A dificuldade de apreensão de informações pelos métodos tradicionais não compromete a capacidade intelectual e requer apenas adequações na forma de ensinar e aprender
A dislexia foi registrada pela primeira vez em 1890, quando um paciente foi até o oftalmologista porque não conseguia ler, mas o médico avaliou que sua visão estava perfeitamente normal. Por esse motivo, por algum tempo foi chamada de cegueira verbal. Posteriormente, foram encontradas algumas evidências biológicas para o transtorno. A primeira delas veio a partir de estudos de anatomia que mostram que, nos disléxicos, ocorre frequentemente uma migração diferenciada dos neurônios no desenvolvimento do feto. Isso faz com que os hemisférios tenham um desenvolvimento igual, como acontece nos canhotos, em vez de diferente e com a dominância de um deles, como é o mais comum.
Imagens de ressonância magnética funcional, feitas enquanto o paciente está lendo, mostram que vias diferentes das normais são usadas por essas pessoas. Vários profissionais trabalham com a hipótese de que a dislexia seja determinada pela predisposição genética. “A probabilidade de dislexia se o pai ou a mãe tem a doença é de 50%; se ambos, 75%”, afirma Maria Inez de Luca, neuropsicóloga e membro da equipe de avaliação para diagnóstico da Associação Brasileira de Dislexia (ABD).
Questões sobre o tema, entretanto, não são consensuais entre especialistas. “A dislexia não tem uma causa orgânica, é um problema de aprendizado e, portanto, deve ser tratada dentro da escola”, acredita a pediatra Maria Aparecida Moysés, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “A hipótese mais comum para o aluno com dificuldade é que ele tenha problemas familiares ou alguma deficiência. Geralmente, o universo escolar não é considerado. Em geral, são as precariedades da escola que geram um grande número de alunos com dificuldades no aprendizado”, diz Beatriz de Paula Souza, psicóloga e coordenadora do serviço de orientação à queixa escolar do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Aparentemente, no entanto, a dislexia não é uma exclusividade das escolas fracas. “A dislexia aparece também em famílias instruídas e em escolas de qualidade”, diz o neurologista Abam Topczewski. (Da redação)
Fonte: Scientific American Mente Cérebro
Disponível em: http://www2.uol.com.br/ vivermente/noticias/dislexia_ um_problema_da_escola_.html. Acesso em: 12 maio 2016
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