As películas foram apresentadas na Feira Internacional de Higiene e Demografia em Dresden há 100 anos, em 1911. O filme de Silvio Tendler fala sobre a vida do sanitarista e suas conquistas e foi estrelado pelo ator Marcos Palmeira.
Após a exibição, será realizado um debate sobre o tema, que contará com a presença dos diretores dos dois filmes, Silvio Thendler e Stella Penido.
A 5ª Jornada Educação, Cultura e Saúde é aberta ao público e será realizada a partir das 14h. O evento é voltado para educadores, educandos, pesquisadores e gestores das áreas de promoção da saúde, educação não formal, educação ambiental, cultura e quem se interessar em participar. As inscrições podem ser feitas no dia do evento.
Exposição “Oswaldo Cruz, o Médico do Brasil”
Entre os dias 25 de maio e 2 de julho, o Programa de Educação, Cultura e Saúde da FIOCRUZ Brasília (Pecs), promove a Exposição “Oswaldo Cruz, o Médico do Brasil, mostra que apresenta a trajetória do cientista e médico Oswaldo Cruz, um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento das ciências da saúde no Brasil.
A iniciativa do Pecs busca ainda aproximar o público da biografia do médico que deu origem ao nome da Fiocruz. A mostra é aberta ao público e será realizada até o dia 2 de julho, de terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h, e aos sábados, das 9h às 12h. O projeto é voltado para alunos e profissionais de instituições de ensino e é o primeiro de uma série de exposições previstas na FIOCRUZ Brasília ao longo do ano. O Pecs também oferece visitas guiadas para grupos escolares, que devem ser agendadas previamente.
Serviço:
5ª Jornada Educação, Cultura e Saúde - Oswaldo Cruz: Cinema, memória e saúde
Data: 26 de maio, a partir das 14h
Local: Auditório Externo da FIOCRUZ Brasília – Campus Universitário Darcy Ribeiro, Gleba A – SC 4
Informações:pecs@fiocruz.br | 3329-4522 / 4605

Fonte: História e Patrimônio Cultural da Saúde (Rede HPCS)

A Biblioteca Nacional Lança o Site D. João VI: o papel de um legado

A Coordenadoria de Pesquisa e a Coordenadoria de Informação Bibliográfica estão lançando o site D. João VI: o papel de um legado.
O projeto possibilita o acesso remoto dos visitantes à versão virtual da exposição homônima, que foi hospedada no Centro Cultural da Justiça Federal na época das comemorações dos 200 anos da chegada da família real portuguesa ao Rio de Janeiro. Além da exposição virtual, guiada por módulos explicativos divididos por critérios temáticos e cronológicos, o site disponibiliza ao internauta uma vasta seleção de documentos relativos ao período joanino.
A estrutura do site, os textos e a seleção de documentos baseiam-se no guia de fontes D. João VI: um legado em papel, lançado pela coordenação Geral de Pesquisae Editoração. Esta publicação, que também está disponível para download no site, tem como objetivo auxiliar o pesquisador na busca de documentos relativos ao tema pertencentes ao acervo da Fundação Biblioteca Nacional.
Para a construção do site, foram digitalizados cerca de 120 documentos na íntegra, totalizando mais de 1500 páginas, destacando-se livros raros, manuscritos, gravuras, desenhos, jornais, mapas, documentos legislativos e administrativos, entre outros.
O projeto tem como curadores os professores convidados Ismênia Martins e Vitor Fonseca, da Universidade Federal Fluminense, e conta com o apoio e a colaboração de todos os setores de acervo da FBN. Saiba mais:

Fonte: Fundação Biblioteca Nacional

Bibliotecas da Espanha Começam a Emprestar Livros em Readers

MADRI — Para tomar mil livros emprestados de uma biblioteca, o leitor precisa de, no mínimo, uma van. E, claro, muita lábia para convencer o bibliotecário. Mas, em 15 bibliotecas públicas do país, já não há mais tantas complicações. Basta uma tabuleta digital e um cartão de memória. É o começo do projeto aprovado em dezembro pelo Ministério da Cultura para que as bibliotecas públicas comecem a disponibilizar livros digitais.
O serviço funciona de forma parecida nas 15 bibliotecas onde já há o sistema. Depois de se registrar, o usuário recebe um e-reader repleto de livros eletrônicos e pode ficar com ele entre 15 e 45 dias. O ministério investiu 130 mil euros nas 15 bibliotecas para, entre outras coisas, a compra de 750 e-readers. Rogelio Blanco, diretor-geral da divisão de livros e arquivos do ministério, explicou que a pasta pretende expandir o serviço para todas as 54 bibliotecas públicas em um ano.
O número de e-readers e livros digitais no catálogo varia de acordo com a biblioteca. A de Cantabria começou a oferecer o serviço em 3 de janeiro com 41 e-readers, 184 livros eletrônicos carregados nos cartões e "um sucesso que não esperávamos", diz a diretora Loreta Rodríguez.
Na biblioteca de Huelva, no entanto, o empréstimo eletrônico terá início em 21 de fevereiro, coincidindo com o seu décimo aniversário.
- Haverá 37 e-readers e 1.084 títulos - afirmou o diretor Antonio Gómez.
Até o final de fevereiro, 15 outras bibliotecas ganharão e-readers. Ainda não há um estudo oficial sobre a resposta do público, mas as bibliotecas consultadas afirmam que está sendo muito positiva
Um passo à frente, ainda que pequeno
"O Retrato de Dorian Gray", "Don Quixote" e "A Ilíada". O que falta, acima de tudo, é oferecer livros mais recentes. Questões de direitos autorais e a falta de um acordo com os distribuidores indicam, por enquanto, que isso vai demorar. Por enquanto, o catálogo de livros digitais é formado quase exclusivamente por obras clássicas, livres de direitos autorais.
- É uma maneira de preservá-los (os clássicos) para as gerações futuras - disse o americanos Peter Brantley, líder de um movimento que promove em todo o mundo o empréstimo de livros digitais.

Fonte: Conselho Federal de Biblioteconomia

Espiritualidade e Deficiência Mental

Práticas espirituais podem contribuir para a evolução clínica e comportamental de pessoas com deficiência mental. Pelo menos é o que mostra um estudo conduzido pelos psiquiatras Frederico Leão e Francisco Lotufo Neto, do Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Nervosos (Neper) da Universidade de São Paulo.

Os dois pesquisadores acompanharam 40 homens e mulheres com retardo no desenvolvimento mental, com idade e grau de deficiência similares, internados na Unidade Hospitalar de Longa Permanência das Casas André Luiz, em São Paulo. Metade deles frequentou sessões mediúnicas por seis meses. Os outros 20 formaram o grupo de controle. Todos foram avaliados no início e após o experimento com o método da Escala de Observação Interativa de Pacientes Psiquiátricos Internados (EOIPPI) – no qual são medidos, numa pontuação de 0 a 2, fatores como cuidado pessoal, interação social, expressão de autoestima e demonstração de interesse. A marcação de pontos foi feita por profissionais da saúde sem relação com a pesquisa.

Os pacientes participaram de 24 reuniões espíritas semanais. Durante os encontros houve diálogo entre os orientadores espirituais e os participantes, que recebiam mensagens sugestivas de valorização da vida, conforto e aconselhamento moral. No final do experimento, os psiquiatras constataram que 55% dos participantes do grupo experimental apresentaram pontuações mais satisfatórias na escala EOIPPI. No grupo de controle, os escores se mantiveram. Segundo os pesquisadores, o estudo sugere que práticas espirituais podem ser usadas como terapia complementar em pessoas com deficiência mental. “Na psicoterapia, sabe-se que muitos pacientes apresentam melhoras de sintomas ao expressar verbalmente suas angústias. Nesse sentido, é possível que essa prática espiritual ofereça uma oportunidade de comunicação para uma população incapaz de se comunicar pelas vias convencionais”, diz Frederico Leão. 
Fonte: Revista Mente e Cerebro

III Simpósio de Transtornos Cognitivos e Demência

Em 4 de junho a Liga de Neurologia Cognitiva e Comportamental (LINCC) da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), formada pelos alunos do curso de medicina, promove o III Simpósio de transtornos cognitivos e demência. O evento é aberto a todos os interessados e direcionado a profissionais e estudantes das áreas de saúde, como medicina, enfermagem, gerontologia, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia e musicoterapia.
Durante o evento, serão abordados aspectos epidemiológicos e marcadores biológicos do Alzheimer, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), demências reversíveis e evitáveis, avaliação neuropsicológica de pessoas com transtornos cognitivos e as relações entre álcool e demência. A programação completa está disponível no site da Ufscar, em http://www2.ufscar.br/servicos/noticias.php?idNot=3723. Informações: lincc.ufscar@gmail.com.

Fonte: Revista Mente e Cerebro

A Práxis da Saúde Mental no Campo da Saúde Coletiva

O número de abril da Revista Ciência & Saúde Coletiva teve como tema "A práxis da Saúde Mental no campo da Saúde Coletiva". A pesquisa em saúde mental no contexto da saúde coletiva vem aumentando de maneira significativa. Essa produção está presente nas revistas da área e afins como em periódicos de psicologia, psiquiatria, ciências sociais. Há também números especiais dedicados à temática em periódicos nacionais e internacionais. Os textos fundadores no Brasil, inicialmente apresentado em teses e material hoje considerado cinza apresentaram imperativos éticos e renovadores. Tudo isso acompanhou a Reforma psiquiátrica no país, fato que alterou de forma inegável as práticas cotidianas, expandiu os serviços e impactou a configuração do campo acadêmico e os editais de agências financiadoras. Hoje esse campo reflete certo ecletismo metodológico, no qual pesquisas de caráter qualitativo, etnografias, estudos hermenêuticos e interpretativos, desenhos mistos, pesquisas avaliativas participativas e estudos clássicos de cunho epidemiológico conversam entre si. Sobretudo existe uma reflexão concreta que tem bases empíricas e mostra o compromisso público do Ministério da Saúde e dos profissionais no aprimoramento teórico e prático desse encontro imprescindível entre saúde coletiva e saúde mental. É o que os artigos mencionados a seguir, refletem. Veja o sumário da revista clicando aqui.

Fonte: Comissão Pró- Associação de Profissionais de Saúde Mental da Bahia.

Curso de Teoria e Técnica do Jogo de Areia

Inicio: 13 de junho 2011
LOCAL: Clínica Psiquê- Rua Amazonas, 172 - Pituba

Sem Camisa de Força

Pioneiro, o psiquiatra Juliano Moreira tirou as grades dos hospícios e trouxe as idéias de Freud para o Brasil

Autor : Ana Teresa A. Venancio
Foi como interno do Hospício Nacional dos Alienados, no Rio de Janeiro, que o escritor Lima Barreto (1881-1922) conheceu o psiquiatra e diretor do hospital, Juliano Moreira (1873-1933). Desde sua primeira internação, em 1914, o escritor foi visto por vários médicos do hospício, um “mais nevrosado e avoado” que ele, e outro “que o tratou com indiferença”. Moreira, mulato como Barreto, despertou a simpatia do escritor: “Na segunda-feira, antes que meu irmão viesse, fui à presença do doutor Juliano Moreira. Tratou-me com grande ternura, paternalmente, não me admoestou, fez-me sentar a seu lado e perguntou-me onde queria ficar”.
O psiquiatra tornara-se diretor da instituição – a primeira do gênero no Brasil – em 1903. Chegava para dar fim à situação calamitosa em que se encontrava o hospício. As mudanças necessárias não eram poucas. Na gestão anterior, o hospital tinha sido palco de escândalos, como o de desvio de verbas. Um inquérito do Ministério da Justiça também constatara as péssimas condições de tratamento.
Mas não era a primeira vez que isso acontecia, e, além de muitos, os problemas vinham de longa data. Fundado em 1852 com o nome de Hospício de Pedro II, a instituição era criticada desde a época do Império. Na década de 1880, já havia denúncias de violência e maus-tratos.
Construção imponente, inspirada na Maison Nationale de Charenton, localizada perto de Paris, o hospício brasileiro tinha uma escadaria de granito ladeada por duas estátuas representativas da caridade e da ciência. Inicialmente, os pacientes eram internados nos pavilhões segundo classe social e sexo. Para aqueles que podiam pagar pelo tratamento – os pensionistas –, estavam reservadas as seções Cameil (homens) e Morel (mulheres); para os indigentes, as seções Pinel (homens) e Esquirol (mulheres). Mas o cuidado com as instalações já não era o mesmo havia anos, e a imponência e a organização do começo tinham ficado para trás: pensionistas e indigentes permaneciam misturados e havia até crianças convivendo com adultos.
Em sua administração, Juliano Moreira tratou logo de pôr fim a essa promiscuidade e criou um local especial para as crianças, o Pavilhão-Escola Bourneville, dirigido pelo pediatra Fernandes Figueira (1863-1928). O médico tomou ainda medidas revolucionárias ao propor que no lugar de coletes, camisas de força e grades, fossem adotados a klinoterapia (terapia pelo repouso) e o trabalho em oficinas como tratamento. Nem todas as medidas de contenção física chegaram a ser eliminadas, mas as oficinas foram montadas e os pacientes passaram a participar de atividades como tipografia, encadernação, costura, sapataria, carpintaria e muitas outras. O médico queria que os internos fizessem algo que os lembrasse de sua profissão durante o período no hospício.
As ações de Moreira combinavam com as iniciativas “modernizadoras” do governo, como a reforma urbana do prefeito Pereira Passos (1902-1906) e a batalha higienista de Oswaldo Cruz (1872-1917). O governo central pretendia remodelar a capital da jovem República.
Quando assumiu o cargo, Juliano Moreira tinha 33 anos e chegava de uma temporada na Europa. Partiu para o Velho Mundo em busca de tratamento para a tuberculose, que contraíra devido à rotina irregular pela intensa dedicação aos estudos. Entre 1895 a 1902, ao longo de várias viagens, participou de cursos sobre doenças mentais de renomados médicos e psiquiatras, como Paul Emil Flechsig e Émil Kraepelin. Obstinado, Moreira não perdeu tempo e aproveitou todas as oportunidades. Fez estágio em anatomia patológica com Rudolf Virchow e frequentou as principais clínicas psiquiátricas e manicômios da Alemanha, da Inglaterra, da França, da Itália e da Áustria.

O interesse pela área de saúde surgiu bem cedo, na adolescência.  Dedicado e estudioso, Juliano Moreira foi um jovem prodígio. Iniciou o curso de Medicina, na Bahia, onde nasceu, quando tinha apenas 13 anos!  Cinco anos depois, em 1891, formou-se com a apresentação da tese “Sífilis maligna precoce”. A origem humilde não o impediu de seguir sua vocação. Seu pai, o português Manoel do Carmo Moreira Júnior, era inspetor de iluminação pública: verificava se os trabalhadores acendiam os lampiões de ferro das ruas da cidade. A mãe era empregada doméstica na casa de conhecido médico baiano, Luís Adriano Alves de Lima Gordilho, barão de Itapuã (1830-1892). O menino deu a sorte de ter tido o barão como seu padrinho e incentivador dos estudos.
Aos 23 anos, passou em um concurso para o cargo de assistente da cátedra de Clínica Psiquiátrica e Doenças Nervosas da Faculdade de Medicina da Bahia. A banca examinadora era, em grande parte, constituída de escravocratas, que certamente não viam com bons olhos a possibilidade de aquele jovem mulato estar ao seu lado na faculdade. O salão nobre da universidade ficou lotado de estudantes e curiosos, que acompanharam atentamente a realização de todas as provas. Quando Juliano Moreira recebeu aprovação unânime, os aplausos e vivas tomaram conta do lugar. A comoção foi geral. Naquela época, fazia muito pouco tempo que o Brasil abolira a escravidão. Ser negro, pardo ou mestiço era, quase sempre, uma barreira à ascensão social. Mesmo assim, Moreira conseguiu ultrapassar esse obstáculo, alcançando uma bem-sucedida trajetória profissional.
Entre as importantes iniciativas do psiquiatra na Bahia está a criação, em 1894, junto com Nina Rodrigues (1862-1906) e outros, da Sociedade de Medicina e Cirurgia do estado. Também foi médico da Inspetoria de Higiene, assistindo a população indigente que sofria de febres e disenterias em cidades nos arredores de Salvador.
O psiquiatra foi pioneiro em sua área. Em 1899, fez uma conferência em que divulgava as ideias de Sigmund Freud (1856-1939), sendo por isso considerado o precursor da psicanálise no Brasil. Em artigos sobre doenças comuns nos trópicos, como a sífilis, o beribéri e a malária, ele fazia um alerta inovador. Chamava a atenção para a necessidade de mais análises e provas experimentais, científicas, em detrimento das teorias que consideravam essas enfermidades diretamente causadas pelo clima, pela raça ou pelas condições sociais em que eram geradas.
A inovação sempre foi uma constante no trabalho de Juliano Moreira, tendo atuado não só como médico, mas também no campo da saúde pública. Ele foi grande incentivador da primeira lei de assistência a alienados, de 1903, que tratou de três questões: o direito de internação dos cidadãos com alienação comprovada pelas autoridades médicas, as condições institucionais necessárias para a internação dos alienados e o modo como a União deveria administrar e fiscalizar as instituições nesse campo.
Juliano também difundiu a necessidade de criação de diferentes tipos de hospitais para tratamento, como um manicômio judiciário para os loucos criminosos – o que se concretizaria em 1921, após uma rebelião de pacientes no então Hospital Nacional de Alienados – e uma colônia agrícola, onde houvesse a convivência dos doentes com famílias “sadias” (tratamento heterofamiliar), com as quais os pacientes passavam as horas do dia participando da rotina e de serviços domésticos na casa de funcionários da colônia. Esta foi inaugurada em 1924 como Colônia de Psychopatas- Homens, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e em 1935, denominada Colônia Juliano Moreira.
Ele também não poupou esforços para o avanço de sua especialidade no país. Participou da criação de sociedades e de periódicos especializados e da implantação e divulgação de métodos e nomenclaturas científicas aqui elaboradas. Com atuação internacional intensa, expôs trabalhos em vários congressos fora do Brasil. Convidado para fazer conferências no Japão em 1928, recebeu uma condecoração com a Ordem do Tesouro Sagrado do imperador Hirohito (1901-1989). No mesmo ano, quando foi criada a seção Rio da Sociedade Brasileira de Psicanálise, tornou-se seu presidente.
No entender de Juliano Moreira,era preciso provar que este país tropical, menos “civilizado” aos olhos europeus, também fazia ciência, e que a psiquiatria deveria estar integrada a esse movimento para o progresso científico no Brasil.
Ele participou da comissão que elaborou a primeira classificação psiquiátrica brasileira, entre 1908 e 1910. Moreira e os médicos Carlos Eiras, Henrique Roxo e Afrânio Peixoto inspiraram-se na grande síntese das doenças mentais feita pelo psiquiatra alemão Émil Kraepelin em meados do século XIX.
Como Kraepelin, Moreira acreditava que as chamadas doenças mentais eram uma exceção biológica e podiam ser observadas na dimensão orgânica dos doentes, nos seus traços de degeneração, que para Juliano, entretanto, não eram característicos de um povo ou de uma raça, mas apenas de indivíduos isoladamente. O notável dessa adoção da psiquiatria alemã foi a ousadia em transpor essa ideia para uma sociedade como o Brasil. Do ponto de vista da maioria das teses do mundo “civilizado” daquela época, os países mestiços teriam um povo mais suscetível à doença mental e à degeneração.  Moreira pensava diferente; excluía completamente a possibilidade de os distúrbios psiquiátricos estarem ligados a aspectos climáticos ou raciais. 
A questão racial era assunto amplamente debatido pela intelectualidade brasileira no período, e Juliano Moreira, ao contrário de muitos, considerava possível a inclusão da miscigenada população brasileira em um projeto universal de desenvolvimento das nações. Para ele, o país poderia constituir uma sociedade fundada no ideal da igualdade moral dos indivíduos, por meio da melhoria da educação e das condições sociais.
Depois de mais de vinte anos na direção do Hospital dos Alienados, Juliano Moreira foi afastado do cargo em 1930. O governo Getulio Vargas (1930-1945) buscava reorganizar o sistema de saúde pública, no qual se incluía a assistência psiquiátrica. Morreu três anos mais tarde, em Corrêas, no Rio de Janeiro, amparado por amigos e por sua esposa, Augusta, enfermeira alemã que conhecera em uma de suas viagens. Não deixou herdeiros. Seu legado ficou nas ideias a favor do caráter libertador e civilizador da ciência e da psiquiatria. 

Fonte: Revista de História da Biblioteca Nacional.