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terça-feira, 14 de abril de 2015

A neurose do homem

O falo será o representante masculino por excelência na concepção psicanalítica. É ele que regulará e ordenará a estrutura neurótica como um todo

                 

Com a pressão do Iluminismo no final do século XIX, diversos estudiosos e artistas começaram a questionar sob outro ângulo o "que é o ser humano?" Durante centenas de anos, a Igreja judaica cristã ditava o saber sobre o que é o "ser" em todas as esferas da vida. Não só o ser humano, mas todos os seres do universo. Com esse saber em mãos, eles procuravam regular a vida de acordo com a ideologia vigente da época, que variava bastante quanto aos meios para garantir que os fiéis seguissem fielmente seus preceitos, reforçando a crença supersticiosa de que há um Deus que criou tudo.

Insatisfeitos com essa resposta religiosa sobre a vida dos seres, os pensadores daquela época imprimiram um ritmo cada vez mais forte de sustentação das explicações sobre a origem do "ser", o que causou uma relativa ruptura com a primazia do saber religioso. Entre esses pensadores existiram várias correntes, dentre as quais a Psicanálise, desenvolvida por Sigmund Freud, que a inventou como um método de investigação e cura.

Ao iniciar suas investigações sobre a causa e formação dos sintomas histéricos, Freud logo se dá conta de que a histeria é uma forma de se posicionar frente à linguagem, e não é exclusiva das mulheres. Escandaliza e causa grande repúdio por descobrir que também os homens podem ser histéricos. Mas o escândalo, quanto a esse assunto, ainda não tinha chegado ao seu ápice. Freud afirma que as mulheres histéricas desejam inconscientemente ser providas do atributo masculino, o falo. Com isso, arranca a histeria das mulheres e a posiciona como uma estrutura que demanda o ser masculino. Tal ponto de vista jamais foi abandonado por Freud, apesar de ter sofrido grandes pressões por parte de outros campos, a Medicina, a Filosofia, e também dos próprios psicanalistas que o acompanharam, sobretudo das psicanalistas mulheres.
Paul Kardous é psicanalista, psicólogo, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Cursou Psicologia Clínica e Psicopatologia na Paris V Sorbonne. Atuou como professor de Psicologia do Usuário e de Comunicação e Semiótica na FAAP. Professor convidado da PUC no Cogeae. É membro da Internacional dos Fóruns do Campo Lacaniano. Autor do livroImpotência Sexual: o Real, o Simbólico e o Imaginário (Casa do Psicólogo). Coautor do livro Semiótica Psicanalítica: Clínica da Cultura, organizado por Lucia Santaella e Fani Hisgail (Editora Iluminuras).
                   
Freud afirma que as mulheres histéricas desejam inconscientemente ser providas do atributo masculino, o falo, posicionando a histeria como uma estrutura masculina

A partir desta concepção, o falo será o representante masculino para a Psicanálise, é ele que regulará a estrutura neurótica como um todo. As variações no entendimento a respeito do falo foram sempre alvo de debates entre os psicanalistas. Mas há um consenso quanto à afirmação de Freud, de que o pênis não é o falo, apesar de que, quando ereto, seja o melhor representante no corpo humano. Para ele, o falo não é o órgão, é a ausência operante, é ter ou não ter o falo. A perda fálica se recupera no esvanecimento do furo do ser, isso é necessário na vivência do masculino e é o que o faz cotejar o gozo da volta da pequena morte, o orgasmo. Essa função de perda fálica, própria do masculino, lhe dá a prerrogativa, de onde vem a ilusão da pura subjetividade, de que seu corpo está marcado pelo significante. É neste momento evanescente, quando se perde a ereção, ou seja, quando o instrumento cai, que o homem e a mulher vivenciam a castração e a assunção do falo, como elemento terceiro da relação do casal.

As concepções de Freud e de Lacan a respeito do masculino são todas centradas no falocentrismo, no complexo de Édipo e no complexo de castração

Pai real e pai simbólico
Freud destaca a diferença entre o menino e a menina e suas relações com a mãe, e conclui que o verdadeiro incesto é entre o menino e a mãe. Também enfatiza que há diferenças entre os sexos no tocante ao complexo de Édipo, pois o varão não necessita trocar de objeto para elaborá-lo, uma vez que coincide o objeto que erotizou seu corpo através dos cuidados maternos com o objeto do seu desejo. Ao mesmo tempo em que irá eleger a escolha de objeto, faz a escolha identificatória com o seu próprio sexo. Escolha de objeto apoiado na mãe e escolha identificatória apoiada no pai decorrente do complexo de castração, eis a fórmula do desejo heterossexual masculino. Conquistar a ascensão da posição viril masculina implica necessariamente assumir a castração. Isso se dá por uma relação do real no simbólico, que vem do outro, aquele que é verdadeiramente o pai.

O Édipo enoda a função viril e, para tanto, é necessário haver um mais além do pai simbólico, a presença do pai real, aquele que trepa com a mãe, esse é imprescindível. O pai real que permite o complexo de castração simbólico, que cumpre a função de ameaçar, ao mesmo tempo em que dá amor e permite a aproximação do filho para com ele.
O macho tem o órgão natural e por isso o detém como sua propriedade. Porém sua virilidade virá do outro, nesta relação entre o pai real e o pai simbólico. Portanto, o homem não poderá dizer nada do que significa na verdade ser pai, porque parte desse é da ordem do real, e o único saber que ele tem é que fez parte desse jogo entre a mãe e o filho varão. Somente o jogo de perdas e ganhos entre os três permitirá à criança conquistar a via pela qual se registra a inscrição da lei, dizia Lacan parafraseando Freud.

Isso permite dar um passo a mais no alcance do pai simbólico e dizer que o pai simbólico é o Nome do pai. É ele que mediará o desmame primário e que separará o bebê do incesto com a mãe, consequentemente intervirá sobre sua onipotência. O Nome do pai aqui é o elemento mediador dessa estrutura simbólica.
Destarte o pai simbólico e o pai real serão essenciais na assunção da função sexual viril. Para que o sujeito viva verdadeiramente o complexo de castração, é preciso que o pai real jogue o jogo. O pai deve ocupar sua função de pai castrador, em sua forma concreta, empírica, tirânica, quase degenerada, do pai primevo, assim como no mito freudiano. O pai também tem que cumprir sua função imaginária intolerável, quando se apresenta como castrador, só assim se vive o complexo de castração para o bebê e para a mãe. Portanto, essa ação sobre a relação mãe-bebê tem uma ligação direta com o Ideal do Eu. O Édipo não tem outro sentido. Não há Édipo se não há pai simbólico, real e imaginário!

                      
A Psicanálise freudiana destaca a diferença entre o menino e a menina e suas relações com a mãe, já que conclui que o verdadeiro incesto é entre o menino e a mãe

Do desejo à identificação
Estas duas escolhas, de objeto de desejo e de identificação, se dão num golpe só e merecem esclarecimentos, já que não se dão de forma natural, nem tampouco são decorrentes da demanda da cultura, através da classificação dos gêneros, e muito menos são subordinadas à anatomia sexual.

Freud encontra os elementos para discutir a prevalência de um movimento gerado por uma posição singular de cada um na conquista de sua posição sexual, muitas vezes contrariando a influência exercida pela cultura e pela anatomia. A eleição sexual, segundo Freud, não se dá no nível consciente e sim inconsciente, ele acrescenta que é uma eleição forçada e determinada pelo inconsciente. Com esse esclarecimento, Freud retirou completamente a possibilidade de ações pedagógicas e preventivas para desenvolver uma coerência entre o sexo anatômico, o gênero e a posição sexual inconsciente. Ele afirma que não há harmonia natural entre essas três faces da sexualidade humana. Mas isso não o faz descartar a influência da anatomia e do gênero, até mesmo como fatores que podem causar certo desconforto com a posição sexual inconsciente, por testemunharem uma desarmonia entre as três.
A eleição sexual, segundo Freud, não se dá no nível consciente e sim inconsciente. É uma eleição forçada edeterminada pelo inconsciente
Sempre temos que considerar a questão do gênero, uma vez que esse significa os ideais da cultura que se transformam para o sujeito que está constituindo o seu Eu nas demandas do Outro, ou seja, o que o Outro deseja dele para que ele continue a ser amado e não odiado por este Outro? Nessa medida, levar em conta as questões que envolvem a identidade de gênero é sempre importante, não para adequar o sujeito ao que a cultura espera dele, mas para que o sujeito possa saber minimamente o que esperam dele e com isso poder se posicionar no sentido de separar a singularidade dele da universalidade do gênero.

Variações no entendimento a respeito do falo foram sempre alvo de debates entre os psicanalistas

Desconsiderar os fatores anatômicos não é um bom caminho para pensarmos na constituição da sexualidade. Existem fatores milenares que estão em ação e em mutação permanente, que não podem ser colocados de lado. Por exemplo, a pesquisadora de cromossomos sexuais Jennifer Graves, da Universidade Nacional da Austrália, disse que o cromossomo Y - responsável pela determinação do sexo no homem - está morrendo e deve desaparecer nos próximos cinco milhões de anos. E o que acontecerá depois? A cientista disse que a boa notícia é que algumas espécies de roedores - como algumas ratazanas da Europa do leste e ratos do Japão - não possuem nem cromossomo Y nem o gene SRY. O que isso nos mostra? Será que os fatores fenótipos estão modificando os homens ao longo dos anos? Sabemos que alterações afetivas e emocionais podem mudar sensivelmente, por exemplo, os níveis de hormônio masculino, a testosterona. Sabemos também que não somos uma máquina que quando fica velha joga-se fora e coloca-se outra no lugar.

PARA SABER MAIS
DESEJO SIGNIFICANTE
O macho tem o órgão natural e por isso o detém como de sua propriedade. Porém sua virilidade virá do outro nesta relação entre o pai real e o pai simbólico
A questão do masculino não se esgotará no desejo como efeito maior do significante. Lacan procurou respostas sobre o gozo fálico masculino e feminino nos quantificadores lógicos de Aristóteles, e nos desdobramentos de Frege e Pierce, já que entende que a lógica é a ciência do real.
A inscrição da castração será determinante no campo do ser para determinar a noção de gozo. Até então, estávamos tratando do campo do sujeito nos desfiladeiros dos significantes e a incidência da castração simbólica sobre o desejo e não sobre o ser. Agora iremos mergulhar no que a Psicanálise pôde até então elaborar do masculino no campo do ser. Ou seja, o que é o ser masculino? Para se afirmar que há um ser masculino, Lacan propõe que há de haver uma negação forclusiva, e não uma negação discordancial. A negação forclusiva segue o princípio da contradição, e corresponde a ou é masculino, ou é feminino. A negação discordancial aceita a contradição, portanto abre um campo de indeterminação, pode ser homem e ser mulher numa mesma proposição. No campo do masculino, sabe-se que ser homem é não ser mulher e o inverso não é verdadeiro. Ser mulher não quer dizer que não seja homem, é isso que nos ensina a negação discordancial. A lógica do homem funciona desde a negação forclusiva, e daí é que se pode extrair o verdadeiro sentido do conhecimento, que quando um homem trepa com uma mulher, ele pode dizer que a conhece, ou seja, a cama é a hora da verdade para um homem, é na cama que ele conhece uma mulher ou na psicose encontra A mulher.
O ser masculino, o gozo fálico masculino, dependerá de que ao menos Um não tenha satisfeito a função fálica, ou seja, não ser castrado, há uma negação a se submeter à castração, isso quer dizer que uma porção do gozo não sofrerá a castração. Isso feito, num mesmo golpe escreve-se o Um fálico, Um do gozo fálico. Assim, essa inscrição da negação forclusiva se deu acidentalmente, possibilitando escrever o Um do gozo fálico como necessário, tomando a forma masculina, e assim podemos dizer que o gozo fálico no masculino é diferente do gozo fálico no feminino.
Tendo esses elementos em vista, podemos acompanhar Lacan na sua tentativa de encontrar uma resposta de como se dá o encontro na cama. Daí suas ironias a respeito do que é ser um homem, ao afirmar que esse só encontra a mulher na psicose, na melhor das hipóteses na loucura, e o cômico do amor entre os dois é que para amá-la ele precisa se fazer mulher naquele encontro, ao mesmo tempo, para desejá-la, ele não pode prescindir de seu instrumento ereto, na posição de homem. Assim, na cama, a fenomenologia nos ensina como o significante é o efeito maior do desejo e causa do gozo. No caso do gozo fálico no masculino, temos que a castração irá incidir na detumescência, fazendo surgir, no momento máximo do gozo do macho, sua própria queda; isso nos explica a relação no macho da angústia com o orgasmo. A perda da ereção como perda fálica se reativa sempre como desvanecimento do furo do Ser, essa experiência masculina possibilita comparar o gozo fálico à pequena morte. Essa função de desaparecimento efêmero, diretamente saboreada no gozo fálico do masculino, dá ao macho o benefício da ilusão de pura subjetividade, já que a sua ereção é causada pelo que a mulher representa para ele. É no instante mesmo do desaparecimento da tumescência que o homem pode perder de vista a presença deste terceiro, o objeto, o falo, e é porque o seu instrumento desaparece é que passa a ser, enquanto marca de uma ausência, o terceiro da relação com a parceira.

Conquistar o signo da posição viril masculina implica necessariamente a castração
O pai simbólico é que mediará o desmame primário que separará o bebê do incesto com a mãe e consequentemente intervirá sobre sua onipotência

Ter ou não ter...
Com a pressão em responder o que "as mulheres querem", Lacan reduz sua questão a "o que uma mulher quer" - isso lhe permitiu deslocar o ter ou não ter o falo para tê-lo e ser o falo. Daí que dirá que o desejo masculino dependerá de renunciar ser o falo para poder tê-lo. Ter ou não ter, ou ter ou ser o falo são maneiras de conceber essa questão a partir da linguagem. 
Logo, o desconforto revela-se pelas exigências que o ser humano sofrerá por parte dos ideais dos pais que representarão, as demandas e os ideais sociais, e, por outro lado, a limitação que os desejos sexuais sofrerão por não estarem em conformidade à sua anatomia. Por exemplo: como integrar simbolicamente a identidade sexual em mulheres que se submeteram a transformação de sexo? É que do ponto de vista orgânico, ela se tornou ele, mas ainda tem orgasmos em platô de acordo com a anatomia da mulher e não em ápice como no caso do homem?
Assim, para Freud, o homem se constituirá se o complexo de castração incidir de tal maneira que o faça abandonar o prazer incestuoso com a mãe, causa do seu desejo, promovendo uma substituição por outra mulher, e ao mesmo tempo o faça se identificar com o pai. Portanto, o complexo de Édipo, na cultura ocidental, tem a função de ser o portador do complexo de castração, que introduzirá a lei universal da proibição do incesto, declinando do complexo de Édipo no menino.
Para Freud e Lacan, o complexo de Édipo permite que o desejo tome a forma de desejo masculino na heterossexualidade. Lacan diz que para existir um homem é preciso que este tenha uma mãe, e o seu desejo seja orientado a partir da castração.
Portanto, as evidências clínicas mostram que no inconsciente não há homem e mulher, só existe o fálico e o castrado. Homem e mulher já são representantes que fazem parte do discurso. Lacanianamente falando são significantes. Significantes que intentam representar uma posição de gozo fálico para o masculino ou para o feminino.

                     

Sempre temos que considerar a questão do gênero, uma vez que esse significa os ideais da cultura que se transformam para o sujeito que está constituindo o seu Eu nas demandas do Outro 

Separação ou união 
Lacan lança-se a encontrar respostas para tal questão na topologia dos nós borromeanos.
A pergunta de Lacan já é um nó! Qual será o bom nó entre os corpos? Qual será o nó que permite engatar os Uns de cada Um e fazer Nós? Como, na experiência masculina, o gozo fálico pode não ser um inibidor, um obstáculo para o homem poder gozar do corpo da mulher? A experiência dos relatos de analisantes nos ensina que, numa certa dimensão humana, há possibilidade de bons encontros e esses são marcados por uma separação dos Uns de cada Um, que ninguém é de ninguém, teoricamente: não há Outro do Outro, e que, sobretudo, numa experiência satisfatória dessa magnitude, o falo, como significado do desejo que tem o gozo como sua causa, não é de nenhum dos Uns, muito menos dos dois, mas é instrumento de engate dos corpos de cada Um, fazendo que Um corpo penetre o outro e ambos tenham uma experiência de encontro dos Uns de cada Um. Assim, o falo como significado do desejo, encarnado no pênis ereto, não é dele, uma vez que o que o produziu foi a mulher como causa de seu desejo, ou seja, como sintoma do homem, como condensadora de seu gozo. O pênis ereto elevado ao significante fálico representa o terceiro que está mediando a relação. É isso que proporciona a separação e união ao mesmo tempo do Um, do objeto causa do desejo e do Outro.

As evidências clínicas mostram que no inconsciente não há homem e mulher, só existe o fálico e o castrado

É claro que para ser homem tem que ter o registro do simbólico operando, e é por esse fato que é possível construir um significante novo com o qual o Eu se identificará como homem, já que a designação de homem é um significante que não é da ordem do natural, do gênero e sim da linguagem. Essa será a condição do desejo e do gozo para ele, uma vez que a estrutura da linguagem permitirá enquadrar o seu desejo, enquanto sujeito dividido pelo significante, e o seu gozo, enquanto objeto da pulsão na fantasia, dando um colorido de objeto causa do desejo à mulher.
Mas o fato de o homem ter um simbólico não o faz deixar de girar em círculos, pois sua estrutura é tórica. Para ele nada é impossível, o que ele não consegue fazer, ele larga. No que tange ao amor, o homem, todo-homem, se agarra no imaginário, sem um dizer sobre a verdade, já que seu gozo lhe é suficiente, esse gozo recobre tudo que ele precisa para amar, por isso não entende nada sobre o amor, diferentemente do feminino que não vai sem um dizer da verdade. Portanto, no amor o homem se apoia no imaginário enquanto a mulher no simbólico, daí que Freud diz que o homem precisa amar e a mulher precisa ser amada.
Desse modo, podemos avançar no que é possível que um homem saiba. Espera-se que ele, o todo-homem, desde que assumida a castração, saiba fazer de uma mulher o seu sintoma, saiba se virar com ela e manusear sua relação.

REFERÊNCIAS
FERENCZI, S. A pipa, símbolo de ereção. In: Obras completas II
____________. Parestesias da região genital em certos casos de impotência.
FREUD, S. Sobre a tendência universal à depreciação na esfera amorosa. Obras Completas. Imago Editora.
KARDOUS, P. A Impotência Sexual: o Real, o Simbólico e o Imaginário. Editora Casa do Psicólogo.
STECKEL, W. La Impotencia en el Hombre. Ediciones Imán.

Fonte:Revista  Psique

Nomofobia, a fobia de ficar sem celular



                           
Quanto mais usam o celular, mais ansiosos e menos felizes os estudantes se sentem:Uso frequente do celular aumenta ansiedade e diminui felicidade de estudantes.
Nomofobia é um termo originário do inglês, que significa "no-mobile-phobia", ou seja, a fobia de ficar sem celular.
Estar on-line 24 horas por dia parece um caminho sem volta, mas nem todas as pessoas lidam bem com o acesso contínuo à internet.
Como inúmeros psicólogos ao redor do mundo já constataram, o uso constante da tecnologia traz seus próprios riscos - riscos emocionais, psicológicos e até físicos.
Os sintomas dos pacientes vão desde a compulsão a olhar o celular o tempo todo, até movimentos involuntários, com os dedos se mexendo como se estivessem manipulando o aparelho.
"O telefone já não cumpre mais a função daqueles telefones antigos, de se comunicar através da voz. Hoje, você tem rede social, máquina fotográfica, filmadora, GPS, música. Por isso que essa sedução se torna muito maior," comenta o psicólogo Cristiano Nabuco.
Ensino e tecnologia
A tecnologia tem influenciado o ensino, embora algumas escolas tradicionais tentem impedir a utilização de dispositivos tecnológicos na sala de aula, embasados em estudos que garantem que internet na sala de aula é uma má ideia.
Em casa, os pais estão em busca de um caminho. Qual o melhor momento para as crianças começarem a usar tablets, smartphones ou qualquer outro dispositivo tecnológico?
A filósofa Viviane Mosé aconselha: "Precisamos entender que a tecnologia é uma tsunami que já vem. Não podemos lutar contra ela. Não é possível. Não precisa encher seu filho de tecnologia. Mas entenda o que ele está usando, e ajude-o a usar melhor."
Fonte: Diário da Saúde

Estudos científicos sobre antidepressivos têm viés e até resultados invertidos

                                Estudos científicos sobre antidepressivos têm viés e até resultados invertidos
Além de medicamentos tão bons quanto um placebo, já se sabe que os antidepressivos sem terapia não têm efeito para a maioria dos pacientes.

Uma nova análise dos estudos científicos da área está levantando sérias questões sobre o uso cada vez mais comum dos medicamentosantidepressivos de segunda geração para o tratamento dos transtornos de ansiedade.

Um grupo de especialistas concluiu que os estudos usados para embasar a aprovação e o uso desses medicamentos foram distorcidos por uma série de mecanismos, que incluem o chamado "viés de publicação" e até a inversão dos resultados.

Em alguns casos, os antidepressivos de segunda geração, que estão entre as drogas mais prescritas no mundo, não são significativamente mais úteis do que um placebo.

As descobertas foram feitas por pesquisadores da Universidade do Estado do Oregon, Universidade de Ciência e Saúde do Oregon, ambas no EUA, e da Universidade de Groningen, na Holanda. Os resultados foram publicados na revista médica JAMA Psychiatry.


Inversão de resultados

O viés de publicação foi um dos problemas mais graves identificados pela equipe de especialistas que analisou os trabalhos dos seus colegas, incluindo pesquisadores de universidades e de empresas farmacêuticas.

A equipe identificou o viés de publicação justamente nos ensaios clínicos controlados com placebo e duplo-cegos que foram revisados pela FDA (Food and Drug Administration), o órgão encarregado de dar um aval a esses estudos e garantir a aprovação dos novos medicamentos.

Foi observado também um viés nos chamados "relatórios de resultados", com os resultados positivos do uso das drogas sendo enfatizados em relação aos resultados considerados negativos.

E até mesmo inversões totais dos resultados foram identificadas: alguns cientistas concluíram que os tratamentos eram benéficos mesmo quando seus próprios resultados publicados eram de fato estatisticamente insignificantes.


Ciência questionável

"Estes resultados espelham o que encontramos anteriormente com os mesmos medicamentos quando utilizados para tratar a depressão severa, e com os antipsicóticos," disse o Dr. Erick Turner, coordenador do estudo.

"Quando esses estudos não dão resultados positivos, você geralmente não ficará sabendo a partir da literatura científica revisada pelos pares," acrescenta Turner.

A "literatura científica revisada pelos pares" é considerada a "palavra oficial" para se saber quando um determinado experimento produziu resultadoscientificamente válidos.
Fonte: Diário da Saúde

segunda-feira, 6 de abril de 2015

34 anos da morte de Jacques Lacan

Não havia nada que escapasse à sua crítica e à lucidez de seu espírito de esclarecimento
                                                                    

ONZE CABEÇAS, ÓLEO SOBRE TELA, 1934-1935, PAVEL FILONOV, 1883-1941, RUSSIAN MUSEUM, SÃO PETERSBURGO

Há 34 anos morria o psicanalista Jacques Lacan (1901-1981). Ele tornou-se conhecido fora dos círculos psicanalíticos só depois de publicar seu primeiro livro aos 65 anos de idade. Ao final de sua vida ele fez algumas poucas viagens ao Japão, Estados Unidos e Venezuela para apresentar suas ideias a um público que distinguia com dificuldade sua posição dentro do pós-estruturalismo francês e menos ainda compreendia sua importância dentro da história do movimento psicanalítico. Em 1989, quando comecei a me interessar por seu pensamento e pela clínica que nele se inspirava, ainda ouvia, com frequência, que o “fenômeno Lacan” seria esquecido em dez anos. Segundo a profecia, as contendas institucionais e a dificuldade de entender seu estilo barroco-matemático não teriam a menor chance de sobreviver em uma época movida pela praticidade e eficiência. Sua forma de tratamento seria refutada pelos fatos. Sua idiossincrasia francesa não resistiria ao mundo globalizado. 

Para surpresa geral hoje a psicanálise lacaniana se expandiu pelo mundo, ainda que pulverizada em uma miríade de grupos, atravessada por querelas teóricas e animada pela cizânia universitária. Olhando para trás parece que o que há de distintivo em Lacan foi a sua capacidade de trazer o que havia de melhor fora da psicanálise, ou seja, seu caráter cultural onívoro, sua maneira não endogâmica de pensar a psicanálise e sua capacidade de inventar novas formas clínicas, “no horizonte da subjetividade de sua época”. Foi assim desde seu contato com os psiquiatras e surrealistas nos anos 1930, com a ciência e a epistemologia dos anos 1940, com a filosofia de Hegel e Heidegger nos anos 1950, com a linguística e a antropologia de Saussure e Lévy-Strauss, nos anos 1960, até a topologia e as novas formas de escrita chinesa e poesia de vanguarda, dos anos 1970. Não havia nada que fosse indiferente ou estranho ao universalismo teórico de Lacan e sua tentativa de reunir a análise erudita de textos freudianos e as últimas descobertas da ciência. Não havia nada que escapasse à sua crítica e à lucidez de seu espírito de esclarecimento, nem mesmo as verdades consagradas pela tradição psicanalítica. 

Se Freud considerava-se um Aníbal, o general cartaginês que vingaria seu pai derrotado pelos romanos vencendo o reino do subterrâneo (Aqueronta Movebo), Lacan estava mais para um laborioso monge copista, siderado pelo uso do telescópio moderno, tentando ser fiel a uma verdade ainda que indeterminada. Sua ligação com Freud não era pessoal, mas textual. No dia em que Freud vem a Paris, rumo a seu refúgio final em Londres, Lacan prefere escutar Joyce ler os originais de Ulisses a encontrar o autor da Interpretação dos Sonhos na casa da Princesa Bonaparte. Talvez tenha sido esta a lição legada por seu ensino, e que o tornou universal.

Fonte: Scientific American Mente Cérebro

Disponível em: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/34_anos_da_morte_de_jacques_lacan.html. Acesso: 6 abr. 2015

Ministério da Saúde incorpora tratamento completo para Transtorno Bipolar

Os cinco medicamentos deverão atender já no primeiro ano 270 mil brasileiros que sofrem do transtorno

Por Jéssica Rodrigues Lima - Acadêmica de Jornalismo do CEULP/ULBRA


Os brasileiros que sofrem de Transtorno Bipolar são beneficiados com a linha completa de tratamento para a doença após a inclusão de cinco medicamentos. A decisão publicada no Diário Oficial da União deve representar investimento do Ministério da Saúde da ordem de R$ 755 milhões em cinco anos. A estimativa é que ainda neste ano cerca de 270 mil pessoas sejam atendidas com esse novo tratamento, e a previsão é que esse número chegue a 330 mil em 2019.
Outra novidade importante é a publicação do primeiro Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) que servirá como guia para a orientação do diagnóstico, tratamento e acompanhamento desses doentes. Segundo estimativas de associações de pacientes, o transtorno pode afetar até dois milhões de brasileiros.
Os medicamentos incorporados servem para o tratamento dos sintomas associados à doença, caracterizada por alterações de humor que se manifestam como episódios depressivos alternando-se com episódios de euforia (também denominados de mania), em diversos graus de intensidade. Estima-se que os pacientes diagnosticados com transtorno bipolar podem desenvolver mais de 10 episódios de mania e de depressão durante toda a vida. A duração das crises e dos intervalos entre elas em geral se estabiliza após a quarta ou quinta crises. Frequentemente, o intervalo entre os primeiro e segundo episódios pode durar cinco anos ou mais, embora 50% dos pacientes possam apresentar outra crise maníaca 2 anos após sua crise inicial.
De acordo com a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, a mortalidade entre os portadores da doença é elevada e o suicídio é a causa mais frequente de morte, principalmente entre os jovens. Estima-se que até 50% dos portadores tentem o suicídio ao menos uma vez em suas vidas e 15% efetivamente o cometem. Além disso, outras doenças clínicas como obesidade, diabetes e problemas cardiovasculares são mais frequentes entre os portadores de Transtorno Bipolar do que na população geral.
Devido a peculiaridades na apresentação clínica da doença, o diagnóstico é difícil. Frequentemente crianças recebem outros diagnósticos, o que retarda o início do tratamento adequado. Isso causa consequências devastadoras, pois o comportamento suicida pode ocorrer em 25% dos adolescentes portadores de Transtorno Bipolar. Sendo assim, O tratamento adequado do Transtorno Bipolar reduz a incapacitação e a mortalidade dos portadores.
O transtorno bipolar pode se apresentar em diferentes graus, do mais leve ao mais grave, por isso é importante promover o diagnóstico correto e o acesso ao melhor tratamento existente. Com essa incorporação a expectativa do Ministério da Saúde é que até o final deste primeiro semestre os medicamentos já estejam à disposição da população” estima o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.
 MEDICAMENTOS INCORPORADOS
CLOZAPINA: Medicamento indicado para tratamento de esquizofrenia resistente ao tratamento; risco de comportamento suicida recorrente em pacientes com esquizofrenia ou distúrbio esquizoafetivo; e psicose durante a doença de Parkinson.
LAMOTRIGINA: Indicado para prevenir episódios de alteração do humor, especialmente episódios depressivos.
OLANZAPINA: Indicado para o tratamento de episódios de mania aguda ou mistos do TAB (com ou sem sintomas psicóticos e com ou sem ciclagem rápida) e para prolongar o tempo entre os episódios e reduzir as taxas de recorrência dos episódios de mania, mistos ou depressivos no TAB.
QUETIAPINA: Indicado como adjuvante no tratamento dos episódios de mania, depressão, manutenção do transtorno afetivo bipolar I (episódio maníaco, misto ou depressivo) em combinação com os estabilizadores de humor lítio ou valproato, e como monoterapia no tratamento de manutenção do transtorno afetivo bipolar (episódios de mania, mistos e depressivos).
RISPERIDONA: Indicado para o tratamento de curto prazo para a mania aguda ou episódios mistos associados com transtorno bipolar I.

Fonte: (EN)Cena

2º Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental

O evento tem como tema "Direito às Diversidades: Cidades, Territórios e Cidadania”.

Por Jéssica Rodrigues Lima - Acadêmica de Jornalismo do CEULP/ULBRA

Com o objetivo de problematizar as violações de Direitos Humanos das diferentes formas de viver nas cidades, a Associação Brasileira de Saúde Mental realiza o 2ª Fórum Brasileiro de Direitos Humanos e Saúde Mental, com o tema “Direito às Diversidades: Cidades, Territórios e Cidadania”. O evento acontece entre os dias 4 e 6 de junho de 2015, na cidade de João Pessoa – Paraíba, com foco em movimentos sociais, pesquisadores, estudantes, ativistas e militantes que desejam construir uma ampla Mobilização Social e Popular em favor de Cidades Inclusivas, Justas e Solidárias.
Atualmente, diante da multiplicidade cultural, vivenciamos o crescimento de violência e crimes contra segmentos considerados diferentes do que a sociedade contemporânea tem como padrão. As principais formas são preconceito racial, social e sexual. Cabe então as poderes públicos e à própria sociedade zelar pelo direito à expressão destas diferenças.
Nesse contexto, as cidades se tornam palcos onde esses discursos e práticas discriminatórias se materializam, seja pela ação dos sujeitos políticos, seja pela ação das instituições na consecução das políticas públicas. Vale destacar que durante parte da história social brasileira ações e políticas baseadas no higienismo, na medicalização social e na segregação dos considerados como diferentes ou anormais geraram graves violações aos Direitos Humanos.
Por isso o 2º Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental será um importante espaço de reflexão sobre ações que visem mobilizar setores sociais para questionar e lutar contra os discursos de ódio e de intolerância e a crescente monopolização das cidades em favor do lucro e da exclusão social. A programação conta com rodas de conversa, mesa redonda, tenda com Paulo Freire, oficinas, cursos, feira de economia solidária, mostra de cinema e vídeo sobre Direitos Humanos e Saúde Mental e atividades artísticas e culturais.
http://www.direitoshumanos2015.abrasme.org.br/
Fonte: (EN)Cena

Por que as pessoas têm dificuldade em aceitar a assexualidade?

Assexualidade
As diversas formas de manifestação da sexualidade estão encontrando espaço cada vez maior na sociedade, diminuindo ou eliminando discriminações seculares.
Mas Karli Cerankowski e seus colegas da Universidade de Stanford (EUA) decidiram analisar uma faceta menos estudada e, em alguns aspectos, ainda mais incompreendida da sexualidade humana: a assexualidade.
Quando confrontada com a noção de assexualidade, a maioria das pessoas mostra-se perplexa ante a ideia de uma vida desprovida de atração sexual.
Mas uma grande marcha de manifestantes assexuados feita em Toronto (Canadá) em 2014 ajudou a chamar a atenção dos estudiosos para o assunto, que agora tentam transformar a assexualidade em uma disciplina acadêmica.
Cerankowski afirma que "a sociedade normalizou determinados níveis de desejo sexual, enquanto patologizou outros. Em certo sentido, é o modelo social que está falido, não os assexuais."
Diversidade da sexualidade humana
As pesquisas realizadas pela equipe confirmam que as pessoas podem obter todo o contentamento que buscam em outros aspectos da vida, com uma gratificação plena que não inclui a gratificação sexual.
"Nós meio que priorizamos o prazer sexual e a satisfação sexual em nossas vidas, mas podemos pensar em outras maneiras pelas quais as pessoas experimentam prazer intenso, como quando ouvem música", exemplifica Cerankowski.
Embora o sexo e a sexualidade sejam aspectos centrais e valorizados da cultura ocidental, Cerankowski afirma que "se reconhecermos a diversidade da sexualidade humana, então podemos entender que existem algumas pessoas que simplesmente não sentem atração sexual, ou têm um menor impulso sexual, ou querem menos fazer sexo, e isso não significa que haja algo de errado com elas."
Sexualidades fluidas e múltiplas
A pesquisadora ressalta que as pessoas podem ver a assexualidade de forma extremada, uma vez que o prefixo "a-" significa "não", e que, portanto, uma pessoa que se diz assexuada estaria dizendo ser totalmente desinteressada em sexo e amor, o que não é verdade.
Segundo a pesquisadora, a pluralização do termo, indo além dos extremos para englobar as complexidades envolvidas no vasto espectro de assexualidade, mostra que o fenômeno é compatível com o "modelo mais comumente entendido das sexualidades fluidas e múltiplas."
Fonte: Diário da Saúde

Pais compartilham demais seus filhos nas mídias sociais?

Maternidade compartilhada
Algumas das maiores estrelas da mídia social não têm idade suficiente para twittar: são fotos de crianças com fantasias, tendo chiliques e até mesmo na banheira, todas ilustrando a lista de "novas notícias" do Facebook.
Crianças, ainda usando fraldas, dançando sucessos de Beyoncé e Taylor Swift acumulam visualizações do YouTube. Inúmeros blogs compartilham histórias sobre tudo, desde o treinamento para o desfralde até as dificuldades enfrentadas na pré-escola.
Pesquisadores do Hospital Infantil da Universidade de Michigan (EUA), que pesquisaram o fenômeno, dizem que a prática é tão prevalente que até lhe deram um nome: "sharenting", uma mistura de "compartilhar" (share) e "parenting" (paternidade ou maternidade).
Segundo eles, mais da metade das mães e um terço dos pais discutem saúde infantil e educação dos filhos nas mídias sociais, e quase três quartos dos pais dizem que a mídia social faz com que se sintam menos sozinhos.
Troca de ideias
Mas até onde essa exposição pode ir sem atravessar os limites entre a vida pública e a vida privada?
"Quando as próprias crianças têm idade suficiente para usar as mídias sociais, muitas delas já têm uma identidade digital criada por seus pais," diz Sarah Clark, responsável pela pesquisa.
De acordo com a pesquisa, que ouviu pais de crianças com idades entre 0 e 4 anos, os tópicos mais comuns ao compartilhar conselhos sobre a maternidade/paternidade nas mídias sociais são:
  1. como colocar as crianças para dormir (28%)
  2. nutrição e dicas de alimentação (26%)
  3. disciplina (19%)
  4. creches e pré-escolas (17%)
  5. problemas de comportamento (13%)
Exposição excessiva dos filhos
Quase 70% dos pais disseram que usam mídias sociais para receber conselhos de outros pais mais experientes e 62% disseram que essas trocas de informações ajudam a diminuir suas preocupações.
No entanto, os pais também reconheceram possíveis armadilhas na exposição de informações sobre seus filhos: quase dois terços deles se preocupam que alguém possa "saber demais" da vida privada de seus filhos ou até mesmo compartilhar fotos deles. Mais da metade também se preocupa com o futuro, dizendo que, quando mais velhos, seus filhos podem ter vergonha do que foi compartilhado.
Três quartos dos pais entrevistados também apontaram "superexposição" por parte de outros pais, quando eles compartilharam histórias embaraçosas, divulgaram informações que poderiam identificar a localização de uma criança, ou postaram fotos consideradas "inapropriadas".
"Existe uma linha tênue entre o que há de positivo e o que pode ser ruim nesta superexposição. No futuro, mesmo que a criança queira, caso se sinta envergonhada sobre o que foi publicado dela, ela não terá controle sobre onde e quem terá acesso a esse material," diz a pesquisadora.
Sequestro digital
Histórias de "sharenting" que acabaram mal têm virado notícias, com um dos exemplos mais extremos incluindo um fenômeno chamado "sequestro digital", relatado no início deste ano. Pais ficaram chocados ao saber que estranhos estavam "roubando" fotos on-line dos seus filhos e as recompartilhando, como se as crianças fossem suas.
Em outros casos, fotos de crianças tornaram-se alvo de piadas cruéis e "cyberbullying". Entre os casos mais notórios nos últimos anos está o de um grupo criado no Facebook para criticar bebês considerados feios pelos autores do grupo.
"Os pais são responsáveis pela privacidade de seus filhos e precisam ser cuidadosos ao compartilhar na mídia social, para que eles possam desfrutar dos benefícios desta 'camaradagem', mas também protejam a privacidade de seus filhos hoje e no futuro", disse Clark.
Fonte: Diário da Saúde

Estimulação elétrica do cérebro age contra Alzheimer

Cientistas de Cingapura anunciaram o desenvolvimento de uma nova forma de tratar a demência.
A técnica, conhecida como estimulação cerebral profunda, consiste no envio de impulsos elétricos a áreas do cérebro para aumentar o crescimento de novas células.
"Cerca de 60% dos pacientes não respondem aos tratamentos com antidepressivos, e nossa pesquisa abre novas portas para opções de tratamento mais efetivas," disse o professor Ajai Vyas, que coordenou o estudo juntamente com seu colega Lim Lee We.
Formação de novos neurônios
A equipe da Universidade Tecnológica de Nanyang constatou que o estímulo elétrico aumenta o crescimento de células cerebrais, reduzindo os efeitos nocivos das condições relacionadas à demência e melhorando a memória de curto e de longo prazos.
O estudo mostra que os novos neurônios podem ser formados por meio do estímulo da parte frontal do cérebro, que está envolvida na retenção da memória, com o recurso a impulsos elétricos.
O aumento de células cerebrais reduz a ansiedade e a depressão e promove a aprendizagem, impulsionando, em termos globais, a formação e retenção da memória.
Os experimentos foram realizados em animais de laboratório, e agora deverão ser avaliados em animais maiores e, a seguir, em humanos.
Estimulação elétrica do cérebro
A técnica de estimulação cerebral profunda é um procedimento terapêutico bem conhecido, e usado para várias situações neurológicas, como tremores ou distonia, espasmos musculares involuntários que produzem movimentos anormais de determinada parte do corpo.
Fonte: Diário da Saúde

2º Fórum Brasileiro de Direitos Humanos e Saúde Mental

                                
O evento será realizado entre os dias 4 e 6 de junho, em João Pessoa (PB), com o objetivo de estimular uma atmosfera de debate sobre a vulnerabilidade de determinados segmentos da sociedade e diferentes formas de ocupação do espaço urbano, e reafirmar o dever social de preservação dos direitos humanos. A programação conta com mesas-redondas, rodas de conversas, feiras, cursos e oficinas, atividades culturais e artísticas e mostra de cinema e vídeo. O prazo limite para inscrição de trabalhos, atividades culturais e de economia solidária é 31 de março.
Data 4 a 6 de junho de 2015
Local Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa, PB
Informações
secretaria@direitoshumanos2015.abrasme org.br



Quando é hora de procurar uma psicoterapia?

Pedir ajuda é um grande sinal de salubridade psíquica. Indica que você foi capaz de perceber e autodiagnosticar uma forma de sofrimento
                                   
A vida não vem sem sofrimento e miséria. Se isso fosse suficiente para determinar a procura de ajuda seria simples: psicoterapia para todos. Não penso que seja este o caso.  Há situações como dependências químicas, disposições de personalidade e sintomas específicos para os quais a maior dificuldade é procurar tratamento. Se o sintoma deixasse o sujeito pedir ajuda, “meio caminho já teria sido andado”. Nesta linha a psicoterapia só seria possível para aqueles para quem ela já não é mais necessária.
Pedir ajuda é um grande sinal de salubridade psíquica. Indica que você foi capaz de perceber e autodiagnosticar uma forma de sofrimento. Sugere também que você entende que isto não é apenas uma deficiência moral, uma insuficiência de sua educação ou uma ofensa ao seu sistema de crenças. O autodiagnóstico é parte do processo de cura. O clínico tenderá a interpretar este movimento crítico como parte de seu desejo de transformação.  Antigos filósofos já diziam que era difícil suportar a ideia de ser “libertado pelo outro”, tanto porque isso indica passividade e fraqueza, quanto porque seria uma liberdade falsa, obtida por meios que não são próprios. Esta oposição entre resolver-se por si, “aceitando-se como você é”, ou pedir ajuda e ficar dependente nas “mãos do outro” deve ser superada. Como em tudo mais na vida, atravessamos problemas e nos tornamos autônomos com os outros e não sem eles. Contudo, isso não explica quando um sintoma se torna insuportável a ponto de demandar tratamento.
Os verdadeiros sintomas não se definem pelo código social de condutas desejáveis, mas por duas formas específicas de relação que mantemos com o que fazemos. Há os sintomas baseados na forma “ter que”, definidos pela coer-citividade. Exemplo. Trabalho, como todo mundo, todo dia, e me queixo ou me felicito nele. Isso pode ser um sofrimento “suportável”. No entanto outra pessoa dirá: “eu tenho que” ir trabalhar, porque se não for “algo acontecerá”, sentirei angústia extrema, serei criticado impiedosamente pelo chefe, e assim por diante. Há aqui o recobrimento de um “comportamento aceitável” (trabalho) por uma disposição patológica (coerção subjetiva a).
A segunda família de sintomas obedecem à gramática do “não posso com”. São situações que podem parecer irrelevantes, ou plenamente aceitas socialmente, mas que são vividas com sofrimento adicional. Exemplo: “não posso com baratas, com ratos, com pessoas deste ‘tipo’, com mulheres desta ‘forma’, com perdas, com ganhos” e assim por diante. O diagnóstico que autoriza um tratamento psicoterápico está mais atento a esta incidência “subjetiva” do “ter que” ou do “não posso com” do que com a norma de vida esperada para alguém ou época.
Ainda que únicos os sofrimentos são igualmente trágicos e cômicos. Eles são o que as pessoas têm de melhor e também de pior. São como obras de arte que se tornam o bem mais precioso e inarredável de alguém, são também sua religião particular, feita de ritos, mitos, orações e devoções. Quando temos um nome para o mal-estar, uma história para nosso sofrimento, os sintomas revelam-se uma maneira de dizer o que não pode ser dito por outras vias. Talvez a função do psicoterapeuta ou do psicanalista seja parecida com a de um carteiro que pega cartas embaralhadas, as cartas de nosso destino, e ajuda a entregar as que podem ser entregues, reenviar as que estão sem destinatário e cuidar daquelas que ainda não foram escritas.

Fonte: Scientific American Mente Cérebro

A importância da transferência

Durante o processo de análise, para alcançar a cura do paciente, o psicanalista deve adotar uma postura voltada à escuta, à compreensão e à empatia. É necessário entender o sofrimento, experimentá-lo, senti-lo em si, sem se deixar afetar, para não ocorrer a contratransferência
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Quando Freud se deparou com o quadro clínico da sua paciente Elizabeth Von R., ele induzia e falava, excessivamente, durante as sessões, tentando envolver a paciente a sua maneira de pensar. Parecia que Freud desejava que a paciente alcançasse uma cura, por meio de uma dependência, procurando se livrar das suas angústias. Freud, nessa época, ainda estava preso ao método sugestivo da hipnose.
Se um psicanalista deseja curar um paciente, acredito que seu maior desejo é a escuta, a compreensão e a empatia. É entender o sofrimento, experimentá- -lo, senti-lo em si, sem se deixar afetar, para não ocorrer a contratransferência esmagadora. “O desejo do analista é sentir, em si, o que o outro esqueceu” ( J. D. Nasio). Sendo assim, para Násio: “Toda a nossa dificuldade de psicanalista depende do êxito dessa operação mental, sem deixar-se perturbar com as emoções dolorosas de outrem”. Esse desejo analítico é a busca da cura. O psicanalista descreve para o paciente a cena vivida, transmitindo os traumas vividos, certificando que a dor presente é um símbolo de uma dor passada. Portanto, o desejo do psicanalista é a cura, mas, por via de um saber significante para libertação do trauma do analisando. Essa cura não se desenrola pela dependência desejosa do analista, mas por uma via empática e de grandiosa compreensão.
Freud foi pessimista quanto ao tratamento psicanalítico em pacientes psicóticos ou fronteiriços. Ele dizia que narcisistas não obtinham uma relação com o objeto, simplesmente rejeitavam- no. Claro que Freud esteve certo nesse aspecto, pois alguns analisandos narcisistas costumam desprezar o objeto, ou o psicanalista, e se introjetar em si mesmo, num mergulho destrutivo, podendo romper, abruptamente, com a análise. Com isso, acabam dificultando uma possível transferência eficaz durante o tratamento.
É preciso que exista, por parte do analisando, a transferência para um bom percurso da análise, mas teve quem defendesse um processo terapêutico, chamado de aliança do trabalho, que pode ocorrer no início e durante as análises. Esse processo terapêutico de aliança do trabalho foi praticado, por meio da Psicanálise clássica, do psicanalista americano Ralph Greenson. Ele falou, em sua técnica psicanalítica, que essa aliança contribuiria para o desenvolvimento de uma transferência eficaz, deixando o analisando produtivo e comprometido com o trabalho analítico. Seria, mais ou menos, como um Rapport, um enquadre, uma espécie de aliança, relação positiva, ou seja, aliança terapêutica, que foi praticada por outros psicanalistas. Embora Greenson apresentasse, nessa técnica, um enquadre para que o analisando pudesse suportar frustrações, vergonha e situações repugnantes que partissem do insight analítico, vindo dos sentimentos do analisando.
Essa proposta de análise, Greenson defendeu em sua obra, A Técnica e a Prática da Psicanálise. Ele atendia muitos artistas americanos, nos Estados Unidos.
Conheceu a filha de Freud, Anna Freud, e foi o psicanalista da famosa artista Marilyn Monroe, que praticou suicídio no período da análise. O profissional foi chamado para dar alguns esclarecimentos sobre a trajetória conflitante da artista. Marilyn Monroe nasceu em 1 de junho de 1926, em Los Angeles, e morreu em 5 de agosto de 1962.

Freud foi pessimista quanto ao tratamento psicanalítico em pacientes psicóticos ou fronteiriços. Ele dizia que narcisistas não obtinham relação com o obj eto, simplesmente rejeitavam-no. De fato, alguns deles costumam desprezar o obj eto, ou o psicanalista, e se introjetar em si mesmo, num mergulho destrutivo

Bion, Winnicott, Melanie Klein, Segal e Rosenfeld não viram dificuldade em atender e tratar psicóticos (esquizofrênicos, bipolares, narcisistas) e perceberam que estes analisantes, portadores de patologias graves, seriam possíveis de transferência. No caso de Rosenfeld, o mesmo tratou de diversos pacientes com esquizofrenia aguda e crônica. Os psicanalistas kleinianos tiveram êxito diante desses pacientes. Isso, embora recorressem a diversas formas de relacionamento na clínica psicanalítica, como empatia, compreensão e acolhimento. Talvez a falta da frieza excessiva, defendida por Freud, quanto à postura neutra do analista, por não ser praticada pelos psicanalistas kleinianos, possibilitava uma sessão analítica mais empática e com menos distanciamento do analista, contribuindo, dessa forma, para uma relação de transferência mais produtiva e positiva por parte dos seus analisandos. Aproximando muito mais o analisando psicótico do analista, deixando- o mais confiante e acreditando no processo de cura.

Fonte: Psique
Disponível em: <http://portalcienciaevida.uol.com.br/esps/Edicoes/109/artigo337887-1.asp>. Acesso em: 2 mar. 2015

Síndrome da fadiga crônica é uma doença biológica e não psicológica, diz estudo

Até hoje, acreditava-se que essa doença, cujos sintomas variam de fadiga extrema e dificuldade de concentração a dores de cabeça e musculares, vinha de um distúrbio no sistema nervoso
                                           Televisão e sono

A síndrome da fadiga crônica não tem causas conhecidas nem diagnóstico preciso. O início dos sintomas tende a começar com um mal-estar semelhante ao da gripe(Thinkstock/VEJA)
Pesquisadores da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, identificaram alterações imunológicas em pacientes com síndrome da fadiga crônica ou encefalomielite miálgica (EM) que evidenciam a origem biológica desta doença. O estudo foi publicado nesta sexta-feira, na versão online do periódicoScience Advances.
"Agora temos provas que confirmam o que milhões de pessoas com este problema já sabiam: a EM não é psicológica", afirma Mady Hornig, principal autora do estudo e professora de epidemiologia.
Utilizando uma técnica conhecida como imunoensaio (utilizada para a detecção e/ou quantificação de antígenos e anticorpos), os pesquisadores buscaram determinar os níveis de 51 biomarcadores imunológicos em amostras sanguíneas de 298 pacientes com a síndrome. Os resultados foram comparados com os do grupo de controle, formado por 348 pessoas saudáveis.
Foi descoberto que, nos pacientes diagnosticados há três anos ou menos, havia altas quantidades de diferentes moléculas conhecidas como citocinas. Essa alteração não foi encontrada nas amostras do grupo de controle nem dos pacientes que já haviam sido diagnosticados há mais tempo. De acordo com os pesquisadores, esses resultados evidenciam, pela primeira vez, que a EM possui diferentes estágios.

Fonte: Revista Veja

Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/saude/sindrome-da-fadiga-cronica-e-uma-doenca-biologica-e-nao-psicologica-diz-estudo>. Acesso em: 2 mar. 2015