Powered By Blogger

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Faz bem fazer o bem

A ciência revela que os generosos costumam obter mais benefícios e ter acesso a oportunidades

Embora durante muito tempo tenha sido difundida a ideia de que “o mundo é dos espertos, que sabem tirar vantagem das situações”, a ciência revela que os generosos costumam obter mais benefícios e ter acesso a oportunidades. E até o corpo agradece: cientistas do Instituto Nacional do Envelhecimento, nos Estados Unidos, relataram que os pacientes com baixa pontuação em gentileza eram mais propensos a ter espessamento das artérias carótidas, fator de risco importante para ataque cardíaco. Além disso, a equipe documentou que indivíduos com notas altas em afabilidade disseram sentir menos estresse, algo que poderia beneficiar tanto os relacionamentos quanto a saúde.

Uma forma “psicológica” de tentar medir quanto pessoas são “amáveis” é por meio da pontuação de um traço da personalidade denominado afabilidade. O problema dessa linha de investigação é que pode surgir confusão entre o verniz social da amabilidade e os genuínos sentimentos de compaixão e altruísmo. Esses últimos são associados à generosidade, à consideração pelos outros e a um forte desejo de contribuir para que prevaleça a harmonia em qualquer ambiente. Pessoas bondosas têm como preocupação primordial tratar aqueles com quem convivem – qualquer que seja o nível de intimidade – de forma respeitosa, pelo menos na maior parte do tempo, independentemente do cargo que ocupam, de quanto possam ser úteis ou mesmo de eventuais deslizes que cometam.
Ainda assim, alguns psicólogos afeitos a testes garantem que uma forma eficaz de “medir gentileza” é perguntar às pessoas quanto elas concordam com afirmações como “eu gasto tempo com os outros” e “compreendo os sentimentos alheios”. Pesquisadores da área de psicologia da personalidade sugerem que os bons em geral têm relacionamentos mais duradouros, tendem a ser saudáveis e, em alguns casos, apresentam desempenho superior na escola e no trabalho. Vários estudos sugerem esses benefícios profissionais e pessoais. O professor de administração Michael Tews, da Universidade Estadual da Pensilvânia, estudou como gerentes avaliam capacidade e personalidade ao contratar um funcionário. O pesquisador criou e apresentou falsos perfis de pretendentes a vagas com personalidade e grau de inteligência variados. Os gerentes, na maioria, preferiram os que tinham pontuação mais alta no quesito “gentileza”, até mesmo em detrimento dos mais inteligentes.

Fonte: Scientific American Mente Cérebro

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Pessoas com espectro autista ainda sofrem com despreparo de escolas e da sociedade


Instituições de ensino regulares não dispõem de qualificação profissional e metodológica para atender demandas básicas para desenvolvimento positivo da deficiência
Educação. No dicionário, vários significados; fora dele, uma porta para enfrentar a selva de pedra que é a vida. A “ação de desenvolver as faculdades psíquicas, intelectuais e morais”, e também o “conhecimento e a prática dos hábitos sociais” deveria ser uma via de mão dupla, mas a realidade nem sempre segue esta regra. O preconceito é uma barreira constante, e pode surgir até de onde menos se espera: dentro de casa.

O termo “deficiente” carrega um peso, imposto exclusivamente pela sociedade. Incapaz, inútil, baldado. Voltando à obra que esclarece as palavras da língua portuguesa, nenhuma dessas é encontrada. Qualquer que seja a deficiência – motora, sensorial ou transtorno do espectro autista (TEA) – é possível inserção natural ao cotidiano.

É importante ressaltar que a inserção natural do autista ao cotidiano é possível
Maryse Suplino, do Insituto Ann Sullivan, que trabalha há mais de 20 anos com pessoas com espectro autista, defende que a educação é o ponto principal do acompanhamento. “Estar na escola é um meio de inseri-las no convívio social, que junto às demais ferramentas como saúde e assistência social, vão resultar no progresso saudável pretendido”, coloca a psicopedagoga. Entretanto, quando o assunto é educação, quem está do outro lado também se torna personagem. “O maior desafio é preparar e trabalhar a sociedade para que olhe além da condição e enxergue aquele que tem TEA também como pessoa”, explica.

E a família necessita aprender. Há muitos episódios de atitudes desmotivadoras por familiares próximos ou até mesmo abandono de pais e mães. Segundo Maryse, isso acontece porque não aceitam que a criança possa vir a desempenhar outros papeis senão a de espectro autista. “Eles podem ter uma carreira profissional ou um relacionamento afetivo. Ou os dois, desde que incentivados e acompanhados da maneira adequada, então a dica para o pais é que sejam mais ponderantes e abertos às possibilidades”, diz. 

O acompanhamento se faz necessário para os deficientes e seus responsáveis, para buscar entender a condição e uma conduta correta diante do comportamento retraído do filho. A psicóloga Lívia Vieira, do Hapvida Saúde, revela que essa é grande parte da demanda em casos de TEA. “Quando as crianças têm até 3 ou 4 anos, os pais são os pacientes da consulta. São com eles os primeiros contatos, pois os espectro autistas ainda têm pouca idade para que o trabalho tenha grandes efeitos”. Mas, a escola, que já é fundamental, passa a ser indispensável.

“Eu inicio a conversa orientado que matricule a criança numa escola, pois se ela não é exposta vai ter dificuldade em apresentar avanços consideráveis. A escola é o melhor ambiente, pois além dos contatos sociais, proporciona o ensino”, afirma. 

Uma questão importante para ser levada em consideração é se a escola está preparada para receber aquela criança. Livia conta que devido ao aumento de casos como o TEA, a dislexia e a hiperatividade, por exemplo, todas as escolas deveriam dispor de material didático adaptado de acordo com as necessidades exigidas por cada condição. Mas isso não acontece. São poucas as que assumem este desafio e muitas chegam a dispensar o acolhimento do aluno, o que, por se tratar de uma deficiência oficializada por Lei (12.764/2012), é considerado crime. 

“Procurar indicações de pais que já fidelizaram alguma instituição na educação de seus filhos em condição semelhante e obtenha referências. Na escola, informe que a criança tem transtorno do espectro autista e apresente laudos, solicitando que disponham de profissionais capazes de lidar e a orientar o aluno da maneira que se pede”, recomenda a psicóloga do Hapvida Saúde. “Na oportunidade, afirme querer tratamento igual para o filho e que ele seja motivado a participar de atividades em grupo”, completa.

Pensar que apenas colégios especiais devem ser cogitados é um grande erro. Escolas regulares não devem ser dispensadas, embora não apresentem subsídios antecedentes, o que pode ser mais um obstáculo. 

“Quando os professores não são qualificados sobre o que precisam absorver, tanto eles quanto a escola podem se assustar com uma situação nova. Mas é dever deles aprender e dos pais ensinar”, reforça Maryse Suplino. É quando os papéis se invertem em busca de um objetivo em comum: melhorar a qualidade da educação para os deficientes, incluindo os com espectro autista, no Brasil.

Os pais de Fábio Albuquerque, de 8 anos, sentiram na pele esta dificuldade. A escola, regular e da rede particular, apresentou repressão no início, mas acabou cedendo. O irmão Felipe Albuquerque conta que por ser aluno da instituição de ensino há muitos anos, facilitou o diálogo. “Conversamos com a coordenação e aos poucos fomos conseguindo melhorias. Tanto que a sugestão de que a prova dele fosse diferenciada da dos colegas de turma, com intertextualidade mais enxuta, partiu da própria escola”, lembra, ressaltando que os demais trabalhos de casa permanecem no nível regular. “Apenas a avaliação é diferente, pois nas tarefas ele pode consultar”.

Além do período letivo comum, Fábio tem aulas com pedagogos e professores particulares todas as manhãs. O resultado deste suplemento foi um aumento considerável no rendimento escolar. “Como eles sabem exatamente o modo de explorar, indicaram um lápis cuja circunferência é maior e proporciona mais conforto à escrita dele, já que tem déficit na coordenação motora. A caligrafia também está bem melhor”, conta. O garoto vai iniciar o 4º ano do ensino fundamental e já desempenha sozinho os afazeres escolares, mas num tempo que o irmão classifica como “dele”. Durante as aulas e exames, senta na banca em frente ao birô da professora, para elucidar qualquer dúvida que venha a surgir. 

Diagnosticado aos 4 anos de idade com Síndrome de Asperger, hoje ele é considerado como uma pessoa com transtorno do espectro autista. A Asperger deixou de ser uma condição externa e passou a caminhar dentro do espectro na última atualização do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V). A diferencia que separava as condições era o fato de os sintomas serem expressos de forma branda na síndrome. Com isso, a sociabilidade, a comunicação e a atenção eram maiores.

Os colegas que o acompanham desde pequeno já são acostumados e tentam cuidar e ajudar Fabinho – como é chamado – no que for possível. Os novatos olham diferente por ainda não entender bem a situação, mas nada que o coloque em situação vulnerável. Felipe revela que os cuidados dos colegas é tamanho, que tiveram de conversar com eles e intervir algumas atitudes. “Pedimos para que deixassem ele desenrolar sozinho certas atribuições, pois assim pode entender que é capaz e não se acostumar a ter alguém fazendo por ele”, finaliza.

Fonte: Correio da Bahia

O enigma do Alzheimer

Cientistas se empenham para retardar a evolução da mais comum das demências em idosos

Tübingen, Alemanha, 1906. O neuropatologista alemão Alois Alzheimer (1864-1915) apresenta em um congresso científico uma enfermidade psíquica que envolvia oscilações nos estados de ânimo e considerável perda de memória. Cinco anos antes, ele mesmo havia diagnosticado esse quadro mórbido em uma mulher de 51 anos, Auguste D.

No “estabelecimento para enfermos mentais e epiléticos” de Frankfurt, essa paciente, em momentos de lucidez, dizia sentir-se “perdida”. Após sua morte, em 1906, em estado de alienação mental, Alzheimer examinou o cérebro dela e descobriu algumas formações compactas e outras filiformes. Intuiu que a causa das espetaculares alterações na personalidade residia naquelas formações. O médico entrou para a história da medicina, e a doença foi batizada com seu nome.
Sabemos hoje que a doença de Alzheimer não é uma enfermidade exótica, mas a causa mais comum de demência entre adultos. Cerca de 35 milhões de pacientes em todo o mundo sofrem dessa doença que aflige quase 40% dos octogenários e gera um enorme problema de saúde pública. Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento, a doença continua incurável mais de um século após sua descrição inicial.
No que diz respeito às possíveis causas, o primeiro indício é a notável contração observada no cérebro de pacientes mortos. Conforme o processo degenerativo avança, um grande número de neurônios é destruído em distintas regiões encefálicas. A destruição começa pelo lóbulo temporal, decisivo para as funções da memória. A memória explícita ou declarativa (que se refere à recordação de fatos ou acontecimentos), em oposição às habilidades motoras, é a mais prejudicada.
O hipocampo e uma zona adjacente, o “córtex entorrinal”, duas regiões cerebrais situadas no extremo inferior de ambos os lóbulos temporais, são as que sofrem maior dano ainda nas primeiras etapas da doença. Essas regiões são imprescindíveis para processar as informações, por isso concentração e capacidade de fixação tornam-se praticamente impossíveis quando ambas estão ausentes. Eis por que pessoas com a doença de Alzheimer vão ficando cada vez mais incapazes de realizar tarefas cotidianas, como vestir-se pela manhã ou manter uma conversa telefônica com um velho amigo.
No interior da célula
Pesquisadores do grupo de Paul Thompson, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, em colaboração com uma equipe da universidade australiana de Queensland, verificaram em tempo real esse processo devastador com o uso de técnicas de imageamento cerebral. Por meio de ressonância magnética é possível detectar um foco da enfermidade, que se alastra de maneira incessante pelo encéfalo, como se fosse um incêndio florestal de grandes proporções. A destruição aniquila sucessivamente os centros relativos à recordação, à linguagem e às emoções. São conservadas apenas as regiões encarregadas dos órgãos sensoriais, como visão e tato, e aquelas que controlam os movimentos. A cada ano os doentes perdem quase 5% da massa encefálica, cifra que se eleva para 10% nas regiões da memória. Adultos sadios perdem apenas 1% a cada ano.
As formações esféricas de proteína beta-amiloide e as fibras descritas por Alois Alzheimer têm importância fundamental, reconhecem os pesquisadores atuais. Trata-se de dois depósitos muito diferentes no tecido cerebral. As chamadas “placas” são compostas por um pequeno fragmento proteico denominado A-beta. As fibrilas, ao contrário, são principalmente uma variante modificada da proteína tau e se estendem sobretudo no interior dos neurônios. E não é só isso: elas são abundantes precisamente nas regiões que se degeneram de modo mais claro.
Por essa razão, o principal “suspeito” da morte neuronal são as fibrilas de -Alzheimer. Admite-se que a causa resida na estrutura modificada da proteína tau dos pacientes. No cérebro saudável, a proteína tau normal estabiliza os neurônios, pois se une a um sistema tubular dinâmico (os microtúbulos). Trata-se de um componente do citoesqueleto (fibras proteicas do interior da célula que delimitam sua forma e movimento) que serve de bastidor para os processos de transporte rumo ao interior da célula. A proteína tau aparece sobretudo no prolongamento quase sempre mais largo do neurônio, o axônio, que conduz os sinais elétricos para os demais.
Se a proteína tau modificada não pode cumprir sua função protetora, as consequências previsíveis são catastróficas. Segundo a “hipótese da perda funcional”, a estrutura dos neurônios, de vários metros de extensão, não pode ser mantida: desaparecem as comunicações entre eles e a rede neuronal se desfaz. Essa hipótese pode ser testada utilizando-se um dos modelos mais comuns da investigação biomédica, o camundongo. A tese subjacente era de que a completa falta de tau deveria acarretar consequências fatídicas para a rede neuronal do cérebro desse animal.
Em 1994, o grupo de Nobutaka Hirokawa, de Tóquio, gerou camundongos sem tau. Eles extraíram a informação genética da proteína desses animais, para que não pudessem fabricar proteína tau funcional. Mas, para surpresa dos pesquisadores, os camundongos se desenvolveram exatamente da mesma forma que os demais roedores não manipulados, e o sistema nervoso deles não se diferenciava do cérebro dos animais de controle. Assim, os neurônios desses camundongos pareciam não precisar da tau, e a hipótese da perda funcional foi afastada.
Proteína compacta
Que papel a misteriosa proteína desempenha na doença de Alzheimer? A alteração característica dessa proteína nos pacientes com Alzheimer prejudicaria o cérebro? O “aumento tóxico da função” poderia contribuir para a deterioração, algo ilustrado por patologias como a doença de Huntington, em que a pro-teína modificada destrói de maneira ativa os neurônios. O mesmo ocorre com as formas hereditárias da esclerose lateral amiotrófica (ELA), um processo degenerativo dos nervos motores associado à atrofia muscular.
Para testar tal possibilidade, vários grupos de pesquisadores dos Estados Unidos e da Bélgica introduziram, em 1999, a sequência do gene da proteína tau humana em camundongos, que, a partir daquele momento, passaram a fabricar grandes quantidades da proteína humana, além da própria. Os animais testados em laboratório apresentaram alterações degenerativas características dos axônios e também uma proteína tau compacta.
Mas, infelizmente, as células nervosas mais afetadas não correspondem às da doença de Alzheimer em seres humanos, e sim aos neurônios do tronco do encéfalo e da medula espinhal. Os animais tiveram outros sintomas, como debilidade muscular e paralisia, próprios da ELA. Seja como for, as descobertas demonstraram que com quantidades elevadas da proteína tau os neurônios eram destruídos, ainda que, no caso da doença de Alzheimer, outro mecanismo deva operar.
Os pesquisadores da empresa farmacêutica Sandoz, pertencente à Novartis, da Suíça, deram mais um passo quando, em 1995, geraram camundongos cujos neurônios continham quantidades muito menores da proteína tau humana. Os animais não revelaram grandes anomalias de comportamento nem alterações evidentes no cérebro ou fibrilas. Entretanto, a proteína tau estranha foi detectada em locais diferentes daqueles dos neurônios normais. No lugar do axônio, a proteína humana se multiplicava nas demais zonas de neurônios: pelos prolongamentos (dendritos) e pela rede celular. Ignoramos ainda qual é o significado dessa descoberta, mas também os pacientes com Alzheimer mostram fibrilas que se distribuem de preferência nessas zonas.
Outra diferença entre as duas proteínas tau era a alteração característica nas fibrilas humanas de Alzheimer. Nesse caso, a variação baseava-se no grau de fosforilação, isto é, de união posterior de grupos fosfato a determinados lugares com proteína tau. As células costumam se comportar assim para regular a função das proteínas. A proteína tau humana dos camundongos da empresa Sandoz estava muito mais fosforilada que a dos animais de outros laboratórios.
Por que os roedores não revelam as típicas fibrilas de Alzheimer? Talvez o processo de aglomeração ocorra lentamente. As fibrilas humanas aparecem, em geral, no sétimo decênio de vida ou mais tarde, ou seja, em uma idade que camundongos de laboratório não atingem. A suspeita apoia-se em estudos sobre alterações cerebrais ocorridas durante a evolução da doença de Alzheimer: segundo os estudos, a proteína tau se fosforila em um estágio precoce de formação das fibrilas, muito antes de começar a se aglomerar.
Seja como for, as fibrilas representam somente metade do enigma da doença de Alzheimer. Outro tipo de depósito encefálico (a placa amiloide) suscita várias perguntas. Essas placas não foram observadas apenas nas regiões encefálicas mais danificadas pela doença: foram vistas também no cérebro de muitas pessoas adultas que não sofriam da enfermidade e cujo tecido cerebral não apresentava degeneração superior à da média. Diante do fato, muitos pesquisadores acreditam que, no início da doença, a proteína A-beta é modificada. Ela desencadeia uma série de reações que culminam na degeneração catastrófica dos neurônios.
Camundongos transgênicos
Há indícios favoráveis para a “hipótese amiloide”. Algumas formas particularmente agressivas e precoces da doença de Alzheimer se acumulam em determinadas famílias. As causas genéticas comuns, porém, só justificam 5% de todos os casos da doença. A proteína precursora da A-beta de alguns desses pacientes sofre uma mutação genética; nos demais casos, o problema reside em outros genes, por exemplo nas presenilinas. É possível, entretanto, que todas as mutações ocorram, em última instância, por meio da formação da proteína A-beta.
Os pacientes apresentaram muitas placas amiloides. Pesquisadores confirmaram essa possibilidade com camundongos transgênicos que fabricavam a correspondente proteína A-beta com mutação: alguns animais mostraram grandes quantidades de placas que lembravam os casos da doença de -Alzheimer. Mas nenhum deles exibiu a degeneração neuronal tão clara como nos pacientes humanos. Para isso, é preciso a formação de fibrilas, algo que aconteceu nos ratos.
Eileen McGowan e sua equipe, da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, cruzaram camundongos transgênicos (que produziam uma variante tau com tendência para a aglomeração) com animais que fabricavam mais placas amiloides. Obtiveram animais que não só apresentavam alguma quantidade de fibrilas de Alzheimer, mas também as depositavam nas mesmas regiões encefálicas dos pacientes com a doença. Assim, ao que parece, placas e fibrilas realizam uma interação fatídica. É provável que os depósitos amiloides modifiquem a proteína tau, de forma que esta adquira propriedades “fatais”, chegando a destruir os neurônios.
No futuro, poderemos criar modelos mais refinados para compreender melhor a doença de Alzheimer. Novas vias terapêuticas poderão então ser testadas. Medicamentos atuais, como os inibidores da acetilcolinesterase, tentam reforçar ao máximo e conservar as funções intelectuais do paciente. Assim, a doença pode ser detida alguns meses, mas não evitada nem revertida.
A maioria das novas estratégias dirige-se às placas amiloides que surgem em uma fase muito precoce da cascata de destruição celular. Nos laboratórios da Elan Pharmaceuticals foram imunizados, em 1999, camundongos transgênicos que produziam em excesso esses depósitos. Com isso, pôde ser evitada ou ao menos freada a formação das placas. No entanto, quando a empresa tentou transferir os resultados para a espécie humana e inoculou 360 pacientes com a doença de Alzheimer, muitos apresentaram encefalite, e o estudo precisou ser suspenso.
Estudar para prevenir
Foi realizada uma autópsia no primeiro desses pacientes. Ele tinha um número surpreendentemente baixo de placas amiloides no córtex cerebral, mas uma quantidade normal de fibrilas de Alzheimer, que supostamente causam morte neuronal direta.
O que cada um de nós pode fazer a fim de reduzir o risco de contrair a doença de Alzheimer? Primeiramente, evitar os fatores de risco. Contra alguns deles, como o envelhecimento, não se pode fazer muita coisa. Há, porém, estudos que indicam uma possibilidade mais viável de prevenção: quanto maior a escolaridade e a formação profissional, menor o risco de contrair a doença na velhice. Talvez neurônios mais ativos ofereçam mais resistência à enfermidade, ou a rede neuronal se associe com mais firmeza após uma formação intelectual ampla, opondo maior resistência à lesão. Mas essa formação é ineficaz quando a enfermidade já está instalada. E, de fato, as tentativas nesse sentido foram contraproducentes.
Existem, além disso, indícios de que os antioxidantes da alimentação reduzem o risco de contrair a doença. Algumas substâncias, como as vitaminas C e E, encontradas em frutas, legumes (brócolis) e chá (verde e preto), parecem diminuir a quantidade das espécies reativas de oxigênio que, aparentemente, intervêm de maneira decisiva nos processos normais de envelhecimento.

Fonte: Scientific American Mente Cérebro

Desafios digitais

Infindável mundo de possibilidades, também para as crianças, a internet faz parte cada vez mais cedo da vida delas. No entanto, é preciso cuidado para educar os filhos na era dos tablets e smartphones

Shutterstock

Assim como acontece em relação aos adultos, para as crianças a internet também é um maravilhoso mundo de possibilidades. Tanto que seu uso tornou-se corriqueiro nas escolas, onde esse conhecimento por parte das crianças já é tido como certo. Por isso mesmo, elas podem e precisam ser estimuladas e orientadas a navegar desde cedo. E pelos pais! Hoje já se espera que as crianças estejam desenvoltas ao navegar pela rede, ao brincar com jogos interativos e ao se comunicar com os amigos e professores. Também é desejável que sejam autossuficientes nas buscas e pesquisas para seus trabalhos escolares. E sabemos que, quanto mais navegam, mais absorvem conhecimentos vários e vão se aprimorando na exploração do mundo digital em si, gerando uma contínua autoaprendizagem. Fantástico! Entretanto, há riscos.
Tanto acidentalmente quanto movidas pela própria curiosidade, as crianças vão acabar acessando material impróprio para sua idade, imagens que podem ser excessivamente impactantes ou nocivas para a formação de sua personalidade. Imaturas e emocionalmente vulneráveis, elas precisam caminhar sobre um terreno mais seguro para ter um desenvolvimento saudável. Por isso é tão importante estar ciente do que é que elas ouvem e veem na internet, que tipo de informação e conteúdo pesquisam, compartilham e com quem. Só assim é possível conversar sobre isso tudo com elas e orientá-las de acordo com a visão de mundo dos pais.

Tanto acidentalmente quanto movidas pela própria curiosidade, as crianças vão acabar acessando materialimpróprio para sua idade, imagens que podem ser excessivamente nocivas para a formação de sua personalidade

É preciso que as crianças estejam sob a vista dos pais, para que eles acompanhem sua evolução e descobertas. Os pais devem também ser capazes de ir apresentando-lhes opções interessantes e divertidas, brincando junto, tornando-se parceiros na sua vivência e aprendizado, compartilhando conhecimento e aquisição de conteúdo, além de diversão. Assim, do mesmo modo que é saudável discutir com as crianças um filme assistido juntos, para esclarecer alguns pontos e dar orientação sobre valores e princípios éticos, poderão ser dadas coordenadas que manterão as crianças em processo de aprendizado controlado, direcionadas para conteúdo cada vez mais complexo, mas sempre adequado à sua faixa etária e grau de maturidade.
Levando a sério a tarefa de protegê-las dos perigos do mundo digital, os pais estarão se atualizando sobre os potenciais riscos on-line. Além disso, monitorando o uso que seus filhos fazem da rede, os pais poderão ajudá-los a navegar em segurança. Embora os responsáveis possam (e devam) contar com ferramentas que ajudem a controlar o acesso das crianças a conteúdo adulto e inibam a ação de predadores, ainda assim nada garante que elas estarão 100% seguras. Daí ser tão importante seguir de perto suas atividades na internet e educá-las gradativamente sobre os riscos do mundo on-line.
A preocupação com a educação na era da web é um relato constante dos pais no self terapêutico. E isso leva aos profissionais de saúde mental avaliarem esse fenômeno com ainda mais cautela.

Imagens: shutterstock
É mais do que recomendável que as crianças estejam sob a vista dos pais, para que eles acompanhem sua evolução e descobertas no universo da internet
Proteção 
É preciso entender que, mesmo com a ajuda de bloqueios eletrônicos e proteção ou limitações definidas por dispositivos legais, a única proteção eficiente que as crianças podem ter é a ação dos pais. Por essa razão, a primeira e mais importante parte de toda essa discussão é que os pais têm que saber, no mínimo, tanto quanto os filhos, enquanto eles forem crianças, sobre a tecnologia a que estão expostos. Ninguém conseguirá proteger o filho daquilo que nem ele mesmo conhece. Como ensiná- lo a utilizar o transporte coletivo que o pai nunca usou? Ou trocar impressões sobre o livro que não leu? O meio digital pode se transformar no melhor amigo da criança, pois oferece uma quantidade incrível de conteúdo estimulante, amigável e útil, sem cobrança nem ônus aparente. Essa ideia costuma ser assustadora para os pais, mas é melhor ter consciência dessa tendência, justamente para poder lidar melhor com ela.

A pior atitude que os pais podem ter é acomodar-se com o sossego que as crianças dão enquanto estão entretidas com seus smartphones ou tablets, achando que por estarem dentro de casa e “quietas” estarão seguras. Elas podem até parecer imóveis fisicamente, mas bastou ficar chato um jogo para fechar e buscar outro, ou mudar de aplicativo, ou iniciar uma nova busca na internet, como fazem os adultos. E não dá para ter controle sobre isso tudo se elas forem deixadas a sós com seus dispositivos. Muito menos se puderem usá-los o tempo todo. O tempo de uso precisa ser limitado e, uma vez estabelecido esse tempo, precisa ser respeitado por todos. Afinal, atividades esportivas, brincadeiras ao ar livre e em grupo não saíram de moda e continuam sendo o meio mais saudável e eficiente que as crianças têm para a socialização.

Levando a sério a tarefa de proteção dos perigos do mundo digital, os pais estarão se atualizando sobre os potenciais riscos on-line. Além disso, poderão ajudá-los a navegar em segurança

Imagens: shutterstock
O tempo de utilização das ferramentas digitais deve ser restrito, até mesmo porque brincadeiras ao ar livre continuam sendo o meio mais saudável de socialização e equilíbrio emocional
O mundo on-line e os aparelhos eletrônicos já fazem parte da vida diária, e isso é inegável. Então, uma boa dica é explorar o infindável mundo da internet junto com as crianças. Estimulá-las desde cedo com conteúdos lúdicos e adequados à sua fase de desenvolvimento e interesse é uma forma positiva de desviá-las de uma navegação demasiadamente aberta, em que correria maior risco de encontrar materiais inadequados.
Acompanhá-los enquanto baixam e usam novos aplicativos e navegam pelos websites que mais gostam também é uma forma de se inteirar e participar da vida deles, acompanhando de perto, de forma ativa e não invasiva, o que estão fazendo. A atitude dos pais deverá ser parecida com a que teriam ao sentar-se com as crianças para montar um Lego ou brincar com um jogo de tabuleiro. Aliás, essa é uma dica que vai continuar valendo sempre. Nada melhor do que participar da vida dos filhos, acompanhar e tentar entender do que eles gostam e fazem, seu estágio de aprendizagem, nível de dificuldades, talentos que começam a despontar etc. Tudo isso para estar perto deles, estreitando laços e cumplicidade para minimizar as chances de ter surpresas desagradáveis. É preciso, ainda, falar com as crianças sobre essas preocupações, a fim de que fiquem cientes que há perigo na rede e possam ter a liberdade de expressar-se caso sinta algo estranho.

O meio digital pode se transformar no melhor amigo da criança, pois oferece uma quantidade incrível de conteúdo estimulante e útil, sem cobrança nem ônus aparente. Essa ideia é assustadora para os pais

Quando se colocam regras, as crianças costumam reclamar e elas sempre tentarão desobedecer. É natural que seja assim, é seu papel porque são imediatistas e movidas pelo instinto do prazer. Cabe aos pais serem sensatos ao decidir quais limites impor e serem coerentes para cobrar que esses limites sejam respeitados. É quase inevitável que, mesmo esforçando-se muito para manter-se atuante e antenado, em algum momento os pais vão se dar conta de que seus filhos já sabem mais do que eles sobre toda a parafernália tecnológica. E aí, o que vai contar mesmo, é a qualidade da relação e reciprocidade de confiança que se estabeleceu entre filhos e pais. Eles levarão alguns sustos, tropeçarão aqui e ali e poderão sofrer também, mas estarão aparelhados para superar o que vier, porque os pais os acompanharam enquanto puderam. Na medida do possível, poderão contar com os pais para apoiá-los. Ou terão aprendido a se defender sozinhos, com o apoio recebido desde sempre.
Não gosto de tons alarmistas quando uma orientação sutil basta, mas este não me parece ser o caso, infelizmente. Recomendo enfaticamente, como profissional da área PSI , que os pais busquem constantemente toda informação e orientação que for possível em fontes confiáveis. Ao invés de repetir aqui as dicas dos profissionais em tecnologia, preferi deixar que eles falem por si mesmos, melhores conhecedores que são nesse tema. Por isso, veja no final deste texto algumas referências e endereços de especialistas que, no conjunto, poderão ajudar bastante neste momento. No entanto, a tecnologia evolui tão rapidamente que é preciso seguir se atualizando e buscando novas fontes mais recentes o tempo todo. Os perigos a que as crianças e adolescentes estão expostos são tantos e tão difíceis de serem evitados que a chance de algo desagradável acontecer não é pequena se os pais não estiverem próximos e bem informados. Há links maliciosos, rastreamento facilitado, assédio, bullying, spam, plugins, abuso, “amizades” mal-intencionadas, difamação, golpes diversos, pedofilia, montagem de imagens etc., uma lista infeliz de situações que ocorrem, triste dizer, diariamente com internautas desavisados. Isso sem falar nos acessos acidentais a conteúdos e imagens perturbadoras de violência e pornografia.

PARA SABER MAIS
SENADO TENTA PROTEGER CRIANÇA DE CRIMES DIGITAIS 
No Brasil, a preocupação em relação aos crimes contra crianças na web vem mobilizando autoridades. O Senado não está fora dessa discussão. Por uma decisão do Plenário da Casa, os provedores de internet, redes sociais e empresas de telecomunicações terão necessariamente de preservar dados cadastrais e de conexão dos usuários, além de transferir, com mais rapidez, as informações aos órgãos de investigação policial. A aprovação do texto tenta avançar na direção de uma efetiva repressão aos crimes sexuais cometidos contra crianças e adolescentes, por intermédio da internet. O Congresso Nacional debatia, havia algum tempo, uma maneira de monitorar a internet em relação a esse tipo de crime. Segundo a lei, os provedores e as empresas de telecomunicações deverão manter os dados dos usuários por, pelo menos, três anos. O prazo para as redes sociais é de, no mínimo, seis meses. A Polícia Federal e o Ministério Público podem pedir a preservação dos dados independentemente de autorização judicial. Outro avanço conquistado com a aprovação da lei é a responsabilidade solidária, na qual as empresas prestadoras de serviço de internet terão de denunciar aos organismos de investigação qualquer informação a respeito da prática de crime sexual contra menores de idade.

A pior atitude que os pais podem ter é acomodar-se com o sossego que as crianças dão enquanto estão entretidas com seus smartphones ou tablets, achando que por estarem dentro de casa estarão seguras
Disfunções emocionais 

Outra questão que começa a ganhar importância entre os profissionais de saúde refere-se a possíveis disfunções emocionais e comportamentais decorrentes do início precoce do uso de meios digitais, aliado ao seu uso excessivo. A Sociedade Brasileira de Pediatria, a exemplo da American Academy of Pediatrics, aconselha que as crianças sejam apresentadas ao mundo digital somente a partir dos dois anos de idade. Também estabelece que esse uso seja bastante reduzido, priorizando-se sempre as interações pessoais. Mas não é isso que está ocorrendo. Hoje muitas crianças começam a interagir com tablets e outros dispositivos com menos de um ano de idade. E crescem usando-os continuamente, como vêm fazendo as crianças mais velhas, adolescentes e adultos. E quanto à comunicação, feita preferencialmente por mensagens de texto e envio de emojis, sem dúvida há potencial para acelerar o processo de alfabetização, mas de um modo muito diferente de tudo aquilo que vimos até aqui. Como lidar com essa realidade que se impôs irreversivelmente, subvertendo de tal modo a ordem das coisas que tornou obsoleto quase todo o conhecimento que detínhamos?

Talvez devamos lançar um novo olhar sobre toda a problemática da aprendizagem e admitir que não estamos devidamente preparados para ensinar nossas crianças. Elas sabem menos do que os seus professores, evidentemente, mas a maioria delas têm mais domínio do que eles em outras competências, como a tecnologia. E essa competência lhes dá acesso imediato e muito direto ao conhecimento, em vários casos prescindindo mesmo do professor. Nunca antes houve tal situação em nossa história. Como afirmou Ray Kurzweil, futurista e diretor de Engenharia do Google, “uma criança na África com um smartphone tem mais poder na sua mão do que o presidente dos Estados Unidos tinha 15 anos atrás, em termos de acesso ao conhecimento e à informação!”.

Uma questão que começa a ganhar importância entre os profissionais de saúde refere-se a possíveis disfunções emocionais e comportamentais decorrentes do início precoce do uso de meios digitais, aliado ao seu uso excessivo

A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que as crianças sejam apresentadas ao universo digital apenas a partir dos dois anos de idade

Mas e o equilíbrio entre o seu desenvolvimento emocional e intelectual, que lhe sustente e proporcione maturidade para assimilar de forma saudável todo esse aprendizado tão precocemente? E o que dizer dos pais modernos que, a pretexto de estar presentes na rotina dos filhos, enviam-lhes várias mensagens de texto ao dia? Alguns pediatras e especialistas em orientação de pais afirmam que essas crianças não estão se conectando emocionalmente com qualidade, devido à pouca vivência de contato olho no olho. Elas estariam com dificuldade de identificar e interpretar expressões faciais e não desenvolvem empatia porque não praticam o contato visual. Segundo Marc Brackett, da Universidade de Yale, “as crianças querem ser abraçadas e tocadas, elas precisam ter suas necessidades básicas supridas, e não receber mensagens de texto de seus pais”.

Comunicar-se não é apenas conhecer e ler as palavras, envolve o tom de voz, o olhar, as expressões faciais, a linguagem corporal, muitos sinais que são percebidos somente na relação pessoal

Imagens: shutterstock
Crianças negligenciadas e sós sempre existiram. A diferença é que antes, na ausência dos tablets e smartphones elas se ocupavam de outro modo e corriam outros perigos.
Relação pessoal 

As crianças continuam precisando passar mais tempo conversando pessoalmente, correndo, andando de bicicleta e expressando-se diretamente com outras crianças, sendo impactadas com a relação pessoal. Crianças que gastam muito tempo se comunicando através de tecnologias não conseguem desenvolver as habilidades básicas de comunicação que as pessoas vêm usando desde sempre. Comunicar-se não é apenas conhecer e ler as palavras, envolve o tom de voz, o olhar, as expressões faciais, a linguagem corporal, muitos sinais que são percebidos somente na relação pessoal. É importante que a família invista em ter momentos de descontração e interação não mediada pela tecnologia, e creio também que o limite e a adequação a cada caso precisam ser pensados em conjunto pelo casal. A seguir, o casal deverá ouvir também o ponto de vista das crianças e, juntos, poderão escolher o melhor formato para sua rotina diária. Se a escolha conseguir contemplar tanto os interesses de cada um quanto a preservação dos hábitos saudáveis básicos, como respeitar as horas de sono, alimentação, estudos e atividade física, com compartilhamento pessoal das experiências, ótimo!


Não vejo, porém, por que culpar a tecnologia. Afinal de contas, crianças negligenciadas e sós sempre existiram. A diferença é que antes, na ausência dos tablets e smartphones, elas se ocupavam de outro modo. A ideia central para se ter em mente é que, com base na confiança e no diálogo, é possível criar um ambiente de confidencialidade e conexão forte, natural entre pais e filhos. E ao se construir esse universo que favorece o verdadeiro relacionamento, as crianças vão sendo preparadas de forma eficiente para lidar com todos os riscos do mundo, sejam eles digitais ou não.

REFERÊNCIAS
Childhood Brasil. Navegar com segurança. Disponível em: <http://www.childhood.org.br/programas/navegar-com-seguranca> Acesso em: 18 ago. 2015.
Dantas, R. Como evitar que crianças tenham acesso a conteúdo adulto na internet. In: Techtudo.
Davis, K.; Gardner, H. The App Generation. New Haven: Yale University Press, 2013.
Google. Central de segurança. Disponível em: <http://www.google.com.br/intl/pt-BR/safetycenter/> Acesso em: 18 ago. 2015.
InternetSegura. Ensinando seus filhos e alunos a se protegerem dos riscos da internet. Disponível em: <http://internetsegura.br/ensinando-filhos-alunos/> Acesso em: 18 ago. 2015.
Johnson, C. Face time vs. screen time: the technological impact on communication. In: Deseret News National Edition. Disponível em: <http://www.deseretnews.com/article/865609628/How-technologyis-changing-the-way-we-communicate.html> Acesso em: 18 ago. 2015.
KidsHealth. For parents section. Disponível em: <http://kidshealth.org/Search01.jsp?SearchSection=1&Mode=Search&SearchTextArea=internet#cat20141> Acesso em: 18 ago. 2015.
McLaughlin, R. Por que eu apaguei fotos e vídeos dos meus filhos da internet. In: Gizmodo Brasil.
Disponível em: <http://gizmodo.uol.com.br/por-que-apaguei-meus-filhos-da-internet/> Acesso em: 18 ago. 2015.
Sociedade de Pediatria de São Paulo. Segurança de crianças e adolescentes na internet. Disponível em: <http://www.spsp.org.br/site/asp/materias.asp?id_pagina=909&Sub_Secao=24> Acesso em: 18 ago. 2015.
Viana, G. Oito motivos para não criar um perfil no Facebook para uma criança. In: Techtudo.
Zuckerberg, R. Dot. New York: HarperCollins Publishers, 2013.

Mariuza Pregnolato é psicóloga clínica, especialista em Análise Comportamental e Cognitiva pela Universidade de São Paulo e em Análise Junguiana pelo Instituto Sedes Sapientiae. www.mariuzapregnolato.com.br

Fonte: Revista Psique

Memória digital está prejudicando memória humana

Dependência tecnológica
O uso indiscriminado de tecnologias digitais está enfraquecendo a memória dos seres humanos.
Uma empresa de segurança digital sediada no Reino Unido constatou que as pessoas vêm recorrendo aos computadores e aparelhos móveis para guardar novas informações, em vez de usar seus próprios cérebros.
Segundo a pesquisa, muitos adultos que ainda se lembravam de números de telefone durante a infância não conseguiam memorizar os números de telefone do trabalho ou de parentes próximos.
Lembrança digital
O estudo, que analisou os hábitos de memória de 6 mil adultos no Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Espanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, constatou que mais de um terço dos entrevistados afirmou que recorreria primeiro a computadores e dispositivos móveis para buscar informações do que à própria memória.
A professora Maria Wimber, da Universidade de Birmingham (Inglaterra), disse que o hábito de usar as máquinas para buscar informação "impede a construção de memórias de longo prazo".
Segundo ela, o processo de memorização de dados é "uma forma muito eficiente para criar uma memória permanente. Por outro lado, buscar informações continuamente na internet não cria uma memória sólida e duradoura."
Amnésia digital
O estudo, patrocinado pela Kaspersky Lab, empresa de segurança digital sediada no Reino Unido, constatou que as pessoas se acostumaram a usar computadores como uma "extensão" de seus próprios cérebros.
Trata-se da chamada "amnésia digital", pela qual as pessoas se esquecem de informações importantes pois acreditam que podem buscá-las imediatamente na internet.
"Existe também o risco de que o registro constante de informação em dispositivos digitais nos torna menos propensos a guardar informações de longo prazo, e até nos distrair de memorizar corretamente um acontecimento da forma como ele ocorre," afirmou Wimber.
Fonte: Diário da Saúde

Emoções positivas geram comportamentos saudáveis para o coração

Emoções positivas geram comportamentos saudáveis para o coração
A ressalva é que o cultivo das emoções positivas não pode se fundamentar em falsidades: Sorria apenas quando tiver vontade.

Cabeça Feliz, coração feliz
Pessoas com doenças cardíacas podem se beneficiar da manutenção de emoções positivas.
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores acompanharam mais de 1.000 pacientes com doenças coronárias ao longo de cinco anos.
Os pacientes que relataram estados psicológicos mais positivos mostraram-se mais propensos a ser fisicamente ativos, dormir melhor, não esquecer de tomar seus medicamentos para o coração e serem menos propensos a fumar - tudo em comparação com os pacientes com níveis mais baixos de emoções positivas.
"É bem conhecido o fato de que as emoções negativas e a depressão têm efeitos nocivos para a saúde, mas é menos clara a forma como as emoções positivas podem ter efeitos protetores da saúde," disse a professora Nancy Sin, da Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA).
"Nós descobrimos que as emoções positivas estão associadas com uma variedade de hábitos de saúde a longo prazo, que são importantes para reduzir o risco de problemas cardíacos futuros e morte," completou.
Emoções positivas e saúde
Há uma série de razões pelas quais as emoções positivas estão ligadas a bons hábitos de saúde, sugerem os pesquisadores.
As pessoas com maior bem-estar podem ser mais motivadas e persistentes em se engajar em comportamentos saudáveis. Elas podem ter mais confiança nas suas capacidades para manter rotinas saudáveis, como fazer exercícios físicos e reservar o tempo adequado para o sono.
As emoções positivas podem também permitir que as pessoas ajustem melhor as suas metas de saúde e lidem proativamente com o estresse e com fracassos.
E estas são informações que podem ser utilizadas pelos cuidadores e profissionais de saúde: "Esforços para manter ou aumentar as emoções positivas podem ser promissores para a promoção de melhores comportamentos de saúde," disseram os pesquisadores.
Fonte: Diário da Saúde