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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Vigorexia - Uma nova obsessão, um novo transtorno!

                    
Praticar exercícios físicos em todas as suas modalidades pode ser o caminho certo para uma melhor qualidade de vida. Mas, quando o excesso desses exercícios se tornam uma obsessão?  Nesses casos, entra a questão: esporte é saúde? Certamente temos uma opinião formada e uma reposta automática e positiva quanto a prática dos exercícios físicos.
Quando esse novo estilo de vida, disfarçado de antissedentarismo, ultrapassa os limites permitidos pelo corpo humano, pode gerar transtornos psicológicos chegando até mesmo à depressão. Nesse caso, o paciente já a ponto do complexo de inferioridade, pode ser diagnosticado com o Transtorno da Vigorexia
Também conhecida como Síndrome de Adônis, a vigorexia, ainda pouco conhecida pela ciência psicológica, é caracterizada por uma necessidade de estar sempre treinando, se fortalecendo, buscando mais ainda massa muscular. Mesmo já apresentando uma musculatura compatível com o corpo, o vigorexo que pode ser considerado um fanático por beleza atlética, chega a entrar em um estado psicológico anormal, criando necessidades vaidosas sem limites.
O estudante M.L.B, 23, conta que, logo depois que decidiu frequentar uma academia, teve um grande aumento de massa muscular. Mesmo assim, o estudante não conseguia visualizar e imaginava que nada tinha acontecido de mutação em seu corpo. “O pessoal falava que eu estava bacana, mas eu me via muito magro ainda, só percebia em algumas fotos que tinha mudado um pouco, na minha cabeça eu me sentia com o peso normal”, afirma, comentando ainda que a partir daí os familiares e amigos mesmo sem ter conhecimento da vigorexia o aconselharam a procurar um tratamento psicológico. “Eu procurei auxilio só pra provar que todos estavam errados e que eu não sofria de nenhum transtorno, quando comecei o tratamento percebi que realmente eu estava com uma certa obsessão por massa muscular”, conta.
A psicóloga Samira Brito Nogueira, relaciona a vigorexia similar com a anorexia - mulheres que são magras e sentem o desejo de emagrecer ainda mais -  também com a  bulimia e os transtornos alimentares, que são dismorfismos corporais e psicológicos. “Além do gasto exagerado de tempo na malhação, com outros sintomas é possível identificar um vigorexo através da preocupação desnecessária com alimentação, muito tempo se olhando no espelho, avaliando músculos e se sentindo pequeno, fraco e frágil, com um certo complexo de inferioridade”, diz.
De acordo com a psicóloga, o tratamento é multidisciplinar, podendo envolver um psicoterapeuta, nutricionista ou até mesmo um educador físico. “Com a psicoterapia ele pode estar procurando a área cognitiva comportamental que trabalha especificamente com pensamentos e comportamentos que o paciente apresenta para melhorar a obsessão”, explica a psicóloga lembrando ainda que, em alguns casos da vigorexia, indica-se também um profissional médico. “O médico estará indicando para esse paciente um medicamento do tipo um inibidor de seretonina, pois o paciente precisa trabalhar essa espécie de ansiedade, sendo que em alguns casos chega até mesmo a depressão”.
Thays Alves, professora de Educação Física de uma academia na cidade de Palmas-TO, afirma ser muito comum encontrar nas academias, homens com corpos grandes e definidos e mesmo assim sempre em busca do aumento obsessivo por massa muscular. “Muitas vezes para atingir esse objetivo eles esquecem da qualidade nos treinos e priorizam a quantidade, tanto de exercícios, quanto de peso”. A professora  explica ainda que, “os exercícios com cargas excessivas podem causar lesões, devido as sobrecargas nas articulações e coluna”. 
Outro fator comum nas academias é o uso, sem acompanhamento nutricional, dos conhecidos "pré ou pós-treinos". De acordo com estudos dos profissionais da educação física, esses suplementos esteróides anabolizantes são proteínas que servem para aumentar o desempenho das atividades. “São vasos dilatadores que, usados de formas inadequadas, podem acarretar sérios riscos cardíacos, como arritmia e até infarto", explica a profissional de Educação Física, Thays Alves.
“Sendo assim, a vigorexia é uma forma de provar que esporte nem sempre é saúde”, conclui a psicóloga Samira Brito Nogueira, acrescentando ainda que, em função desses esteróides anabolizantes, a pessoa pode ter disfunção sexual. “Podendo apresentar até dificuldade na ejaculação e indisposição para qualquer coisa que não seja a musculação”. 
M.l.B, revela que, depois do tratamento que durou cerca de seis meses, consegue identificar possível obsessão da vigorexia em colegas de academia. “Eu não posso afirmar ou dar um diagnóstico que é vigorexia, mas hoje, depois do tratamento, percebo que alguns colegas sofrem desse transtorno e não aceitam o diagnóstico”, finaliza.
Fonte: (EN)Cena

As línguas contra a demência

         Por Walter Riedlinger 
Acadêmico de Jornalismo do CEULP/ULBRA
                
Apesar de ser oficial, há tempos a língua portuguesa não é o único idioma falado no Brasil. Outros idiomas como Inglês e Espanhol tornaram-se comuns nas grades curriculares das escolas. Fazer curso de idiomas antes tinha apenas a finalidade de enriquecer o status pessoal, mas hoje tornou-se uma das grandes exigências do mercado de trabalho.
Porém, está muito enganado quem acha que aprender outra língua serve apenas para enriquecer o currículo. Também ajuda a previnir possíveis retardos mentais. Mas segundo o pseudopedagogo Dr. Augusto César Baratta, o estado de demência só pode ser evitado ou retardado se houver motivação por parte do ser humano.
“O aprendizado se dá muito pela motivação, pelo querer melhorar, aprimorar seus conhecimentos. Neste querer, o indivíduo exercita a mente e, por consequência, está menos propenso a retardos mentais ou outros distúrbios”, afirmou.
Entenda melhor o que é demência mental: http://www.youtube.com/watch?v=wfp1avBKYg8
Nas escolas de idiomas é justamente este o cenário encontrado. Confirmando a fala do doutor, a professora de inglês, Hillys Karolinne, diz que os alunos que mais têm dificuldades são os que apresentam desinteresse no aprendizado.
“As dificuldades ou atrasos que os alunos apresentam geralmente é por falta de interesse, preguiça mesmo, porque quem quer de verdade, aprende tranquilamente”, disse.
Com o aumento de viagens para o exterior (seja por turismo ou intercâmbio) e, até, pela expansão das redes sociais, é preciso saber outro idioma também para conviver com pessoas de outros lugares e ambientes. É o que Baratta explica.
“Com a globalização no mundo em que vivemos, falar uma outra língua é essencial. O inglês é um idioma universal, muito comum no mundo inteiro. Já o espanhol é a língua mais falada na América latina. Então, nós, latinos, temos essa necessidade de aprender outro idioma para entender, conviver e interagir com pessoas dos países vizinhos”, disse.
E para facilitar todo esse aprendizado, uma ferramenta pode ser muito útil: a música. O psicopedagogo conta que ouvir músicas em outros idiomas também ajuda a motivar e desenvolver o lado intelectual do indivíduo.
“Escutar a música que se gosta já é uma terapia, um prazer, não é mesmo? E se a música for em outro idioma, aumenta mais a curiosidade e, por fim, a vontade de aprender aquele idioma para entender o que se ouve. Assim, áreas do cérebro são estimuladas, não deixando o organismo se entregar àquele estado inerte, preguiçoso”, exclama Augusto César.
Com música, homem aprende vários idiomas sozinho: http://www.youtube.com/watch?v=zapFBuaaa8U
Embora canções estrangeiras auxiliem na prevenção de retardos e deficiências mentais, algumas escolas de idiomas optam por outros métodos. Hillys diz que a música já não é mais utilizada para fixação de conteúdo na escola onde leciona.
“Não, nós não usamos mais a música como método de aprendizado, nem filmes pois não dá tempo, visto a duração das aulas. Mas caso o aluno apresente dificuldade e queira fixar o conteúdo, nós temos aulas de reforço em dias extras”, conta a professora.
Fonte: (EN)Cena
Disponível em: <http://ulbra-to.br/encena/2014/02/24/As-linguas-contra-a-demencia>. Acesso em: 25 fev. 2014

Placebo funciona contra sintomas de Parkinson

                      Placebo funciona contra sintomas de Parkinson
"Você estará se saindo muito bem com uma terapia ativa se você puder obter uma resposta tão boa como a resposta ao placebo," diz o Dr. Jon Stoessl.
São "pílulas milagrosas", sem qualquer componente ativo e que realmente não deveriam surtir nenhum efeito.
Mas os placebos mostram que, "misteriosamente", funcionam muito bem.
Ao longo das últimas duas décadas, tem havido uma enorme quantidade de estudos sobre o que as pílulas de placebo podem fazer e como elas funcionam.
Já se sabe que, nas situações certas, elas podem ser muito eficazes para aliviar condições como dor crônica e depressão e até melhorar a satisfação sexual feminina.
Mas as últimas pesquisas sugerem que os placebos podem até mesmo ser capazes de ajudar a aliviar sintomas de um dos piores transtornos neurológicos - o Mal de Parkinson.
Placebo contra Parkinson
Parkinson envolve uma incapacidade do cérebro para liberar dopamina em quantidade suficiente, um neurotransmissor que afeta o nosso humor, mas também é essencial para regular o movimento.
"O que descobrimos é que, em alguém com a doença de Parkinson, um placebo pode liberar tanta dopamina quanto as liberadas com anfetaminas, ou sua velocidade pode igualar à de um sistema de dopamina saudável. Então é uma resposta muito dramática," conta o Dr. Jon Stoessl, do Centro de Pesquisa de Parkinson da Universidade Colúmbia Britânica (Canadá).
Com tudo o que já se estudou sobre a doença, é difícil acreditar que um placebo - uma pílula sem quaisquer ingredientes ativos - possa fazer alguma coisa para ajudar alguém com Parkinson e, mais especificamente, induzir o cérebro da produzir exatamente a substância necessária para combater uma condição neurológica grave.
É isso que está tornando ainda mais impressionantes os resultados das pesquisas do Dr. Stoessl.
Ele já realizou inúmeras experiências com dezenas de pacientes, e não tem mais dúvidas de que um placebo pode aliviar os sintomas do mal de Parkinson.
"Na doença de Parkinson, assim como em muitas outras condições, existe uma importante resposta ao placebo e que pode ser medida com resultados clínicos," disse ele.
Placebo com tratamento real
É bem sabido que, quando um paciente espera que a sua condição vai melhorar, ela realmente melhora.
Os cientistas ainda não sabem como exatamente um placebo é capaz de estimular o cérebro a produzir mais dopamina.
Mas o que é muito claro é que a dopamina não está vindo do próprio comprimido de placebo: não há nada nele. A dopamina é proveniente do cérebro dos pacientes.
E isso parece ir no coração de como um placebo funciona. Há agora um forte corpo de evidências de que um placebo pode ativar a capacidade natural do cérebro para produzir os compostos químicos de que precisamos.
"O efeito placebo é real, quantificável e na verdade você estará se saindo muito bem com uma terapia ativa se você puder obter uma resposta tão boa como a resposta ao placebo," conclui o Dr. Stoessl.

Fonte: Diário da Saúde

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Desordens neurológicas em crianças são associadas com produtos químicos

Seis novos produtos químicos reconhecidos como neurotóxicos incluem manganês, flúor, clorpirifós e DDT (pesticidas), tetracloroetileno (solvente) e os éteres difenil polibromados (retardadores de chama).
Produtos químicos tóxicos podem estar na base dos recentes aumentos nos problemas de desenvolvimento neurológico entre as crianças, tais como autismo, déficit de atenção e hiperatividade e dislexia.
Os pesquisadores dizem ser urgente a adoção de uma nova estratégia global de prevenção para controlar o uso dessas substâncias.
"A maior preocupação é o grande número de crianças que são afetadas por danos tóxicos ao desenvolvimento do cérebro sem um diagnóstico formal. Elas sofrem redução na capacidade de atenção, atraso no desenvolvimento e mau desempenho escolar. Produtos químicos industriais estão agora emergindo como as causas mais prováveis," disse Philippe Grandjean da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard (EUA).
O estudo confirma conclusões semelhantes obtidas pelos mesmos autores em 2006, quando haviam sido identificados cinco produtos químicos industriais como "neurotóxicos ao desenvolvimento" ou produtos químicos que podem causar déficits cerebrais.
O novo estudo fornece resultados atualizados sobre os produtos químicos tóxicos já identificados e acrescenta informações sobre seis outros recém-reconhecidos pela sua neurotoxicidade, incluindo manganês, flúor, clorpirifós e DDT (pesticidas), tetracloroetileno (solvente) e os éteres difenil polibromados (retardadores de chama).
O manganês foi associado com a diminuição das funções intelectuais e prejuízo às habilidades motoras.
Os solventes são ligados à hiperatividade e ao comportamento agressivo.
Certos tipos de pesticidas podem causar atrasos cognitivos.
Venenos legalizados
Outros estudos já haviam indicado que os agrotóxicos podem ser causa de alergias alimentares, levando um cientista norte-americano a afirmar queestamos todos legalmente envenenados.
Os pesquisadores alertam que muitos outros produtos químicos, além dos cerca de uma dúzia já identificados como neurotóxicos, podem estar contribuindo para uma "pandemia silenciosa" de déficits neurocomportamentais que "está corroendo a inteligência, atrapalhando o comportamento e prejudicando a sociedade".
"Muito poucos produtos químicos foram regulamentados como resultado da neurotoxicidade para o desenvolvimento," escrevem os pesquisadores.
"O problema é de âmbito internacional, e a solução deve, portanto, ser também internacional," disse o Dr. Grandjean. "Temos os métodos disponíveis para testar produtos químicos industriais para efeitos nocivos sobre o desenvolvimento do cérebro das crianças - agora é a hora de tornar esses testes obrigatórios."
Fonte: Diário da Saúde

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Antipsicóticos são prisões ocultas da esquizofrenia

Até muito recentemente, os doentes mentais eram trancados e recebiam uma "porretada química", mais conhecida como "sossega-leão", para mantê-los quietos.
Já não deixamos mais as pessoas apodrecendo em manicômios, mas muitas ainda estão sendo drogadas até os globos oculares.
Para serem dispensadas do hospital, as pessoas com esquizofrenia muitas vezes têm de concordar em tomar medicamentos antipsicóticos para o resto de suas vidas.
Hoje já se sabe que os antipsicóticos podem fazer pouco para ajudar na recuperação desses pacientes, mas prendem essas pessoas em um miasma mental que arruína suas chances de viver uma vida normal.
Essas drogas também podem levar ao diabetes e doenças cardíacas.
Somando-se à crueldade, as pessoas com graves problemas de saúde mental muitas vezes não recebem cuidados de saúde adequados para doenças físicas porque seus sintomas são considerados delírios.
Tais injustiças levaram a Organização Mundial de Saúde a declarar o tratamento dessas pessoas uma "emergência oculta dos direitos humanos".
Pesquisas recentes sugerem que as pessoas que conseguem se livrar dos antipsicóticos são muito mais propensas a viver uma vida produtiva.
Os manicômios podem ter ficado na história, mas enquanto a narcotização forçada continuar, muitas pessoas com esquizofrenia continuarão aprisionadas
Fonte: Diário da Saúde

Má notícia para quem tem pai e mãe com Alzheimer

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De acordo com um novo estudo, do Centro Médico Langone da Universidade de Nova York (EUA), adultos de meia-idade que têm a infelicidade de ter ambos os pais com doença de Alzheimer podem enfrentar ainda outra preocupação: um risco aumentado de alterações cerebrais relacionadas a condição, antes mesmo de sintomas aparecerem.
Os pesquisadores descobriram que adultos saudáveis com dois pais afetados pela doença eram mais propensos a mostrar certas anormalidades em exames cerebrais. Os cientistas ainda não entendem o que isso significa, porque ninguém sabe se essas alterações precoces vão com certeza levar ao Alzheimer.

O estudo

Todos os 52 adultos saudáveis participantes do estudo, a maioria na faixa dos 40 e 50 anos, tinham função mental normal e passaram por ressonâncias magnéticas e tomografias do cérebro.
Eles foram divididos igualmente em quatro grupos de 13: aqueles com dois pais com doença de Alzheimer, aqueles com uma mãe afetada, aqueles com um pai afetado e aqueles com dois pais sem a condição.
O grupo com dois pais afetados mostrou mais anormalidades cerebrais ligadas ao Alzheimer. Eles tinham, por exemplo, de 5 a 10% mais depósitos de beta-amiloide do que os outros três grupos. Eles também apresentaram o menor volume de massa cinzenta e um metabolismo mais lento de glicose, principal combustível do cérebro.
Em geral, as pessoas com dois pais com Alzheimer tinham o mais alto nível de indicadores da doença, seguido por pessoas cuja mãe era afetada, e depois aqueles com um pai afetado.
Um especialista que não participou do estudo, Jeremy Silverman, disse que a descoberta de um risco mais elevado no grupo com só a mãe afetada é interessante, já que pesquisas anteriores sugeriram que o risco de ter doença de Alzheimer pode ser maior nas pessoas quando a mãe, ao invés do pai, também tem a condição.
Se isso for verdade, poderia oferecer pistas sobre as raízes genéticas do Alzheimer. Há, por exemplo, um tipo de DNA – chamado DNA mitocondrial – que é herdado apenas da mãe.
Há muito tempo se sabe que uma forma rara da doença que surge antes dos 65 anos, chamada doença de Alzheimer esporádica de início precoce, é causada por mutações genéticas passadas dos pais para os filhos.
A pesquisa recente sugere que também existe um componente genético para a forma mais comum da doença, de início tardio.

Nada mudou

Por enquanto, não há nenhum uso prático para os resultados do estudo. Ninguém deve sair correndo para fazer ressonâncias e tomografias do cérebro a fim de medir esses indicadores da doença, primeiro porque não sabemos se quem tem esses marcadores realmente desenvolverá Alzheimer, e depois porque ainda não há cura para a doença, nem nada que os médicos possam fazer para impedir seu desenvolvimento.
Se os pesquisadores conseguirem criar drogas que ajudem a prevenir a condição, pode-se imaginar um futuro em que as pessoas com um forte histórico familiar de Alzheimer sejam submetidas a uma varredura do cérebro para procurar marcadores precoces da doença.
Por enquanto, as pessoas com histórico familiar de Alzheimer podem se concentrar em levar um estilo de vida saudável recomendado para todos, com uma dieta equilibrada e exercício físico regular.
Estudos têm indicado que os mesmos fatores que podem danificar o coração – como pressão alta, colesterol alto, obesidade e diabetes – levam a um aumento do risco de doença de Alzheimer. Essa não é uma ligação comprovada, mas já existem muitas outras razões para manter um estilo de vida saudável, então não custa tentar.

Próximos passos

Segundo os pesquisadores, o que é necessário agora é um acompanhamento de longo prazo dos participantes do estudo para ver se esses indicadores de mudanças no cérebro são mesmo alertas precoces para pessoas que se encontram em risco de desenvolver a doença.
Os cientistas enfatizam que só porque os filhos de pacientes com a doença têm esses indicadores, não significa que eles vão desenvolverAlzheimer. [WebMD]
Fonte: Hypescience

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Cegos de ciúmes

Há mais de 400 anos, William Shakespeare tratou da “doença da suspeita” em uma de suas obras mais populares: Otelo, o mouro de Veneza. A desconfiança de que a mulher mantinha relacionamento com um rapaz mais jovem – despertada e alimentada por insinuações de um subordinado, Iago – levou-o a buscar e a acreditar ter encontrado provas da traição em fatos triviais. O escritor referia-se ao ciúme como “o monstro de olhos verdes”, uma metáfora sobre a cegueira induzida pelo sentimento que faz entrever como provável ou certo o que apenas é possível de acontecer.

No relacionamento amoroso, no entanto, é natural sentir ansiedade ao perceber que algo ou alguém pode reduzir o espaço afetivo que ocupamos na vida do parceiro. “O ciúme normal é transitório e se baseia em ameaças e fatos reais. Ele não limita as atividades – nem interfere nelas – de quem sente ou é alvo de ciúme e tende a desaparecer diante das evidências”, define a psicóloga Andrea Lorena, pesquisadora de ciúme excessivo do Laboratório Integrado dos Transtornos do Impulso (PRO-AMITI) do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP). O ciúme extrapola as fronteiras do saudável quando se torna uma preocupação constante e geralmente infundada, associada a comportamentos inaceitáveis ou extravagantes, motivados pela ansiedade de tirar a limpo a infidelidade do parceiro. “No ciúme excessivo, o medo de perder a pessoa amada vem acompanhado de emoções específicas – raiva, medo, tristeza, ansiedade – e pensamentos irracionais. ‘Será que ele/ela está me traindo?’ é um pensamento frequente. Quase sempre há prejuízos para quem sente, para quem é alvo e para o relacionamento”, diz Andrea.

Não raro os pensamentos irracionais se traduzem em comportamentos compulsivos, sustentados pela ilusão de que é possível controlar o que o parceiro faz ou sente, como verificar agendas, registro de ligações no celular, seguir o parceiro, conseguir senha de acesso ao e-mail, checar faturas de cartão de crédito e fazer visitas-surpresa para confirmar suspeitas. Muitas vezes as preocupações são acompanhadas por sintomas físicos, como sudorese, taquicardia, alterações no apetite e insônia. De acordo com Andrea, uma das características mais comuns da pessoa excessivamente ciumenta é a baixa autoestima. “Isto é, ela não acredita que tem valor e merece respeito. A priori, é alguém ‘traível’ e abandonável, pois na verdade acredita que a honestidade e a reciprocidade nas relações não valem a pena. É um sentimento com origem na infância e na relação com os pais, em que provavelmente a pessoa foi negligenciada e desrespeitada. Somam-se ainda fatores como insegurança, medo, instabilidade e a própria desorganização pessoal”, diz a psicóloga.

No Brasil, o PRO-AMITI e a Santa Casa do Rio de Janeiro oferecem tratamento gratuito para ciúme excessivo. A abordagem combina atendimento psicológico, em grupo ou individual, e psiquiátrico. É comum a comorbidade com transtornos de depressão e ansiedade que, se diagnosticados, são tratados com medicamentos. “O processo psicoterápico trabalha a melhora da autoestima e a segurança com o próprio relacionamento. Com o tempo, o paciente percebe que comportamentos como investigar o que o parceiro faz na rede ou vasculhar seus pertences são desnecessários”, diz Andrea.

O ciúme excessivo é um traço frequente de outro quadro: o amor patológico (AP), com características semelhantes à dependência química. Ele ocorre quando o comportamento saudável de atenção e cuidado para com o parceiro, característico do amor, começa a ocorrer de maneira repetitiva e frequente. A pessoa se ocupa do outro mais do que gostaria e abandona interesses e atividades que antes valorizava. Segundo a psicóloga Eglacy Sophia, também do PRO-AMITI, ciúme excessivo e amor patológico compreendem medo intenso da perda, baixa autoestima e insegurança emocional. “Muitas vezes os questionamentos sobre a fidelidade do parceiro são calcados em motivos plausíveis. Em geral, uma entrevista cuidadosa com o paciente revela dados sobre o comportamento do parceiro que poderiam causar ciúme em qualquer pessoa, como telefonemas secretos, distanciamento afetivo e físico frequente e confirmação de traições passadas”, diz a psicóloga.

Apesar de existirem poucos estudos relacionando o ciúme patológico com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), os pensamentos do ciumento costumam ser similares aos das pessoas que têm o distúrbio: são intrusivos, desagradáveis e incitam atitudes de verificação. “Pacientes que reconhecem seus comportamentos como inadequados ou injustificados apresentam mais sentimentos de culpa e depressão; os demais demonstram raiva e condutas impulsivas mais pronunciadas”, diz Eglacy.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Transtornos e sintomas: o que é ser normal?

Como a saúde deve encarar a heterogeneidade humana? Como separar interações pessoais e processos subjetivos de transtornos e sintomas passíveis de serem tratados com medicamentos? Essas preocupações sobre a condição humana também foram tema de debates no congresso.
A controvertida quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) esteve na pauta de grupos de trabalho, comunicações orais e mesas redondas. Atualizado em maio de 2013, o documento — que lista diferentes categorias de transtornos mentais e critérios para diagnosticá-los de acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (APA) — tem recebido críticas da comunidade científica.
Manual ‘normatizador’ e ‘limitado’
Para muitos estudiosos, o manual continua reproduzindo um modelo de atenção psiquiátrico de viés biológico e normatizador que traz como consequência a medicalização excessiva. Segundo o pesquisador canadense Laurence Kirmayer, da  Universidade de McGill, no Canadá, havia a promessa de que, em sua nova versão, o manual levasse em conta as interações pessoais e os processos subjetivos — e não apenas síndromes e sintomas clínicos. “Mas essa promessa não foi cumprida”, lamentou.
Ele avaliou que o novo documento é limitado e conservador e que não provocou quase nenhum impacto na prática psiquiátrica. “Apenas na retórica”, fez questão de acrescentar. “É preciso valorizar os contextos e os processos sociais e escutar a linguagem do paciente. É isso que pode introduzir ferramentas mais sofisticadas para os clínicos”. 
Intitulada O DSM-V e suas implicações, a mesa trouxe inúmeras provocações ao debate. A pesquisadora Sandra Caponi, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), reforçou as críticas de Laurence e disse que o manual está longe de poder ser considerado a “bíblia da psiquiatria” ou de representar a natureza das patologias com uma linguagem comum e universal. “Por se tratar de uma lista de sintomas sem sustentação científica sólida, o DSM-V não poderá ser usado como marco de referência das pesquisas científicas”, argumentou, temendo o uso meramente administrativo e burocrático do manual.
Publicado originalmente em 1952, o DSM apontava 106 categorias de desordens mentais. A cada nova edição, categorias são excluídas enquanto outras são renomeadas, reorganizadas, adicionadas. O DSM-III, de 1980, com 494 páginas e uma lista de 265 categorias, foi considerado uma revolução na prática psiquiátrica. Para Jane Russo, do Instituto de Medicina Social da Uerj, o DSM-III transformou-se em um marco por romper com a objetificação e a lógica classificatória.
Desde então, as revisões são sempre acompanhadas de muita expectativa. Jane ponderou que, apesar de todas as críticas pertinentes ao DSM-V, a revisão do manual tem o mérito de lançar luzes sobre o tema com uma preocupação de desafiar o reducionismo biológico. A plateia atenta envolveu-se no debate, tentando relacionar o relatório às discussões atuais sobre direitos humanos.
A palavra é ‘farmacologização’
Já há uma palavra para representar o fenômeno contemporâneo que transforma uma condição ou capacidade humana em oportunidade para intervenção da indústria farmacêutica: farmacologização — do inglês pharmaceuticalization. O termo, tema de palestra de Jonathan Gabe, da Universidade Royal Holloway, de Londres, inclui o uso de fármacos com objetivos não medicinais, como um “estilo de vida” entre pessoas saudáveis. E estende-se, segundo o pesquisador, além do alcance estritamente médico: “Pode haver farmacologização sem medicalização”.
“A obesidade, por exemplo, é tratada cada vez mais com medicamentos, e muitas vezes por meio de compras diretas pela internet”, explicou Gabe, para quem a relação direta da indústria com os consumidores é um dos principais aspectos da farmacologização. “Remédios são vistos no imaginário como pílulas mágicas”, resumiu.
Gabe propôs lançar um “olhar antropológico” sobre o fenômeno. Sem deixar de ressaltar que medicamentos podem de fato salvar vidas de pessoas que têm problemas de saúde, o pesquisador esmiuçou novos hábitos de consumidores e estratégias da indústria. Uma delas é “vender a ideia de doença”, ou seja, redefinir o que são problemas de saúde a partir do que tem uma solução farmacêutica. O que inclui renomear problemas pessoais ou as possibilidades e riscos de falhas: ansiedade social, síndrome das pernas inquietas e disfunção erétil foram alguns exemplos listados pelo estudioso.
“Vender a doença envolve também mudar as formas de governança, com a aprovação cada vez mais rápida de novas drogas para o mercado. As agências reguladoras passam a ser agentes da inovação, e não guardiãs da saúde pública”, disse ele, que considera aspecto essencial para a indústria farmacêutica alcançar a retirada dos obstáculos à livre oferta de seus produtos ao consumidor. 
O palestrante apontou também o uso crescente de remédios para fins não médicos. Segundo ele, esse tipo de utilização tem três objetivos: a normalização, ou seja, tornar-se “normal” ou ajustado a um padrão; o reparo, como no caso de tratamento da calvície; ou ainda o aumento da performance em determinada atividade, quando o medicamento é utilizado por pessoas saudáveis. “Isso já vem sendo feito na ausência de qualquer envolvimento médico, como no caso de estudantes e executivos que tomam o estimulante metilfenidato, a chamada ritalina (estimulante indicado para pessoas com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade)”, observou. O uso crescente de antidepressivos, ansiolíticos e indutores do sono também foi mencionado por ele.
Para Gabe, a mídia desempenha importante papel na mediação da relação entre indústria e consumidores de medicamentos. Mas a sua atuação não é, na opinião do pesquisador, tão direta e maniqueísta como o da propaganda propriamente dita: a mídia pode atuar como uma “ferramenta de marketing mascarada de educação”. Sobre o lançamento de novos medicamentos, por exemplo, Gabe afirmou que “a imprensa oscila entre a idealização e a condenação”. 
Ele chamou a atenção para os anúncios e as oportunidades de compra direta de medicamentos por meio das novas mídias: “Há um fenômeno de banalização, domesticação, no sentido de tornar-se uma ação doméstica, corriqueira, cotidiana”.  Gabe disse ver a procura de novos canais e suportes para a farmacologização. 
O pesquisador lembrou ainda que as associações de pacientes de doenças raras ou crônicas têm um potencial de ativismo para regular a entrada de novas drogas no mercado, e essa característica é explorada pela indústria: “Os pacientes e familiares são grupos de consumidores informados, tratados pela indústria como parceiros”. Na análise dele, essa relação pode ser tanto boa quanto ruim para a saúde coletiva. “O poder do ativismo pode levar à resistência ou, ao contrário, ajudar a indústria farmacêutica. Vai depender se os grupos estão cooptados ou mesmo formando uma barreira para defender-se dela”, ponderou. 
Governança global e medicamentos essenciais
Em outra mesa, “Medicamentos e saúde global”, o historiador Jeremy Greene, do Johns Hopkins Institute, nos Estados Unidos, reforçou a importância de se compreender a força e as ações da indústria farmacêutica. O autor dos livros Will to live, sobre a epidemia de aids, e The Republic of Therapy, afirmou que a saúde vem sendo reconceitualizada em termos farmacêuticos. 
Greene, que se declarou “um estudioso do que significa ser normal ou anormal, saudável ou doente”, defendeu que o conceito de saúde é construído culturalmente e historicamente. “Precisamos ter uma sensibilidade histórica para o conceito de saúde global. O desenvolvimento tecnológico não é suficiente para explicar o redirecionamento conceitual na direção das drogas, dos fármacos”, disse. Para ele, está em curso uma comoditização da saúde e dos corpos: “Em termos globais, há um excesso de consumo de medicamentos no Norte e um subconsumo no Sul”, explicou. 
O pesquisador discutiu o contexto político e histórico da criação da Lista de Medicamentos Essenciais e de suas alterações posteriores. O documento, publicado em 1977 e atualmente na sua 17ª versão, é utilizado como modelo para a maioria das relações de medicamentos essenciais nacionais. A pergunta que a lista tenta responder é, segundo ele: “As pessoas têm direito aos fármacos?”.
“As listas de medicamentos essenciais nos países da África até poucos anos atrás eram uma total farsa porque não incluíam medicamentos contra a aids”, comentou Greene. Ao mostrar um mapa com dados sobre a gravidade da epidemia da doença no continente, ele afirmou que o estado de coisas apresentado evidencia a “falta de viabilidade moral” das políticas globais de saúde. “As listas se compõem de medicamentos que não são mais o de primeira escolha. A indústria se utiliza do argumento ‘drogas velhas para um mundo pobre’, e as empresas se articulam de maneira a não ver a ameaçada a propriedade intelectual”.
Sobraram críticas também para a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras instituições internacionais, que, segundo o palestrante, não conseguem ter eficácia normativa para defender que as listas de medicamentos essenciais sejam atualizadas e adequadas aos Estados. “A OMS está desabando. Não é o conceito de drogas essenciais, mas a OMS que está desabando. A ideia da lista é muito válida e a OMS deve ser a guardiã”.

Fonte: Radis

Depressão infantil está associada ao baixo peso no nascimento

A ciência vem mostrando que o baixo peso ao nascer, como um risco biológico associado a outras variáveis biológicas, clínicas e sociodemográficas, pode se configurar numa vulnerabilidade para a presença de dificuldades comportamentais e de depressão infantil. Esse foi o objeto de estudos de uma pesquisa realizada no Departamento de Psicologia, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP: estão, as crianças nascidas com baixo peso, mais propensas a apresentar depressão e dificuldades comportamentais na idade escolar, em comparação a crianças nascidas com peso normal?

O estudo avaliou 665 crianças com idade entre 10 e 11 anos, de ambos os sexos, nascidas em Ribeirão Preto entre maio a agosto de 1994. Elas foram divididas em cinco grupos de peso ao nascer, conforme os valores de referência da Organização Mundial da Saúde: muito baixo peso, baixo peso, peso insuficiente, peso normal e muito alto peso ao nascer (confira tabela abaixo).

A avaliação dos indicadores comportamentais foi realizada por meio do Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ), respondido pelos pais. Os indicadores de depressão foram avaliados com base no Inventário de Depressão Infantil (CDI), respondido pelas próprias crianças. Além disso, as condições clínicas das crianças e as características sociodemográficas das famílias foram analisadas por meio das informações de um questionário complementar. O trabalho é resultado da dissertação de mestrado de Claudia Mazzer Rodrigues, orientada pela professora Sonia Regina Loureiro.

Peso ao nascer
Muito baixo peso - abaixo de 1500g
Baixo peso - 1500g a 2499g
Peso insuficiente - 2500g a 3000g
Peso normal - 3001g a 4250g
Muito alto peso - acima de 4250g

Os principais achados

De maneira geral, o estudo constatou que crianças expostas ao fator de risco biológico relativo ao “muito baixo peso ao nascer” mostraram-se mais vulneráveis às dificuldades comportamentais, especialmente à hiperatividade, e à depressão infantil.

Particularmente em relação aos indicadores comportamentais avaliados pelos pais, o grupo formado por crianças com “muito baixo peso ao nascer” apresentou mais indicadores de hiperatividade em comparação aos demais, além de mais problemas de relacionamento com colegas que o grupo “muito alto peso ao nascer”.

Com relação aos indicadores de depressão infantil, verificou-se que as crianças do grupo “muito baixo peso ao nascer” se avaliaram com mais problemas em comparação àquelas dos demais grupos.

Análise da associação entre os indicadores comportamentais, relatados pelos pais, e os indicadores de depressão infantil, relatados pelas crianças, mostrou que aquelas que apresentaram mais indicadores de depressão infantil na sua autoavaliação também apresentaram maior número de indicadores de dificuldades comportamentais gerais na avaliação dos pais, o que leva a crer que a sintomatologia depressiva referida pelas crianças foi identificada pelos pais como a presença de dificuldades comportamentais com manifestações diversas.

Observou-se, para todos os grupos, que as variáveis sociodemográficas relativas à menor qualificação da ocupação do pai/chefe da família, à menor escolaridade do pai e da mãe e à inclusão em classes econômicas menos favorecidas foram as que apresentaram mais associações com a presença de problemas comportamentais. O mesmo, no entanto, não foi observado para a depressão.

O baixo peso ao nascer pode ser, assim, reconhecido como uma condição adversa ao desenvolvimento infantil, favorecendo dificuldades comportamentais e depressão infantil. Considera-se, portanto, que o grupo de crianças nascidas com baixo peso mostrou-se mais vulnerável a dificuldades de saúde mental.

Segundo Cláudia, “a identificação precoce de dificuldades comportamentais e de indicadores de depressão associados ao peso ao nascer pode contribuir para o planejamento de programas de prevenção e intervenção para a promoção da saúde mental infantil”.

A depressão infantil

Estudos apontam que, na população brasileira, de 0,4% a 3% das crianças apresentam características depressivas. Em adolescentes, esse número varia de 3,3 a 12,4%, com fortes indicativos de se desenvolver a doença em idade adulta.

As causas são relacionadas a aspectos psicossociais, ou seja, perda de vínculos afetivos, divórcio dos pais, violência física e psicológica, falta de apoio familiar. Um dos primeiros sinais de alerta é a queda do rendimento escolar, além do desenvolvimento do quadros de mudanças repentinas do estado de ânimo, isolamento e tristeza. Além disso, especialistas alertam que alguns sintomas podem ser “recombinados”, o que dificulta o diagnóstico de depressão na infância.
No estudo realizado em Ribeirão Preto, 6,9% das crianças apresentaram indicadores de depressão.

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria
Disponível em: <http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 11 fev. 2014

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Super Choque:Pesquisadores da USP usam corrente elétrica para tratar depressão

Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma nova técnica para o tratamento da depressão. Uma estimulação elétrica indolor feita com a ajuda de dois eletrodos, colocados na cabeça do paciente, poderá servir como alternativa para quem sofre da doença, mas não toma os medicamentos antidepressivos devido aos fortes efeitos colaterais.
                 
De acordo com o coordenador da pesquisa, o médico psiquiatra Andre Russowsky Brunoni, pessoas jovens, as mais acometidas pela depressão, evitam remédios para a doença porque muitas vezes eles vêm acompanhados de ganho de peso e disfunção sexual. Mulheres grávidas ou que estão amamentando também são impedidas de ingerir essa medicação.
Segundo o cientista, os eletrodos transmitem uma corrente elétrica contínua de baixa intensidade para a área do cérebro que envolve a depressão, o córtex dorso lateral pré-frontal. A corrente corrige o baixo funcionamento dessa região cerebral, característica de quem sofre de depressão. “A estimulação elétrica aumenta a atividade dessa área do cérebro. Com isso, a gente tenta melhorar os sintomas depressivos”, explicou.
O procedimento dura 30 minutos e é repetido por 15 dias consecutivos. “Algumas pessoas sentem um leve formigamento na cabeça, mas outras não sentem absolutamente nada”, conta.
Outra vantagem da nova técnica em relação aos antidepressivos é a forma de atuação no organismo. Enquanto o remédio age em neurotransmissores que atuam no cérebro inteiro, ocasionando reflexos negativos em outras partes do corpo, a estimulação elétrica atua diretamente no córtex pré-frontal.
Além disso, embora o resultado de ambos os tipos de tratamentos (remédio e estimulação elétrica) seja o mesmo, o medicamento acaba passando por outras áreas subcorticais para só depois chegar ao córtex pré-frontal.
Esta não é a primeira vez que a eletricidade é usada no tratamento de transtornos mentais. Russowsky cita a tradicional técnica do eletrochoque, usada há 75 anos por psiquiatras. De acordo com ele, esse é um tratamento bem mais radical do que a estimulação que está sendo desenvolvida pela USP, destinado a pacientes com quadros muito graves. “É uma carga elétrica mil vezes maior do que a gente usa”, disse.
O tratamento por eletrochoque tem como objetivo provocar uma crise convulsiva em pacientes que apresentam casos graves de transtornos mentais, o que estimula a regulação de hormônios e de alguns neurotransmissores. “A única semelhança entre as duas técnicas é que elas usam a eletricidade, mas de forma bem diferente. O eletrochoque é um pulso elétrico para fazer uma crise convulsiva, a gente usa uma corrente elétrica de baixa intensidade para aumentar a atividade no cérebro”, define.
A estimulação criada pelo grupo de Russowsky já foi testada, há três anos, em 120 pacientes. “O resultado principal foi que a combinação da estimulação com o antidepressivo dava efeitos mais potentes que cada tratamento separado”, disse o médico.
O próximo passo da pesquisa será testar a estimulação sozinha. Serão recrutados 240 voluntários, entre 18 e 75 anos, com diagnóstico de depressão, no mínimo, moderada e que apresentem sintomas da doença.
Em um teste cego, metade dos pacientes vai receber o antidepressivo Escitalopram, e a outra metade recebe a estimulação elétrica. “Nem o paciente, nem o pesquisador saberão o que estão recebendo, senão favorece inconscientemente um dos grupos”, esclarece.
Ao final da pesquisa, aqueles voluntários que foram testados com o antidepressivo, e que não tiveram melhora do seu quadro, poderão receber o tratamento com a estimulação elétrica.
Nos próximos três anos, as equipes de Russowsky vão aceitar voluntários interessados em participar da pesquisa. Basta enviar e-mail para pesquisa.depressao@gmail.com. Mais informações estão disponíveis no site http://cinausp.org/pesquisa

Fonte: Blog Panorama Notícias
Disponíveis em:  <http://www.blogpanoramanoticias.com.br/2014/02/super-choquepesquisadores-da-usp-usam.html> Acesso em 10 de fev. 2014.

Esquizofrenia: tragédia em família acende sinal de alerta

Assassinato do cineasta Eduardo Coutinho, morto a facadas pelo filho que sofre de esquizofrenia, chamou a atenção para a necessidade de tratamento da doença que atinge cerca de 1% dos mineiros

O assassinato do cineasta Eduardo Coutinho, no último fim de semana, chamou a atenção para a necessidade de tratamento da doença que atinge cerca de 1% dos mineiros. Entre especialistas, familiares e pacientes, o consenso é de que os portadores do transtorno mental não podem ficar sem assistência psicológica e médica. Mas, apesar da facilidade de conseguir remédios pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o tratamento esbarra na falta de leitos psiquiátricos para internação nos momentos de surto. Em Minas, a meta é chegar a 650 leitos para saúde mental nos hospitais gerais até o fim do ano.

A esquizofrenia revela seus primeiros sintomas no fim da adolescência e está associada a fator hereditário. Normalmente, o portador começa a ficar mais apático e deprimido. Sem cura, a doença tem entre suas características confusão mental, com delírios, alucinações, audição de vozes, perda da memória e dificuldade de fazer tarefas corriqueiras de forma organizada. De acordo com o diretor da Associação Mineira de Psiquiatria Paulo Roberto Repsold, as atitudes agressivas se relacionam, muitas vezes, com a personalidade de cada paciente.

O psiquiatra afirma que medicamentos e assistência psicossocial diminuem os riscos de comportamentos agressivos, mas é preciso melhorar a rede de saúde mental. “O tratamento ambulatorial avançou no SUS, mas faltam leitos para os momentos de surtos. Atualmente, as vagas são muito usadas para receber dependentes do crack”, afirma Repsold. O especialista ressalta que as drogas criaram um novo contexto. “Um esquizofrênico é mais vulnerável às drogas. Quem usa cocaína e crack tem chance maior de entrar em crise”, diz.

Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Familiares e Amigos de Portadores de Esquizofrenia (Abre), Jorge Assis, de 50 anos, a oferta de mais leitos para surtos é fundamental. Além de pesquisador do Departamento de Psiquiatria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ele é portador de esquizofrenia, identificada há 29 anos, e precisou ser internado duas vezes. “Temos dificuldade de encontrar locais para o tratamento psicossocial e leitos em hospitais gerais”, afirma. Jorge classifica o assassinato do cineasta Eduardo Coutinho como uma tragédia. “Indica uma falha na assistência. Mas a maioria das pessoas não são violentas. Nós, portadores, temos uma luta diária para dar significado a nossas vidas”, diz.

Mãe e irmã de esquizofrênicos, Maione Rodrigues Batista tem a visão um pouco diferente da doença e acredita que muitos pacientes precisam de estrutura para morar longe da família, em residências terapêuticas. O transtorno mental do filho foi identificado aos 15 anos, desencadeado pelo uso de drogas. “Mesmo medicado, meu filho continua a escutar vozes e já tentou me matar várias vezes. Dentro de casa, eles se revoltam e agridem quem está mais perto. A paranoia deles é com a família”, afirma. Para tentar resolver o problema, Maione fundou há oito anos uma casa de assitência onde hoje moram 20 portadores da doença. “O único que não ficou lá foi meu filho, que hoje mora em uma clínica no interior”, conta.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que está ampliando a rede de assistência à saúde mental, aumentando de 150 para 650 leitos psiquiátricos em hospitais gerais até o fim do ano. Já os centros de assistência psicossocial (CAPs) vão passar dos atuais 215 para mais de 300. A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informa que conta com serviço de urgência psiquiátrica e dá suporte ao paciente psiquiátrico nos postos de saúde, em nove centros de convivência, além dos três Centros de Referência em Saúde Mental Álcool e outras Drogas (Cersam-AD) e um Centro de Referência em Saúde Mental Infantil (Cersami).


Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria

Disponível em: <http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 10 fev. 2014

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Bactérias que causam sintomas da depressão


         
Populações de bactérias vivem naturalmente em nosso intestino – elas formam o que conhecemos popularmente como flora intestinal. Ajudam a digerir alimentos e a controlar, por competição, a proliferação de outros micro-organismos que podem causar doenças. Elas ficam restritas ao intestino graças a uma parede impermeável de células que impede que escapem e caiam na corrente sanguínea.

Há situações, porém, em que essa camada celular sofre desgaste (veja quadro ao lado) e substâncias tóxicas e bactérias vazam para o sangue. Estudos recentes apontam relações entre esse desequilíbrio e alterações no humor. Em um deles, publicado no Acta Psychiatrica Scandinavica, pesquisadores analisaram amostras de sangue de pessoas com depressão e observaram que 35% delas apresentavam sinais de bactérias da flora fora do intestino, o que os cientistas chamam de leaky gut (intestino “mal vedado”). 

Ainda não está clara a relação entre a fuga desses micróbios de órgãos do sistema digestivo e o surgimento de sintomas depressivos. Uma hipótese é que o organismo detecta essas bactérias fora do local onde deveriam estar e desencadeia respostas autoimunes e inflamações, que “são reconhecidamente fatores que afetam o humor e a disposição física e podem desencadear episódios de depressão, conforme já demonstrado por estudos anteriores”, diz o psiquiatra Michael Maes, autor do artigo.

Atualmente, o tratamento para regenerar a parede de células que reveste o intestino envolve, além de mudanças na dieta e busca por hábitosmais saudáveis, administração de glutamina, N-acetilcisteína e zinco – ao qual são atribuídas propriedades anti-inflamatórias.

Causas de intestino "mal vedado"

-Uso frequente de analgésicos
-Hipersensibilidade ao glúten
-Antibióticos
-Alergias severas a determinados alimentos
-Infecções, como HIV 
-Terapia de radiação
-Doenças autoimunes
-Doenças inflamatórias em geral
-Abuso do álcool
-Estresse
-Doenças inflamatórias do intestino
-Exaustão

Fonte: Scientific American Mente e Cérebro
Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/bacterias_que_causam_sintomas_da_depressao.html>. Acesso em: 6 fev. 2014