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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Espiritualidade protege contra depressão alterando cérebro

Espiritualidade e religião protegem contra depressão alterando cérebro
São cada vez mais reconhecidos os efeitos das práticas espirituais sobre a saúde e o bem-estar - particularmente das práticas meditativas.
Contra a depressão grave, por exemplo, já se sabia que a meditação é tão eficaz quanto os antidepressivos.
Mas o que mais tem chamado a atenção dos pesquisadores são os indícios de que as práticas espirituais provocam um espessamento do córtex cerebral em áreas associadas com a atenção e a integração emocional.
Faltava então costurar as duas coisas, e provar que a proteção contra a depressão vem mesmo desse engrossamento ou reforço das estruturas cerebrais.
Foi o que fizeram agora Lisa Miller e seus colegas da Universidade de Colúmbia (EUA).
Exames de ressonância magnética do cérebro revelaram um córtex mais espesso no cérebro de indivíduos que dão grande importância à religião ou à espiritualidade, em comparação com pessoas menos espiritualizadas.
O córtex relativamente mais espesso está nas mesmas regiões do cérebro que ficam mais finas em pessoas com alto risco para a depressão, sobretudo com histórico familiar da doença.
Em outras palavras, os resultados sugerem que a espiritualidade ou a religião podem proteger contra a depressão grave neutralizando o afinamento cortical que ocorreria nessas pessoas.
"O novo estudo associa este benefício protetor extremamente forte da espiritualidade ou da religião aos estudos anteriores que identificaram grandes extensões de afinamento cortical em regiões específicas do cérebro em filhos adultos de famílias com alto risco de depressão grave," disse Miller.
Estudos anteriores da mesma equipe já haviam demonstrado uma diminuição de até 90% na depressão em adultos que disseram valorizar fortemente a espiritualidade ou a religiosidade e cujos pais sofreram com a doença.
A pesquisadora ressalta que os benefícios vieram de uma forte importância pessoal colocada na espiritualidade ou na religião, e não necessariamente na frequência regular a uma igreja ou templo.
Fonte: Diário da Saúde

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

A vida em desordem

                
Cena do documentário Irmãos Collyer - uma fábula do acúmulo, de Alfeu França, 2006

É comum ver crianças (e também adultos) colecionar moedas, bonecas, figurinhas, roupas e uma infinidade de outros itens. Não raro as pessoas se apegam tanto a seus pertences que passam a considerá-los extensões de si mesmas, apegando-se demasiadamente a eles.

Em raros casos, o hábito de reunir e manter coisas chega a situações extremas, nada saudáveis, caracterizando-se como um distúrbio de acumulação, ainda pouco compreendido pela ciência. Muitos pesquisadores acreditam que a patologia seja variante do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), mas não há confirmação dessa hipótese. Estudos mais recentes sugerem que o distúrbio resulte de uma desregulação da tendência adaptativa de manter recursos para sobrevivência.
Sigmund Freud considerava a acumulação um sintoma relacionado à fase anal, decorrente, entre outras coisas, do “treinamento do banheiro” (fase em que a criança deixa as fraldas) excessivamente rígido. De fato, essa hipótese embasada no desenvolvimento psicossexual oferece pistas preciosas para entender o funcionamento psíquico do acumulador. Mas também é possível considerar a questão sob outras ópticas – que de forma alguma refutam a argumentação psicanalítica, mas podem complementá-la.
Na década de 90, o problema começou a ser reconhecido como um distúrbio clínico grave. O psicólogo Randy O. Frost, da Smith College, foi um dos primeiros a desenvolver pesquisas sobre o tema. O assunto foi popularizado por documentários e reality shows americanos, como Hoarders, Clean house e Hoarding: buried alive, exibidos no Brasil como Cada coisa em seu lugar e Acumuladores no canal por assinatura Discovery Home & Health.
Até recentemente, muitos profissionais de saúde mental consideravam a acumulação patológica um subtipo do TOC, ou seja, uma espécie de compulsão: atos repetidos ou rituais para tentar dissipar a ansiedade, como verificar o fogão excessivamente para se certificar de que está desligado. No entanto, de acordo com um estudo feito em 2010 pelo psicólogo David Mataix-Cols, do Kings College London, mais de 80% das pessoas que acumulam objetos não satisfazem os critérios do TOC, como ter obsessões (pensamentos, imagens e impulsos recorrentes ou intrusivos). Além disso, a tendência à acumulação geralmente é comum em pessoas mais pobres, mais idosas e propensas a transtornos de humor e ansiedade, em comparação aos pacientes com TOC. Apresentam ainda uma característica marcante: raramente se dão conta do problema que enfrentam.
              
De acordo com o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria, o transtorno é caracterizado por dificuldades extremas e duradouras de se desfazer de bens, mesmo que não tenham nenhum valor tangível. Pessoas com o problema enfrentam fortes impulsos para reter objetos ou se tornam extremamente ansiosas ao pensar em jogá-los fora. A casa ou o local de trabalho são tão desorganizados que o espaço se torna inutilizado, uma situação que pode deflagrar intensa angústia e prejudicar  seriamente as atividades cotidianas. No entanto, antes de diagnosticar o distúrbio é preciso excluir condições médicas que podem levar a comportamentos similares. Em um estudo de 1998, o psiquiatra Jen-Ping Hwang e seus colegas do Hospital Geral de Veteranos de Taipé, constataram que 23% de pacientes com demência exibem comportamento clinicamente significativo de acumulação.

O distúrbio afeta homens e mulheres na mesma medida e atinge entre 2% e 5% da população, o que o torna mais prevalente que a esquizofrenia, por exemplo. Pessoas com o transtorno costumam ajuntar livros, revistas, jornais e até enormes quantidades de roupas que nunca são retiradas da embalagem. Embora raros, há também registros de acúmulo de animais. Em 2010, policiais encontraram mais de 150 gatos em uma casa na cidade de Powell, em Wyoming. No Brasil, uma família em Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, foi processada pelos vizinhos por manter 44 animais dentro de casa, sendo que a lei permite, no máximo, dez. Esse tipo de acumulador tende a sofrer mais prejuízos psicológicos e a viver em condições bastante precárias.

Fonte: Scientific American Mente e Cérebro

Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/a_vida_em_desordem.html>. Acesso em: 30 jan. 2014

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Medo excessivo e prolongado de ir à escola pode ser fobia

MONIQUE OLIVEIRA
DE SÃO PAULO

O início das aulas para Beatriz Koh, 8, foi mais custoso que o de outras crianças de sua idade. "Ela chegava da escola chorando", conta o pai, Eduardo Koh, empresário. "A Bibi tinha dificuldade para fazer amigos e demorou para se adaptar."
Beatriz passou por um período descrito popularmente como fobia escolar, medo excessivo de ir ou permanecer na escola capaz de provocar crises de choro, náuseas, tonturas, dores de cabeça e suor excessivo em alguns alunos.
Um dos primeiros artigos sobre o assunto, "School Phobia And Its Treatment" ("A fobia escolar e o seu tratamento"), publicado no "British Journal of Medical Psychology", em 1964, mostrou que a fobia escolar é caracterizada como ansiedade de separação, ou seja, dificuldade da criança de se adaptar a um novo espaço sem a presença do vínculo familiar do qual é dependente –a mãe, na maior parte dos casos.
                 Beatriz Koh, 8, teve problemas para se adaptar à escola e chegou a não querer frequentar as aulas
    Beatriz Koh, 8, teve problemas para se adaptar à escola e chegou a não querer frequentar as aulas
É por esse motivo que esse tipo de fobia se diferencia de outras mais conhecidas, como a de elevador e de altura.
A Associação Americana de Depressão e Ansiedade estima que a ansiedade de separação acometa 5% das crianças em idade escolar.
"Nos casos mais graves, o aluno apresenta forte dependência da figura materna", explica Ana Olmos, psicoterapeuta especializada em avaliação neuropsicológica infantil. "A falta de autonomia pode atrasar a formação de novos vínculos e a criança se sente excluída, o que é um gatilho para fobia", diz.
Bullying e problemas na família como agressões e separações podem agravar ou iniciar o transtorno.
PREOCUPAÇÃO NORMAL
A ansiedade, porém, se dá em vários níveis e nem sempre é preocupante. Segundo terapeutas e educadores, alguma dificuldade no começo da vida escolar é comum. "Há uma dificuldade inicial de convivência com os outros na escola", diz Ascânio João Sedrez, diretor do Colégio Marista Arquidiocesano, na Vila Mariana. "São muitos os desafios dessa fase".
A maioria das crianças se adapta em uma semana, aproximadamente –período em que alguns colégios permitem que os pais permaneçam na escola, mas em salas separadas para não interromper a transição.
            Nathalia Silveira, 13 anos, teve dificuldades relacionadas ao deficit de atenção
     Nathalia Silveira, 13 anos, teve dificuldades relacionadas ao deficit de atenção
"Mas quando essa ansiedade perdura por algumas séries é necessário analisar se há um transtorno mais grave", afirma Mônica Miotto Bertolini, coordenadora pedagógica do Colégio São Judas Tadeu, no bairro da Mooca. "Já tivemos uma aluna com síndrome de pânico associado a esse medo", diz.
Nessas circunstâncias, a transferência para um colégio especializado pode ser indicada para a superação do transtorno. "As crianças se adaptam mais facilmente quando encontram outros colegas na mesma situação", explica Elizabeth Polity, terapeuta familiar e coordenadora do Colégio Winnicott, no Jardim Paulista.
É o caso da Nathália Silveira Dias, 13. Após frequentar quatro escolas e receber diagnóstico de transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ela só conseguiu se adaptar em uma escola específica. "Ela se sentiu muito excluída", lembra a mãe Renata Silveira Dias, dona de casa. "Hoje ela se reconhece nos outros alunos."
Caso a avaliação médica descarte transtornos associados, a ansiedade de separação pode ser tratada com terapia cognitivo comportamental. Nela, a criança aprende a substituir hábitos de dependência por outros que a habilite a enfrentar os desafios do novo espaço coletivo.
A terapia familiar também pode ajudar a desatar vínculos de dependência. "Com a terapia, a Beatriz passou a estabelecer novas relações e hoje ela é líder nas brincadeiras", diz o pai.
               
Fonte: Folha de São Paulo

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Cérebro tem piloto automático que diminui consciência

A estrutura do cérebro humano é complexa, um circuito com tantas conexões que tendemos a compará-lo com os circuitos mais complexos que conseguimos construir, os computadores.
Mas que papel desempenha no funcionamento do cérebro esta arquitetura, ou seja, a forma como as células cerebrais estão conectadas e funcionam em conjunto?
Para tentar responder a essa pergunta, pesquisadores do Instituto Max Planck (Alemanha) analisaram simultaneamente nada menos do que 1,6 bilhão de conexões dentro do cérebro.
Eles descobriram que a maior concordância entre a estrutura do cérebro e o fluxo de informações ocorre na "rede de modo padrão", que é responsável por pensamentos do tipo "sonhar acordado".
Piloto automático do cérebro
Todo mundo tem isso: Você está sentado no escritório, olha pela janela e seus pensamentos começam a vagar. Em vez de lidar com o que você deveria estar fazendo, você começa mentalmente a planejar suas próximas férias ou fica perdido em um pensamento ou uma lembrança.
Algum tempo depois você percebe o que aconteceu: seu cérebro simplesmente mudou de canal, e passou para o piloto automático.
Há já algum tempo, os especialistas têm-se interessado na competição entre as diferentes redes do cérebro, que são capazes de suprimir uma atividade de outra - se você está pensando em suas próximas férias é quase impossível acompanhar o conteúdo de um texto ao mesmo tempo.
    Cérebro tem piloto automático que diminui consciência
Os novos resultados mostraram que estrutura do cérebro e função cerebral coincidem mais fortemente em áreas que fazem parte da "rede de modo padrão", que está associada com o devaneio, a imaginação, e o pensamento autorreferencial.
"Em comparação com outras redes, a rede de modo padrão usa as conexões anatomicamente mais diretas. Acreditamos que a atividade neuronal é automaticamente direcionada para estabilizar nesta rede sempre que não haja influências externas sobre o cérebro," disse Andreas Horn, principal autor do estudo.
Despertar ou permanecer dormindo
Fazendo jus ao seu nome, a rede de modo padrão parece tornar-se ativa na ausência de influências externas. Em outras palavras, a estrutura anatômica do cérebro parece ter uma configuração de piloto automático incorporada.
Essa rede de modo padrão, no entanto, não deve ser confundida com um estado de repouso. Pelo contrário, o devaneio, a imaginação e o pensamento autorreferencial são tarefas complexas para o cérebro.
Por outro lado, essa descoberta parece estreitamente relacionada às propostas de diversas linhas ligadas à meditação, que afirmam que, para "despertar", é necessário fazer um esforço de concentração que leve a pessoa a um estado de maior consciência, ou de alerta - lembre-se, por exemplo, dameditação da mente alerta.
Caso não se esforce para elevar a consciência e despertar, você rapidamente cai na rede de modo padrão - e "dorme" de novo, no sentido de manter-se não-desperto, em um nível menor de consciência.
Fonte: Diário da Saúde

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Cientistas estudam droga capaz de enfraquecer memórias traumática

                Cena de 'Brilho eterno de uma mente sem lembranças' (Foto: Divulgação)
CENA DE 'BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS

Lembra do filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças? No universo dele, é possível selecionar memórias específicas e desaparecer com elas. Agora, neurocientistas do MIT podem estar perto de uma solução parecida para ajudar quem sofre de transtorno de estresse pós-traumático.
A síndrome afeta indivíduos que viveram situações estressantes, frequentemente de natureza ameaçadora ou trágica, e causa sintomas severos de ansiedade. Em alguns casos, são necessários anos de terapia e até medicação para fazer com que o paciente volte a ter uma vida normal. Mesmo assim, nem sempre o tratamento funciona. É isso que os neurocientistas do MIT querem resolver: eles foram capazes de apagar memórias traumáticas já consolidadas da mente de ratos com uma droga.
O remédio, chamado de inibidor de HDAC2, faz com que memórias consolidadas se tornem mais flexíveis e pode, por exemplo, facilitar o trabalho da terapia, de acordo com Li-Huei Tsai, diretora da pesquisa.
A pesquisa descobriu que é muito mais fácil eliminar memórias traumáticas recém adquiridas: o experimento teve sucesso em ratos que sofreram traumas (um choque ao tentar entrar em uma área de um labirinto) até 24 horas antes, mas não funcionou com ratos que passaram pela mesma coisa 30 dias antes.
"Inibindo a atividade do HDAC2, é possível criar mudanças estruturais dramáticas no cérebro. O que acontece é que o cérebro se torna mais plástico, mais capaz de formar novas memórias bem consolidadas que vão sobrepôr as memórias antigas e assustadoras", explicou Tsai em uma declaração oficial.

De acordo com os cientistas, a droga também pode ser útil no tratamento de fobias, por exemplo.

Fonte: Revista Galileu

Simpósio discute HIV e Saúde Mental

Inscrições seguem até sábado, são gratuitas e limitadas

Nos dias 10 a 12 de fevereiro, o Grupo de Pesquisas em Epidemiologia e Avaliação em Saúde (GPEAS) da Faculdade de Medicina da UFMG, em parceria com o Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG realiza o simpósio “HIV and Mental Health”. O evento conta com a participação de professoras da Universidade de Columbia, nos EUA, Karen McKinnon  e Francine Cournos.
De acordo com a coordenação do Simpósio, pretende-se apresentar informações atualizadas sobre ”assuntos como o risco e vulnerabilidade ao HIV entre pessoas com transtornos metais, intervenções para prevenção da infecção pelo vírus HIV nessas pessoas e os aspectos psiquiátricos dos pacientes infectados pelo HIV” e também discutir casos clínicos.
              
 As discussões são voltadas para profissionais que trabalham na área de saúde mental e infectologia, bem como pesquisadores e estudantes interessados no assunto. As palestras serão ministradas em inglês, porém há possibilidade de tradução simultânea para o português.
Inscrições*
As inscrições para a programação do evento são limitadas, gratuitas e poderão ser feitas pelos alunos da UFMG até o dia 25 de janeiro, no sistema Minha UFMG,  na forma de disciplina optativa do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da UFMG ‘Tópicos especiais em saúde coletiva: HIV and Mental Health’. Os demais interessados deverão enviar solicitação, até 31 de janeiro, para o endereço eletrônico gpeas.ufmg@gmail.com, com as seguintes informações: nome completo, profissão, vínculo institucional, CPF, telefone e e-mail de contato.
*Com informações da Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG
Fonte: (EN)Cena

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Comediantes psicóticos ou ciência esquizofrênica?

            Comediantes psicóticos ou ciência psicótica?
Os cientistas são engraçados... ou meio loucos. Mesmo quando tentam dizer que isso acontece com os outros.
Os cientistas são engraçados: primeiro eles estabelecem uma curva normal - uma curva estatística em forma de sino - e dizem que todos os que estão na parte central da curva são "normais".
Depois eles cortam as extremidades da curva - as bordas do sino - e dizem que quem está nesses pontos é "anormal".
E depois usam isso para classificar pessoais que fogem aos padrões do trivial, do "cidadão comum".
Qualquer pessoa dotada de bom senso diria rapidamente que pessoas muito criativas, os "gênios", não poderiam ser classificadas com as mesmas regras das "pessoas comuns".
O problema é que os cientistas pegam essas pessoas muito criativas e dizem que, como elas não estão no centro "normal" da sua curva, então elas têm traços "anormais" - ou psicóticos.
E criam assim o estereótipo dos "gênios loucos", propondo que pessoas que são muito criativas ou geniais têm aspectos de loucura embutidas. Eventualmente isso ajuda a descartar muitas das ideias incômodas desses gênios ou, pelo menos, limitá-las.
É o que parece estar acontecendo agora com um estudo envolvendo comediantes.
Loucuras
Segundo Gordon Claridge e seus colegas da Universidade de Oxford, comediantes têm traços de personalidade ligados à psicose, assim como parece acontecer com outras pessoas criativas.
Os comediantes tiveram elevada pontuação na medição de características que, em casos extremos - como sempre, aqueles que estão nas extremidades da curva normal - são associadas a doenças mentais.
"Os elementos criativos necessários para produzir humor são incrivelmente similares aos que caracterizam o estilo cognitivo de pessoas com psicose - a esquizofrenia e a bipolaridade,", disse o Dr. Claridge.
Ainda que a psicose esquizofrênica em si prejudique o senso de humor, em uma forma mais branda ela pode aumentar a habilidade da pessoa em associar coisas estranhas ou "pensar fora da caixa", prossegue Claridge.
E traços similares à bipolaridade podem ajudar as pessoas a combinar ideias para formar conexões novas e engraçadas - algo como, se você pensa normalmente, dificilmente conseguirá ser engraçado.
"Comediantes tendem a ser levemente introvertidos, nem sempre querem socializar, e sua comédia é quase uma válvula de escape para isso", propõe Claridge.
Mas isso é o bastante para dizer que comediantes têm traços psicóticos? Ou poderia uma conclusão destas ser classificada como piada ou, quem sabe, como uma loucura branda? Afinal, será que os cientistas também não podem ser classificados "fora da curva"?
"Doenças mentais como esquizofrenia podem afetar qualquer pessoa, seja ela criativa ou não. Nosso entendimento sobre doenças mentais ainda é deficiente, e precisamos de mais pesquisas nessa área," disse Paul Jenkins, presidente da entidade Repensar as Doenças Mentais, que busca ajudar pessoas com esquizofrenia, bipolaridade e outros traços psicóticos a terem melhor qualidade de vida.
Fonte: Diário da Saúde

Estudo sugere: humoristas de sucesso podem apresentar sintomas de psicose

                 Humorista George Carlin, em 1969.  (Foto: Wikimedia Commons)
HUMORISTA GEORGE CARLIN, EM 1969. ESTUDO OUVIU 523 COMEDIANTES 

Humoristas conseguem fazer com que a gente dê risada porque, muitas vezes, apresentam características normalmente encontradas em pessoas com esquizofrenia ou transtorno bipolar. É isso, pelo menos, que defende uma pesquisa publicada nesta quinta-feira.
Os resultados sustentam a hipótese de que existe uma ligação entre a loucura e a criatividade. A capacidade de divertir outras pessoas está atrelada a uma personalidade incomum, com níveis elevados de características psicóticas, segundo os pesquisadores.
A análise foi feita com base em como 523 comediantes do Reino Unido, EUA e Austrália descreveram suas próprias personalidades em um questionário online, que media traços psicóticos. "Os elementos criativos necessários para fazer humor são visivelmente similares aos que caracterizam o estilo cognitivo de pessoas com psicose — tanto a esquizofrenia como o transtorno bipolar", explicou o professor Gordon Claridge, do departamento de psicologia experimental da Universidade de Oxford.
Segundo ele, embora a própria esquizofrênia possa ser prejudicial para humor, ela também pode aumentar a capacidade de pensar "fora da caixa" e de fazer associações inusitadas, quando está em uma forma menos avançada. Da mesma forma, o "pensamento maníaco" de alguém que sofre de transtorno bipolar pode ajudar as pessoas a combinar ideias para formar conexões novas, originais e bem-humoradas.

O estudo analisou 404 homens e 119 mulheres comediantes, que responderam ao questionário. Em seguida, a pontuação dos comediantes foi comparada com a de 364 atores e 831 pessoas em ocupações "não criativas". Embora os atores tenham conseguido uma nota alta, os humoristas ficaram em primeiro lugar.

Fonte: Revista Galileu

Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2014/01/estudo-diz-que-humoristas-de-sucesso-costumam-apresentar-sintomas-de-psicose.html>. Acesso em: 20 jan. 2014

SUS cria serviço para presos com transtornos mentais e define prazo de 30 dias para laudo

O governo brasileiro finalmente criou um serviço especializado no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) para atender presos com transtornos mentais, detidos ilegalmente em presídios, cadeias públicas e hospitais de custódia. Uma portaria assinada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e publicada no “Diário Oficial” desta quarta-feira, instituiu o serviço, que prevê a criação nos estados de um grupo formado por médico psiquiatra, psicólogo, enfermeiro, assistente social e terapeuta ocupacional para avaliar a situação dos detentos com transtornos.
A avaliação dos chamados incidentes de insanidade mental passa a ser tratada em caráter de “urgência”, conforme a portaria, e não pode exceder a 30 dias. É uma forma de encurtar uma longa fila de espera nos presídios e hospitais de custódia e evitar o cárcere ilegal.
A medida do Ministério da Saúde pretende diminuir a quantidade de brasileiros que, mesmo com absolvição da Justiça, continuam detidos em presídios em razão dos transtornos mentais. Eles cumprem medidas de segurança aplicadas pelos juízes. Essas medidas pressupõem atendimento psiquiátrico e internações, se for o caso, em instituições de saúde. Não é o que ocorre na prática na grande maioria dos estados.
A portaria do ministério cria a Equipe de Avaliação e Acompanhamento das Medidas Terapêuticas Aplicáveis à Pessoa com Transtorno Mental em Conflito com a Lei (EAP). Entre as funções dessa equipe está “contribuir para a realização da desinternação progressiva de pessoas que cumprem medida de segurança em instituições penais ou hospitalares”, segundo a portaria.
Série especial abordou ilegalidade de prisões
O GLOBO denunciou em série de reportagens publicada em fevereiro de 2013 a prisão ilegal de pelo menos 800 detentos com transtornos mentais, que cumprem pena em presídios apesar da absolvição pela Justiça e da aplicação das medidas de segurança. O levantamento inédito mostrou também que 1,7 mil brasileiros acusados de diferentes crimes já tiveram indicativo da Justiça de que podem ter transtornos mentais. Enquanto o laudo psiquiátrico não é elaborado, eles permanecem em presídios e cadeias públicas, numa espera que pode durar mais de um ano. 
Entre as realidades reveladas pelo jornal em fevereiro do ano passado, está a dos detentos do complexo de Pedrinhas, em São Luís, que passa por uma crise sem precedentes em razão da grande quantidade de mortes atrás das grades. A presença dos loucos infratores nos presídios agrava a situação.
No último relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que denunciou a realidade de Pedrinhas, de dezembro de 2013, a situação de presos com transtornos mentais foi mencionada como fator de preocupação. Um grupo de 14 detentos, que estava internado num hospital público na capital do Maranhão, foi devolvido para Pedrinhas e ocupa uma cela próxima a um espaço onde houve decapitação de presos.
As reportagens veiculadas em fevereiro revelaram ainda situações de tortura em hospitais de custódia, presos com transtornos misturados com detentos comuns e a ausência do SUS nos presídios brasileiros. Apenas 38% da população carcerária brasileira recebe atendimento primário financiado pela União. O atendimento em saúde mental é ainda mais baixo, pela ausência de psiquiatras nas equipes.

Governo criou equipe após denúncias

Depois da publicação da série, o governo anunciou a composição de uma equipe interministerial para discutir a denúncia do jornal. O grupo foi formado por técnicos e secretários do Ministério da Saúde, do Ministério da Justiça e da Secretaria de Direitos Humanos vinculada à Presidência da República. As discussões já ocorriam há três anos. Com a publicação das reportagens, o Ministério da Saúde assegurou recursos no Orçamento para a criação de serviços especializados de atendimento aos presos com transtornos mentais.
A garantia do dinheiro ocorreu a partir de março de 2013, quando a elaboração de uma portaria ganhou mais força no grupo interministerial. Para este ano, a partir da publicação da portaria, estão previstos R$ 10 milhões ao financiamento das equipes nos estados.
Cada equipe de profissionais poderá contar com R$ 66 mil mensais para financiar o psiquiatra, o psicólogo, o enfermeiro, o assistente social e o terapeuta ocupacional (ou um educador ou sociólogo). A gestão caberá às Secretarias Estaduais de Saúde ou mesmo aos Municípios interessados, que precisam aderir ao serviço e apresentar uma proposta ao Ministério da Saúde.
As equipes profissionais não atenderão apenas os presos que já cumprem medidas de segurança. O objetivo é diminuir a fila de detentos à espera de um laudo psiquiátrico e, por isso, a portaria prevê que também devem ser atendidos aqueles detidos que ainda respondem a um inquérito policial; com incidente de insanidade mental instaurado e em prisão provisória; em liberdade condicional; ou egressos do cumprimento da medida de segurança.
A portaria prevê uma ação conjunta com a Defensoria Pública, o Ministério Público, a Justiça e as administrações estaduais do sistema penitenciário, de forma a evitar as prisões ilegais. A carga horária mínima da equipe multiprofissional será de 30 horas semanais.


Fonte: ABP - Associação Brasileira de Psiquiatria

Disponível em: <http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 20 jan. 2014

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Epigenética da dependência química

        

Estudos mostram que exposição continuada à cocaína pode alterar atividade dos genes no centro de recompensa do cérebro, e as mudanças podem ser permanentes


Nos últimos dez anos, os biólogos que estudam o desenvolvimento embrionário e do câncer encontraram um amplo espectro de mecanismos moleculares no qual o ambiente é apontado como responsável por mudanças no comportamento dos genes sem alterar a informação neles contida. Em vez de produzir genes mutantes, essas modificações epigenéticas marcam os genes de forma que podem alterar seu nível de atividade – em alguns casos definitivamente.

Descobrimos sinais de que mudanças epigenéticas pelo uso de drogas ou estresse crônico podem mudar a forma como o cérebro responde à experiência: forçando a pessoa a reagir com resiliência ou a sucumbir ao vício, depressão ou uma série de outros transtornos psiquiátricos.

Em termos simples, um gene é uma extensão do DNA que especifica a formação de uma proteína, que realiza a maioria dos processos celulares, controlando o comportamento das células. O DNA é enrolado em torno de proteínas chamadas histonas e depois é ainda mais condensado em estruturas chamadas cromossomos.

A combinação de proteína e DNA nos cromossomos é chamada cromatina. Esse empacotamento do DNA ajuda a regular o comportamento dos genes. Um empacotamento mais apertado tende a manter os genes num estado inativo. Mas, quando um gene é necessário, a seção de DNA onde ele se encontra desenrola-se um pouco.

O fato de um segmento de cromatina estar afrouxado (pronto para ser ativado) ou condensado (desligado permanente ou temporariamente) depende de marcas epigenéticas: etiquetas químicas presas às histonas residentes ou ao próprio DNA. Estudos com camundongos mostram que exposição continuada à cocaína altera o equilíbrio dessas marcas epigenéticas em genes do centro de recompensa do cérebro. Essas alterações tornam os animais mais sensíveis aos efeitos da droga e mais propensos à dependência.

O que muda exatamente?                                                                                                         
 Uma única dose de cocaína é suficiente para alterar o panorama epigenético de genes no núcleo accumbens – parte do centro de recompensa. Na ausência da droga (a), predominam as marcas metil, mantendo a cromatina afetada fortemente enrolada e seus genes inativos. Na presença da cocaína os grupos acetil predominam e a cromatina afrouxa (b). Então vários genes que codificam proteínas envolvidas numa resposta prazerosa à droga são ativados.

Efeitos duradouros                                                                                                                             
A exposição inicial à cocaína aumenta temporariamente a atividade de muitos genes, mas a atividade logo retorna ao normal. Exposição contínua, no entanto, produz efeitos mais complexos: diminui a sensibilidade de alguns genes à droga, enquanto aumenta ainda mais a atividade de outros. Alguns genes permanecem superativos por períodos anormalmente longos.


Fonte: Scientific American Mente e Cérebro

É possível evitar o suicídio entre pacientes de antidepressivos?

            É possível evitar o suicídio entre pacientes de antidepressivos?
Com milhões de pessoas tomando antidepressivos no mundo inteiro, o mercado para o novo exame é gigantesco.
Há algum tempo alguns médicos e cientistas vêm alertando que osantidepressivos fazem mais mal do que bem aos pacientes.
Na verdade, em alguns casos esses males podem ser alarmantes, envolvendo o suicídio.
Nada menos do que 8,1% dos pacientes que começam um tratamento com antidepressivos ou recebem um aumento de dosagem vão apresentar tendências ao suicídio nas duas semanas imediatas.
Seguindo uma lógica razoável, isso seria mais do que suficiente para que se suspendesse o uso de medicamentos que geram um efeito contrário ao que propõem e, mais do que tudo, colocam em risco a vida do paciente.
A lógica do mercado, contudo, parece ser outra, e agora uma empresa norte-americana está tentando colocar no mercado um exame para testar quais pacientes terão maior risco ao suicídio em vista da ingestão dos antidepressivos.
Sundance Diagnostics patenteou alguns genes que ela afirma que pode ajudar os psiquiatras a não receitarem os antidepressivos para alguns pacientes.
O exame se baseia em estudos realizados pelo Instituto de Psiquiatria de Munique (Alemanha), que identificaram 79 biomarcadores genéticos que classificam os pacientes com alto risco de "suicidalidade".
Segundo os estudos, esses biomarcadores classificam os pacientes com risco de suicídio induzido pelos antidepressivos com 91% de precisão.
Por outro lado, os pesquisadores alemães também descobriram que o aumento do risco de suicídio não se limita a indivíduos com idade inferior a 25 anos, conforme descrito nos rótulos dos medicamentos por exigência da agência reguladora norte-americana FDA.
Em vez disso, o risco de suicidalidade induzida pelos antidepressivos está presente em todas as idades, de 18 a 75 anos.
Fonte: Diário da Saúde

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

JANEIRO BRANCO - AÇÕES EM SAÚDE MENTAL


Janeiro Branco

Janeiro, o primeiro mês do ano.
Um início, várias possibilidades. Branco, cor que simboliza a paz, a pureza e a base a partir da qual tudo é possível, além de refletir todas as cores do espectro. 
Janeiro Branco: ações em Saúde Mental, uma campanha idealizada por Psicólogos em Uberlândia/MG que têm como objetivo primordial convidar toda sociedade a refletir desenvolver ações voltadas para o campo da Saúde Mental com ênfase no bem-estar, na qualidade de vida e no equilíbrio existencial.
 Janeiro, o primeiro mês do ano.

Um início, várias possibilidades. Branco, cor que simboliza a paz, a pureza e a base a partir da qual tudo é possível, além de refletir todas as cores do espectro. 
Janeiro Branco: ações em Saúde Mental, uma campanha idealizada por Psicólogos em Uberlândia/MG que têm como objetivo primordial convidar toda sociedade a refletir desenvolver ações voltadas para o campo da Saúde Mental com ênfase no bem-estar, na qualidade de vida e no equilíbrio existencial.

E como mote da Campanha em 2014, a seguinte questão: como você, os conhecimentos e as profissões já desenvolvidos pela humanidade podem contribuir com esse objetivo? Como todos os conhecimentos já produzidos pelos homens podem favorecer a Saúde Mental de todos?
E como mote da Campanha em 2014, a seguinte questão: como você, os conhecimentos e as profissões já desenvolvidos pela humanidade podem contribuir com esse objetivo? Como todos os conhecimentos já produzidos pelos homens podem favorecer Saúde Mental de todos?
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Nova droga pode fazer você aprender como uma criança de 7 anos


           Droga pode mudar a maneira como os cérebros de adultos absorvem informações novas  (Foto: Swami Stream/Flickr/Creative Commons)
DROGA PODE MUDAR A MANEIRA COMO OS CÉREBROS DE ADULTOS ABSORVEM INFORMAÇÕES NOVAS
ESem Limites, filme de 2011, Bradley Cooper interpreta um escritor que, incapaz de escrever um livro, perde a namorada e se vê sem dinheiro. Até que uma circunstância o coloca em contato com uma droga que é capaz de aumentar seus poderes cognitivos de maneira absurda e o torna capaz raciocinar, resolver problemas e aprender coisas novas numa velocidade impressionante.
Takao Hensch, professor de Biologia Molecular, Celular e Neurologia de Harvard, está estudando uma droga que pode mudar a maneira como os cérebros de adultos absorvem informações novas e pode aproximá-los das características dos cérebros de crianças até 7 anos, que aprendem informações e habilidades novas com muito mais facilidade (esse estudo, por exemplo, fala sobre como crianças aprender línguas).
O cientista conduziu um experimento em que tentou ensinar ouvido absoluto - a habilidade, que  devido a uma exposição musical elevada, de identificar e reproduzir notas musicais sem uma referência - a um grupo de adultos que tinha tomado a droga. De acordo com eles, os resultados de aprendizado foram melhores, e isso é empolgante porque não há registros anteriores de adultos que foram capazes de adquirir ouvido absoluto.O ácido valpórico, que é a principal substância da droga, é usado normalmente para tratar epilepsia e convulsões. Hensch disse à rádio NPR que "é uma droga que estabiliza o humor, mas descobrimos que também restaura a plasticidade do cérebro a um estado muito jovem", e por plasticidade, ele fala da capacidade do cérebro de assimilar novas habilidades e conhecimentos.
Hensch disse também que acha que estamos próximos de uma droga que pode aperfeiçoar, por exemplo, nosso aprendizado de línguas - porque estamos próximos de entender como o aprendizado e o desenvolvimento cerebral funcionam a nível celular. Mas ele também diz que há uma preocupação grande com a possibilidade de efeitos colaterais.
Fonte: Revista Galileu

Estudo avalia prevalência no uso de cocaína no Brasil

Estima-se que ao menos 3,2 milhões de pessoas tenham consumido a droga em 2011.
        Aproximadamente 2 milhões de brasileiros já tenham usado a droga pelo menos uma vez na vida
Aproximadamente 2 milhões de brasileiros teriam usado crack pelo menos uma vez na vida, segundo levantamento

Um levantamento conduzido em 149 municípios brasileiros indica que o país está entre os maiores consumidores de cocaína no mundo, tanto na sua forma intranasal (aspirado) como na mistura de crack – a cocaína solidificada em cristais –, composta de pasta de cocaína, bicarbonato de sódio e água (inalado). No estudo, pesquisadores do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da University of Texas School of Public Health, nos Estados Unidos, entrevistaram 4.607 indivíduos com 14 anos ou mais, entre os quais 1.157 adolescentes. Do total, 3,9% relataram já ter consumido cocaína ao menos uma vez na vida, enquanto 1,7% afirmou ter usado a substância nos 12 meses que antecederam o levantamento. O estudo, publicado na edição de janeiro da revistaAddictive Behaviors, mostrou ainda que 1,5% dos entrevistados já experimentou cracke, destes, 0,8% consumiu a substância em 2011.
Segundo a psicóloga Ilana Pinsky, pesquisadora da Unifesp e uma das autoras do estudo, os resultados podem ser generalizados para toda a população brasileira, já que baseiam-se em entrevistas conduzidas em todos os estados do país. Em outras palavras, os dados apresentados forneceriam um panorama probabilístico do consumo da substância entre a população adulta e adolescente do Brasil. “Estimamos que 4% da população, o equivalente a 5,2 milhões de pessoas, tenha consumido cocaína pelo menos uma vez na vida, seja em pó, por via nasal, ou na forma de crack, e que 2,2%, ou 3,2 milhões de pessoas, tenham usado a substância somente em 2011”, conta. Em relação ao consumo da cocaína na forma de crack, chega a aproximadamente 2 milhões o número de pessoas que teriam consumido a mistura pelo menos uma vez na vida e 1,1 milhão os indivíduos que o consumiram em 2011. Hoje, a prevalência de usuários no país já é semelhante à dos Estados Unidos, 2% da população.
Quase metade dos usuários (45%) experimentou a substância pela primeira vez antes dos 18 anos, mostrou o levantamento, o que reflete, segundo Ilana, a necessidade de se investir na prevenção de certos comportamentos de risco ainda na pré-adolescência. Já os índices de dependência entre aqueles que consumiram a substância pelo menos uma vez na vida foi de 15,6%, enquanto entre os que a usaram alguma vez nos 12 meses que antecederam o estudo esse número subiu para 41,4%.
A maioria dos que experimentaram cocaína antes dos 18 anos eram homens, de acordo com o estudo. “Comparado às mulheres, a probabilidade dos homens experimentarem a droga é 4,4 vezes maior”, diz a psicóloga. Ela explica que os homens estão mesmo mais associados a comportamentos de risco, mas que o comportamento das mulheres vem mudando. Esse mesmo levantamento mostrou que elas estão bebendo mais e com mais frequência. A proporção das que consomem álcool de maneira excessiva, por exemplo, aumentou 24%, passando de 15% para 18,5%, entre 2006 e 2012.
Para chegarem a esses resultados os pesquisadores analisaram dados do Segundo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), conduzido entre novembro de 2011 e março de 2012 pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad) da Unifesp, com apoio da FAPESP e sob coordenação do psiquiatra Ronaldo Laranjeira. O objetivo foi avaliar os padrões de consumo e dependência associados ao álcool, tabaco e drogas ilícitas, além de possíveis fatores de risco.
O levantamento mostrou também que o consumo da substância é maior no Sudeste, com 45% dos usuários. Em contrapartida, a região Centro-Oeste apresentou os maiores índices de uso da droga nos 12 meses anteriores ao levantamento, tanto por via nasal (2,7%) como na mistura de crack (1,8%). “Uma explicação possível para esse dado seria a proximidade dos estados dessa região com países produtores, como a Bolívia, diferentemente da região Sul, que registrou os menores índices de consumo (0,4%) da droga no mesmo período”, explica a psicóloga Clarice Sandi Madruga, também da Unifesp e uma das autoras do artigo.
Vários são os fatores que ajudariam a explicar a prevalência no uso da droga no Brasil. Para as pesquisadoras, o preço é um deles. Por aqui, uma pedra de crack custa US$ 2; nos Estados Unidos, esse valor chega a US$ 20. Segundo elas, o aumento do poder aquisitivo da população brasileira nos últimos anos e a proximidade geográfica com o Peru, Colômbia e Bolívia, países produtores da droga, também pode ter contribuído para a disseminação da substância no Brasil.
Para Ilana Pinsky, a complexidade do problema no Brasil torna necessária a realização periódica desse tipo de levantamento, de modo que o conhecimento gerado a partir dele possa servir para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento de dependentes químicos no país. Também é importante estabelecer prioridades na agenda de políticas de saúde pública.
Estudo recente, liderado por Tania Marcourakis, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, verificou que fumar crack é mais danoso aos neurônios do que cheirar cocaína. A justificativa é que, ao consumi-lo, o indivíduo inala uma substância conhecido como metilecgonidina, que pode causar a morte de neurônios.
Artigo científico
ABDALLA, R. R. et al. Prevalence of Cocaine Use in Brazil: Data from the II Brazilian National Alcohol and Drugs Survey (BNADS). Addictive Behaviors. v. 39, p. 297-301. jan. 2014.

Fonte: Revista Pesquisa Fapesp

Fumo entre mulheres cai 42% em 32 anos

Um estudo publicado hoje no "Jama", revista científica da Associação Médica Americana, avaliou a prevalência do tabagismo em 187 países entre os anos de 1980 e 2012.
A redução do número de fumantes foi expressiva nesse período, em especial entre 1996 e 2006, quando a taxa anual de queda do tabagismo foi mais alta.
Nos 32 anos englobados pelo estudo, patrocinado pela Fundação Bill e Melinda Gates e pelo Estado de Washington, a parcela de homens fumantes caiu de 41% para 31%; a de mulheres foi reduzida de 10,6% para 6,2%.
A pesquisa encontrou três fases nessa redução do tabagismo: um progresso só modesto entre 1980 e 1996, uma aceleração nos dez anos seguintes e uma queda mais lenta de 2006 a 2012, com uma aparente alta da fatia de fumantes entre homens a partir de 2010.
Essa desaceleração na redução das taxas de fumantes pode ser explicada, em parte, pelo aumento do número de fumantes a partir de 2006 em países grandes como Bangladesh, China, Indonésia e Rússia.
No Brasil, dados da pesquisa telefônica Vigitel, do Ministério da Saúde, mostram queda de 20% na proporção de fumantes no país entre 2006 e 2011, quando 14,8% dos brasileiros fumavam.
A maior redução tem sido entre os homens, e a população com menos anos de escolaridade é a que mais fuma por aqui: o percentual chega a 18,8% entre os brasileiros com até oito anos de escolaridade e cai para 10% entre os que têm 12 anos ou mais de estudos.
Ainda que o percentual de fumantes no mundo tenha caído, o aumento da população com mais de 15 anos de idade fez o número absoluto de homens e mulheres que fumam diariamente crescer.
Em 1980, o mundo tinha 721 milhões de fumantes; em 2012, já eram 967 milhões.
Nesses 32 anos, o número de cigarros consumidos por ano aumentou 26%.
"Ainda que muitos países tenham implementado políticas de controle, esforços intensivos são particularmente necessários em países onde o percentual de fumantes ainda está aumentando", escreveram os autores.

Fonte: ABP - Associação Brasileira de Psiquiatria
Disponível em: <http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 15 jan. 2014