Práticas espirituais podem contribuir para a evolução clínica e comportamental de pessoas com deficiência mental. Pelo menos é o que mostra um estudo conduzido pelos psiquiatras Frederico Leão e Francisco Lotufo Neto, do Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Nervosos (Neper) da Universidade de São Paulo.
Os dois pesquisadores acompanharam 40 homens e mulheres com retardo no desenvolvimento mental, com idade e grau de deficiência similares, internados na Unidade Hospitalar de Longa Permanência das Casas André Luiz, em São Paulo. Metade deles frequentou sessões mediúnicas por seis meses. Os outros 20 formaram o grupo de controle. Todos foram avaliados no início e após o experimento com o método da Escala de Observação Interativa de Pacientes Psiquiátricos Internados (EOIPPI) – no qual são medidos, numa pontuação de 0 a 2, fatores como cuidado pessoal, interação social, expressão de autoestima e demonstração de interesse. A marcação de pontos foi feita por profissionais da saúde sem relação com a pesquisa.
Os pacientes participaram de 24 reuniões espíritas semanais. Durante os encontros houve diálogo entre os orientadores espirituais e os participantes, que recebiam mensagens sugestivas de valorização da vida, conforto e aconselhamento moral. No final do experimento, os psiquiatras constataram que 55% dos participantes do grupo experimental apresentaram pontuações mais satisfatórias na escala EOIPPI. No grupo de controle, os escores se mantiveram. Segundo os pesquisadores, o estudo sugere que práticas espirituais podem ser usadas como terapia complementar em pessoas com deficiência mental. “Na psicoterapia, sabe-se que muitos pacientes apresentam melhoras de sintomas ao expressar verbalmente suas angústias. Nesse sentido, é possível que essa prática espiritual ofereça uma oportunidade de comunicação para uma população incapaz de se comunicar pelas vias convencionais”, diz Frederico Leão.
Fonte: Revista Mente e Cerebro
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