Powered By Blogger

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Câmara Debate Proposta de 'Cura' de Gays: comissão de deputados analisa projeto que quer autorizar psicólogos a tratarem homossexuais


A Câmara dos Deputados discute hoje o projeto de lei que busca autorização para que psicólogos proponham tratamentos para a homossexualidade. O debate gera críticas de entidades ligadas a movimentos contra a homofobia e ao Conselho Federal de Psicologia (CFP), que atualmente veta que profissionais da área tratem a homossexualismo como transtorno psíquico.
"O motivo da audiência, em si, já é um contrassenso, pois tenta interferir na decisão de um conselho profissional legalmente instituído", afirma o presidente do CFP, Humberto Verona. "Na opinião do conselho, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de todos os órgãos competentes, o homossexualismo não é doença, desvio ou qualquer tipo de perversão."
O Projeto de Decreto Legislativo 234/2011, do deputado João Campos (PSDB-GO), quer suprimir dois pontos da resolução da CFP, de 1999. No documento, a entidade proíbe os profissionais da área de colaborar com "eventos e serviços que proponham tratamento e cura da homossexualidade" e de "reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica".
Apesar de receber o convite para participar da audiência de hoje, o CFP publicou uma manifestação de repúdio ao projeto. "Fomos convidados, mas não vamos comparecer, pois estamos repudiando a forma antidemocrática como esse debate será conduzido", diz Verona. "O deputado convidou quatro pessoas que representam a mesma posição e pôs o conselho do outro lado para ser massacrado. É uma audiência de cartas marcadas."
Aparelhamento. O psicólogo Luciano Garrido, que também foi convidado para a audiência pública, rebate as críticas. "O conselho está aparelhado em favor de causas políticas, como o movimento pró-LGBT. Há influência muito grande desses setores e as pessoas do conselho usam seus poderes normativos para impor normas, em vez de promover o debate intelectual."
Ele nega, porém, que os defensores de mudança na resolução queiram tratar o homossexualismo como doença. "Não considero a homossexualidade uma anomalia ou patologia, mas a psicologia não se resume a questões de saúde e doença. Não se pode reduzi-la a isso."
Suplente na Comissão de Seguridade Social e Família, João Campos tem o apoio de psicólogos ligados a movimentos religiosos, como Marisa Lobo, que se autodenomina "psicóloga cristã" - recentemente, ela foi alvo de uma investigação do conselho por associar psicologia e religião nas redes sociais.
Uma das principais defensoras do tratamento terapêutico para homossexuais, a psicóloga Rozângela Justino participou da elaboração do projeto, mas se recusou a falar com o Estado, alegando ter sido impedida pelo CFP de falar sobre o assunto.
"Não proibimos ninguém de falar sobre nada. Mas não pode falar como psicólogo, pois a profissão não reconhece", afirma Verona. "Ela (Rozângela) foi alvo de um processo público e acabou condenada por oferecer tratamento psicológico para o homossexualismo." No processo, a psicóloga sofreu censura pública do conselho.
 
Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria
 
Disponível em:<http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 29 jun. 2012.

Movimentos dos Olhos Revelam o Que Interessa aos Autistas: crianças diagnosticadas com o transtorno evitaram focar a atenção nas cenas que exibiam emoções humanas, durante experimento


Quanto mais piscamos os olhos, menos estamos con­centrados em um estímulo visual. É o que mostram vários estudos que monitoram os movimentos oculares. Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Emory, na Geórgia, analisaram a frequência com que crian­ças autistas piscavam diante de diferentes imagens para tentar identificar seu grau de envolvimento com o ambiente ao redor e determinar se a movimentação ocular pode ser usada para o diagnóstico de graus mais leves do transtorno.

O pediatra Warren Jones Durante observou o compor­tamento de crianças entre 1 e 3 anos enquanto assistiam a vídeos. Segundo ele, as autistas piscaram mais diante de cenas que mostravam emoções humanas e mantiveram o olhar fixo quando eram exibidos objetos que mudavam de lugar ou se moviam de forma repetitiva. Desde bebês buscamos pistas de emoções em rostos, e é natural que as crianças acompanhem uma narrativa como se esperassem um resultado para o conflito em cena. Com as autistas isso não acontece. O desinteresse é comprovado pelas piscade­las constantes, o que sugere que não seguiam a linha emo­cional da história. A pesquisa foi divulgada na Proceedings of the National Academy of Sciences.
Fonte: Revisa Mente e Cérebro

Ansiedade Afeta Percepção de Ameaça: pesquisa revela que pessoas muito preocupadas permanecem em um estado de estresse crônico e têm maio­res chances de descartar estímulos que representam perigos reais


A tensão causada pela ansieda­de está longe de ser um sinal de hipervigilância e de maior sen­sibilidade a possíveis ameaças. Pelo menos é o que revela uma pesquisa divulgada pela Biologi­cal Psychology. O psicólogo Tahl Frenkel, da Universidade de Tel Aviv, pediu a 17 universitários que manifestavam sintomas de transtorno de ansiedade e a ou­tros 22, sem sinais do distúrbio, que identificassem medo em uma série de rostos cada vez mais assustados.

Como esperado, pessoas do primeiro grupo de­tectaram a emoção antes que as do segundo. A surpresa veio, no entanto, quando os pesquisado­res analisaram imagens neurais dos voluntários, captadas duran­te o experimento. O cérebro dos ansiosos não reagiu a expressões sutis de medo, apenas às óbvias. A atividade cerebral dos mais calmos manifestou-se diante de imagens mais neutras e aumen­tou à medida que a expressão de pavor se tornava mais nítida – embora sua resposta compor­tamental tenha sido mais lenta, a atividade cerebral sugere que o segundo grupo captou diferenças sutis mais rapidamente.
O resultado mostra que os pre­ocupados estão mais vulneráveis a ignorar possíveis ameaças – o que desafia a hipótese, aceita por mui­tos, de que indivíduos ansiosos são hipervigilantes. Frenkel acre­dita que pessoas excessivamente preocupadas permanecem em um estado de estresse crônico, ou seja, por considerarem uma enorme quantidade de estímulos como ameaçadores, têm maio­res chances de descartar os que apresentam perigo real. Segundo Frenkel, nosso “mecanismo de aviso subconsciente” é prejudica­do pela ansiedade.
 
Fonte: Revista Mente e Cérebro
 

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Editora Lança Livro Impresso Com Tinta Que Desaparece Após Dois Meses


Para autores iniciantes, publicar o primeiro livro é um grande desafio. Mesmo sendo talentosos, precisam encontrar uma editora disposta a apoiar seu trabalho e caçar seu espaço entre os leitores. Pensando nisso, a editora independente argentina Eterna Cadencia lançou “O Livro Que Não Pode Esperar” (“The Book That Can’t Wait”).
Trata-se de uma antologia de novos autores latinos, impressa em um livro com tinta especial que, acredite, desaparece após dois meses de o livro ser aberto. Ou seja, depois que você teoricamente começa a ler a obra, tem cerca de 60 dias antes que o contato com a luz e o ar apague as letras.
A invenção é uma iniciativa bacana para motivar os compradores de livros a realmente os lerem, dando aos autores iniciantes a atenção que eles precisam para sobreviver no mercado. “Livros são objetos muito pacientes”, diz a propaganda do projeto. “Eles esperam por dias, meses, até anos para serem lidos. Isso esta ‘ok’ para eles, mas não para os novos autores. Se as pessoas não lerem seus primeiros livros, eles nunca poderão fazer um segundo”.
Dá para assisitr o vídeo de divulgação de “O Livro Que Não Pode Esperar” abaixo (está em inglês):

http://www.youtube.com/embed/gHl8IqCqza8? 

Fonte: Revista Superinteressante

Disponível em:<http://super.abril.com.br/blogs/superblog/editora-lanca-livro-impresso-com-tinta-que-desaparece-apos-dois-meses/>. Acesso em: 28 jun. 2012.

Pacientes Com Transtorno Mental Estão Sendo Hipermedicados


Parece ter havido avanços na reforma psiquiátrica brasileira, desencadeada a partir dos anos 1980 para promover a desativação gradual do arcaico sistema manicomial.
Por outro lado, houve um engodo na reforma: a hipermedicação dos pacientes, notadamente das classes menos favorecidas, que desconhecem o porquê, tempo de duração e possíveis efeitos indesejados do tratamento farmacológico.
A conclusão é de uma pesquisa coordenada pela professora Rosana Teresa Onocko-Campos, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.

Centros de Atenção Psicossocial
A pesquisa cobriu os CAPS, Centros de Atenção Psicossocial do Estado de São Paulo, uma rede de serviços de atenção visando à integração da pessoa que sofre de transtornos mentais na comunidade.
Os CAPS são unidades de referência de saúde mental e os de tipo III, particularmente, visam se tornar substitutivos do hospital psiquiátrico, possuindo equipes multiprofissionais com a missão de tratar de forma intensiva os portadores de transtorno mental com idade superior a 18 anos.
O tratamento se dá na própria comunidade e junto às famílias, evitando a internação psiquiátrica integral e promovendo a reabilitação psicossocial dos cronicamente comprometidos. Funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana, contando com leitos para o acolhimento noturno de portadores de sofrimento psíquico em períodos de crise.
Há casos, contudo, em que a internação é necessário, havendo leitos disponíveis no sistema tradicional de saúde, que são usados quando o paciente tem outras intercorrências como diabetes, infarto ou intoxicação por drogas.
Remédios demais
A pesquisadora insiste que a reforma psiquiátrica no Brasil avançou o suficiente para eliminar qualquer controvérsia em relação à importância dos Centros de Atenção Psicossocial.
"Em todos os casos, as famílias afirmam que o acesso ao serviço melhora o histórico do tratamento e a trajetória de vida do usuário. Temos dados para mostrar que a reforma psiquiátrica não gera desassistência, não gera abandono ou morador de rua. E gostamos de ouvir aqueles depoimentos," afirma.
Contudo, a professora Rosana também saliente o que ela considera o engodo da reforma psiquiátrica: a hipermedicação de muitos pacientes, tanto na rede de atenção primária como nos Centros de Atenção Psicossocial.
"Não é um problema somente do sistema brasileiro, há evidências disso no mundo inteiro. Muitas vezes, o tratamento em saúde mental está reduzido aos psicotrópicos, sendo que a comunicação entre os profissionais da saúde e os usuários é deficiente."
A pesquisa aponta que o uso crescente destes medicamentos está associado a fatores socioeconômicos, com prevalência de medicação associada aos indivíduos de maior vulnerabilidade social, baixa escolaridade e menor renda per capita.

Medicação e medicalização
Além do volume inadequado da medicação, o estudo revela também a  medicalização da população - fenômeno de transformação de situações corriqueiras em objeto de tratamento da medicina.


Na opinião dos pesquisadores, em ambas as situações, um dos efeitos produzidos é a redução das experiências singulares das pessoas a meros fenômenos bioquímicos.
"Nas entrevistas, os trabalhadores da saúde alegam que, vendo pessoas em situação tão difícil e desfavorável, decidem dar o medicamento para 'acalmá-las'. É algo sobre o qual eles devem refletir: na verdade, se está medicalizando um problema que faz parte da vida e que não é doença; se as condições do seu bairro estão péssimas, a pessoa deve primeiro se indignar, pois vivendo sob a ação de calmantes, nada vai fazer", observa Rosana Onocko-Campos.
 
Fonte: Diário da Saúde
 
Disponível em:<http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=pacientes-transtorno-mental-hipermedicados&id=7920>. Acesso em: 27 jun. 2012. 

Especialistas Apontam Falhas em Relatório da ONU Sobre Drogas: psiquiatra explica que dados são calculados com base nas apreensões porque na maioria dos países baixos os níveis de pesquisa a respeito


Uma em cada cem mortes entre adultos, no mundo todo, é causada pelo uso de drogas . Esse é o resultado de um relatório mundial sobre o uso de drogas ilícitas, divulgado pela ONU. No Brasil, aumentou o consumo de cocaína. O uso de drogas é maior na região sul , uma área relativamente mais rica.
O psiquiatra Jorge Jaber, especializado em dependência química, explica que a ONU utiliza dados obtidos por satélite para rastrear as áreas de produção e calcula se está havendo um aumento ou diminuição dessa produção. “Havendo uma grande produção e uma grande apreensão, a ONU calcula que houve uma diminuição no uso. Não são os consumidores que respondem a esses relatórios, porque na maioria dos países são baixos os níveis de pesquisa a respeito”, aponta Jaber. Segundo o psiquiatra, a maconha e a anfetamina são apontadas como os principais problemas. “Nesse momento, temos a necessidade de um cuidado extremo na área de saúde , precisamos agir prevenindo o uso das drogas”, diz.
O jurista e professor Wálter Maierovitch diz que sua principal preocupação é com a
economia movimentada pelas drogas. “É um mercado que movimenta de 3% a 5% do PIB do planeta. As drogas ilícitas movimentam US$ 1 trilhão todos os anos. É um fenômeno que não pode ser visto em um relatório com dados em relação às apreensões. A melhor linha para combater às drogas é o ataque a essa economia e às organizações criminosas ”, aponta.


Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria

Disponível em:<http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 28 jun. 2012.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Preservação é Conhecimento: em seminário paralelo à Rio+20, pesquisadores afirmam que educação deve estar na base de qualquer ação para se compreender o patrimônio histórico. Descobertas no cais do Valongo são exemplos vivos desta relação


Educação é conhecimento. Com as obras que vêm sendo realizadas no porto do Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016, muitos achados arqueológicos foram desenterrados, trazendo à tona a memória do local que pode ser considerado berço da cidade. O mais importante sítio, o cais do Valongo, devolve à capital fluminense e ao Brasil o principal porto de entrada de escravos no país no século XIX. Agora, o local vai ficar exposto à sociedade, que precisa estudar para entender que as pedras não são apenas um enorme buraco no Centro da da capital fluminense.
Quem defende a educação como fundamental para que os brasileiros compreendam a importância do cais é Rosana Najjar, diretora do Centro Nacional de Arqueologia do Iphan. No seminário Novas Perspectivas para a Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural, realizado na segunda passada (18), no Rio, como atividade paralela à Rio+20, a pesquisadora afirmou que os cientistas precisam dar à sociedade o retorno pelas descobertas que fazem. E expor o cais do Valongo é uma oportunidade para isso.
“Deve-se ter uma visão interdisciplinar, educação”, afirmou Najjar. “O cais do Valongo é um buracão de absoluta importância. Mas se você não traduzir, ninguém vai entender o que é. A coleção tem que estar próxima do público, com fotos exposições”, continuou. “Você precisa aprender a pensar o passado. Isso se faz com educação. Voltar no tempo através de caquinhos é muito difícil. Essa lição precisa começar na escola”, disse.
 
Riqueza ímpar
“O cais do Valongo é de uma riqueza absolutamente ímpar”, defendeu Najjar. “Acho que a arqueologia cumpriu seu papel heroicamente. Houve um trabalho conjunto com o empreendimento (a iniciativa público-privada pela revitalização do porto), e a arqueologia foi bem aceita por eles”. Segundo ela, o estado se tornou um foco de descobertas arqueológicas por causa das obras que modificam a cidade para receber os grandes eventos. As três principais áreas de pesquisa e preservação, hoje, são a própria Zona Portuária, o traçado do arco metropolitano (obra viária que circunda a mancha urbana da capital) e o Complexo Petroquímico do Rio. Najjar afirma que é um desafio encontrar o equilíbrio entre a preservação do patrimônio e o desenvolvimento econômico, ao qual ela se declara favorável.
Dessa forma, a preservação do cais aparece como novo desafio do Iphan: a exposição do patrimônio às intempéries do cotidiano desencadeia um processo de deterioração que não acontecia quando ele estava enterrado. Todo cuidado é pouco. E a atenção do Instituto com a cidade agora redobra, já que as obras estão revelando muitos resquícios do passado. “Quanto mais se mexe, mais temos grandes achados. No caso do Valongo, nós decidimos parar ali, porque ele é muito importante. Mas se escavássemos mais, encontraríamos outras coisas, certamente”. A pesquisadora destacou também as descobertas em outras obras do entorno da Praça Mauá, como a pedra fundamental das Docas D. Pedro II, canhões, balas e âncoras, que serão expostos ao público.
A antropóloga Lygia Segalla, professora da UFF, também participou da mesa sediada no Galpão da Cidadania, na tarde do dia 18. Ela falou sobre a importância de se preservar a cultura hoje para que ela não se perca no futuro, dando o exemplo das intolerâncias raciais e religiosas nas escolas. “Elas precisam ser refletidas e combatidas. Ainda há professores que impedem o ensino de religiões africanas em seus colégios e pais que não querem seus filhos em contato com aquela ‘cultura inferior’, aquelas ‘malignidades’”, protestou.
Outro participante do debate, Carlos Fernando de Moura Delfim, chefe do setor de Jardins Históricos do Iphan, concordou com suas colegas e afirmou que a educação deve estar na base de qualquer ação para que a importância histórica dos patrimônios seja compreendida. “Quando fizemos um projeto para proteger o rio São Francisco, não foi só uma questão ambiental, mas cultural”, contou.
Quando a sociedade não reconhece a importância de seu patrimônio cultural ele está mais suscetível à degradação. Patrimônio conservado é patrimônio vivo, adaptado aos usos e ao ritmo de vida da população que o cerca.
 
Fonte: Revista de Biblioteca de História Nacional 
 
Diponível em:<http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/educar-para-entender>. Acesso em: 27 jul. 2012.

Condenado a Sobreviver: equipe de restauradores da BN acaba de recuperar arquivo único da Inquisição de Goa


“Aqui é, literalmente, o CTI do papel”. As palavras do restaurador Fernando Amaro definem bem o trabalho feito no Laboratório de Restauração da Biblioteca Nacional. Como pacientes em estado grave, é para lá que vão obras centenárias danificadas pela ação do tempo. Foi o que aconteceu com os seis códices de aproximadamente 3.000 folhas doArquivo Inquisição de Goa, sobre a atuação do tribunal inquisitorial na Índia portuguesa, incorporado ao acervo da Real Biblioteca em 1809 e recuperado recentemente pela equipe de restauradores da BN chefiada por Fernando.
Quando o documento chega ao laboratório, o primeiro passo é o diagnóstico. “No caso dos manuscritos de Goa, o papel apresentava muitas corrosões decorrentes da escrita com tinta ferrogálica, composta predominantemente por ferro. É natural que, com o passar do tempo, o processo de enferrujamento cause a fragmentação do papel”, explica o restaurador. Após a identificação dos principais danos, a obra passa por uma série de etapas de restauração que inclui limpezas manuais, banhos, tratamento da fibra e da colagem, encadernamento e acondicionamento, até retornar ao setor de origem. Depois de tratada, é submetida ainda a um processo de digitalização, sendo registrada em fotografia, além de ser microfilmada. Essas operações são feitas para manter a integridade física do acervo, já que um dos maiores problemas de conservação é o manuseio indevido dos documentos. “O objetivo é recuperar forma, conteúdo, e dar longevidade à obra”, diz Fernando.
Os manuscritos da Inquisição de Goa acabaram de passar por todas essas etapas e, depois de um ano, estão novamente disponíveis para o público. Pesquisadora do assunto, Célia Tavares, professora da Faculdade de Formação de Professores da Uerj, destaca o caráter raro desses documentos: “Há um fato que faz este acervo ser único no mundo: boa parte da documentação sobre a Inquisição de Goa foi destruída no século XIX”. Segundo ela, o arquivo sob a guarda da Biblioteca Nacional traz algumas pérolas, como textos de Roberto de Nobili, jesuíta italiano que foi missionário na Índia,  suspeito de heresia pela Inquisição.
Com a conclusão da restauração, Célia afirma que poderá dar seguimento à sua pesquisa: “Estamos desenvolvendo um banco de dados que pretende reunir o máximo de informações retiradas da leitura paleográfica dos documentos deste acervo. É fundamental resguardá-lo pela riqueza de informações, além de sua própria raridade”.
 
Fonte: Revista de História da Biblioteca Nacional 
 
Disponível em:<http://www.revistadehistoria.com.br/secao/por-dentro-da-biblioteca/condenado-a-sobreviver>. Acesso em: 27 jun. 2012.

Como Ver Um Fantasma: a crença na paranormalidade é reforçada pelos mesmos mecanismos cerebrais que modelam a maior parte do pensamento e nos ajudam a tomar decisões no cotidiano


Posicione-se diante de um espelho grande, a cerca de meio metro dele. A seguir, coloque uma vela ou uma luz fraca bem atrás de você e apague a luz. Depois de olhar atentamente para seu reflexo por cerca de um minuto, você começará a experimentar uma ilusão estranha. Em um estudo conduzido pelo psicólogo italiano Giovanni B. Caputo, da Universidade de Urbino, 70% dos voluntários viam o próprio rosto tornar-se terrivelmente distorcido e muitos tinham a impressão de estar se transformando em outra pessoa. Embora os pesquisadores não estejam certos sobre o que produz esse efeito, as condições de iluminação parecem impedir o cérebro de “juntar” os diferentes aspectos da própria face em uma única imagem.

Talvez você nunca tenha visto o rosto de Jesus Cristo num pedaço de batata chips, mas provavelmente já viveu alguma situação, fenômeno ou revelação improvável em algum momento. Muitos afirmam, por exemplo, que fantasmas existem ou que os sonhos podem ser premonitórios; outros tantos acreditam ter visto o rosto da Virgem Maria numa torrada e o da Madre Teresa num biscoito de canela. E, embora a maioria dessas crenças não se sustente racionalmente, são surpreendentemente comuns. Uma pesquisa de opinião pública realizada em 2005 mostrou que três em cada quatro americanos acreditam na existência de fenômenos paranormais. Outro trabalho revelou que um em cada três adultos afirma ter vivenciado uma experiência sobrenatural. A frequência desses relatos levou alguns psicólogos a se perguntar se mecanismos psíquicos poderiam sustentar essas convicções tão disseminadas.

A lista de fenômenos “estranhos” nos quais as pessoas creem vai muito além dos limites da evidência científica – incluindo telepatia, clarividência, previsão do futuro, controle da matéria pela mente e capacidade de se comunicar com os mortos. Psicólogos estão procurando compreender por que tanta gente acredita em manifestações que escapam à explicação lógica. E já descobriram que esse tipo de crença não é privilégio de um grupo seleto: todos nós estamos preparados para o sobrenatural. E, enquanto a ciência não apresenta provas definitivas, muita gente continuará a ver fadas escondidas entre flores. E quem garante que elas realmente não estão lá?
 
Fonte: Revista Mente e Cérebro
 

Acorde Suas Memórias Enquanto Dorme


Crescem a cada dia as evidências de que é possível aprender durante o sono.
Apesar de desprezada por cientistas desde o advento da ciência moderna, a prática é bastante comum, com kits para aprender dormindo estando à venda desde o advento das vendas de kits.
Para surpresa geral, assim que alguns cientistas pioneiros tiveram a coragem de enfrentar os preconceitos dos seus colegas e pesquisar o tema, os resultados têm sido encorajadores - também para os vendedores de kits.
Aprender música dormindo
Agora, James Antony e seus colegas da Universidade Northwestern (EUA) demonstraram o aprendizado durante o sono usando música.
Os participantes aprenderam duas melodias geradas por computador e, a seguir, tiraram um cochilo de uma hora e meia.
Durante o sono, os pesquisadores colocaram para tocar uma das melodias, mas não a outra.
O resultado foi inequívoco: depois de acordarem, os participantes sabiam bem a música que tocara durante o sono, mas mal se lembravam da outra.
Reforço do aprendizado
Usando um monitor de eletroencefalografia para registrar a atividade elétrica do cérebro dos dorminhocos, os pesquisadores se asseguraram que a música era tocada durante o chamado sono de ondas lentas, um estágio do sono ligado à sedimentação das memórias.
"Nós também constatamos que os sinais eletrofisiológicos durante o sono se correlacionam com a intensidade da melhoria da memória," disse o Dr. Antony.
Os pesquisadores ressaltam que seu estudo demonstrou que é possível sedimentar durante o sono algo que você já aprendeu antes. Por enquanto, eles não têm nada a dizer sobre "aprender do zero dormindo" - alguns kits prometem até ensinar outros idiomas durante o sono, sem precisar estudar!
Além de planejar estudar agora outros tipos de aprendizado - eles planejam fazer isto acordados - os cientistas afirmam que a técnica de processamento da memória durante o sono poderá ser usada para treinar habilidades motoras, hábitos e disposições comportamentais.
 
Fonte: Diário da Sáúde
 
Disponível em:<http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=aprender-musica-dormindo&id=7906>. Acesso em: 27 jul. 2012.

A Discussão Sobre o Preconceito Contra os Doentes Mentais Finalmente Chega aos Meios de Comunicação


No último domingo (23/06), o jornal O GLOBO publicou no primeiro caderno artigo assinado pelo presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antonio Geraldo da Silva, sobre psicofobia, que é o medo, preconceito ou discriminação contra os doentes mentais. O espaço reservado por um dos maiores jornal do país mostra a importância que o tema tem nos dias atuais e como influencia a nossa sociedade. Afinal, segundo dados do Ministério da Saúde, pelo menos 46 milhões de brasileiros tem problemas mentais – 25% da população. Dado alarmante que precisa de análise e comprometimento das autoridades, médicos e entidades para promover uma politica de saúde pública eficiente.

A ABP começou o trabalho contra o preconceito há sete meses quando lançou a campanha A Sociedade contra o Preconceito, durante o XXIX Congresso Brasileiro de Psiquiatria, realizado em novembro passado, no Rio de Janeiro. No lançamento contou com a adesão de ícones da nossa sociedade como Chico Anysio (in memoriam), Cássia Kiss Magro, Ruy Castro e Luciano do Valle.
O projeto A Sociedade contra o Preconceito saiu do papel, das discussões cientificas, e está ganhando as ruas e os noticiários. A ABP quer disseminar a ideia e unir todos contra um dos grandes crimes – ainda impune – que é a Psicofobia. “Somente juntos poderemos desmistificar e acabar de vez com o que é dito e pensado de forma errônea sobre os portadores de transtornos e deficiências mentais”, argumenta Antonio Geraldo.
 

Clique no link e leia o artigo publicado no Jornal O Globo: http://abp.org.br/mail/opiniao_o_globo.jpg
 
Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria
 
Disponível em:<http://abp.org.br/2011/medicos/archive/6808>. Acesso em: 27 jun. 2012.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Andando em Círculos: usado para tratar dificuldades de concentração, o metilfenidato reforça a fixação de eventos traumáticos na memória


No campo das drogas lícitas, o que dizer do metilfenidato, uma das mais ardentes febres farmacológicas de nossos tempos? Sintetizado pela primeira vez em 1944, esse psicoestimulante tem uso aprovado para o tratamento do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), da narcolepsia e de outros distúrbios. Ele provoca a inibição da recaptação de dopamina e noradrenalina, aumentando os níveis desses neurotransmissores na fenda sináptica de modo semelhante ao efeito da cocaína e das anfetaminas. Entretanto, por agir de forma mais lenta e duradoura que essas outras drogas, o metilfenidato tem efeitos fisiológicos mais moderados. Hoje milhões de pacientes em todo o planeta, principalmente uma crescente população de jovens e crianças com baixo rendimento escolar, dificuldades de concentração e outros sintomas relacionados ao TDAH, são tratados com essa substância. O transtorno chega a ser chamado de “doença da mãe ruim”, por ser mais comum em lares desagregados.

À medida que o diagnóstico de déficit de atenção e hiperatividade se generaliza, chegando a atingir assombrosos 10% da população infantil em algumas comunidades dos Estados Unidos, surgem questionamentos sobre os efeitos colaterais do metilfenidato. Pistas importantes foram apreendidas de um domínio bem distinto da sala de aula: a guerra. Em cinco anos, o uso de metilfenidato por tropas americanas cresceu 1.000%. Um estudo de 289 mil veteranos dos conflitos militares no Iraque e Afeganistão mostrou que a incidência do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) cresceu de 0,2% para 22% de 2002 até 2008. Curiosamente, os casos mais graves ocorreram em soldados que utilizaram metilfenidato para aumentar o alerta durante as atividades de combate. Isso acontece porque os neurotransmissores modulados positivamente pelo medicamento fortalecem a aquisição e consolidação de memórias, ou seja, eventos violentos da vivência bélica são gravados profundamente no cérebro dos usuários da substância. Pela mesma razão, remédios que bloqueiam os efeitos da noradrenalina e da dopamina têm efeito terapêutico para o TEPT, especialmente quando administrados poucas horas depois da aquisição de memórias traumáticas.

Se o metilfenidato potencializa a fixação do evento traumático, aprofundando a cicatriz mnemônica, ele funciona como um poderoso agente que reforça a marca dolorosa. Transposto para o cotidiano onde imperam a anomia da televisão e o redemoinho das informações oferecidas pela internet, é de se esperar que esse fármaco tenha apenas efeitos benéficos sobre o aprendizado? Ou existe o perigo de um círculo vicioso, no qual lares desagregados geram filhos desajustados que, por sua vez, se tornam alvo de receitas médicas que aprofundam neuroses? Nesse pesadelo iatrogênico, a psicofarmacologia acabará servindo aos psicanalistas do futuro um prato cheio de problemas para tratar?
 
Fonte: Revista Mente e Cérebro
 

Atendimento Com Psicólogo Via Internet Ganha Novas Normas


O atendimento psicológico via internet, que ocorre por e-mail, MSN ou Skype, poderá ter mais sessões e ganhará maior rigor em seus mecanismos de segurança. 
Deve ser publicada nesta segunda-feira (25) pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia) uma nova resolução para disciplinar esse atendimento à distância. Mas as medidas só passarão a valer no final de dezembro. 
Regulamentada no Brasil em 2005, a orientação psicológica na web atende problemas pontuais do paciente, como dificuldades de adaptação em uma nova cidade, problemas escolares do filho ou questões afetivas.Para prestar o serviço, o psicólogo deve ter seu site credenciado pelo conselho. 


Atualmente, a orientação na internet se limita a dez atendimentos. Com a nova resolução, poderá ter 20 sessões. O aumento das consultas virtuais era uma das principais demandas tanto de psicólogos quanto dos próprios pacientes, segundo Aluizio Lopes de Brito, coordenador da comissão de credenciamento de sites do CFP. 
Continua proibido, na nova resolução, o uso da internet para a psicoterapia -mais prolongada, sem limite de consultas. A exceção é para fins de pesquisa. 
O atendimento via internet ainda gera críticas entre alguns profissionais. Além de perder o contato pessoal com o paciente no consultório, o serviço virtual perderia em termos de profundidade. 
Mas o maior temor dos críticos é quanto ao sigilo da conversa na web. Segundo Brito, os últimos sete anos da prática mostraram que o atendimento on-line é seguro. "Temos bons programas que impedem que a conversa vaze", diz Brito. 
Para Eduardo Neger, presidente da Abranet (Associação Brasileira de Internet), o risco de vazamento de informações tende a ser maior do lado do paciente. 
Sem um bom antivírus, pode ocorrer que o cliente tenha em seu computador um programa espião, capaz de gravar tudo o que é digitado. 
Outra fragilidade é quanto à rede escolhida. O ideal, segundo Neger, é o paciente fazer o atendimento em sua casa, em computador pessoal, com rede própria ou 3G. 
A nova resolução diz que o psicólogo deve buscar programas atualizados de segurança, entre outras medidas. 
Em 2005, havia cerca de 30 sites para orientação psicológica na web. Atualmente são 204 credenciados pelo conselho (40, porém, estão com a licença expirada). 
A psicoterapeuta Rosana Laiza, de São Paulo, presta o serviço via internet desde 2005. A demanda surgiu por sugestão dos próprios pacientes de consultórios. 
Ela aprova a expansão do número de sessões. "É importante, porque há pessoas que necessitam de mais consultas. Dez é pouco." 
 
Fonte: Folha de São Paulo
 
Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1109961-atendimento-com-psicologo-via-internet-ganha-novas-normas.shtml>. Acesso em: 25 jun. 2012.

Suicídio é a Segunda Maior Causa de Morte Entre Jovens no Mundo: uma série de estudos publicada no periódico "Lancet" chama a atenção para um assunto tabu: o suicídio.

Segundo um dos artigos, essa é a primeira causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos. Entre os homens, o suicídio ocupa o terceiro lugar, depois de acidentes de trânsito e da violência.
No Brasil, o suicídio é a terceira causa de morte entre jovens, ficando atrás de acidentes e homicídios.
"As taxas sempre foram maiores na terceira idade. Hoje a gente observa que, entre os jovens, elas sobem assustadoramente", afirma Alexandrina Meleiro, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.
Entre os jovens, a taxa multiplicou-se por dez de 1980 a 2000: de 0,4 para 4 a cada 100 mil pessoas.

Segundo o estudo, os adolescentes evitam procurar ajuda por temerem o estigma e que rumores sobre seus pensamentos suicidas se espalhem pela escola.
Há outra mudança no perfil dos que cometem suicídio. O risco, que sempre foi maior entre homens, tem aumentado entre as meninas.
Segundo Meleiro, isso se deve a gestações precoces e não desejadas, prostituição e abuso de drogas.

SILÊNCIO
O problema, porém, é negligenciado, como mostram dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). A entidade afirma que os casos de suicídio aumentaram 60% nos últimos 45 anos e que 1 milhão de pessoas no mundo morrem dessa forma por ano.
No Brasil, estima-se que ocorram 24 suicídios por dia. O número de tentativas é até 20 vezes maior que o de mortes.
"O suicídio é uma epidemia silenciosa. E o preconceito em torno das doenças mentais faz com que as pessoas não procurem ajuda", diz Meleiro. Cerca de 90% dos suicídios estão ligados a transtornos mentais.

Segundo a OMS, pouco tem sido feito em termos de prevenção. Os pesquisadores, da Universidade de Oxford e da Universidade Stirling, na Escócia, dizem que mais pesquisas são necessárias para compreender os fatores de risco e melhorar a prevenção.
Uma estratégia é limitar o acesso a meios que facilitem o suicídio, como armas.
Meleiro diz ainda que as pessoas costumam dar sinais antes de uma tentativa. "Acredita-se que perguntar se a pessoa tem pensamentos suicidas vai estimulá-la, mas isso pode levá-la a procurar ajuda."

A psiquiatra da infância e da adolescência Jackeline Giusti, do Hospital das Clínicas da USP, afirma que é importante prestar atenção a sinais de automutilação nos adolescentes, porque a prática aumenta o risco de suicídio.
 "Professores, clínicos e pediatras têm que ficar atentos a essa possibilidade e investigar. É um sinal de que algo não está legal e merece cuidados. Em geral os adolecescentes que se mutilam são deprimidos, têm ansiedade e têm uma dificuldade enorme pra dizer o que estão sentindo ou para pedir ajuda."

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria
 
Disponível em:<http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 25 jun. 2012.

Cidades Descumprem Recomendação de Ter CAPS Funcionando 24 Horas: em São Carlos, SP, unidade especializada em saúde mental fecha às 18h. Município está descumprindo a Constituição Federal, diz defensor público.


Cidades com mais de 200 mil habitantes deveriam ter um Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS), que é especializado em saúde mental, funcionando 24 horas por dia. A orientação é do Ministério da Saúde, mas municípios do interior de São Paulo como São Carlos, Araraquara, Piracicaba, Americana, Limeira, Indaiatuba e Franca não cumprem a recomendação.
O CAPS de Rio Claro atende pessoas em crise por causa de transtorno mental, dependência de álcool ou droga. É uma espécie de pronto-socorro para esses casos e funciona 24 horas por dia, inclusive nos fins de semana e feriados. Também há local para internação imediata.

Para a coordenadora do Programa de Saúde Mental da cidade, Cristiane de Godoy, o atendimento contínuo tem mais resultado. “Ajuda muito quando você não está bem e sabe por quem procurar, qual serviço procurar e saber quais pessoas você vai encontrar. Que conhecem sua história e te acompanham há algum tempo, o que não acontece no pronto-atendimento clínico.
Em São Carlos a realidade é diferente, já que o CAPS fecha às 18h. “Infelizmente se alguma família tem algum problema de um parente com um surto psicótico no sábado ou domingo ou durante a noite, simplesmente não tem para onde levar esse paciente”, disse o defensor público Danilo de Oliveira.

O defensor público ainda explicou que o Ministério da Saúde não tem como obrigar os municípios a adotar a recomendação, mas a constituição determina que cabe a eles adotar providências em relação aos tratamentos de saúde. “Na medida em que o Ministério da Saúde já planejou normas para esse tratamento de saúde, o município está descumprindo a Constituição Federal”.
Um atendimento 24 horas especializado poderia ter aliviado o sofrimento da família de José dos Santos. Por 40 anos, ele bebeu muito e, em muitas crises durante a noite, a família não tinha para onde levá-lo. “Pessoal via ele caído na rua e vinha falar. A gente ficava muito preocupada”, disse a filha dele Daiane dos Santos.

Só depois de ser internado em uma clínica, ele largou o vício. “Tenho em fé em Deus, nunca mais. Eu vi o que passei”, disse.
A diretora de Saúde de São Carlos, Denise Gualtieri, disse que o CAPS deve passar a atender 24 horas em 2013. "Esse mês terá ampliação da equipe e estamos fazendo visitas em municípios que são referência para o Ministério da Saúde em CAPS 3", explicou.

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria 
 
Disponível em<http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 25 junh. 2011.

Uma em Cada Oito Pessoas Que Sofre Um Ataque Cardíaco Apresenta Stress Pós-traumático: estudo mostra que condição psicológica dobra o risco de outro evento cardíaco ou morte em um período de três anos


Pessoas que sofreram algum evento cardíaco e apresentam stress pós-traumático são duas vezes mais prováveis de voltarem a ter doenças cardíacas 

Uma em cada oito pessoas que sofre um infarto ou outro evento cardíaco apresenta sintomas de stress pós-traumático. Estudo feito na Universidade Columbia, nos Estados Unidos, mostra ainda que o distúrbio psicológico pode dobrar o risco de esse indivíduo voltar a ter um problema do coração ou de morrer em um período de três anos. O trabalho, publicado nesta quarta-feira no periódico PLoS One, indica que o distúrbio, além de acometer pessoas que passaram por episódios de violência ou lesões graves, também pode ser comum entre pacientes cardíacos.
Nessa pesquisa, os autores usaram dados de outros estudos e, a partir deles, chegaram a novos resultados. A equipe, coordenada pelo professor de medicina comportamental da Universidade Columbia Donald Edmondson, se baseou em 24 pesquisas que, ao todo, envolveram 2.383 pacientesde algum evento cardíaco.
“Há evidências de que os transtornos psicológicos em pacientes com problemas cardíacos são subestimados e pouco tratados. Esse é um problema sério tanto para os indivíduos com doenças do coração quanto para o sistema de saúde”, diz Edmondson. “Felizmente, há bons tratamentos para pessoas com stress pós-traumático. O próximo passo da nossa equipe será avaliar os impactos do tratamento do problema psicológico na diminuição de risco de eventos cardíacos”.

Fonte: Revista VEJA

Disponível em:<http://veja.abril.com.br/noticia/saude/uma-em-cada-oito-pessoas-que-sofreu-um-ataque-cardiaco-apresenta-stress-pos-traumatico>. Acesso em: 25 jun. 2012.

Depoimentos de Brasileiros Que se Inscreveram na Clínica Especializada em Morte: ÉPOCA ouviu quatro dos dez brasileiros que contribuem com a Dignitas, organização suíça que cobra cerca de R$ 15 mil para fazer suicídio assistido. Eles aceitaram contar por que decidiram encomendar a própria morte


"Há quatro anos, eu estava andando na rua quando desmaiei, caí e quebrei uma costela. Investigando a causa daquele desmaio, descobri que tenho ateromatose, uma doença degenerativa que entope minhas artérias carótidas e aorta. Isso prejudica o fluxo de sangue e oxigênio para meu cérebro, provocando desmaios e a morte de células nervosas. A ateromatose é imprevisível. Posso ter um derrame, dentro de um mês ou 15 anos, e perder a consciência de quem sou para sempre. Logo que fui diagnosticada, me inscrevi na Dignitas. Eu conhecia e admirava o trabalho do americano Jack Kevorkian, o Dr. Morte, que auxiliava seus pacientes terminais a morrer. Fiquei aliviada ao descobrir uma organização capaz de fazer isso, mesmo que eu tivesse de viajar até a Suíça. Não sei se usarei o serviço algum dia, mas é um conforto ter essa opção. Tenho duas filhas maravilhosas. Uma é mais emotiva e não gosta de tocar no assunto. Mas nenhuma das duas se opõe à minha decisão. Caso eu tenha algum problema grave, com sequelas, elas sabem onde encontrar uma pasta com declarações escritas sobre o meu desejo de cometer suicídio assistido e ser cremada.

Antes, eu era muito ativa. Hoje em dia, tudo é devagar por causa dessa doença. Tenho sono o tempo todo. Sinto dor para engolir. Às vezes, não consigo me equilibrar. Sei que há uma cirurgia para tratar da ateromatose. Mas é um risco. De dois conhecidos que fizeram, um morreu durante a operação e outro ficou com sequelas graves. Como qualquer outra pessoa, adoraria morrer dormindo, de enfarte, daqueles fulminantes. Mas nada me garante esse destino, e eu tenho pavor de perder o controle do meu cérebro. Sei bem como é acompanhar alguém que sofreu disso. Antes de morrer, minha mãe passou três anos delirando num leito de hospital, sem reconhecer pessoas e falar coisa com coisa. Foi terrível. Proibi minhas filhas de a visitarem. As duas tinham que guardar somente lembranças boas da avó, que não parecia mais um ser humano. Quero livrar as minhas filhas dessa dor. Para mim, a morte é o final feliz. Você e seu sofrimento não existem mais. As pessoas próximas ficam tristes, passam por um período de luto e depois sentem saudade.

Frequento médicos e faço exames regularmente. Não deixei de fumar um maço de cigarros por dia. Não há muito o que fazer nesse estágio da vida. Daqui pra frente, o que vier é lucro. Já deixei tudo pronto para elas. Não tenho mania de morte. Sou bem-humorada. Faço um esforço danado para realizar tudo o que ainda posso. Ultimamente, ando atarefada com a reforma do meu apartamento. Não entendo quando alguém sonha viver até os cem anos e não imagina a qualidade de vida e limitações que teria nesta idade. Experimentei muito mais do que várias pessoas de 90 anos. Não fiquei na janela olhando a vida. Aproveitei minha juventude, peguei muito sol, viajei pelo mundo, namorei, casei, me divorciei e trabalhei duro. Não me sinto uma suicida. Jamais pularia da janela. Cada um de nós é diferente e tem a suas crenças. O que serve para mim pode não servir a mais ninguém. Respeito isso. Não sou dona da verdade. Mas sou dona da minha vida."
"Até agora não tive nenhuma doença grave. Cadastrei-me no serviço da Dignitas para apoiar a causa. Não tenho medo de comentar abertamente minha visão sobre suicídio assistido. Cada um tem direito de decidir a respeito da própria vida. Meus irmãos me entendem e apoiam. Já meus pais nem gostam de ouvir. Posso entendê-los. Não é natural perder o próprio filho. Só não quero que me vejam como louco. Se eu tivesse uma doença crônica ou problema físico incurável, certamente usaria o serviço. A clínica faz algo nobre ao oferecer essa oportunidade para quem está sofrendo. Mas eu espero, de verdade, não precisar usar o serviço."
"Na escola, eu lutava judô e era a atleta da sala. Depois, me formei em Educação Física e pratiquei todo tipo de esporte. Malhava e corria diariamente, pegava onda quase todo fim de semana e participei de maratona. Tudo acabou há três anos. Dei um mergulho no mar, de um lugar alto, não vi que a água estava rasa e caí de cabeça num banco de areia. Quebrei uma vértebra na coluna cervical e fiquei tetraplégica. Desde então, só consigo mexer a cabeça.
A lesão não tem cura. Passei meses fazendo um tratamento experimental, nos Estados Unidos, e não melhorei. Centenas de médicos testam novos métodos e técnicas de cirurgias pelo mundo, cobram caro e não oferecem resultados. Conheço muita gente que viajou, pagou e se frustrou. Por isso, não me arriscaria a fazer uma cirurgia que pode não dar resultado. E o risco de que eu falo não é risco de vida ou financeiro, é o risco de me decepcionar. Fiquei muito tempo achando que as coisas iriam melhorar e acontecer. Pesquisei muito o assunto e sei que a perspectiva não é boa. Há muita esperança em células-tronco, mas nada palpável até agora. Um cientista brasileiro, Miguel Nicolelis, quer usar a robótica para fazer um tetraplégico dar o pontapé inicial na Copa de 2014. Isso não me anima, não quero usar um exoesqueleto e sair na rua igual ao Robocop. Quero restaurar a função ativa da minha musculatura. Eu faço fisioterapia, a única coisa que posso fazer. De segunda à sexta, participo de sessões para não deixar meus músculos atrofiarem e vou ao psicólogo e psiquiatra, uma vez cada. Eu não sou uma pessoa depressiva ou bipolar, nunca tive tendência para isso. Tento viver minha vida, saio bastante com meus amigos e família. Estou trabalhando numa empresa, onde uso um computador e telefone com adaptações, mas tudo é difícil. Ainda mais quando vejo a vida das pessoas andando e a minha, parada.
Eu não consigo nem comer e escovar os dentes por conta própria. É muito penoso, passivo. Como posso esperar viver uma vida plena e longa se sempre estarei dependendo de alguém? É impossível, inviável e intolerável. Eu tinha uma vida plena até o dia do meu acidente. É fácil me dizer que devo tocar a vida. Não. Eu posso desejar uma qualidade de vida que eu não tenho e não sou obrigada a aceitar aquilo. É difícil para quem está de fora entender. As pessoas são egoístas, só pensam no quanto elas vão sofrer se você for embora. Não conseguem ter ideia do seu sofrimento. Gostaria que a minha decisão fosse respeitada. Eu entrei em contato com a Dignitas há um ano e meio. Fiquei aliviada em descobrir que lá não é um açougue. Eles se importam, querem saber o que você sente. Com a Dignitas, passei a ter uma alternativa, uma saída. Senti uma paz impressionante ao me cadastrar lá.
Eu sei que não vou envelhecer assim. O suicídio é uma coisa que vai acontecer na minha vida e eu espero que não demore. É algo que precisa ser bem trabalhado em família, porque eu não quero que eles sofram com isso. Principalmente meus pais, ainda mais minha mãe, que me carregou no ventre. É muito complicado. Queria organizar uma reunião familiar com um psicólogo para discutir a situação. Não quero fazer nada em desarmonia, não é justo. Eu tive a sorte e oportunidade de ir atrás de tudo possível para melhorar, e mesmo assim não tenho perspectiva. É por isso que vou até a Suíça."
"O suicídio marcou minha infância. Quando eu era pequeno, um primo mais velho tentou se matar com um tiro no peito e não conseguiu. Eu acompanhei suas sessões diárias de fisioterapia no hospital, por meses, sem perguntar nada. Até hoje não sei qual foi seu motivo. Eu simplesmente ficava olhando para seu rosto, curioso para saber o motivo daquela atitude. Eu achava o suicídio uma coisa medonha, mas tinha certo fascínio. Minha visão a respeito do tema melhorou ao passo que envelheci e amadureci. Comecei a entender que existem vários tipos de suicídio e suicidas. Ano passado, vi uma reportagem na televisão e fiquei impressionado com o depoimento de um membro da Dignitas. Ele havia sido diagnosticado com uma doença grave que não tinha ainda manifestado os sintomas. Mesmo assim, estava indo para a clínica morrer. Fiquei impressionado com a convicção da pessoa e me inscrevi na clínica na mesma hora.
O suicídio não precisa ser uma coisa trágica. Pode ser calmo, bem pensado e com dignidade. No meu caso seria mais fácil tomar uma decisão dessas, já que não tenho filhos nem esposa. Já fui religioso, hoje sou ateu. Eu não tenho problema algum de saúde, nunca desejei me matar e nem teria coragem de pular de um prédio ou dar um tiro no peito. Adoro viver. Mas, se a vida em algum momento se tornar um fardo para mim, ela não terá mais sentido e eu vou procurar uma forma digna e decente de morrer. As pessoas não fazem seguro de vida? Vejo a Dignitas como um seguro de morte."
Fonte: Revista Época

Disponível em:<http://revistaepoca.globo.com/vida/noticia/2012/06/depoimentos-de-brasileiros-que-se-inscreveram-na-clinica-especializada-em-morte.html>. Acesso em: 25 jun. 2012.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Cartilha - Direitos Humanos e Saúde Mental


A cartilha sobre Direitos Humanos e Saúde Mental, realizada pelos cursos de Psicologia e Direito do UniCEUB em parceria com a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e com a participação de estagiários, usuários e familiares de instituições de saúde mental do DF, agora está disponível na internet. 
 
Compartilhando link para acesso à Cartilha de Direitos Humanos e Saúde Mental...
 
 
Fonte:   Comissão Pró- Associação de Profissionais de Saúde Mental da Bahia.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Como os Deprimidos Usam a Internet: de que forma você gasta o tempo online? Checa o e-mail compulsivamente?


De que forma você gasta o tempo online? Checa o e-mail compulsivamente? Assiste a um monte de vídeos? Vive pulando entre os vários aplicativos da internet, de jogos a download de arquivos e salas de bate-papo?
Nós acreditamos que seu padrão de uso de internet diz algo a seu respeito. Especificamente, nossa pesquisa sugere que ele dá dicas do seu bem-estar mental.
Num estudo a ser publicado numa edição futura da revista 'IEEE Technology and Society Magazine', nós e nossos colegas descobrimos que estudantes com sinais de depressão costumam a usar a internet de forma diferente de quem não apresenta tais sintomas.
Em fevereiro de 2011, recrutamos 216 universitários voluntários da Universidade de Ciência e Tecnologia do Missouri. Primeiro, fizemos os participantes preencherem uma versão de um questionário chamado Escala de Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos, amplamente empregado para medir níveis de depressão na população em geral. A pesquisa revelou que 30 por cento dos participantes atendiam aos critérios dos sintomas depressivos. (O número estava alinhado às estimativas nacionais segundo as quais de dez a 40 por cento dos estudantes universitários vivenciam tais sintomas em algum momento.)
A seguir, o departamento de tecnologia de informação da universidade nos deu os dados de uso da internet do campus dos participantes, para o mês de fevereiro. A intenção não era xeretar o que os estudantes procuravam ou para quem enviavam e-mails; meramente serviu para monitorar 'como' estavam usando a internet, com dados sobre o fluxo do tráfego que a universidade costuma coletar, por exemplo, para consertar conexões de redes problemáticas
Por fim, realizamos uma análise estatística das pontuações de depressão e dos dados de uso da internet.
Houve dois grandes achados. Primeiro, identificamos várias características de emprego da internet ligadas à depressão. Trocando em miúdos, encontramos uma tendência. Em geral, quanto mais a pontuação do participante indicava depressão, mais sua utilização da internet trazia tais características. Por exemplo, 'pacotes p2p', indicando níveis elevados de troca de arquivos (como filmes e músicas).
Nossa segunda grande descoberta foi a existência de padrões de uso da internet estatisticamente elevados entre os participantes com sistemas depressivos, em comparação àqueles sem os sintomas. Isto é, encontramos indicadores: estilos de comportamento na internet que eram sinais de pessoas depressivas. Por exemplo, participantes com sintomas depressivos tendiam a um emprego bastante alto do e-mail. Talvez isso pudesse ser esperado. Uma pesquisa dos psicólogos Janet Morahan-Martin e Phyllis Schumacher demonstrou que conferir o e-mail com frequência pode estar ligado a níveis elevados de ansiedade, a qual em si tem a ver com os sintomas de depressão.
Outro exemplo: o uso da internet por deprimidos tendia a exibir alta 'entropia da duração do fluxo', o qual costuma ocorrer quando existe uma troca contínua entre aplicativos da internet, como e-mail, salas de bate-papo e jogos, podendo indicar dificuldade de concentração. Tal achado também é coerente com a literatura psicológica. De acordo com o Instituto Nacional da Saúde Mental, a dificuldade de concentração também é um sinal de sintomas depressivos entre os alunos.
Outros traços característicos de comportamento 'depressivo' na internet incluem quantidades maiores de tempo assistindo a vídeos, jogando e batendo papo.
Estudos anteriores examinaram a relação entre o uso da internet e a depressão, mas cogitamos que o nosso seja o primeiro a usar dados da própria internet, coletados anônima e discretamente, em vez de recorrer a pesquisas preenchidas pelos alunos acerca do emprego da internet, as quais são menos confiáveis.
Quais as aplicações práticas dessa pesquisa? Esperamos utilizar nossas descobertas para desenvolver um aplicativo que poderia ser instalado em computadores domésticos e aparelhos móveis. Ele monitoraria o uso da internet e alertaria quando seus padrões de uso pudessem sinalizar sintomas de depressão. O programa não substituiria a função de profissionais da saúde mental, mas seria uma forma mais econômica de levar as pessoas a buscar ajuda médica de forma prematura. Ele também pode ser uma ferramenta para os pais monitorarem os padrões de uso da internet ligados ao humor dos filhos.
Tal programa poderia ser utilizado em universidades, talvez instalado em redes do campus, para notificar orientadores psicológicos de estudantes cujos padrões de uso da internet indicarem comportamento depressivo. (Esta proposta, é claro, levanta questões ligadas à privacidade as quais ainda precisariam ser discutidas.)
Grupos de saúde mental recomendaram o exame em diversos cenários como um componente crítico para prevenir problemas de saúde mental entre os jovens. Nós acreditamos que monitorar o uso da internet possa fazer parte da solução.
 
Fonte: Site MSN