Acadêmica de Jornalismo do CEULP/ULBRA
Quando os primeiros sintomas começam a aparecer boa parte das pessoas que passam pela depressão, acreditam que as dificuldades relacionadas ao trabalho, fazem parte da rotina cansativa do dia-a-dia, que as discussões familiares são normais em todo e qualquer ambiente e que os momentos complicados ao lado do parceiro ou parceira, não passam de uma fase difícil que todos os casais vivenciam. A desconfiança de que os problemas podem ser considerados algo mais sério que exija um tratamento profissional, só costuma acontecer depois que a depressão já tomou conta da rotina do paciente.
Infelizmente ainda é grande o número de pessoas que não acreditam que a depressão não apresenta tamanha preocupação para um tratamento, pelo fato de os transtornos serem relacionados ao próprio controle psicológico. A pessoa que sofre de depressão passa por um momento complicado que exige além de tratamento e paciência, compreensão de quem está diretamente ligado ao paciente. Nem sempre esta compreensão acontece, o que dificulta a melhora constante dos sintomas.
Joseane Gomes é auxiliar de serviços gerais e conta que passou por momentos complicados com a depressão, ela sofreu calada por quase um ano e preferiu não expor os sintomas da doença. “A família não entende. Acha que é frescura. Que é falta de vergonha na cara. Que pobre não pode ter depressão. Só que um dia eu fui para o trabalho e lá eu tive a crise que foi muito forte. Eu chorava muito. Eu sentia uma angustia muito grande. Uma coisa muito forte. Que eu não tinha vontade de nada. De fazer nada. Eu só tinha vontade de morrer. Pra mim, se eu morresse acabava os problemas”, revela Joseane.
Ao ser diagnosticada com depressão a pessoa deve antes de qualquer contato, aceitar a doença e se preparar para as dificuldades que devem ser superadas mesmo durante o tratamento. Depois disso, o ideal é que o paciente tenha o acompanhamento adequado de um profissional e um familiar próximo que seja capaz de compreender e contribuir de forma positiva para o tratamento.
O que fazer para ajudar
- Se mostrar presente
- Dar apoio através de pequenos gestos
- Não julgue nem critique
- Não minimize a dor de quem sofre com a depressão
- Evite dar conselhos e fazer comparações
- Seja paciente
- Faça questão de conhecer a doença
O que não deve ser dito ao deprimido
- Você só precisa ver as coisas pelo lado positivo
- Há pessoas que estão bem pior que você
- Tudo isso é invenção da sua cabeça
- Se você se levantar e fazer alguma coisa fica mais animado
- Você é muito sensível
- Por que tudo te incomoda?
- Não é só você que tem problemas
Silvia Elena Vieira é psicóloga, especialista em Neuropsicologia e afirma que a depressão pode evoluir até para um “quadro suicida”, porém não somente existem os comportamentos suicidas, antes deles vem a própria ideação suicida, a qual, de acordo com a Psicologia, é caracterizada por vários comportamentos que indicam a possibilidade de que uma ideação suicida possa estar em andamento. “O suicídio é muitas vezes tratado como tabu ou como distante da realidade brasileira, quando o que acontece em nosso país é justamente o contrário”, ressalta Silvia.
A psicóloga destaca ainda que somente entre os brasileiros, nos últimos vinte anos, a taxa de suicídio cresceu 30% na faixa etária entre os 15 e 29 anos, tornando-se a terceira principal causa de morte de pessoas em plena vida produtiva no País.
Entenda a depressão
A depressão é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de sua história. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa autoestima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si. É imprescindível o acompanhamento médico tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento adequado.
Ao contrário do que normalmente se pensa, os fatores psicológicos e sociais, muitas vezes, são consequência e não causa da depressão. Vale ressaltar que o estresse pode precipitar a depressão em pessoas com predisposição, que provavelmente é genética. A prevalência (número de casos numa população) da depressão é estimada em 19%, o que significa que aproximadamente uma em cada cinco pessoas no mundo apresenta o problema em algum momento da vida.
A depressão não tem hora nem lugar para aparecer. Pode surgir em qualquer pessoa independente do sexo, idade, condição social ou econômica. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que até 2030 a depressão será a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas.
Até o grande humorista Chico Anysio já sofreu de depressão, mesmo com uma rotina aparentemente alegre e rodeada de amigos o humorista falou pouco antes de morrer sobre o assunto. “Eu entendi que era depressão e eu pude pagar os remédios. E eu pude pagar ao psiquiatra, então eu venci. Porque ela é vencível”, conta Anysio.O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva foi quem teve a ideia de entrevistar Anysio. Ele queria que as palavras do humorista fossem usadas em um congresso contra o preconceito a doenças mentais.
O presidente da ABP explica que a doença está cada vez mais presente. “A depressão atinge de 20 a 25% da população. E significa que 20 a 25% da população, tem, teve ou terá um quadro de depressão ao longo da vida. Portanto pode atingir a qualquer pessoa, em qualquer idade”, conclui Silva.
As principais causas
- Solidão
- Falta de apoio social
- Recentes experiências de vida estressantes
- História familiar de depressão
- Problemas de relacionamento ou conjugal
- Tensão financeira
- Trauma ou abuso de infância
- Uso de álcool ou drogas
- Situação de desemprego ou o subemprego
- Problemas de saúde ou de dor crónica
Fonte: site Minha Vida, site Escola Psicologia, site A12 e G1.
Fonte: (EN)CENA
Disponível em: <http://ulbra-to.br/encena/ 2014/11/25/Conhecer-a- depressao-e-contribuir-para-o- melhor-tratamento-da-doenca>. Acesso em: 26 nov. 2014
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