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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Malucos beleza’ fazem show musical em hospital

Integrantes das bandas do Caps e Hospital Juliano Moreira ensaiaram, ontem, na Faculdade de Medicina, no Pelô

“Enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal”–como diz a música Maluco Beleza,de Raul Seixas –, canções nacionais e internacionais ganham nova roupagem pelo talento do Bando Flores da Massa, formado pacientes do hospital psiquiátrico Juliano Moreira.

O grupo é resultado de uma oficina de arte criada em 2009 como parte do trata-mento para transtornos psiquiátricos. As atividades acontecem semanalmente nas dependências do hospital, situado em Narandiba.
Do outro lado da cidade, no Terreiro de Jesus, pacientes do Centro de Atenção Psicos-social - Álcool e Drogas (Caps-AD) Gregório de Matos se encontram, todos os dias, com o mesmo propósito: uti-lizar a música como instrumento terapêutico.

Hoje, às 14h, os dois grupos vão se reunir para um show, na ala de internação do hospital. Mas a atividade que poderia ser apenas uma apresentação musical comum, vai além disso: expande as fronteiras da arteterapia no estado da Bahia.
De acordo com o psicanalista e coordenador do Flores da Massa, Wagner de Angeli Ferraz, os resultados observa-dos em pacientes após as atividades musicais realizadas no hospital são positivos.
“O paciente com transtorno mental, na maioria dos casos, não consegue criar laços afetivos, vive em um mundo isolado. Com atividades artísticas em grupo, ele consegue refazer esses laços. E, dessa forma, consegue se reestabilizar emocionalmente e se reinserir na comunidade à qual pertence”, disse.

Tratamento



Do outro lado da cidade, no Terreiro de Jesus, pacientes do Centro de Atenção Psicos-social - Álcool e Drogas (Caps- AD) Gregório de Matos se encontram, todos os dias, com o mesmo propósito: utilizar a música como instrumento terapêutico.

Hoje, às 14h, os dois grupos vão se reunir para um show, na ala de internação do hospital. Mas a atividade que poderia ser apenas uma apresentação musical comum, vai além disso: expande as fronteiras da arteterapia no es-tado da Bahia.

De acordo com o psicanalista e coordenador do Flores da Massa, Wagner de Angeli mesmo princípio. Formada por usuários de drogas e fa-miliares, a banda é resultado de uma das 30 oficinas oferecidas pelo Caps-AD Gregório de Matos.

Coordenado pelo artista plástico Hans Peter Gutman, o grupo conta, também, com a participação da professora de música Mila Paraná, que atua como regente.
Sob a batuta de Mila, o repertório vai desde o hino gospel estadunidense When the saints go marching in até composições próprias, como o Samba do Caps, de autoria do dependente químico em tratamento e percussionista José Pereira.

Por trás das notas musicais saídas dos pandeiros, violões e trompetes, flautas e cavaquinhos, as expressões no rosto dos músicos contam um pouco sobre vidas marcadas pelo sofrimento trazido pelo uso de drogas.

Histórias como a do ex-morador de rua e dependente químico, em tratamento, José Antônio Pereira, 46 anos, destacam-se pela superação.
Após experimentar todo o tipo de drogas ilícitas e sofrer violência nas ruas, Pereira resolveu buscar ajuda no Caps.

“Decidi vir por indicação de um amigo e não me arrependo. Minha cabeça, que antes era ocupada pelo álcool, cocaína e crack, hoje só tem lugar para a música”, afirma.
A funcionária pública Letícia Costa, 46, que toca flauta no grupo, decidiu procurar a instituição para auxiliar no tratamento do filho, usuário de drogas.

“Ele não quis fazer o tratamento, mas eu fui ao Caps, para servir de exemplo. Cheguei devastada e, hoje, sou outra pessoa. Meu filho viu o meu esforço e resolveu se tratar. Atualmente, ele trabalha, tem um filho e está livre das drogas. É uma experiência gratificante”, diz.

Troca de prazer

De acordo com o coordenador das oficinas do Caps-AD, Hans Peter Gutman, a intenção é tratar o dependente químico por meio da substituição do prazer que a droga propicia.

Para ele, a ideia é proporcionar ao usuário o equilíbrio necessário para que a droga não interfira na vida social.

“Antes, tratamentos eram realizados por meio do bloqueio do prazer. O que fazemos é substituí-lo pela arte. Juntamente com o tratamento clínico e psicológico, notamos que os pacientes têm evoluído bastante”, disse.

Tal evolução pode ser percebida em um dos versos do

Samba do Caps: “Música é magia/ Drogas não são drops/ União é alegria / O caminho é pelo Caps”.

APRESENTAÇÃO É PARA FAMÍLIA E CONVIDADOS
O show das bandas Flores da Massa e Gregório do Caps será realizado na Ala de Internação do Hospital Juliano Moreira e é aberto apenas para familiares e convidados.

Fonte: Jornal A Tarde
Reportagem veiculada no dia 31.01.2014.

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