Considerado um dos problemas de saúde mais frequentes do mundo moderno, o estresse possui diferentes possibilidades, tanto no que se refere ao diagnóstico quanto à forma de tratamento– das doenças ocasionadas por ele e das suas origens. Na avaliação do psicólogo Armando Ribeiro das Neves Neto, o estresse é uma reação psicofisiológica natural de adaptação diante de ameaças. “Os hormônios do estresse preparam nosso organismo para enfrentar perigos (reais ou imaginários), mas a ativação prolongada desse mecanismo gera o ‹estresse crônico› ou ‹estresse tóxico›, tornando o organismo mais vulnerável às doenças (físicas e emocionais) e infecções”.
Ribeiro coordena o Programa de Avaliação do Estresse da Beneficência Portuguesa de São Paulo e do Hospital São José. Segundo o psicólogo, ele desenvolve um serviço baseado no rastreio (combinação entre conceitos da Psicologia da Saúde, Psicologia Positiva e Medicina Integrativa) de fatores psicológicos e comportamentais no meio médico. Este, por sua vez, é tradicionalmente focado nos exames clínicos e laboratoriais de alta complexidade, mas não vê o sujeito como um todo.
Em seu vasto currículo, Ribeiro é mestre em Ciências, especialista em Bases da Medicina Integrativa e especialista em Neuropsicologia. Tem aprimoramento em Psico-Oncologiae é consultor do programa Saúde Emocional, do canal FoxLife. É professor de Medicina Comportamental e supervisor clínico da pós-graduação em Terapia Cognitivo-Comportamental e da Unidade de Medicina Comportamental do departamento de Psicobiologia da UNIFESP.
O ESTRESSE PODE SER CONSIDERADO UMA DOENÇA OU UM FATOR DE MOTIVAÇÃO PARA O SURGIMENTO DE DOENÇAS, ESPECIALMENTE AS QUE AFETAM O LADO PSICOLÓGICO?
ARMANDO RIBEIRO – O estresse é uma reação psicofisiológica natural de adaptação diante das ameaças. Os hormônios do estresse preparam nosso organismo para enfrentar perigos (reais ou imaginários), mas a ativação prolongada desse mecanismo gera o “estresse crônico” ou “estresse tóxico” ou “distresse”, tornando o organismo mais vulnerável às doenças (físicas e emocionais) e infecções. Atualmente, existe uma corrente de pesquisa sobre estresse, que defende a expressão “carga alostática” para se referir ao desgaste do organismo em manter a produção prolongada dos hormônios do estresse (principalmente a adrenalina, a noradrenalina e o cortisol).
VOCÊ DESENVOLVE UM TRABALHO EM PSICOTERAPIA PARA O DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE ANSIEDADE, FOBIAS, DEPRESSÃO, IRRITABILIDADE, INSÔNIA, PÂNICO E TRAUMAS. EXISTE ALGUMA RELAÇÃO ENTRE ESSES PROBLEMAS E O ESTRESSE?
RIBEIRO – O estresse crônico pode ser o “gatilho” para o aparecimento de transtornos mentais (ansiedade, fobias, depressão, irritabilidade, insônia, pânico e traumas). É comum, no consultório, ouvirmos que, antes do início dos sintomas da doença, o paciente se encontrava no limite de sua capacidade de lidar com as fontes de estresse (problemas financeiros, crises afetivas, problemas de relacionamento no trabalho, sobrecarga no trabalho). Existe uma teoria que diz respeito à relação entre “diástese - estresse”, ou seja, nossa predisposição às doenças (diástese) e o gatilho “estresse” como forma de pensar nele como disparador das doenças mais comuns. Atualmente, também reconhecemos o papel do estresse na epigenética, ou seja, na influência do estresse crônico, seja na ativação ou desativação de genes, que predispõem ou nos protegem de doenças.
Didaticamente, dizemos que existem fontes externas (poluição ambiental, alimentos com agrotóxicos, extremos climáticos, microrganismos etc.) e fontes internas (pensamentos catastróficos, pessimismo, perfeccionismo, pensamento do tipo “tudo ou nada”, esquemas cognitivosdesadaptativos etc.), que motivam o estresse
O ESTRESSE INTERFERE NO FUNCIONAMENTO DOS NEURÔNIOS, O QUE PREJUDICA O FUNCIONAMENTO DE UMA MENTE SAUDÁVEL. ESSES NEURÔNIOS ‘BOMBARDEADOS’ PELO ESTRESSE PODEM SER RECUPERADOS?
RIBEIRO – Neurocientistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, já demonstraram que o cortisol pode destruir neurônios, principalmente, na região do hipocampo (associada à memória). Atualmente, também se descobriu que o estresse tóxico diminui a função do córtex pré- -frontal (responsável por diversas funções cognitivas complexas, tais como atenção, aprendizagem, planejamento, flexibilidade cognitiva etc.), literalmente o estresse tóxico “desliga” o córtex pré-frontal e estimula a atividade do sistema límbico, aumentando os estados de ansiedade, medos, fobias e outras. Somente nos últimos anos é que foi comprovado que tratamentos psicopsicológicos “antiestresse” podem estimular a neurogênese em locais ‘bombardeados’ pelos hormônios do estresse.
O ESTRESSE É CONSIDERADO UM PROBLEMA DA VIDA MODERNA E HÁ MUITAS CONTROVÉRSIAS A RESPEITO DAS RAZÕES QUE LEVAM A ESSE ESTADO. PARA ACABAR COM AS DÚVIDAS, DEFINITIVAMENTE, O QUE PROVOCA O ESTRESSE E QUAIS OS SINTOMAS?
RIBEIRO – Didaticamente, dizemos que existem fontes externas (poluição ambiental, alimentos com agrotóxicos, extremos climáticos, microrganismos etc.) e fontes internas (pensamentos catastróficos, pessimismo, perfeccionismo, pensamento do tipo “tudo ou nada”, esquemas cognitivos desadaptativos etc.). Nossa sociedade evoluiu bastante em termos de controlar ou reduzir o estresse ambiental, mas pouco ainda conquistamos em termos de uma educação infantil ou de valores sociais que promovam as virtudes humanas, tais como resiliência, solidariedade, compaixão, temperança, autocontrole e por aí vai. Numa sociedade altamente competitiva e baseada no medo, os hormônios do estresse são estimulados precocemente.
ANTIGAMENTE, AS PESSOAS NÃO TINHAM OS RECURSOS TECNOLÓGICOS, FORMAS DE COMUNICAÇÃO, FACILIDADES DE TRANSPORTE, ENFIM, NÃO HAVIA TANTAS POSSIBILIDADES DE SE OBTER QUALIDADE DE VIDA, EM RELAÇÃO AO CENÁRIO ATUAL. ANTES, A VIDA ERA MAIS DIFÍCIL, NO SENTIDO FÍSICO, POIS O TRABALHO ERA EM LAVOURA, AS MULHERES COZINHAVAM À LENHA E PASSAVAM ROUPA NO CARVÃO. NO ENTANTO, NÃO SE OBSERVAVA A OCORRÊNCIA, PELO MENOS EM GRANDE INCIDÊNCIA, DE ESTRESSE E OUTROS PROBLEMAS SIMILARES. POR QUE ISSO ACONTECE?
RIBEIRO – O conceito médico do estresse é contemporâneo (a partir do século XX), mas outras tradições médicas já observavam que haveria uma condição geral que propiciava o maior risco de adoecimento físico e emocional. O estudo do estresse teve importantes precursores. Contudo, os estudos sobre os aspectos psicológicos do estresse (modelo cognitivo) só ganharam força a partir dos estudos de Richard Lazarus (1966). Podemos considerar que o estresse do homem do campo era, principalmente, físico (exposição ao sol, longas horas de trabalho manual, fome etc.). Atualmente, melhoramos nossas condições físicas e pouco fizemos em direção a criar gerações mais “resilientes” ao estresse social, onipresente em nossas sociedades. Acredito que a melhor “vacina” antiestresse é oferecida nos primeiros anos de vida, por meio de famílias estruturadas, modelos de resolução de problemas eficientes e uma escola emocionalmente equilibrada.
O TERMO ESTRESSE SE VULGARIZOU AO LONGO DO TEMPO. COMO DETECTÁ-LO E COMO SE PODE CHEGAR À CONCLUSÃO DE QUE OS SINTOMAS SÃO CONSEQUÊNCIA DESSE PROBLEMA OU DE ALGUM OUTRO DISTÚRBIO MENTAL OU FÍSICO ESPECÍFICO? E COMO PODEMOS DIFERENCIAR O ESTRESSE PATOLÓGICO DO CANSAÇO, DA FADIGA CRÔNICA?
RIBEIRO – O problema do termo “estresse” é que ele se equiparou ao termo “virose” ou “doença psicossomática”, ou seja, se torna um meme com vida própria e indistinto de sua definição original. Atualmente, é possível avaliarmos o nível de estresse em que se encontram os pacientes, por meio de testes psicológicos validados pelo Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos do Conselho Federal de Psicologia (SATEPSI – CFP), da avaliação psicofisiológica (por intermédio de equipamentos de biofeedback – variabilidade da frequência cardíaca, resistência galvânica da pele etc./ Neurofeedback – ondas cerebrais) e, também, de exames laboratoriais (níveis de cortisol/ adrenalina). A avaliação de um profissional da saúde especializado é fundamental para diferenciarmos entre condições patológicas. Portanto, a abordagem ao estresse deve ser multiprofissional.
Melhoramos nossas condições físicas e pouco fizemos em direção a criar gerações mais “resilientes” ao estresse social. Acredito que a melhor “vacina” antiestresse é oferecida nos primeiros anos de vida, por meio de famílias estruturadas, modelos de resolução de problemas eficientes e uma escola emocionalmente equilibrada
PESQUISAS INDICAM QUE, PARA CADA HOMEM DIAGNOSTICADO, DUAS MULHERES SE RESSENTEM DO PROBLEMA. VOCÊ PODE EXPLICAR QUAIS AS DIFERENÇAS PSICOLÓGICAS ENTRE AMBOS QUE DETERMINAM ESSE FATO?
RIBEIRO – Pesquisas nacionais e internacionais têm obtido resultados semelhantes, ou seja, existe, em média, duas mulheres com diagnóstico de estresse crônico para cada homem. O principal argumento é em relação aos múltiplos papéis da mulher na sociedade contemporânea. A sobrecarga delas, que assumiram diversos papéis na vida, é um dos principais motivos para o estresse ter aumentado. Uma pesquisa da Nielsen, com 6.500 mulheres de 21 países, revelou que as brasileiras ocupam a quarta colocação entre as mais estressadas, com 67% das pesquisadas. As três primeiras colocações ficaram com Índia (87%), México (74%) e Rússia (69%).
ESSE QUADRO SE REPETE EM RELAÇÃO ÀS CRIANÇAS? COMO PAIS E PROFESSORES PODEM IDENTIFICAR O PROBLEMA? MUITOS TENDEM A JULGAR ALGUNS COMPORTAMENTOS COMO MANHA, MAU COMPORTAMENTO ETC. O TRATAMENTO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES É DIFERENTE DO QUE É FEITO EM ADULTOS?
RIBEIRO – Cada vez mais crianças e adolescentes vão aos consultórios (pediatras e psicólogos clínicos) com queixa ou sintomas de estresse crônico.Os sintomas do estresse, em crianças e adolescentes, podem ser diferentes dos encontrados em adultos. Segue uma lista dos principais sintomas infantis: sintomas físicos – diarreia, dor de barriga, dor de cabeça, enurese noturna, falta de apetite, gagueira, hiperatividade, mãos frias esuadas, náuseas, ranger dos dentes, tensão muscular e tique nervoso; sintomas psicológicos – introversão súbita, terror noturno, agressividade, ansiedade, hipersensibilidade, dificuldades interpessoais, pesadelos, preocupação, impaciência, insegurança, desobediência, medo ou choro excessivo.
NINGUÉM FICA ESTRESSADO DO DIA PARA A NOITE. NA PRÁTICA, OCORRE UMA MUDANÇA LENTA E GRADUAL NA PESSOA. É POSSÍVEL PERCEBER E COMBATER O PROBLEMA ANTES DE ELE ESTAR DEFINITIVAMENTE INSTALADO?
RIBEIRO – O estresse agudo, que aparece em situações pontuais, é rápido e naturalmente adaptativo, mas é o estresse crônico que preocupa os especialistas, porque as pessoas vão ignorando o custo de se manterem tensas por muito tempo, produzindo cargas tóxicas de hormônios do estresse. No modelo quadrifásico do estresse, compreendemos que existem quatro estágios de evolução dos sintomas: fase de alerta (mãos e pés frios, boca seca, dor no estômago, aumento da transpiração, tensão e dor muscular, aperto na mandíbula, ranger os dentes ou roer unhas ou a ponta da caneta, diarreia passageira, dificuldade para dormir); fase de resistência (queixas de memória, mal- -estar generalizado, formigamento das extremidades, sensação de desgaste físico, mudança de apetite, problemas dermatológicos, hipertensão arterial, irritabilidade e desejo sexual diminuído); fase de quase- -exaustão (o processo de adoecimento se inicia e os órgãos que possuírem maior vulnerabilidade genética ou adquirida passam a mostrar sinais de deterioração); fase de exaustão (diarreias frequentes, dificuldades sexuais, insônia, tiques nervosos, hipertensão arterial, doenças dermatológicas, taquicardia, tontura frequente, pesadelos frequentes, apatia, cansaço excessivo, irritabilidade e angústia).
ALGUNS ESPECIALISTAS AFIRMAM QUE O ESTRESSE, EM CERTA MEDIDA, FAZ BEM, POIS AUMENTA A PRODUTIVIDADE E FORTALECE O SISTEMA IMUNOLÓGICO. O QUE ACHA DESSA ANÁLISE?
RIBEIRO – Muito cuidado! O estresse, inicialmente (fase de alerta ou “eustresse”), potencializa os recursos do organismo, torna a mente mais focada e ágil na resolução de problemas, mas, infelizmente, ninguém fica nesse estado por muito tempo. Há empresas que fomentam a cultura do estresse como algo positivo, mais produtividade em menos tempo, mas ignoram que o ganho imediato será perdido com o aumento de afastamentos por licença médica, perda da produtividade, perda da criatividade, aumento do número de acidentes de trabalho, aumento da rotatividade...
Pesquisas nacionais e internacionais têm obtido resultados semelhantes, ou seja, existem, em média, duas mulheres com diagnóstico de estresse crônico para cada homem. O principal argumento é em relação aos múltiplos papéis da mulher na sociedade contemporânea
OS PROFISSIONAIS, UNANIMEMENTE, DIZEM QUE O REMÉDIO CONTRA O ESTRESSE É MUDAR O ESTILO DE VIDA. CONTUDO, NA PRÁTICA, ISSO NÃO É TÃO SIMPLES. AS PESSOAS TÊM UMA ROTINA DITADA PELAS OBRIGAÇÕES PROFISSIONAIS E PESSOAIS E NEM SEMPRE É POSSÍVEL ALTERÁ- -LA, ALÉM DE DIFICULDADES INERENTES AO DIA A DIA. COMO LIDAR COM ISSO?
RIBEIRO – O estilo de vida pode ser fonte de estresse, mas modificá-lo poderá, inicialmente, ser ainda pior. Em minha opinião, existem mudanças mais fáceis e outras mais difíceis de serem implementadas, caso a caso. Não podemos criar uma terapia “antiestresse” mais estressante do que a própria vida do paciente. O meu trabalho é, principalmente, voltado para que o paciente se torne consciente de sua vida atual. Para isso, as práticas demindfulness (atenção plena) são, atualmente, as estratégias mais bem utilizadas nos grandes centros médicos, pois não impõem mudanças externas, mas, sim, que as pessoas saiam do “piloto-automático” de suas vidas e voltem a perceber os ritmos naturais, como a necessidade de se hidratar, de respirar profundamente, de descanso, de sonoetc.
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VOCÊ PROCURA ESTUDAR E APLICAR AS POSSIBILIDADES DE ASSOCIAÇÃO ENTRE ABORDAGENS PSICOTERAPÊUTICAS CONVENCIONAIS, COMO TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL, E AS TERAPIAS COMPLEMENTARES, COMO ACUPUNTURA, HIPNOSE, BIOFEEDBACK, MEDITAÇÃO ETC. ESSAS FORMAS DE TRATAMENTO MAIS ALTERNATIVAS NÃO SOFREM PRECONCEITOS, PRINCIPALMENTE NO AMBIENTE CIENTÍFICO?
RIBEIRO – As terapias integrativas vêm sendo amplamente estudadas pela Medicina e Psicologia científicas atuais. O problema, muitas vezes, não está nas terapias em si, mas no despreparo dos profissionais que executarão tais abordagens. A falta de regulamentação da formação nessas terapias, com critérios claros de proficiência profissional, de um código de ética e de evidências científicas pode aumentar o preconceito profissional. Mas sinto, infelizmente, que o preconceito é, muitas vezes, maior nas associações de classe, que regulamentam as profissões de saúde, do que nos meios acadêmicos. Alguns conselhos profissionais avançaram na regulamentação de tais práticas, tais comoos federais de Enfermagem, Fisioterapia, Odontologia e o próprio Conselho Federal de Medicina. Quanto à Psicologia, temos, apenas, duas resoluções específicas, uma para a prática da Hipnose e outra para a Acupuntura (questionada no projeto do Ato Médico).
EXISTE ALGUM MOMENTO EM QUE O ESTRESSE PRECISA SER TRATADO COM MEDICAMENTOS?
RIBEIRO – Não existe remédio para o estresse, mas, sim, para as doenças relacionadas a ele. Medicar o estresse seria como desligar um alarme, que indica que estamos sob ameaça iminente. O melhor é entender as causas e, aí sim, modificá-las. Temos dados oficiais, que descrevem um aumento significativo da venda de medicações calmantes (benzodiazepínicos) e antidepressivas, usadas pela população geral, mas é importante compreender que elas não tratam as fontes do estresse e podem mascarar o desconforto, resultado de um estilo de vida negativo. Não somos contra a medicação, mas é preciso reconhecer que existem abusos em nossa sociedade.
Há empresas que fomentam a cultura do estresse como algo positivo, mais produtividade em menos tempo, mas ignoram que o ganho imediato será perdido com o aumento de afastamentos por licença médica, perda da produtividade, perda da criatividade, aumento do número de acidentes de trabalho e aumento da rotatividade
VOCÊ NÃO ACHA QUE HÁ UM RADICALISMO NO QUE SE REFERE AO USO DE MEDICAMENTOS, OU SEJA, ALGUNS PROFISSIONAIS INDICAM REMÉDIOS INADVERTIDAMENTE E OUTROS, SIMPLESMENTE, NÃO ACEITAM SUA UTILIZAÇÃO?
RIBEIRO – É uma das questões complexas do sistema de saúde atual, pois envolve desde a formação técnica especializada dos «prescritores» até o interesse e pressão de uma poderosa indústria farmacêutica. Sou defensor de uma postura equilibrada entre a indicação precisa do medicamento e potencializar os recursos naturais de cura dos próprios pacientes. Os medicamentos são bem-vindos em um programa amplo de mudança do estilo de vida, mas não devem substituir o esforço pessoal por uma vida com sentido e propósito.
O ESTRESSE ESTÁ RELACIONADO COM A ATIVIDADE PROFISSIONAL, OU SEJA, HÁ PROFISSÕES MAIS SUSCETÍVEIS AO ESTRESSE? EM CASO AFIRMATIVO, QUAIS SERIAM?
RIBEIRO – Sim. A atividade profissional pode, por si só, representar uma fonte importante de estresse, tais como demonstram os estudos com policiais e profissionais da área de segurança, controladores de voo e motoristas de ônibus, executivos e empreendedores, profissionais da saúde, professores e jornalistas. É importante enfatizar que, além da carga do próprio trabalho, as fontes internas de estresse são parte fundamental dessa equação. Por isso, observaremos médicos, no mesmo plantão, em estado de calma e concentração e, também, aqueles que estão sobrecarregados com o estresse crônico.
Fonte: Psique