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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Fazer parte de um esforço conjunto aumenta motivação

              Fazer parte de um esforço conjunto aumenta motivação

É bem sabido que é mais fácil conseguir motivação para fazer uma tarefa quando várias pessoas se unem e trabalham em conjunto com o mesmo objetivo.
O que não se sabia é que isto é verdade mesmo se a pessoa estiver trabalhando sozinha.

Na verdade, basta que a pessoa sinta que faz parte de um esforço conjunto - mesmo que na realidade não faça.
A equipe do psicólogo Gregory Walton, da Universidade de Stanford (EUA), constatou que obter motivação é uma questão de se sentir fazendo parte de um esforço conjunto - mesmo para quem estiver trabalhando por conta própria e sozinho.

Por exemplo, é mais fácil fazer um trabalho de escola quando se sabe que toda a classe está fazendo o mesmo - cada um em sua casa. Ou trabalhar em uma pesquisa científica procurando um novo medicamento quando se acredita que várias outras equipes estão fazendo o mesmo.

Sentimento de pertencimento

Segundo Walton, quando as pessoas são tratadas como parceiras que trabalham em conjunto - mesmo que fisicamente separadas - isto aumenta a motivação.
E quando elas meramente sentem que são parte de um esforço conjunto para resolver um problema difícil, isto também aumenta a motivação.

"Trabalhar junto com os outros proporciona enormes benefícios sociais e pessoais," afirmam Walton e sua colega Priyanka Carr em um artigo no Journal of Experimental Psychology.

"Nossa pesquisa descobriu que pistas sociais que simplesmente indicam que outras pessoas lhe tratam como se você estivesse trabalhando em uma tarefa podem ter efeitos marcantes sobre a motivação," afirmam.

Motivação intrínseca

Em cinco experimentos diferentes, Carr e Walton descobriram que essas "pistas de trabalho conjunto" aumentam a "motivação intrínseca" conforme as pessoas trabalham por conta própria.
Motivação intrínseca refere-se a comportamentos que as pessoas querem ter - o que elas gostam e acham intrinsecamente gratificante, e não o que elas se obrigam a fazer.

Os resultados mostraram que, quando as pessoas são tratadas como se estivessem trabalhando juntas, elas:
Persistem de 48 a 64% mais em uma tarefa desafiadora;
relatam mais interesse na tarefa;
ficam menos cansadas por ter que persistir na tarefa - presumivelmente porque gostam dela;
ficam mais envolvidas com a tarefa e apresentam melhor desempenho ao realizá-la.

Fonte: Diário da Saúde

Disponível em: <http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=fazer-parte-esforco-conjunto-aumenta-motivacao&id=10069>. Acesso em: 26 set. 2014

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Como reduzir seu risco de Alzheimer agora mesmo

              alzheimer
Se você ainda não leva o risco de ter Alzheimer a sério, deveria. As estatísticas são alarmantes: de acordo com um relatório recente da associação Alzheimer’s Disease International, cerca de 44 milhões de pessoas vivem com demência no mundo. Como a expectativa de vida está aumentando em todo o planeta, esse número deve quase dobrar até 2030 e mais que triplicar em 2050.

Mas nem tudo são más notícias. Enquanto a ciência não encontra uma cura para a condição, os especialistas focam na prevenção.

Segundo a Alzheimer’s Disease International, o que é bom para o seu coração também é bom para seu cérebro. Mais especificamente, há evidências convincentes de que o risco de demência pode ser diminuído através da redução do uso do tabaco e de um melhor controle e detecção de hipertensão e diabetes, bem como dos fatores de risco cardiovasculares.

Diante dessa escala epidêmica e sem cura conhecida, é crucial que procuremos soluções para reduzir o risco ou retardar o aparecimento de desenvolver a doença”, escreveu Marc Wortmann, diretor executivo do Alzheimer’s Disease International.

Ou seja: nunca é tarde demais para fazer algumas alterações no seu estilo de vida, pensando em melhorar o seu bem-estar físico e mental.

Veja cinco coisas que você pode fazer agora para reduzir seu risco de ter demência:
Cuide do seu coração;
Seja fisicamente ativo;
Siga uma dieta saudável;
Desafie seu cérebro;
Aproveite atividades sociais.

O novo relatório da associação afirma que os fatores mais fortes ligados à demência são falta de educação no início da vida, hipertensão na meia idade e tabagismo e diabetes através de toda a vida.

É fácil seguir os cinco itens acima: vá ao médico de vez em quando checar seu coração, tente comer mais produtos naturais, tenha uma vida social ativa, cercada do apoio de amigos e familiares, pratique exercícios que lhe sejam agradáveis, como dança, yoga ou tênis, e mantenha seu cérebro afiado com palavras cruzadas ou qualquer outra atividade mentalmente desafiante que você ache divertida.

“Se entrarmos na velhice com cérebros mais saudáveis, seremos mais propensos a viver vidas mais longas, mais felizes e mais independentes, com uma chance muito menor de desenvolver demência”, conclui o relatório. [CNN]

Alzheimer: Como Saber Se Eu Vou Ter?


                 


Fonte: Hypescience

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Transtornos estrangeiros

Patologias surgidas em certas sociedades, com nomes e sintomas estranhos para os ocidentais, intrigam psicólogos e psiquiatras
               

Vamos começar com um pequeno questionário. Quantos dos distúrbios a seguir você conhece? Taijin kyofusho, hikikomori, hwa-byung e reação psicótica ki-gong. Se jamais ouviu falar de nenhum deles, não se incomode. A culpa pode ser do meio cultural em que você vive. As duas primeiras são doenças mentais bastante endêmicas no Japão; as duas últimas são comuns na China. E os transtornos psíquicos – ou, pelo menos, os rótulos que damos para eles – diferem de acordo com as diversas culturas.

Mas será que estes e outros distúrbios não ocidentais são realmente distintos daqueles de que temos notícia no Brasil, em outros países da América Latina, Estados Unidos e Europa? Ou todas as doenças mentais, por mais estranhas que soem, são apenas variações de problemas que nos parecem mais familiares como depressão e esquizofrenia? 

Até o momento, as evidências sugerem que o meio em que vivemos e os valores de nossa sociedade podem influenciar a expressão das doenças mentais. Também é inegável que em culturas muito diversas se apresentam transtornos psicológicos totalmente diferentes, o que nos leva a pensar que a interação entre o mundo interno e o ambiente em que vivemos pode ser decisiva para a manifestação de um ou outro sintoma. 

A importância do assunto vai além da discussão teórica ou acadêmica. Geralmente, os psicoterapeutas consideram as diferenças culturais em seu tratamento, mas é comum concluírem que a depressão, por exemplo, parece mais ou menos a mesma em toda parte, com pequenas exceções.

Se as denominadas síndromes ligadas à cultura – transtornos mentais específicos de determinadas sociedades – são meras variações de distúrbios ocidentais, então os profissionais de saúde mental em países do Ocidente podem, com segurança, continuar a usar os conhecimentos existentes sobre os transtornos que lhes são familiares para melhor cuidar dos pacientes. Em contraste, se alguns problemas psiquiátricos são distintos daqueles que aparecem em países ocidentais, psicólogos e psiquiatras podem ter a necessidade de iniciar do zero a pesquisa para tratá-los de forma mais eficiente.

Foi no século passado que o papel da cultura nas doenças mentais mudou de um extremo a outro. Antropólogos, sociólogos e psicólogos culturais concluíram que havia uma enorme diversidade de distúrbios em todo o mundo e se mostraram céticos sobre quaisquer tentativas de classificá-los. Porém, esse ponto de vista sofreu um sério revés em 1976, quando a antropóloga Jane Murphy, da Universidade Harvard, relatou fortes evidências de que algumas síndromes, de fato, pareciam transpor limites culturais.

Ela examinou duas sociedades bem distintas – um grupo de iorubas na Nigéria e outro de esquimós inuítes, que habitam as regiões árticas do Canadá, do Alasca e da Groenlândia, perto do estreito de Bering, que pouco haviam experimentado contato com culturas modernas. No entanto, essas populações tinham nomes para transtornos que pareciam extremamente semelhantes à esquizofrenia, dependência de álcool e outras psicopatologias. Por exemplo, os inuítes usavam o termo kunlangeta para descrever o homem que mente, prejudica, engana e rouba, é infiel à esposa e não obedece aos mais velhos – um quadro muito parecido com o do psicopata ocidental. Quando Murphy perguntou a um dos inuítes como o grupo tradicionalmente lidava com essa pessoa, ele respondeu que “alguém poderia empurrá-la no gelo quando ninguém estivesse olhando”. Aparentemente, os inuítes não apreciam mais os psicopatas do que nós.

Mais tarde, as pesquisas corroboraram as conclusões de Murphy. Mas a ideia de que algumas doenças mentais estão presentes tanto no Ocidente quanto entre outros povos não elimina a possibilidade de que alguns distúrbios possam existir apenas em certas sociedades. Na verdade, em 1994, a Associação Psiquiátrica Americana introduziu na quarta edição do Manual de diagnóstico e de estatística dos transtornos mentais (DSM-IV) um anexo com25 síndromes ligadas à cultura. 

Mas tão logo surgiu a complementação, muitos cientistas contestaram a noção de que as síndromes ligadas à cultura sejam condições singulares, argumentando que algumas ou talvez até mesmo todas possam ser variantes de transtornos já catalogados. Por exemplo, alguns caçadores de focas na Groenlândia experimentam o kayak angst, caracterizado por sentimentos de fobia do oceano e intensa necessidade de segurança. Embora o kayak angst apareça em algumas listas de síndromes ligadas à cultura, é muito semelhante à síndrome do pânico e à agorafobia, marcadas por medo extremo de situações das quais seria difícil escapar no caso de surgimento repentino de algum perigo. 

Outra possível enfermidade ocidental “disfarçada” é a taijin kyofusho, que consta no anexo do DSM-IV. Trata-se de um distúrbio de ansiedade, comum no Japão, caracterizado pelo medo extremo de incomodar as pessoas com a aparência ou com o odor do próprio corpo. Taijin kyofusho talvez seja uma forma asiática de fobia ou ansiedade social na qual as pessoas temem se comportar de maneira inadequada ou cometer gafes. Como os japoneses são mais preocupados com a harmonia e a coesão de grupo que os ocidentais, a patologia pode ser exacerbada na sociedade oriental, que é especialmente sensível ao julgamento alheio. 

Algumas síndromes ligadas à cultura, entretanto, costumam ser bastante distintas dos transtornos ocidentais para merecer critérios diagnósticos. Pessoas com o curioso distúrbio koro, encontrado principalmente no Sudeste Asiático, temem que seu órgão sexual encolha ou desapareça. O terror às vezes se espalha, causando pânico em massa, como uma histeria coletiva. Já os malaios acometidos pela síndrome amok, quase todos do sexo masculino, ao receber uma desfeita reagem mostrando-se primeiramente ausentes e meditativos, mas, em seguida, sobrevêm atos descontrolados de violência. 

Outro transtorno incomum, o amor 2-D, recentemente reportado no Japão, faz com que os homens desenvolvam o que parece ser um relacionamento amoroso com personagens de animação femininas; alguns chegam a carregar consigo, por todos os lugares, fotos e desenhos dessas personagens. Não se sabe ao certo se existem semelhanças subjacentes entre essas doenças misteriosas e patologias psiquiátricas ocidentais bem documentadas. O koro, por exemplo, poderia ser um tipo específico de hipocondria, mas a hipótese não chegou a ser suficientemente pesquisada. 

Divergências científicas à parte, os especialistas concordam que a cultura às vezes contribui de forma significativa na configuração da expressão de uma doença mental. Consequentemente, os psicoterapeutas deverão considerar a possibilidade de estudar melhor as influências culturais exercidas sobre as doenças mentais e incorporá-las a seu plano de tratamento. Enquanto isso, os cientistas deveriam usar testes de personalidade e de laboratório para investigar as causas e as manifestações das síndromes ligadas à cultura e determinar quais desses transtornos, se é que existem, são distintos dos encontrados no Ocidente. Caso algumas dessas síndromes sejam realmente únicas, os profissionais da saúde mental talvez precisem pesquisar e passar a utilizar intervenções psicológicas que se distingam de modo significativo das que reconhecemos.

As faces da loucura

Algumas doenças mentais não têm contrapartida direta no Ocidente. Os cientistas debatem se essas afecções diferem dos problemas que afligem os ocidentais ou se elas incluem facetas ocultas que, por fim, as ligam a doenças que conhecemos tão bem.
        

Fonte: Scientific American Mente Cérebro

A ciência da depressão

            depressao

De acordo com um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo com base nos dados do sistema de mortalidade do Datasus, o número de mortes relacionadas com a depressão (incluindo suicídio) cresceu 705% no Brasil apenas nos últimos 16 anos.

A Organização Mundial da Saúde estima que mais de 350 milhões de pessoas sofram com a doença no mundo todo.

Mas o que acontece exatamente com o corpo e a mente de uma pessoa depressiva? O que se passa dentro dela?

No passado, a depressão era comumente explicada como sendo apenas um “desequilíbrio químico” do cérebro: faltava serotonina aos doentes, substância conhecida por causar bem estar nas pessoas. Porém, a única evidência que apoiava essa teoria é que pacientes que recebiam serotonina sentiam um alívio de seus sintomas.

Agora, a ciência sabe que a depressão é mais complexa do que somente a falta de uma substância química no cérebro. Recentemente, descobrimos que as conexões entre as células também desempenham um papel.

Além disso, o hipocampo – aérea do cérebro que controla memória e emoção – dos depressivos tende a ser menor do que o de outras pessoas. Quanto mais tempo alguém sofre da doença, mais seu hipocampo diminui. As células da região de fato se deterioram.
O estresse é um grande fator que desperta essa condição. Estudos já mostraram que quando tal parte do cérebro é regenerada, células crescem, novos neurônios são estimulados e o humor da pessoa melhora.

Aliás, muitas drogas do mercado, incluindo as que afetam o nível de serotonina, tem um efeito indireto no crescimento de células do cérebro. Por isso, esses remédios parecem ajudar os deprimidos. Daqui para frente, cientistas querem focar nos medicamentos que diretamente afetam a neurogênese (o crescimento de novos neurônios) para tratar a depressão.

Até agora, falamos de coisas físicas, mas os pesquisadores também descobriram que a depressão é influenciada por fatores genéticos. Por exemplo, um defeito no gene que afeta o transporte de serotonina deixa seu portador mais vulnerável à condição. Por fim, a propensão a doença também pode ser hereditária.

A causa exata da depressão, no entanto, é desconhecida. Falamos de células do cérebro, substâncias químicas e fatores genéticos, mas os estudos feitos nos últimos anos encontraram diferentes “gatilhos” e condições associadas à ela, de maneira que a consideramos uma doença com base biológica e implicações psicológicas e sociais.

Dada tamanha complexidade, então, não é legal confundir tristeza com depressão. Essa doença não é algo que as pessoas podem simplesmente “deixar para lá” ou “esperar para passar”. Está na hora da população aceitar que a condição pode ser realmente debilitante e precisa de atenção e cuidados médicos especiais. [AsapScience, Uol, info]

Autor: Natasha Romanzoti

Fonte: Hypescience

Disponível em: <http://hypescience.com/ciencia-da-depressao/>

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Neurocientistas afirmam que é possível reescrever más lembranças

Descoberta do mecanismo por trás do processo ajuda a explicar o poder dos tratamentos atuais de psicoterapia para doenças mentais, como a depressão ou o Distúrbio de Estresse Pós-traumático (DEPT), e pode abrir novas vias para o tratamento psiquiátrico

s emoções relacionadas a lembranças podem ser reescritas, fazendo com que eventos ruins do passado pareçam melhores e coisas boas, piores, descobriram cientistas do Japão e dos Estados Unidos, que deram detalhes de seu estudo em artigo publicado nesta quarta-feira na revista científica britânica Nature.

De acordo com eles, a descoberta do mecanismo por trás do processo ajuda a explicar o poder dos tratamentos atuais de psicoterapia para doenças mentais, como a depressão ou o Distúrbio de Estresse Pós-traumático (DEPT), e pode abrir novas vias para o tratamento psiquiátrico. "Estas descobertas validam o sucesso da psicoterapia atual, ao revelarem seu mecanismo subjacente", explicou à AFP, em Tóquio, o chefe das pesquisas, Susumu Tonegawa.

A equipe de cientistas, formada a partir de uma colaboração entre o Instituto RIKEN, do Japão, e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dos Estados Unidos, usaram a optogenética - uma nova técnica de controle cerebral que usa a luz - para compreender melhor o que acontece quando pensamos no passado.

Eles descobriram que sentimentos acolhedores ou de medo intenso, provocados pela interação entre o hipocampo - o 'confessionário' do cérebro - e a amígdala - o local onde seria codificada a positividade ou a negatividade - são mais flexíveis do que se pensava. "Depende da intensidade da prevalência (do aspecto bom ou ruim). Há uma competição entre as duas forças de conexão dos circuitos", explicou Tonegawa.

Os cientistas injetaram em dois grupos de camundongos machos proteínas de uma alga sensível à luz, permitindo a eles identificar a formação de uma nova memória na medida em que acontecia e, com isso, usar pulsos de luz para reativá-la quando quisessem. Eles permitiram a um grupo de roedores brincar com as fêmeas, criando uma memória positiva. O outro grupo levou um pequeno, porém desagradável, choque elétrico no chão.

Memória dolorosa
Em seguida, os cientistas reativaram artificialmente a memória, usando os pulsos de luz, efetivamente fazendo os roedores se lembrarem do que tinha acontecido com eles. Enquanto os ratinhos "lembravam" o evento, eles vivenciavam a experiência oposta: as cobaias com a memória positiva levavam um choque, enquanto aqueles com a memória dolorosa eram conduzidos a fêmeas.

Tonegawa explicou que sua equipe descobriu que a emoção da nova experiência subjugou a emoção original, reescrevendo a forma como o animal se sentiu a respeito. "Fizemos um teste na câmara original e a memória de medo original desapareceu", afirmou. No entanto, reescrever a lembrança só foi possível com a manipulação do hipocampo, que é sensível a contextos. O mesmo resultado não poderia ser alcançado manipulando-se a amígdala.

Tonegawa disse que a conexão entre a memória contextual no hipocampo e as emoções "boas" ou "ruins" na amígdala ficaram mais fortes ou mais fracas, dependendo do que foi vivenciado. Os cientistas esperam que suas descobertas possam abrir novas possibilidades para tratar distúrbios do humor, como depressão ou estresse pós-traumático, uma condição mais presente em determinados segmentos da sociedade, como os militares, em que as pessoas vivenciaram eventos particularmente trágicos ou de risco de morte.

"No futuro, eu gostaria de pensar que, com a nova tecnologia, seremos capazes de controlar os neurônios no cérebro sem fios e sem ferramentas intrusivas, como os eletrodos", disse Tonegawa, que ganhou o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1987. "Poderíamos fazer prevalecer as lembranças boas sobre as ruins", afirmou.

Em um comentário também publicado na Nature, os cientistas especializados em cognição Tomonori Takeuchi e Richard Morris, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, disseram que o estudo representa uma inovação na exploração de mecanismos da memória, embora a optogenética tenha limitações como uma ferramenta para fazer isso. "Mas a engenharia molecular está lançando luz sobre nossa compreensão das redes de memória fisiológica subjacente", escreveram.


Fonte: Clipping ABP - Associação Brasileira de Psiquiatria

Disponível em: <http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2/>. Acesso em: 1 set. 2014

Estresse precoce pode agravar depressão na vida adulta

                               Estresse precoce pode agravar depressão na vida adulta
Maus-tratos na infância e na adolescência levam a alteração em sistema psiconeuroendócrino.
O estresse precoce é um termo que engloba tanto traumas e maus-tratos físicos como abusos sexuais e emocionais sofridos por crianças e adolescentes.
O que pesquisadores brasileiros verificaram é que situações como essas podem agravar quadros de depressão mais tarde, na vida adulta.
A equipe do Dr. Mário Juruena, Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto detectou registros permanentes no cérebro de quem passou por esse tipo de estresse e estabeleceu um meio de identificar a relação entre causa e efeito em diferentes tipos de depressão.
Em parceria com pesquisadores britânicos, o estudou identificou alterações no eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) - parte do sistema neuroendócrino que percebe as situações causadoras de estresse - como resultado de estresse precoce em pacientes com psicopatologias depressivas na vida adulta.
"Buscamos avaliar quadros de depressão atípica e melancólica em adultos com dificuldade de resposta a tratamentos, o que tende a ocorrer com mais frequência quando há histórico de estresse precoce", disse Juruena.
Segundo ele, estudos anteriores e a experiência em atendimento clínico indicam que, em geral, 50% dos casos de depressão não respondem ao tratamento.
Oitenta por cento dos pacientes com estresse precoce receberam o diagnóstico de depressão atípica. Entre os sintomas desse tipo de depressão estão a hiperfagia - tendência a comer em demasia, sobretudo doces e carboidratos - e a hipersonia - propensão para dormir muito. Eles são resultado de uma liberação muito baixa de cortisol pelo eixo HPA.
Por outro lado, a maioria dos pacientes sem estresse precoce foi diagnosticada com depressão melancólica. Nesse caso, o desequilíbrio no eixo HPA provoca a liberação de altos índices de cortisol, levando a quadros de insônia e perda de apetite.
Genética e epigenética
De acordo com o professor da FMRP, a pesquisa indicou que o estresse precoce exerce influência sobre as pessoas consideradas suscetíveis a apresentar um dos subtipos de depressão na vida adulta.
Mesmo passando por eventos traumáticos na infância e adolescência, há pessoas que não desenvolvem quadros depressivos, pois não apresentam predisposição genética à depressão, "tendo algum tipo de resiliência", disse Juruena.
"Os quadros de depressão apresentam uma interação entre a vulnerabilidade do indivíduo e o ambiente adverso em que ele viveu ou vive. Se um indivíduo com predisposição genética à depressão sofrer maus-tratos, os riscos de que desenvolva a doença aumentam muito. Isso ocorre por causa de fatores epigenéticos, ou seja, pela influência de fatores externos [ambientais, sociais, econômicos] na constituição física e psíquica dos indivíduos", disse.
Segundo Juruena, embora a síntese de proteínas esteja relacionada à herança genética de cada pessoa, crianças que passam por estresse precoce têm modificadas suas características de liberação de proteínas. Fatores ambientais exerceriam o dobro de influência nos quadros depressivos, em comparação com fatores genéticos.
Fonte: Diário da Saúde

Excesso de conexões digitais enfraquece conexões humanas em crianças

                     Excesso de conexões digitais enfraquece conexões humanas em crianças
"Muitos olham para os benefícios da mídia digital na educação, mas não há muitos que estudam o custo disso."
Lado negativo
Um estudo da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, indica que o uso exagerado de equipamentos digitais pode atrapalhar a capacidade de crianças em reconhecer emoções de outras pessoas.
Pesquisadores do departamento de psicologia observaram 105 alunos de 11 e 12 anos, divididos em dois grupos, e perceberam que depois de cinco dias sem acesso às telas de celulares, tablets ou televisores, eles passaram a identificar emoções muito melhor.
No estudo publicado na revista especializada Computers in Human Behaviour os psicólogos afirmam que o efeito da mídia digital pode ser muito mais danoso que se imagina.
"Muitos olham para os benefícios da mídia digital na educação, mas não há muitos que estudam o custo disso", afirmou uma das autoras da pesquisa, Patricia Greenfield.
"Sensibilidade reduzida diante de sinais emocionais, ou uma certa perda da capacidade de entender as emoções dos outros, é um deles", disse.
Ela diz ainda que a troca da interação interpessoal pela interação via telas parece estar reduzindo o "traquejo social".
Reconhecimento de emoções
Os alunos foram separados em dois grupos: 51 passaram cinco dias em um acampamento para ciência e natureza, enquanto os outros 54 continuaram em sua escola.
O acampamento não permite o uso de equipamentos eletrônicos, o que muitos alunos acharam difícil nos primeiros dias. No entanto, a maioria se adaptou à situação rapidamente.
No início do estudo, ambos os grupos tiveram avaliada a capacidade de reconhecer emoções em outras pessoas através de fotos e vídeos.
Depois de cinco dias no acampamento, os 51 alunos apresentaram uma melhora significativa nesta capacidade.
Já os que continuaram imersos nas "telinhas" não tiveram grande melhora.
Refeições sem telas
"Não se pode aprender a ler sinais não-verbais a partir de uma tela da mesma forma que se aprende na comunicação cara a cara. Sem essa prática, perde-se importantes habilidades sociais", disse outra autora do estudo, Yalda Uhls.
O conselheiro do governo britânico para questões de infância, Reg Bailey, também recentemente criticou o uso excessivo de equipamentos eletrônicos.
Para ele, os pais estão deixando as "telas assumirem o controle" e recomendou que as famílias passassem mais tempo conversando.
Bailey afirmou que as famílias deveriam considerar "refeições sem-telinhas" para estimular o contato pessoal.
Fonte: Diário da Saúde