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terça-feira, 28 de junho de 2016

O mal da internet

Aproveitando a rapidez da comunicação e escorados no anonimato, haters e trolls proliferam cada vez mais seus atos de crueldade na internet, provocando cyberbullying, com consequências psicológicas dramáticas.

Shutterstock

Se uma pessoa posta uma foto ou um comentário em uma rede social e dez pessoas compartilham para outras dez, já seriam 100 pessoas; se compartilhassem cada uma delas para outras dez, seriam 1.000 pessoas; e 10.000, 100.000, 1.000.000 e assim por diante, se cada pessoa que compartilha compartilhasse para outras dez pessoas. E esse é um resultado que pode acontecer em poucas horas.
A internet, com seus blogs, redes sociais, sites de relacionamento, lojas virtuais, moeda própria etc. é um campo totalmente novo para aqueles que nasceram antes da última década, quando computadores e celulares computadores não se faziam acessíveis, ainda engatinhavam em sua tecnologia, longe de se mostrarem viáveis para utilização de massa. E, sendo assim, essa nova forma de comunicação surge com um paradigma muito diferente, e os padrões de quem viveu os velhos tempos se perdem no contexto de uma velocidade de comunicação extremamente rápida, como acontece na internet.
Outra diferença importante do contexto virtual é que nos velhos tempos a realidade objetiva e a realidade psíquica interagiam diretamente nas relações, ou seja, havia a garantia de que uma pessoa real interagia com outra pessoa real. Na internet não é necessariamente assim.

Fonte: Revista Psique

O homem das cavernas e a mulher telepata

Ele se recolhe e se isola; ela tenta compensar o déficit de palavras adivinhando o que seu parceiro quer dizer

Psicanalistas e psicólogos que atendem casais ou que se dedicam a mitigar o sofrimento conjugal estão acostumados a enfrentar aquela situação na qual um se retira silenciosamente da discussão, ainda que permaneça de corpo presente, e o outro desliza suas queixas e demandas para uma espécie de monólogo sermonístico, por meio da qual suas razões são continuamente reforçadas e autoconfirmadas. Esse circuito discursivo dá origem a dois tipos subclínicos em ascensão na cultura contemporânea da judicialização das narrativas de sofrimento: o homem das cavernas e a mulher telepata. 

O homem das cavernas caracteriza-se pelo recolhimento e isolamento, particularmente diante de uma decisão ou escolha difícil. Como se ele tivesse que ter a resposta completa e acabada do problema, antes de apresentá-la para seu parceiro ou parceira. Tudo se passa como se ele se recolhesse ao gabinete para meditar e saísse de lá apenas com o comunicado oficial em mãos. Ele sofre, portanto, com a dificuldade de enfrentar a contingência conversacional, na qual motivos, causas e razões são compartilhados com o interlocutor diante de uma troca cuja conclusão não está prédefinida.
A mulher telepata tipicamente tenta compensar esse déficit de palavras e manifestações, adivinhando o que seu parceiro quer dizer. Ela coloca palavras e antecipa juízos, caminhando da convicção constituída sobre quem é o outro e o que ele quer, para uma espécie de narração imaginária sobre o conteúdo mental de seu interlocutor. Ela sofre, portanto, com a impossibilidade de situar-se na conversa uma vez que seu interlocutor fechou-se em si mesmo. Isso dificulta a construção comum de um horizonte para a conversa, que redunda na tentação da telepatia, trazendo para a fala palavras e ilações que efetivamente não foram ditas, ou foram pronunciadas em outros contextos.
Assim posto, o tratamento para esse estereótipo parece simples. Trazer à luz o homem das cavernas, ainda que platonicamente ele prefira as sombras de seu próprio desejo ao excesso de luz da realidade do desejo do outro. Por outro lado, trata-se de reduzir a força dos raios telepáticos, ainda que para renunciar, dolorosamente, a toda a verdade sobre o desejo do outro. Verdade pela qual estamos possuídos e que nos protege do enunciado insuportável sobre o que desejamos, mais além do desejo do outro. Estamos falando de estereótipos, ou seja, do grego “estéreo typos” impressão sólida – ou, a partir de 1798, a placa móvel com a qual se imprime livros. Os estereótipos não são só imagens de pessoas, reduzidas a tipos imóveis, sobre os quais nossa telepatia pode operar livremente. Eles são também discursos estereotipados que nos fazem sofrer por sua monotonia e nos constrange a deixarmos nossa palavra plena dentro da caverna de si.
O casamento patológico entre a louca que fala sozinha com seu desejo, e o covarde silencioso que fala sozinho com seus pensamentos, é ainda um casamento. É uma maneira de fazer a relação sexual existir, de tentar emparceirar demandas e proporcionalizar os sexos. O “estere-óptico” discursivo da relação entre este homem e esta mulher, ainda que aliado de uma distribuição específica de poder, é uma maneira de localizar o conflito, de saber do que ele é feito, mas também de esquecer que ele é insolúvel, e de praticar este esquecimento a dois.  

Fonte: Scientific American Mente e Cérbero

Efeitos do neurofeedback são devidos ao efeito placebo?

Efeito do neurofeedback são devidos ao efeito placebo?
O neurofeedback mostra os registros da atividade cerebral do paciente em tempo real, para que ele aprenda a controlar essa atividade.
Neurofeedback
Tratamentos de neurofeedback - ou retroinformação neurológica - usando eletroencefalografia já conquistaram milhares de praticantes, que utilizam a técnica para melhorar a função normal do cérebro e aliviar uma grande variedade de transtornos mentais, da ansiedade ao alcoolismo.
Contudo, depois de examinar a literatura científica e consultar especialistas na Europa e nos EUA, os pesquisadores Robert Thibault e Amir Raz, da Universidade McGill (EUA), afirmam que a alegada melhora clínica dessa terapia cada vez mais popular é devida ao efeito placebo.
"O neurofeedback simulado gerou tantas melhoras quanto o neurofeedback verdadeiro com eletroencefalografia. Os pacientes gastam milhares de dólares e dedicam até seis meses treinando seu cérebro com neurofeedback. No entanto, eles estão lapidando processos elusivos do cérebro," escreve a dupla na revista científica Lancet Psychiatry.
Influências psicológicas e sociais
Os pesquisadores recomendam que as futuras pesquisas sobre o tema devem ter como foco as influências psicológicas e sociais que são responsáveis pela melhora clínica observada durante esses tratamentos.
Ou seja, eles reconhecem que o processo gera melhoras; contudo, como não puderam explicar essas melhoras pelo uso da técnica, eles consideram que deve haver outros fatores que as estejam gerando.
Também é necessário, segundo eles, estudar como aplicar esses elementos "de uma forma que seja ao mesmo tempo cientificamente criteriosa e eticamente aceitável".
Mas eles fazem uma ressalva: ao contrário do neurofeedback com eletroencefalografia, os estudos que usaram a técnica de ressonância magnética funcional "parecem abrir uma rota promissora, ainda que frágil [com base nas evidências atuais]" para o cobiçado "cérebro auto-regulado".
Fonte: Diário da Saúde