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terça-feira, 29 de julho de 2014

Formando e transformando vidas

Educadores e pais devem compreender que, conforme os estudos da neurociência apontam, as competências emocionais e a competência relacional contribuem para o processo de aprendizagem e ajudam na missão de ensinar
                                        IMAGEM: SHUTTERSTOCK
A educação, em todos os seus sentidos, forma e transforma vidas. A escola tem a importante e árdua tarefa de orientar os jovens, guiá-los e ajudá-los a transformar seus sonhos em realidade, em projetos a serem realizados no decorrer de toda a sua vida, com serenidade e satisfação.
Como educadores, professores e pais, precisamos conhecer os aspectos da interação que ocorre entre o sentir e o aprender, a emoção e a imaginação e compreender que, conforme os estudos da Neurociência conf irmam, as competências emocionais e a competência relacional contribuem, de forma determinante, para o processo de aprendizagem do aluno. Ajudam o educador na sua missão de ensinar, ato por meio do qual são transmitidas, também, emoções, sentimentos, atitudes, crenças e valores que exercem uma inf luência profunda nos alunos.
É na escola que são construídas as crenças e os valores que definem a direção e norteiam a vida do ser humano. É nesse contexto que é estimulada a vontade do aluno em descobrir o mundo, voar alto para poder ter uma visão ampla da realidade, aprofundar o conhecimento e se tornar livre nas próprias escolhas.
Quais os conhecimentos fundamentais que ajudam o aluno aprender a aprender? A formação do jovem é um direito e um fator estratégico da sua vida para poder ter os instrumentos essenciais para administrar as mudanças, realizar objetivos e viver na sociedade de forma autônoma e responsável.
O desafio da escola é equilibrar as exigências de passar conteúdos, com a necessidade de estimular no aluno a capacidade de compreender e interpretar a realidade. Nesse contexto, permanecem válidos os quatro pilares da educação:
- Aprender a conhecer, ter a cultura e o conhecimento de base para poder, progressivamente, adquirir mais conhecimentos;
- Aprender a fazer e transformar esse conhecimento em competências para a vida pessoal e profissional;
- Aprender a viver com as outras pessoas, fortalecer o respeito pela diversidade, cooperação e cidadania;
- Aprender a ser quer dizer assumir as próprias responsabilidades para construir o futuro.

Tendo esses pilares como ponto de partida, podemos aprofundar algumas reflexões, como:
- O desafio da escola é permitir ao aluno aprender a pensar, educando a sua inteligência, fortalecendo uma disciplina do pensamento, estimulando a curiosidade e a perseverança, orientando-o em direção ao futuro, permitindo-o abrir-se a novos horizontes, que são possíveis de enxergar só graças à escola e à educação;
- Outro desafio da educação e da escola é ajudar a pessoa a ser ela mesma, a se descobrir e a se realizar nas suas potencialidades. Além de saber discernir e avaliar as experiências da vida com originalidade, seguindo os próprios valores, indo em direção aos seus sonhos com coragem e confiança, fazendo escolhas e podendo interagir na sociedade e na cultura para mudá-las e transformá- -las, quando necessário. Assim temos a formação da consciência como capacidade de construir e expressar opiniões em relação à realidade.


É NA ESCOLA QUE O JOVEM COMEÇA A DESENVOLVER A CONSCIÊNCIA ACERCA DAS SUAS ESCOLHAS, PODER PESSOAL E CAPACIDADE DE DISCERNIMENTO. É A PONTE QUE LIGA A INFÂNCIA AO INÍCIO DA VIDA ADULTA. E, JUNTO COM OS PAIS, OS PROFESSORES SÃO OS MESTRES QUE AUXILIARÃO AS CRIANÇAS A AMADURECER E A CUMPRIR TAL TRAVESSIA

- A educação acontece se existe uma relação verdadeira de atenção, confiança e respeito entre os envolvidos. A ação educativa se realiza só com a participação ativa do aluno, e o interesse pelo conhecimento por parte dele passa pela credibilidade dos professores, construída por meio da qualidade do relacionamento que se consegue instaurar.
A relação interpessoal é a base da relação educativa, em que o educador e o educado se abrem com e para o outro, na construção de um diálogo. O outro é, obrigatoriamente, o meio para chegar à compreensão de si mesmo e do mundo. Por isso, o educador não impõe, mas propõe, indica oportunidades e caminhos para o aluno poder se movimentar em uma sociedade em constante mudança.
É na escola que o jovem começa a desenvolver a consciência acerca das suas escolhas, poder pessoal e capacidade de discernimento. É a ponte que liga a infância ao início da vida adulta. E, junto com os pais, os professores são os mestres que auxiliarão as crianças a amadurecer e a cumprir tal travessia, de forma saudável e construtiva.
Falar de futuro nunca foi simples. Porém, quando falamos em educação, devemos ter como ponto de partida e alicerce a confiança no futuro e, generosamente, transmitir para as novas gerações a paixão e a força para construir o amanhã e transformar sonhos em vida.
Lembro de um antigo provérbio canadense, que resume a essência de tudo que falamos: "Aos nossos jovens, precisamos dar raízes, para poderem ser fortes como sequoias; e asas, para serem livres como águias".

                   IMAGEM: SHUTTERSTOCK
Eduardo Shinyashiki é palestrante, consultor organizacional, escritor e especialista em Desenvolvimento das Competências de Liderança e Preparação de Equipes. Presidente da Sociedade Cre Ser Treinamentos, colabora periodicamente com artigos para revistas e jornais. Autor dos livrosViva como Você Quer Viver, A Vida é um Milagre e Transforme seus Sonhos em Vida - Editora Gente. Para mais informações, www.edushin.com.br.

Fonte: Psique

Disponível em: <
http://portalcienciaevida.uol.com.br/esps/Edicoes/102/artigo319302-1.asp>. Acesso em: 29 jul. 2014

Praticantes de sexo casual têm maior tendência à depressão e ansiedade

Estudo com 4 mil universitários relaciona esse comportamento a menor autoestima e menos satisfação com a vida

Duas pessoas desconhecidas trocam olhares num bar e iniciam uma conversa. Depois de apenas algumas bebidas e risadas, decidem dormir juntos. Agindo assim, muitos sentem a confiança renovada; outros, profundo arrependimento. O cotidiano está repleto de cenas como essa. Mas, afinal, sexo casual é psicologicamente saudável?

Pesquisas recentes apontam que aproximadamente 75% dos norte-americanos e europeus começam a vida sexual antes dos 20 anos, muito antes de se engajar num relacionamento de longo prazo. Psicólogos se referem ao período entre os 18 e 25 como “idade adulta emergente”, uma época em que, geralmente, percebemos as inúmeras possibilidades que a vida oferece e experimentamos maior liberdade social. Isso favorece o comportamento de manter múltiplos parceiros sexuais.

Para investigar a questão, a psicóloga Melina Bersamin, da Universidade do Estado da Califórnia, liderou um estudo em que entrevistou 4 mil universitários heterossexuais de ambos os sexos e de diferentes etnias sobre suas experiências sexuais casuais recentes (nos últimos 30 dias, com alguém que haviam conhecido havia uma semana ou menos). Em média, 11% admitiram praticar sexo casual: 18,6% dos homens e 7,4% das mulheres. Curiosamente, quando os pesquisadores exploraram o bem-estar desse grupo, observaram mais estresse, menor autoestima e menos satisfação com a vida. Além disso, maior tendência à depressão e ansiedade, segundo publicado no Journal of Sex Research.

Os pesquisadores ainda não conseguiram determinar se o sexo casual leva ao sofrimento psicológico ou se pessoas com histórico de dificuldades emocionais apresentam esse comportamento. Os resultados preliminares, porém, abrem portas para futuras pesquisas sobre relações causais entre hábitos sexuais e saúde mental.

Fonte: Scientific American Mente Cérebro

Reeditando

Antipsicóticos estão relacionados à atrofia cerebral em pessoas com esquizofrenia

Estudo que durou nove anos mostra que o aumento da dosagem de medicação é proporcional aos efeitos

             
À medida que envelhecemos, o cérebro perde células e conexões neurais. Essa consequência natural, chamada de atrofia, geralmente começa por volta dos 30 anos e se intensifica na velhice. Pessoas com esquizofrenia, porém, apresentam redução mais acelerada, de acordo com diversos estudos. A novidade é que a diminuição mais rápida da massa cerebral de pacientes com a patologia pode estar relacionada ao uso de drogas antipsicóticas, sugerem pesquisadores da Universidade de Oulu, na Finlândia, e da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Os cientistas compararam imagens do cérebro de 33 voluntários com a doença com o de 71 indivíduos saudáveis (grupo de controle) em um estudo longitudinal de nove anos (dos 34 aos 43). Eles observaram que os primeiros perderam volume cerebral a uma taxa de 0,7% por ano; o restante, a 0,5%. Quanto mais aumentava a dosagem de medicação, mais a atrofia se pronunciava. Curiosamente, não observaram nenhuma evidência de efeitos negativos dessa redução na saúde mental dos pacientes durante o período do estudo, que durou quase uma década.

Os resultados, publicados na PLOS ONE,podem ajudar a desenvolver parâmetros que auxiliem médicos a dosar a medicação com maior precisão em tratamentos de longo prazo. “Isso não autoriza os pacientes a interromper ou diminuir o uso de drogas antipsicóticas receitadas”, alerta o psiquiatra Graham Murray, um dos autores da pesquisa. “Ainda são necessários estudos com amostras maiores e maior tempo de acompanhamento para avaliar os efeitos dessas alterações cerebrais.”

Fonte: Scientific American Mente Cérebro

Cibercondri@ a saúde em segundo plano

A ansiedade induzida como resultante de buscas on-line relacionadas à saúde é uma atividade que vem aumentando de forma exponencial no campo da ciberpsicologia, ainda que existam poucos estudos nesta área
               Imagem: Shutterstock
Igor Lins Lemos é psicoterapeuta cognitivo-comportamental, tutor da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) e doutorando em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento (UFPE). É palestrante e pesquisador das dependências tecnológicas. Contato: igorlemos87@hotmail.com

Indubitavelmente, a Internet revolucionou os modelos de comunicação, permitindo também que novas formas de entretenimento fossem desenvolvidas, assim como o acesso às informações dos mais variados conteúdos. A World Wide Web remodelou também os antigos padrões de relacionamentos, seja por meio das redes sociais, dos fóruns ou dos programas de interação em tempo real, disseminados também nos celulares. Não apenas essas modificações foram provocadas pelo avanço da cibercultura como também o acesso à saúde foi reformulado para novos padrões. Atualmente, é possível, por exemplo, verificar resultados de exames de sangue no endereço eletrônico do laboratório ou acessar sites sobre saúde mental e de planos de saúde sem sair de casa.
Apesar dos diversos benefícios da Internet para a saúde humana, outra manifestação psicopatológica (vinculada ao campo eletrônico) vem sendo discutida, além da dependência de jogos eletrônicos, Internet, cibersexo e celular: a cibercondria. O nome é um neologismo dos termos ciber e hipocondria. Apesar de parecer ofensivo, pesquisadores revelam que a intenção é que a etimologia da cibercondria não seja compreendida como sendo pejorativa.
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A Internet revolucionou os modelos de comunicação, permitindo também que novas formas de entretenimento fossem desenvolvidas, assim como o acesso às informações dos mais variados conteúdos

O que é hipocondria?
Para uma compreensão mais acurada da cibercondria é imprescindível ressaltar o que é a hipocondria. De acordo com o DSM-IV, a hipocondria é uma preocupação associada ao medo ou à ideia de sofrer de uma enfermidade, com base em uma interpretação errônea de sintomas ou funções corporais, em que o indivíduo teme sofrer de uma doença grave, apesar de avaliações e garantias médicas apropriadas. No DSM-IV, a hipocondria estava inclusa no grupo dos transtornos somatoformes, que são caracterizados pela presença de sintomas físicos que sugerem uma condição médica geral, mas que não são explicados por uma condição clínica, por efeito de substâncias ou por outro transtorno mental. A hipocondria distinguia-se dos demais transtornos somatoformes pelo fato de a ideia de ter uma doença grave ocorrer não somente no curso do transtorno de somatização (DIB, VALENÇA e NARDI, 2006).

Para atingir os critérios da somatic symptom disorder, os pacientes devem ter um ou mais sintomas somáticos, com os quais há excessiva preocupação
Para atingir os critérios da somatic symptom disorder, os pacientes devem ter um ou mais sintomas somáticos com os quais eles são excessivamente preocupados. Esses medos e comportamentos corroboram em um estresse e uma disfunção que são significativos para esses sujeitos, além de usarem frequentemente serviços de saúde nos quais raramente eles são reassegurados. Em relação à illness anxiety disorder, o paciente pode ou não ter uma condição médica, mas apresenta um aumento das sensações corporais e é intensamente ansioso no que se refere à possibilidade de ter uma doença sem diagnóstico, ou devota um tempo excessivo em relação às preocupações com sua saúde, frequentemente buscando informações, obsessivamente, sobre sua possível condição médica.
De acordo com grupos de especialistas, críticas podem ser feitas a estas novas classificações, já que com tão poucos critérios possivelmente haveria um aumento epidemiológico significativo. Entretanto, o que ocorrerá, de acordo com o novo manual, é o oposto, após 20 anos de reformulações sobre a hipocondria: sujeitos com queixas de saúde que sejam coerentes com seu estado clínico não mais serão diagnosticados, de acordo com o novo critério do DSM-V.

A procura de informações sobre sintomas e doenças na Internet é comum e, muitas vezes, serve a propósitos úteis

Fantasia ou realidade?

Maria saía da faculdade em uma sexta-feira, tarde da noite, e, caminhando em direção ao ponto de ônibus, sentiu uma forte dor de cabeça repentina. Pensou, inicialmente, que não seria nada de mais, "apenas um sinal de que a semana havia sido longa e cansativa". A dor foi intensificando no caminho para casa e, ao chegar a sua residência, ela se lembrou de que não poderia consultar um médico naquele horário, apenas em emergências de hospitais. Pensamentos catastróficos começaram a surgir: "e se isso for uma doença séria?", "e se eu morrer?", "isso nunca aconteceu com tanta intensidade antes, pode ser um sinal muito ruim".

Decidiu buscar informações na Internet, no Google em especial, sobre a sua dor de cabeça, e ficou assustada com a quantidade de mensagens dissonantes sobre esse sintoma (de TPM a tumores cerebrais). Em seguida, sua visão passou a ficar embaçada e um aumento significativo de sudorese ocorreu. Juntou todos estes sintomas em uma busca na Internet e, levemente tonta, encontrou um fórum que discutia sobre doenças incuráveis. "Estou ficando mais ansiosa", pensou. Ficou ainda mais assustada com as novas possibilidades e correu para o banheiro, enjoada, e vomitou. Sentiu um grande alívio imediatamente. Mas sua preocupação não passou. No dia seguinte, foi ao clínico geral: na entrevista, foi descoberto que havia ingerido alimento malconservado , um cachorro-quente com um gosto suspeito no intervalo de uma das aulas. Mas por qual razão Maria não se lembrou desse fato? Por qual razão ela recorreu à Internet para ficar mais tranquila, embora o que aconteceu tenha sido justamente o oposto? Ainda em dúvida sobre o problema, ela acessou a Internet novamente para saber se o seu médico poderia estar errado. Um ciclo se iniciava.
Apesar de ser uma ficção, este fenômeno ocorre com muitas pessoas ao redor do mundo, que, logo imediatamente a mudanças corporais, recorrem à Internet para saber como resolver o seu problema; e esta queixa se expande a muitas outras, desde dores no peito e menstruação atrasada até dores estomacais. No caso de Maria, a Internet apenas aumentou a sua ansiedade. Será, então, que Maria sofre de cibercondria?
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Apesar dos diversos benefícios da Internet para a saúde humana, outra manifestação psicopatológica (vinculada ao campo eletrônico) vem sendo discutida, além da dependência de jogos eletrônicos, Internet, cibersexo: a cibercondria

Novo fenômeno psiquiátrico?

A procura de informações sobre sintomas e doenças na Internet é comum e, muitas vezes, serve a propósitos úteis. De acordo com Aiken e Kirwan (2012), a Internet é um valioso recurso na busca de informações médicas e continuará sendo por muitos anos. Porém a web tem, em paralelo, o poder de aumentar a ansiedade dos indivíduos que não tiveram treinamento médico quando estes buscam diagnósticos em websites. Dessa forma, atualmente, diversas pessoas que são excessivamente angustiadas ou muito preocupadas com a sua saúde realizam pesquisas constantes na Internet e apenas se tornam mais ansiosas ou amedrontadas: este padrão é definido como cibercondria, termo que surgiu em meados de 2000.
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Novas denominaçõesA hipocondria foi substituída por outras denominações no segundo semestre de 2013, agora no DSM-V, lançado há pouco menos de um ano. Uma das maiores modificações foi justamente neste grupo psiquiátrico, anteriormente classificado dentro de um dos transtornos somatoformes. A hipocondria não mais tem esta caracterização, tendo sido voltada para outras duas possibilidades: a somatic symptom disorder ou a illness anxiety disorder (ainda sem traduções para o português).

A cibercondria é um novo fenômeno. A ansiedade induzida como resultante de buscas on-line relacionadas à saúde é um sintoma que vem aumentando de forma exponencial, sendo relacionada ao campo da ciberpsicologia, ainda que existam poucos estudos neste campo. De acordo com o Office for National Statistics (2011), 42% das famílias do Reino Unido acessaram a Internet nos últimos três meses em busca de informações relacionadas à sua própria saúde. É sugerido que "saúde" seja o segundo tema mais procurado na Internet.

PARA SABER MAIS
Sinais condizentes com um "cibercondríaco"

a) foca no pior cenário possível para o seu problema, sem outras explicações mais amenas possíveis (uma dor de cabeça, que pode ser explicada de várias formas, confunde-se com um tumor incurável);
b) não se recorda da sua última condição médica que não foi consultada na Internet;
c) se sente pior quando interrompe o uso do computador/celular (sintoma semelhante à abstinência, condizente com as dependências tecnológicas);
d) não é 100% seguro em relação aos seus sintomas;
e) os endereços eletrônicos nos seus "favoritos" são de websites médicos, em vez de sites de esportes, revistas ou portais;
f) esta condição de preocupação recorrente domina a vida do indivíduo, interferindo significativamente na sua qualidade de vida.

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O termo "saúde" é considerado o segundo mais procurado na Internet. De acordo com o Office for National Statistics (2011), nos últimos três meses, 42% das famílias do Reino Unido acessaram a Internet em busca por informações de saúde

Ansiedade e cibercondria

Um estudo realizado por Muse et al. (2012) questionou se a cibercondria é um novo fenômeno ou apenas uma classificação equivocada. Por meio de avaliação da ansiedade em um grupo de 82 participantes, 46 deles apresentaram alta ansiedade e 36 indivíduos revelaram ter baixa ansiedade. Os pesquisadores estabeleceram uma hipótese de que quanto maior fosse a ansiedade desses indivíduos, maior seria o comportamento de busca por informações relacionadas à saúde na Internet. Os resultados responderam positivamente a essa indagação. Os participantes mais ansiosos buscavam esse tipo de informação na rede com mais frequência, passavam um tempo maior nesse tipo de busca e consideravam que essa era uma atividade que provocava ainda mais ansiedade. Esse grupo ainda recorria a outroswebsites sobre condições médicas que nunca foram diagnosticadas, liam constantemente sobre experiências de adoecimento de terceiros e participavam ativamente de fóruns relacionados às patologias. Os autores apontam que a busca de informações na rede pode, em vez de beneficiar esses pacientes muito ansiosos, potencializar a ansiedade em relação à própria saúde.

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Medição da cibercondria: Uma das poucas escalas existentes para a mensuração sintomatológica da cibercondria é a cyberchondria severity scale (CSS). O instrumento foi validado por meio de uma amostra de 208 estudantes, sendo 64% do sexo feminino. O instrumento apresenta cinco fatores: "compulsão", "aflição", "excessos", "busca de reasseguramento" e "desconfiança em relação ao profissional médico". McElroy e Shevlin (2014), os autores responsáveis pela escala, apontaram que esta apresentou boas propriedades psicométricas, com alto nível de consistência interna. Dessa forma, a CCS pode se tornar uma opção para uma variedade de pesquisas futuras em relação à cibercondria.Nos Estados Unidos, websites como o WebMD e MayoClinic podem indicar valiosas informações sobre cuidados com a saúde para usuários da Internet. Nestes endereços, os consumidores conseguem saber se os seus sintomas podem indicar uma condição médica séria ou mesmo medos sem fundamentos. Apesar disso, a população geral tem como preferência a busca de informação sobre sua própria saúde em outros endereços, como o Google, o Yahoo! e a Microsoft.
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Uma pesquisa mostrou que os participantes mais ansiosos buscavam em sites informações sobre possíveis sintomas, liam constantemente sobre experiências de adoecimento de terceiros e participavam ativamente em fóruns sobre patologias

Será que uma busca na Internet sobre sua própria saúde é uma atitude negativa? De acordo com White e Horvitz (2009), se essa pesquisa for feita de maneira aleatória, poderá resultar em páginas que tenham conteúdos alarmantes sobre sérios tipos de adoecimentos sem, no entanto, assegurar o usuário de que ele possa, na realidade, apresentar outro tipo de condição médica ou mesmo nenhum tipo de adoecimento. Entretanto, se acometido pela cibercondria, o usuário poderá não considerar essa possibilidade.
A busca por informações torna-se inapropriada quando o objetivo é um procedimento diagnóstico, pois o usuário pode interpretar de maneira distorcida a sua leitura, supervalorizando sintomas que não são indicativos de condições médicas ou mesmo menosprezando sinais de doenças.
White e Horvitz (2009) realizaram uma pesquisa com 515 indivíduos que iriam revelar as suas experiências sobre como investigam seus sintomas e suas preocupações médicas (como o autodiagnóstico) na Internet.
Os resultados demonstraram que, em geral, a população estudada apresentava um baixo índice de ansiedade com a saúde, porém preocupações com a saúde e a busca dessa informação na Internet ocorriam sempre ou com muita frequência em um de cada cinco participantes. Aproximadamente dois entre cada cinco indivíduos mencionaram que a interação com websites de saúde aumentava sua ansiedade e, por fim, metade dos participantes sugere que esse comportamento, na realidade, diminui a sua ansiedade. Os pesquisadores ainda mencionaram que predisposição à ansiedade (vulnerabilidade mental) pode contribuir para uma busca excessiva de informações sobre a sua própria saúde na Internet.

A busca por informações torna-se inapropriada quando o objetivo é um procedimento diagnóstico que pode gerar interpretações distorcidas

Intolerância à incerteza

Fergus (2013) realizou um estudo com 512 participantes nos Estados Unidos. A média de idade foi de 33,4 anos, sendo 55,3% do sexo feminino. O objetivo do seu trabalho foi verificar o efeito da intolerância à incerteza na relação entre a frequência de buscas por informações médicas da web e a ansiedade com a saúde. Para esta pesquisa foram aplicados os seguintes instrumentos: a Intolerance of Uncertainty Scale - 12 item Version (IUS-12), a Short Health Anxiety Inventory (SHAI) e a Positive and Negative Affect Schedule (PANAS). Além disso, foram considerados outros dois pontos: a relação entre a ansiedade com a saúde como um resultado de buscas por informações médicas na Internet e a frequência com que esse usuário busca esse serviço.

Uma consultoria australiana mencionou que quase 89% dos médicos naquele país tiveram pacientes que trouxeram informações da Internet

De acordo com o autor, é comum que as pessoas encontrem e busquem esse tipo de informação na Internet, entretanto são desconhecidos os motivos que levam uma parcela da população a desenvolver a cibercondria. O estudo em questão, então, seria uma forma de preencher esta lacuna na literatura científica. A pesquisa demonstrou que quanto maior o nível de intolerância à incerteza, maior a chance de o indivíduo experienciar a cibercondria. Essa ansiedade pode se tornar ainda maior devido ao fato de a Internet oferecer diversas informações para o mesmo problema, confundindo o usuário na identificação do seu problema sintomatológico. Além disso, nem todos os usuários são habilidosos para encontrar endereços eletrônicos confiáveis.
Uma estratégia possível, segundo Fergus (2013), para diminuir esse tipo de intolerância, seria a aplicação de estratégias cognitivas para aumentar a tolerância à incerteza. O indivíduo passaria a aprender a aceitar que uma explicação definitiva para sensações corporais ambíguas não é possível. A exposição a situações que evitem os comportamentos de segurança (checar oswebsites) é outra estratégia.

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Diversos pacientes já trouxeram diagnósticos para o setting clínico que foram cuidadosamente encontrados com o "Dr. Google": TDAH, TOC, depressão, transtornos de personalidade. A lista é extensa

Prática clínica

Uma consultoria australiana mencionou que quase 89% dos médicos na Austrália já tiveram pacientes que trouxeram, ao seu consultório, informações da Internet sobre o seu estado clínico. Como psicoterapeuta cognitivo-comportamental, enfocando em meus atendimentos o campo das dependências tecnológicas, posso assegurar que essa prática não é exclusiva com profissionais da Medicina. Diversos pacientes já trouxeram diagnósticos para o setting clínico que foram cuidadosamente encontrados com o "Dr. Google": TDAH, TOC, depressão, transtornos de personalidade. A lista é extensa. O dado de minha prática em consultório revelou o oposto: a maior parte desses pacientes cometeu equívocos com as informações que foram levadas às sessões. Isso significa que é incorreto informar-se em relação ao seu problema? De forma alguma. A psicoeducação é uma das estratégias mais importantes para que o paciente conheça o seu problema e saiba como pode ser ajudado. Entretanto esse tipo de direcionamento só pode ser feito por um profissional da área da saúde mental, seja ele um psicólogo ou psiquiatra.

Infelizmente, ainda existe um quantitativo assustador de indivíduos que ainda não compreendem que as novas manifestações tecnológicas são reais. O processo de psicoeducação sobre os transtornos vinculados ao mundo virtual é necessário, vide as reportagens anteriores na Psique sobre a dependência de jogos eletrônicos, cibersexo e cyberslacking. De acordo com Lemos e Santana (2012), o prognóstico em relação a esses transtornos não é positivo, tendo em vista que a literatura científica prevê que um quantitativo cada vez maior seja acometido por esses modelos psicopatológicos.
Infelizmente, ainda existe um quantitativo assustador de sujeitos que ainda não compreendem que as novas manifestações tecnológicas são reais
O principal objetivo desse artigo, além de ressaltar a novidade e a importância desse tema, não é sustentar a ideia de que, a partir de agora, os sintomas sejam negligenciados ou esquecidos e a Internet se torne uma inimiga da saúde. O foco é ressaltar que buscar imediatamente uma "resposta" de um sintoma na Internet pode aumentar a sua ansiedade. Dessa forma, é necessária uma reflexão para verificar se esse artifício está ajudando-o ou, na verdade, afetando negativamente a sua qualidade de vida.

REFERÊNCIAS
AIKEN, M.; KIRWAN, G. Prognoses for diagnoses: medical search online and "cyberchondria". BMC Proceedings, v.6, 2012.
DIB, M.; VALENCA, A.M.; NARDI, A.E. Transtorno de pânico e hipocondria. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v.55, n.1, 2006.
FERGUS. T.A. Cyberchondria and intolerance of uncertainty: examining when individuals experience health anxiety in response to internet searches for medical information. Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking, v.16, n.10, 2013.
LEMOS, I.L.; SANTANA, S.M. Dependência de jogos eletrônicos: a possibilidade de um novo diagnóstico psiquiátrico.Revista de Psiquiatria Clínica, v.39, n.1, 2012.
McELROY E.; SHEVLIN, M. The development and initial validation of the cyberchondria severity scale (CSS). Journal of Anxiety Disorders, v.28, n.2, 2014.
MUSE K.; McMANUS F.; LEUNG, C.; MEGHREBLIAN B.; WILLIAMS J.M. Cyberchondriasis: fact or fiction? A preliminary examination of the relationship between health anxiety and searching for health information on the Internet. Journal of Anxiety Disorders, v.26, n.1, 2012.
WHITE R.W.; HORVITZ, E. Experiences with web search on medical concerns and self diagnosis. AMIA Annual Symposium Proceedings, 2009.


Fonte: Revista Psique


terça-feira, 22 de julho de 2014

Mulheres são mais agressivas que homens em relacionamentos

Redação do Diário da Saúde

As mulheres são mais susceptíveis de serem agressivas verbal e fisicamente contra seus parceiros do que, na mesma situação, os homens o são contra suas parceiras.
A conclusão é de um estudo envolvendo pesquisadores das universidades de Cumbrias e Central Lancashire (Reino Unido), sob o comando da Dra. Elizabeth Bates.
Embora os resultados ainda causem estranheza, vários estudos, inclusive no Brasil, já haviam demonstrado que as mulheres praticam mais violência doméstica do que os homens.
A obtenção de resultados semelhantes em locais cultural e economicamente muito diversos ao redor do mundo está levando os pesquisadores a rever suas teorias e interpretações da violência doméstica.

Comportamento controlador feminino

Esta nova análise mostrou que as mulheres são mais propensas a serem fisicamente agressivas contra seus parceiros do que os homens.
Os mesmo dados mostram que, nos contatos sociais em geral, fora dos relacionamentos, os homens são mais propensos a ser fisicamente agressivos contra outros homens do que as mulheres o são contra outras mulheres.

Um dos resultados marcantes do novo estudo é que as mulheres exercem níveis significativamente mais elevados de comportamento controlador em relação aos parceiros do que os homens em relação às parceiras.
Quando essa tentativa de controle falha, as mulheres tendem à agressão física em um nível muito maior do que os homens igualmente controladores.
"Este foi um resultado interessante. Estudos anteriores tentaram explicar a violência masculina contra as mulheres como resultado de valores patriarcais, que motivam os homens a procurar controlar o comportamento das mulheres, usando de violência se necessário," comenta a Dra. Elizabeth.

"Este estudo revelou que as mulheres demonstram um maior desejo de controlar os seus parceiros e são mais propensas a usar a agressão física do que os homens. Isto sugere que a violência doméstica não pode ser motivada por valores patriarcais e precisa ser estudada no contexto de outras formas de agressão, que têm implicações potenciais para intervenções," avalia ela.

Violência íntima

O estudo foi apresentado durante o simpósio "A Evolução da Violência por Parceiros Íntimos - Pesquisa e Prática", realizado pela Sociedade Psicológica Britânica.
Entre os vários estudos apresentados estavam, ainda, experiências de vitimização masculina por suas parceiras íntimas (Louise Dixon - Universidade de Birmingham) e razões para o envolvimento das mulheres em conflitos dentro e fora dos relacionamentos (Abi Thornton - Universidade de Bolton).

Fonte: Diário da Saúde

Disponível em: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=mulheres-mais-agressivas-homens-relacionamentos&id=9847. Acesso: 22 jul. 2014

Componente da maconha reduz crescimento de tumores

Redação do Diário da Saúde
                             Componente da maconha reduz crescimento de tumores
Apesar dos preconceitos contra a Cannabis sativa, um estudo após o outro comprova a riqueza de efeitos medicinais que se pode obter dos compostos da maconha.
O principal ingrediente psicoativo da maconha (Cannabis sativa) reduz o ritmo de crescimento des tumores de câncer.
Uma nova pesquisa revelou a existência de mecanismos de sinalização até agora desconhecidos, que são responsáveis pela capacidade da droga de reduzir o crescimento dos tumores.
Devido aos inúmeros preconceitos contra a planta, os pesquisadores afirmam esperar desenvolver um equivalente sintético da droga com propriedades anticancerígenas.
A equipe usou amostras de células de câncer de mama humano para induzir tumores em camundongos. Eles, então, trataram os tumores com doses do composto THC (tetrahidrocanabinol) extraído da maconha.
O THC é o mesmo componente já usado com sucesso em experimentos contra aesquizofrenia e a dor crônica.
"Nós mostramos que esses efeitos são mediados pela interação conjunta do CB2 e do GPR55, dois membros da família dos receptores canabinoides. Nossos resultados ajudam a explicar alguns dos efeitos bem conhecidos, mas ainda mal compreendidos, do THC sobre o crescimento de tumores," disse o Dr. Peter McCormick (Universidade East Anglia), que fez o estudo em conjunto com colegas da Universidade Complutense de Madrid.
"Ao identificar os receptores envolvidos, nós demos um passo importante para o futuro desenvolvimento de drogas terapêuticas que possam tirar proveito das interações que descobrimos para reduzir o crescimento de tumores," completou ele.
Fonte: Diário da Saúde

3 truques simples para combater a ansiedade

              ansiedade
Alguma vez na vida você já deve ter se preparado para uma situação estressante, como uma entrevista de emprego, uma reunião importante ou uma apresentação, mas mesmo assim teve um pouco de ansiedade na hora H. Isso é normal. Ainda assim, existem algumas coisas que você pode fazer para aliviar toda essa tensão.

Classifique seu nível de ansiedade e tente diminui-lo
Observe e descreva objetos concretos ao seu redor

Outro truque que você pode tentar se estiver tendo problemas para manter a calma é descrever silenciosamente simples objetos em seu ambiente. Por exemplo, fale para si mesmo sobre a estante que fica na sala da sua aguardada entrevista de emprego: “Esta estante tem três prateleiras, tem um estilo clássico, com uma cor bege clara”. Às vezes, pode ajudar se você fizer contato físico com um objeto. Toque na mesa em que você estiver sentado, por exemplo, ou no material da cadeira abaixo de você.

Pode parecer besta, mas esse simples exercício pode ajudar. Lembre-se que a ansiedade é tipicamente orientada para o futuro, conforme você fica preocupado com todas as catástrofes que podem acontecer. Ao descrever seu entorno, você se fixa no presente, impedindo que sua ansiedade aumente ainda mais. Em pouco tempo, você para de perceber o seu coração acelerado ou suas mãos trêmulas. Uma vez que você se acalmar um pouco, pode redirecionar sua atenção para o que você deveria estar fazendo.

Concentre-se em outras pessoas

Embora possa parecer que você é o único que fica ansioso, na realidade, há muitas outras pessoas que compartilham as suas preocupações. Isso significa que, se você estiver em uma reunião, por exemplo, as chances são de que haverá outras pessoas ao seu redor que também se sentem desconfortáveis​​.

Se você odeia sua reunião mensal de trabalho a qual é obrigado a comparecer, e acha que é o mais quieto/assustado/tímido ali, experimente um exercício: anote quantas vezes as pessoas falam. Pode ser mentalmente ou em um bloco de papel, discretamente, é claro. Você pode perceber que não é o mais quieto da sala. Na verdade, você pode descobrir que há várias pessoas que não dizem absolutamente nada. O mais importante, entretanto, é que, ao tirar o foco de si mesmo e notar outras as pessoas no escritório, você será capaz de mudar de marcha e relaxar.

Observe quem conta a maioria das piadas, quem tenta unir o grupo e quem tenta provocar problemas. Novamente, isso irá tirar o foco de você mesmo e de sua ansiedade.

Por fim, não se iluda. Estas técnicas não são feitas para tirar a sua ansiedade por completo; isso seria irrealista. Mas ter algumas coisas concretas para tentar em uma situação difícil pode ajudá-lo a se sentir mais confiante, e isso é uma meta realista para se buscar e alcançar. [Life Hacker]

A ansiedade não é uma condição 8 ou 80; ela existe de forma contínua. Quando você está se sentindo ansioso, classifique a sua ansiedade em uma escala de zero a dez, com zero significando um estado completamente calmo e dez sendo um estado de ansiedade grave. Por exemplo, diga para si mesmo: “Uhm, eu estou em um momento sete agora. Acho que vou fazer algumas respirações profundas e ver o que acontece com o meu nível de ansiedade”. Depois de tomar alguns minutos para se concentrar em sua respiração, reavalie o seu nível. É provável que você ache que sua ansiedade diminuiu, mesmo que apenas por um ponto ou dois. Ao perceber que seu nível de ansiedade não permanece constante, você pode se assegurar que não vai permanecer em um estado de alta ansiedade para sempre. Aborde essa tarefa com uma atitude de curiosidade. Diga a si mesmo: “O que será que vai acontecer com o meu nível de ansiedade se eu fizer isso?”.
 Autor: Jéssica Maes

Fonte: Hypescience

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Células-tronco podem ajudar a controlar epilepsia infantil

Intervenção amenizou, em roedores, sintomas similares a “crises de ausência”; em humanos, essa manifestação da síndrome é mais comum em crianças
                                                     
As marcas vermelhas identificam interneurônios GABAérgicos no córtex cerebral de ratos adultos
                  
Complexa e de difícil tratamento, a “crise de ausência” é uma manifestação de epilepsia que afeta principalmente crianças. Não há espasmos musculares, mas um lapso de consciência que não dura mais que 30 segundos – os olhos do paciente podem girar para cima ou se fixarem no vazio, e, geralmente, ele não percebe a crise. Aproximadamente, um terço dos diagnosticados não responde à medicação. Agora, um estudo publicado na Cerebral Cortex sugere que transplante de células neurais pode amenizar as crises.

O neurobiólogo Troy Ghashghaei e sua equipe, da Universidade Estadual da Carolina do Norte, analisaram o cérebro de camundongos geneticamente modificados para simular o transtorno neurológico e observaram, durante as crises, hiperatividade no córtex visual primário (no lobo occipital) e córtex somatossensorial primário (no parietal), áreas relacionadas à visão e ao tato respectivamente. Em seguida, colheram células-tronco neurais embrionais de uma região do cérebro em desenvolvimento que gera interneurônios GABAérgicos, responsáveis pelo desenvolvimento de redes neurais, e transplantaram para o córtex occipital dos animais doentes. O procedimento reduziu expressivamente os sintomas e aumentou o peso dos bichos e seu tempo de vida em comparação com os que não receberam tratamento.

“Há neurônios que excitam e outros inibem a atividade cerebral. Acreditamos que os neurônios inibitórios, responsáveis pela secreção do neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (GABA), estejam relacionados ao transtorno — diversas pesquisas recentes feitas com ratos demonstram que essas células são alteradas em pessoas com ‘crises de ausência’”, diz Ghashghaei.

Os cientistas estão animados com os resultados, mas alertam que mecanismos envolvidos não foram esclarecidos. O próximo passo é desenvolver um método de reprogramação celular para gerar neurônios GABAérgicos saudáveis. O objetivo é criar novas terapias para pessoas que sofrem de várias formas de epilepsia, principalmente as que não respondem às medicações disponíveis.

Fonte: Scientific American Mente Cérebro

Hipertensão pode proteger contra Alzheimer?

Redação do Diário da Saúde

Prevenção do Alzheimer

A Conferência da Associação Internacional de Alzheimer, que está sendo realizada em Copenhague (Dinamarca), trouxe algumas novidades surpreendentes no estudo das demências em geral e do Alzheimer em particular.

No lado mais trivial, diversos estudos continuam confirmando que a prática de atividades mentais e físicas moderadas na meia-idade estão associadas com um menor risco de desenvolver Alzheimer mais tarde.

Uma das novidades é que problemas de sono, especialmente quando combinados com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), podem aumentar o risco de demência.

Hipertensão protege contra Alzheimer

Mas a grande surpresa foi apresentada pela equipe da Dra. Maria Corrada, da Universidade da Califórnia em Irvine (EUA), que estudou a relação entre a demência e a pressão arterial em 625 participantes, monitorados a cada seis meses por até dez anos.

Quando começaram a ser monitorados, os participantes não tinham demência e tinham 93 anos em média - 69% eram do sexo feminino.

Os pesquisadores descobriram que os participantes que desenvolveram a hipertensão entre os 80 e 89 anos tinham um risco significativamente menor de desenvolver demência em comparação com os participantes sem histórico de hipertensão. Os participantes nos quais a hipertensão surgiu por volta dos 90 anos ou mais de idade tinham um risco de demência ainda menor.

Os pesquisadores também verificaram que, no geral, pessoas com níveis de pressão arterial que as colocam na categoria de hipertensos - independentemente da idade em que o problema surgiu - tinham um risco significativamente menor de desenvolver demência em comparação com as pessoas com pressão arterial na faixa normal ao longo de toda a vida.

A associação se manteve independentemente de os participantes tomarem ou não medicamentos para a hipertensão.

"Em nosso estudo, a pressão arterial elevada não é um fator de risco para a demência em idosos longevos, mas exatamente o oposto," resumiu Corrada. "O desenvolvimento da hipertensão em idades mais avançadas pode ser benéfico para manter a cognição intacta através de mecanismos relacionados com a perfusão cerebral ou outras patologias vasculares. É importante entender esses mecanismos, porque as recomendações para a pressão arterial saudável em idosos longevos podem vir a diferir daquelas para pessoas mais jovens."

Desconhecimentos

Especialistas de todo o mundo disseram-se surpreendidos que, nessa população de pessoas com mais de 80 anos de idade, uma pressão arterial elevada tenha ajudado a proteger contra o declínio cognitivo.

Afinal, isto vai de encontro a tudo o que se apregoa sobre fatores de risco, já que a saúde do coração, incluindo a hipertensão, geralmente é considerada como fator de risco para a doença de Alzheimer e outras demências.

Segundo os médicos organizadores da conferência, estes resultados ressaltam o quão pouco se sabe sobre o Alzheimer e outras demências, que exigirão acompanhamentos de longo prazo em populações diferentes antes que possamos desenvolver "receitas" úteis para a mudança de estilo de vida.

Tem havido uma certa crise no meio científico e médico sobre o Alzheimer, uma vez que a teoria predominante sobre a doença - as placas de beta-amiloide - não tem resultado em tratamentos eficazes. Na verdade hoje se suspeita que as placas de beta-amiloides podem ser a defesa do cérebro, e não a causa da doença.




Os cientistas reconhecem que mesmo os mecanismos por trás dos efeitos protetores contra a demência gerados pelas atividades físicas e cognitivas ainda são desconhecidos.

Fonte: Diário da Saúde

Disponível em: <http://diariodasaude.com.br/news.php?article=hipertensao-proteger-contra-alzheimer&id=9886. Aceso em: 17 jul. 2014

Um terço dos casos de Alzheimer poderia ser evitado, segundo estatística

Com informações da BBC

Um em três casos de Alzheimer no mundo poderia ser evitado, segundo um levantamento estatístico realizado por cientistas da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha.
A equipe analisou dados baseados em levantamentos populacionais para verificar quais são as principais associações entre comportamentos e o surgimento do Alzheimer mais tarde na vida.

Considerando essas associações como fatores de risco para desenvolver a doença, os pesquisadores afirmam que, evitando esses comportamentos, as pessoas poderiam estar evitando ter a doença no futuro.
Esses fatores são: diabetes, hipertensão na meia-idade, obesidade na meia-idade, sedentarismo, depressão, tabagismo e baixo nível de instrução.

Segundo os cientistas, um terço dos casos de Alzheimer podem estar conectados a tais fatores, ligados ao estilo de vida, que podem ser modificados.
A equipe não estudou os eventuais mecanismos que eventualmente conectariam os comportamentos à doença e, portanto, não comprovaram uma causalidade entre o que eles chamam de "fatores de risco" e o Alzheimer.

Eles apenas associaram as informações disponíveis nos estudos populacionais à doença.

Em mais um exercício estatístico, a equipe analisou como a redução destes fatores poderia afetar o número dos casos da doença no futuro. Os resultados mostraram que, reduzindo cada fator em 10%, quase nove milhões de casos da doença poderiam ser evitados até 2050.
As atuais estimativas sugerem que mais de 106 milhões de pessoas no mundo todo viverão com Alzheimer em 2050, mais de três vezes o número de pessoas afetadas em 2010.

Carol Brayne e seus colegas publicaram seu levantamento na revista The Lancet Neurology.

Fonte: Diário da Saúde

Disponível em: <http://diariodasaude.com.br/news.php?article=um-terco-casos-alzheimer-poderia-evitado-estatistica&id=9888>. Acesso em: 17 jul. 2014

Um em cada três casos de Alzheimer pode ser evitado, saiba como

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A doença de Alzheimer é devastadora e, por enquanto, sem cura. Mas uma nova pesquisa mostra que boa parte dos casos poderia ser previamente evitados se fossem tomados alguns cuidados. Na verdade, o estudo, realizado pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, aponta que um terço dos casos de Alzheimer são evitáveis.
O trabalho identifica sete fatores de risco. Um estudo anterior, publicado em 2011, sugeria que até metade dos casos poderiam ser evitados, mas os pesquisadores do novo estudo afirmam que esse número tende a ser menos preciso porque não leva em conta a sobreposição dos fatores de risco.

As estimativas atuais sugerem que, até 2050, mais de 106,2 milhões de pessoas no mundo estarão vivendo com Alzheimer – um aumento enorme em relação às 30,8 milhões de pessoas afetadas pela doença em 2010.

Os pesquisadores analisaram dados de base populacional para trabalhar os sete principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Além da falta de exercícios, fazem parte da lista a diabetes, a pressão arterial elevada na meia idade, a obesidade na meia idade, depressão, cigarro e baixos níveis de educação.
A equipe, então, examinou como a redução de cada um desses fatores poderia reduzir o número de casos da doença. Os resultados variaram de acordo com o local. Entraram no estudo dados do Reino Unido, dos EUA, da Europa ou do mundo como um todo.

Os pesquisadores estimam que, reduzindo apenas 10% do risco relativo inerente em cada um dos fatores avaliados, cerca de 9 milhões de casos de demência poderiam ser evitados até 2050. No mundo todo, a baixa escolaridade foi identificada como o principal fator de risco, seguida pelo tabagismo e a falta de exercícios.

“Embora não haja uma única maneira de prevenir a demência, nós podemos tomar certas providências para reduzir o nosso risco de desenvolvê-la em idades mais avançadas. Sabemos quais são as condições que levam a muitos desses fatores de risco. Combater o sedentarismo, por exemplo, irá reduzir os níveis de obesidade, hipertensão e diabetes, e impedir algumas pessoas de desenvolver demência, bem como permitir uma velhice mais saudável”, aponta Carol Brayne, pesquisadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade de Cambridge e uma das desenvolvedoras da pesquisa.

“Este estudo acrescenta-se a um corpo crescente de evidências que sugerem fortemente que simples mudanças de estilo de vida podem ajudar a diminuir o nosso risco de desenvolver demência. Com 106 milhões de pessoas neste planeta devendo viver com a doença em 2050, a perspectiva de prevenção de 1 em cada 3 casos é algo que não podemos ignorar. Devemos agora considerar cuidadosamente como esta nova evidência influencia as mensagens de saúde pública”, pondera Doug Brown, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Sociedade do Alzheimer no Reino Unido.

“Enquanto isso, nós já sabemos que o que é bom para o coração é bom para sua cabeça e há coisas simples que você pode começar a fazer agora para reduzir seu risco de desenvolver demência. Praticar exercícios regularmente é um bom jeito de começar, bem como evitar fumar e investir em uma dieta mediterrânea”, sugere. [WebMD]

Autor: Jéssica Maes

Fonte: Hypescience

Disponível em: <http://hypescience.com/um-em-cada-tres-casos-de-alzheimer-pode-ser-evitado-saiba-como/>. Acesso em: 17 jul. 2014

terça-feira, 15 de julho de 2014

Vingança nas redes sociais

O mundo moderno trouxe a necessidade de expor os relacionamentos como objetos de consumo, o que acaba trazendo, como grave consequência, grandes frustrações e inúmeros desejos interrompidos

Relações que são expostas como “objeto” de consumo geram uma série de frustrações e desejos interrompidos, resultando em uma mudança de subjetividade, criando um novo sujeito com diferente forma de vivenciar seus sentimentos, atitudes, pulsões e emoções. Segundo Freud, o conceito de pulsão aparece como limite entre o psíquico e o somático, Portanto, a pulsão não indica a existência de um território, com fronteiras seguras e muito bem estabelecidas, pois se dissemina e se desdobra entre o somático e o psíquico, estabelecendo entre ambos uma posição de intercessão.
Contudo, dominar essas intensidades implica em inscrevê-las em representantes psíquicos, em que o objetivo finalizador seria a realização pulsional. Esse destino da pulsão seria o que Freud denominou de conjunto de defesas, que o aparelho psíquico constrói para lidar, devidamente, com o impulso perturbador, que provoca a exigência de trabalho ao psíquico por sua ligação corporal. Desta forma, a construção da montagem e do circuito pulsional possibilita que o recalque e a sublimação desenhem, no inconsciente, uma possibilidade da libido ser a entrada do prazer.
Vivemos em meio a smartphones, iphones e tablets. O tempo se torna virtual e a vida se concentra registrada nas redes sociais. Os jovens tentam elaborar a sexualidade como algo primordial, em que princípios, leis e emoções ficam um pouco fora de moda. nem todos conseguem desvincular o ato sexual dos sentimentos. temos que lembrar que uma relação implica duas pessoas, em que se trocam e planejam vivências com similaridade e cumplicidade. intimidade não se resume em, simplesmente, tirar a roupa e ir para a cama, mas saber desnudar, aos poucos, as camadas internas. a vida afetiva gera mergulho profundo nas entranhas, no desconhecido. amar é revisitar cavernas, poços, grutas e descobrir os mistérios infindáveis da alma humana.

         shutterstock

Como resistir à efemeridade das relações e à banalidade dos sentimentos? como expressar o descontentamento do mundo, quando, na verdade, tudo se transforma em espetáculo? uma transa vira notícia no facebook, uma viagem e o carro novo precisam ser postados, para que o outro enxergue e compartilhe da beleza, da abundância e do sucesso? como enxergar a violência, o rolezinho e a criminalidade, que se sobrepõem a tudo e a todos, inclusive à justiça? Observamos a obsessão em priorizar o consumo, a arrogância imposta pelo valor monetário, que define a posição social, e a inserção no grupo de uma sociedade anômica, desigual e injusta.
Qual seria o lugar que nossos filhos poderiam ocupar? aquele de bem-sucedido, de posses, estúpido e incólume? Os monstrinhos de hoje seriam os bandidos de amanhã? Ou será que julgamos, apenas, aqueles que são os excluídos, que nunca tiveram oportunidade, cresceram humilhados, sendo banidos pelos monstrinhos que transitam de carro de luxo, importados, mas não possuem a menor compaixão pelo sofrimento do outro?
TUDO VIRA NOTÍCIA NO FACEBOOK: UMA VIAGEM E O CARRO NOVO PRECISAM SER POSTADOS, PARA QUE O OUTRO COMPARTILHE DA ABUNDÂNCIA E DO SUCESSO? COMO ENXERGAR A VIOLÊNCIA E O ROLEZINHO, QUE SE SOBREPÕEM A TUDO E A TODOS, INCLUSIVE À JUSTIÇA?
A forma como o adolescente ama, questiona e se posiciona remete ao que herdaram dos pais. noções de ética, cidadania, caráter e cumplicidade. tempo, palavra desconhecida na arte de educar, compartilhar, associar e permutar. como educá-los priorizando família, regras e posturas, valores considerados ultrapassados e sem necessidade? relações sem proximidade, sem viços, são frouxas e expõem a descrença de sentimentos, que, na verdade, são muito valorizados: caráter e família.
Nas redes sociais, a comunicação é mecânica, na qual um espaço coletivo e desconhecido media várias relações sem envolvimento e afetividade. Hoje, a internet é utilizada como um recurso enorme para troca de opiniões no mundo, mas a obsessão em registrar particularidades em rede atesta a superficialidade de sentimentos.
Esse mundo virtual remete aos tempos do império romano, quando a plebe, se divertia torcendo pelos musculosos gladiadores e hoje os adolescentes se divertem, digladiando uns aos outros em plena arena virtual.
A necessidade de nos sentirmos superiores expõe a verdadeira frustração de não sermos o que gostaríamos de ser, ou seja, o eu idealizado (quem eu gostaria de ser/ imaginativo) se confronta com o eu real (aquele que eu sou/ realidade). ser amado, ser aceito é um mecanismo de defesa, uma verdadeira fantasia, que ameniza a sensação de abandono, tornando-se, então, a formação de uma não consciência de si, provocando incômodos e uma tentativa de suplantá-los.

A violência e a vingança são apelos ao limite, inscrevem-se como uma tentativa de reparar o sentimento de ter sido lesado, advindos de um grito irreal de socorro pela irrelevância da vida, quando, na verdade, em seu conceito interior, tudo pode ser permitido. indivíduos são formados pela busca do prazer eterno, enraizados no conceito de uma pulsão avassaladora, que os projeta na realização de seus desejos (neurose) e, em seu extremo, nas ordens que ignoram o caráter (psicopatologia). esse diálogo interior se expressa por reações combinatórias com o mecanismo de defesa inconsciente, gerando a satisfação de seu desejo sarcástico e hostil perante o outro sujeito. assim se inscreve o inconsciente... que na maioria dos casos, inconscientemente, mentindo para si mesmo, insiste e persiste.

            
Fonte: Psiquê

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Presos psiquiátricos consideram relação com psicólogo fator decisivo para sua recuperação

Criminosos com transtorno de personalidade grave reconhecem efeitos da psicoterapia sobre seu comportamento
               
Os psicólogos Phil Willmot e Maria McMurran acompanharam o processo terapêutico de 50 presos condenados por crimes violentos ou sexuais graves, internos da unidade psiquiátrica de segurança do Hospital Rampton, em Nottinghamshire, na Inglaterra. Diagnosticados com transtorno de personalidade severo, eles passaram por entrevistas minuciosas e responderam a questionários sobre como avaliavam seu tratamento e os principais fatores de sua melhora – pacientes no início do tratamento apontaram a influência do psicólogo como decisiva; já aqueles mais adiantados no processo atribuíram a recuperação, sobretudo, à equipe de enfermagem, mas sem deixar de reconhecer a importância da terapia. A conexão com o terapeuta, observaram os pesquisadores, revelou-se essencial durante todo o período de acompanhamento.

“Isso mostra que essa relação tem papel crucial. Pode parecer óbvio para quem trabalha na área. A novidade é que os próprios pacientes, com distúrbios emocionais graves e comportamentos extremamente complexos, fornecem as evidências”, diz John Wallace, diretor do hospital, sobre os resultados, publicados na Legal and Criminal Psychology. “O estudo oferece dicas valiosas sobre como agir nesses casos. O próximo passo é explorar mais profundamente o processo de recuperação e aprimorar a eficácia dos tratamentos de patologias de personalidade severas”.

Fonte: Scientific American Mente Cérebro
Disponível em: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/presos_psiquiatricos_consideram_relacao_com_psicologo_fator_decisivo_para_sua_recuperacao.html>. Acesso em: 07 jul. 2014