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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Bastava o Olhar do Pai: mudanças na forma de lidar com os filhos, na tentativa de não impor limites muito rígidos e diminuir o conflito de gerações, trouxeram consigo a banalização da autoridade em relação as figuras paternas


Nós, que vivemos nossa infância e adolescência nas décadas de 50 ou 60, já dissemos e ouvimos muitas vezes a frase: “Bastava o olhar de meu pai...”. Ou ainda: “Meu pai não precisava nem falar!...” Nessa época, a autoridade paterna e o respeito que os pais impunham aos filhos nem de longe podiam ser questionados. Mesmo aqueles pais identificados como amorosos e próximos impunham um limite que muito dificilmente seria ultrapassado ou sequer questionado pelos filhos.

De lá para cá muitas águas rolaram. As mulheres foram à luta, conquistaram um lugar ao sol e, mais do que isso, mudaram a configuração da família na atualidade. Com os conhecidos acontecimentos das décadas de 60 e 70, os valores da família patriarcal foram, em sua maioria, colocados em cheque. Tudo que lembrasse uma relação de autoridade vertical passou a ser emblema de autoritarismo, portanto, alvo de veemente contestação.

Os jovens que fizeram as “revoluções” de 60 e 70 inauguraram uma geração de pais e mães que se propunham a construir novas relações com seus filhos, estabelecendo-as em outras bases. Idealizaram: “Seremos para nossos filhos o que nossos pais não foram para nós. Mais próximos e mais amigos. Não vamos lhes impor limites muito rígidos. Desta maneira, descobrirão o que é melhor para eles. Diminuiremos os conflitos de gerações e poderemos continuar conversando com nossos filhos aos 40, 50, 60 anos”. Mas, a maioria, empurrados pelos “ïmperativos” de modernização e de consumo, só puderam perseguir esse ideal como prescrição, ao pé da letra.

Substituíram a angústia da construção de um “novo modelo de ser pai e mãe” pela posição confortável de não serem pais, mas amigos. Vestiram-se e dançaram como os filhos, trocaram confidências sobre sexo e compartilharam drogas. Compactuaram com suas pequenas e grandes violências e transgressões. Acreditaram, assim, estar produzindo uma geração livre e responsável e não perceberam que ao se retirarem do lugar de pais, ao se colocarem no lugar de “amigos dos filhos”, não estavam construindo para eles uma alternativa. Ou seja, não construíram novas referências de pais, apenas fizeram com os filhos uma espécie de aliança para contestarem um modelo de pais. Daí os discursos, tão frequentes na atualidade, de que é difícil ser pai e mãe hoje em dia. Não se sabe como cuidar dos filhos. Não se sabe o que fazer com eles.

E assim assistimos perplexos ao surgimento de pais, ora impotentes e descabelados, ora extremamente violentos e desmedidos, buscando nas soluções mais radicais a forma de se relacionarem com os filhos. Quem lida hoje com crianças e adolescentes de todas as classes sociais – nas escolas, consultórios ou outras instituições – sabe que eles estão sendo estuprados, espancados e expulsos de casa.

Está na hora, portanto, de repensar nosso lugar de pais e de adultos responsáveis pelos cuidados e formação de novas gerações, para que não nos reste apenas o ideal impossível de resgatar os encantos, as doçuras e as amarras do “porto seguro” de um pai que bastava olhar. Afinal, não seria justo, nem com nossa geração nem com as gerações futuras, atirar no lixo as conquistas e os ideais de liberdade e de uma sociedade melhor.

Fonte: Revista Mente e Cérebro 
 
Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/bastava_o_olhar_do_pai.html>. Acesso em:27 abr. 2012

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A Adolescência Hoje Dura Mais; e Isso Traz Riscos: educação prolongada adia início da vida adulta, o que aumenta a janela de risco relacionada à juventude. Maior causa de mortes na faixa de 10 a 24 anos são os ferimentos


No mundo todo, ferimentos representam a maior causa de morte entre adolescentes

Nunca houve tantos adolescentes no mundo. As pessoas entre 10 e 24 anos já são 1,8 bilhão em todo o planeta — mais de um quarto da população mundial. Agora, uma pesquisa publicada nesta terça-feira pelo periódico médico The Lancet mostra que essa faixa etária, a despeito da melhoria de acesso aos serviços de saúde, corre riscos antes quase que exclusivos de adultos. Eles estão expostos a riscos como o abuso de álcool e drogas, além de ferimentos fatais causados por acidentes de carro e pela violência. Como os jovens demoram cada vez mais para terminar a educação e se casar, o período em que ficam expostos a esses perigos é cada vez maior. 
O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, chama atenção para aspectos preocupantes da saúde dessa geração de adolescentes. Eles crescerão em um mundo alterado pela mídia digital, industrialização, globalização e urbanização, e terão menos influência dos pais e da comunidade, o que pode acarretar menos suporte social para lidar com seus problemas. Seu desenvolvimento poderá seguir um caminho diferente do percorrido pelas gerações anteriores, e eles enfrentarão desafios inéditos no campo da saúde.
Brasil, exemplo negativo - Os pesquisadores mostram que programas para aumentar a saúde de mães, recém-nascidos e crianças tiveram um grande efeito nas últimas décadas, aumentando o número de bebês saudáveis e causando um aumento na população de adolescentes. No entanto, esses programas deixam de existir conforme o paciente atinge a puberdade. O que é muito preocupante, porque o impacto de comportamentos que têm início nessa época pode afetar toda a vida do indivíduo. Os cientistas apontam que o uso de tabaco e álcool, a obesidade e a inatividade física costumam começar nessa fase da vida e podem resultar, no futuro, em câncer, diabetes e doenças do coração e pulmão. 
Por causa desses programas governamentais, a mortalidade de crianças com menos de 5 anos caiu 80% nos últimos 50 anos. No entanto, a mesma queda não foi notada entre os adolescentes. Os cientistas citam o Brasil como exemplo extremo dessa tendência. No país, morrem mais adolescentes por conta da violência do que crianças por causa de doenças infecciosas. No mundo todo, a maior causa de mortes nessa faixa etária são os ferimentos, que podem ser causados por acidentes de carro, violência ou até suicídio. Eles são responsáveis por 40% dos óbitos entre pessoas de 10 a 24 anos de idade, enquanto causam 10% no resto da população. A maior causa de anos de vida potencialmente perdidos em adolescentes é o uso de álcool (7%), seguido pelo sexo inseguro (4%). A mortalidade de jovens varia de país para país, mas é geralmente 4 vezes maior em regiões pobres. 
Infecções por HIV - O estudo ainda diz que a saúde sexual e reprodutiva foi a única área em que os adolescentes foram foco de atenção. Mesmo assim, todos os anos acontecem mais de um milhão de infecções por HIV nessa população, o que mostra que mesmo essa atenção foi insuficiente. Segundo os pesquisadores, a maior parte dessas mortes e incapacitações é passível de prevenção, e justifica uma ação mundial voltada à saúde nessa faixa etária. 
Por fim, eles mostram como as mudanças culturais aumentam o tempo da adolescência e, por consequência, os riscos a que essa população está exposta. Apesar do que diz a lei, a idade de 18 anos – ou mesmo 21 - não significa mais o início da vida adulta. Há menos de 50 anos, pessoas com essa idade estariam se casando e formando famílias, mas hoje essas atividades são adiadas, em troca de período maior gasto com a educação. A conclusão dos pesquisadores foi que essa mudança fez com que a janela de risco associada à adolescência também aumentasse. Por isso mesmo, eles propõem uma agenda internacional voltada à saúde desses jovens, o que apontam como essencial para que programas mais gerais de saúde também funcionem. 

Fonte: Revista VEJA

Disponível em:<http://veja.abril.com.br/noticia/saude/adolescentes-estao-mais-expostos-a-riscos>. Acesso em: 26 abr. 2012.

Debate: "DIREITO À SAÚDE"

Fonte: Comissão Pró- Associação de Profissionais de Saúde Mental da Bahia.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Falar Sozinho Não é Coisa de Maluco: estudo revela que falar sozinho pode ajudar as pessoas a encontrarem objetos perdidos


Falar sozinho não é coisa de maluco, ao contrário, pode ajudar você a manter o foco

A maioria das pessoas fala sozinha pelo menos de vez em quando. E muitas falam sozinhas com frequência. Para que serviria esse comportamento aparentemente tão sem sentido?
Pessoas que falam consigo mesmas enquanto estão buscando por objetos específicos podem ser mais capazes de encontrá-los, dizem pesquisadores.
Estudos feitos com crianças já haviam sugerido que falar consigo mesmo ajuda a modelar o comportamento dos pequenos. Por exemplo, crianças com frequência amarram os tênis contando para si mesmas o que estão fazendo, como se tentassem, dessa forma, manter o foco na tarefa.
O desafio era saber se o comportamento era válido também no caso de adultos.
 Uma série de experimentos sobre o tema foi realizada por Gary Lupyan, da Universidade de Wisconsin-Madison, e por Daniel Swingley, da Universidade de Pensilvânia, e os resultados acabam de ser publicados no Quarterly Journal of Experimental Psychology.
  
Em uma das etapas do experimento, eram apresentadas aos participantes, adultos, 20 imagens contendo vários e diferentes objetos e em cada uma, eles precisavam achar um deles (Exemplos: "ache o pote de geléia na prateleira dos supermercado" ou "encontre a manteiga na geladeira"). Por vezes, as imagens eram substituídas por instruções por escrito, como "por favor, ache o bule". Em outros, os participantes tinham que buscar os objetos duas vezes. Em uma das vezes, no entanto, eles eram instruídos a dizer em voz alta o nome do objeto pelo qual estavam procurando. A experiência mostrou que nas vezes em que falavam o nome em voz alta a busca era mais rápida.
 
Numa segunda etapa, os participantes precisavam completar uma compra virtual. Eram apresentadas imagens de objetos familiares encontrados nas prateleiras dos supermercados e em seguida os participantes eram convidados a reconhecê-los, onde quer que eles estivessem (por exemplo: encontre todas as latas de refrigerante ou todos os pacotes de maçã). De novo, falar ou murmurar o nome da coisa procurada tornava as buscas mais rápidas.
Os autores do estudo concluíram que apesar dos resultados fornecerem evidências de que falar consigo mesmo afeta os processos relacionados a buscas visuais de objetos específicos, não existem evidências, até o momento, de que efetivamente interfiram na localização dos objetos".
 
Fonte: IG
 
Disponível em:<http://delas.ig.com.br/comportamento/2012-04-25/falar-sozinho-nao-e-coisa-de-maluco.html>. Acesso em: 25 abr. 2012.

Hospitais Psiquiátricos de Curitiba Não Têm Vaga


Familiares de pacientes internados em dois hospitais psiquiátricos de Curitiba reclamam da demora na abertura de vagas e das condições de higiene dos locais. No final de março, uma mulher diagnosticada com esquizofrenia esperou por três dias no Centro de Urgências Médicas (CMUM) do Pinheirinho até que uma vaga fosse disponibilizada no Hospital Nossa Senhora da Luz. No Hospital Bom Retiro, a reclamação é referente às condições de higiene do local, de acordo com a irmã de uma paciente que está internada na unidade, com transtorno bipolar, e que foi intoxicada por medicamentos.
No dia 19 de março, a esposa do torneiro mecânico desempregado Paulo Cristiano Chagas deu entrada no CMUM Pinheirinho depois de sofrer com crises nervosas. Sem vagas disponíveis nos hospitais especializados, ela esperou por três dias na sala de observação do centro. Neste período a mulher fugiu algumas vezes do local, para onde foi levada novamente por familiares e pelo Samu. O chamado para internação veio somente no dia 21 de março, quando Chagas não sabia mais a quem recorrer. “O atendimento foi muito demorado. Só consegui que ela fosse internada porque entrei em contato com outros órgãos”, reclama ele, que parou de trabalhar para conseguir dar atenção à esposa.
A autoridade sanitária do CMUM Pinheirinho, Angelo Braz Moreira, confirma o período em que a paciente esteve na unidade, mas reforçou que o encaminhamento depende da disponibilidade de vagas nos hospitais de referência. As fugas da mulher também foram registradas, mas, de acordo com ele, não é possível evitar. “Isso não é comum”, garante.
Já no Hospital Bom Retiro, a irmã de uma paciente que sofre de transtorno bipolar, mas não quer se identificar por medo de represálias, conta que ficou chocada com o estado dos banheiros do hospital. “É uma higiene fora do normal. É uma sujeira, uma desorganização fora do comum”, conta. Além das condições sanitárias que encontrou, a mulher ainda reclama que sua irmã foi intoxicada por medicamentos e perdeu a vaga no hospital quando precisou sair da unidade para realizar exames. “Ela não reconhecia ninguém.”
Apesar das reclamações, uma inspeção sanitária realizada pela Vigilância Sanitária municipal no dia 5 de março não detectou nenhuma irregularidade no Hospital Bom Retiro, de acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde. Além disso, não foi possível levantar informações específicas sobre o caso da paciente, pois ela não foi identificada pela família.
 
Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria
 
Disponível em:<http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 25 abr. 2012.

Implantação da Rede de Atenção Psicossocial é Discutida no Amapá


Durante três dias, técnicos da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) estarão reunidos em uma oficina que discutirá a implementação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para atender pacientes com transtorno mental. O encontro acontece no auditório da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (CVS) e conta com a presença de técnicos do Ministério da Saúde (MS). A programação iniciou nesta segunda-feira, 23, e prossegue até esta quarta-feira, 25.

Participam também do encontro técnicos das Secretarias Municipais de Saúde e diretores de Hospitais Estaduais de Saúde, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s).

A coordenadora Estadual de Saúde Mental, Michele Maleamá Sfair, ressaltou que a implantação da Rede de Atenção Psicossocial passa também pela sensibilização dos gestores municipais, que precisam tratar a questão do transtorno mental como prioridade.

Michele Maleamá espera que a partir desta oficina haja um engajamento maior de todos os envolvidos com a proposta de consolidar ações e estratégias eficientes, para atender com prioridade e dignidade as pessoas que apresentam algum tipo de distúrbio mental.

A assessora técnica da Sesa, Janeleide Barbosa, antecipou que entre as propostas a serem defendidas no encontro destacam-se: A implantação do serviço Residencial Terapêutico, serviço voltado especificamente para atender pacientes com transtorno mental que não têm nenhuma referência e que, em muitos casos, ficam transitando pelas ruas, sem cuidados; Implantação do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS- 2), a partir de ajustes e implementações que habilitarão o funcionamento do serviço e a instalação do CAPS-3, com atendimento 24 horas.

Pauta
Nesta segunda-feira, 23, às 14h, os técnicos do MS visitaram a sede do CAPS-AD de Macapá (Espaço Acolher). A agenda dos técnicos também incluiu reunião às 17h, com o secretário de Estado da Saúde, Lineu Facundes, para discutir políticas de atendimento a saúde mental, avaliação de projetos e prioridades a serem definidas para este serviço.

Nesta terça-feira, 24, a partir das 8h, farão visita à Clínica de Psiquiatria, anexa ao Hospital Estadual de Clínicas Alberto Lima (HCAL) e visita ao Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen). Os técnicos visitam ainda o CAPS-AD de Santana. As visitas prosseguem até quarta-feira, 25, último dia de programação, incluindo encontros e reuniões com gestores e coordenadores estaduais e municipais de saúde mental.
 
Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria
 
Disponível em:<http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 25 abr. 2012.

Crianças Expostas à Violência Envelhecem Mais Rápido, Diz Estudo


Pesquisadores observaram que situações como agressão física aceleram desgaste do DNA que só deveria ocorrer com o envelhecimento natural
Exposição à violência na infância acelera envelhecimento celular

Uma criança que foi exposta a algum tipo de violência pode apresentar um desgaste em seu DNA semelhante ao naturalmente observado entre pessoas mais velhas. Elas, portanto, têm uma idade biológica maior do que a dos outros jovens. Essa é a conclusão de um estudo feito por pesquisadores do Instituto para Ciência e Política de Genoma da Universidade de Duke, nos Estados Unidos e publicado nesta terça-feira no periódicoMolecular Psychiatry.
Os pesquisadores analisaram amostras de DNA de 236 crianças quando elas tinham de cinco a dez anos de idade. Parte delas havia sido exposta a algum tipo de violência, como a doméstica (brigas entre mãe e seu parceiro, por exemplo) ou sofrido maus tratos físicos por um adulto. As mães das crianças foram entrevistadas quando seus filhos tinham cinco, sete e dez anos.
Os autores do estudo observaram os telômeros de cada criança. Essa estrutura (telômero) corresponde à extremidade do cromossomo e contém material genético. Sempre que um cromossomo é replicado para a divisão celular, os telômeros encurtam. Esse encurtamento tem sido visto por diversos cientistas como um marcador biológico do envelhecimento, o relógio que marca a duração da vida de uma pessoa e sua condição de saúde.
Os pesquisadores observaram que as crianças que haviam sido expostas a algum tipo de violência tiveram, dos cinco aos dez anos de idade, um encurtamento do telômero mais rápido do que aquelas que não haviam passado por uma experiência como essa. O estudo ainda indicou que os jovens que sofreram mais do que um tipo de violência foram aqueles cujo telômero diminuiu mais rapidamente.
No entanto, a equipe não conseguiu determinar se esse quadro é irreversível. Os pesquisadores pretendem realizar novos estudos que acompanhem as crianças durante mais tempo para entenderem as consequências da violência na saúde a longo prazo.
 
Fonte: Revista VEJA
 
Disponível em:<http://veja.abril.com.br/noticia/saude/criancas-expostas-a-violencia-envelhecem-mais-rapido-diz-estudo>. Acesso em: 25 abr. 2012.

Ioga Para a Vida: resultados de pesquisa coordenada por brasileiros, recém-publicados no periódico científico Consciousness and Cognition, comprovam benefícios da prática


De todas as cartografias da mente desenvolvidas pela espécie humana, o ioga é uma das mais sagradas, antigas e complexas. Por meio de exercícios de respiração, postura, vocalização, meditação e outros mistérios, o ioga construiu uma reputação milenar como prática saudável. Segundo os upanixades, escrituras hindus cujas origens datam dos tempos do Buda (cerca de 400 a.C), “não conhece doença, velhice nem sofrimento aquele que forja seu corpo no fogo do ioga. Atividade, saúde, libertação dos condicionamentos, circunspecção, eloquência, cheiro agradável e pouca secreção são os sinais pelos quais o ioga manifesta seu poder”.
Entre os adeptos, acredita-se que a atividade proporciona melhoria da memória e redução da tensão emocional. Os efeitos benéficos sobre a cognição podem derivar dos exercícios de atenção ativa sobre a respiração e os músculos. Por outro lado, o favorecimento do intelecto talvez seja indiretamente obtido pela atenuação de condições psicologicamente debilitantes associadas com déficits, como a depressão. Estudos científicos apoiam a ideia de que os benefícios do ioga decorrem da regulação do eixo hipotálamo-pituitária- adrenal e do sistema nervoso autônomo. Entretanto, diversos fatores prejudicam a interpretação dos resultados. Em primeiro lugar, os estudos não controlaram os efeitos intrínsecos ao exercício físico, utilizando como grupo controle pessoas que não fazem a atividade física regularmente. Além disso, a maioria dos estudos investigou os efeitos do ioga associada com medicação, dietas e outras terapias. Finalmente, a maioria dessas pesquisas foi realizada em populações orientais culturalmente predispostas a essa prática.
Buscando a resolução dessas dúvidas, a neurocientista Regina Silva e seu doutorando Kliger Rocha, do Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (FRN), lideraram uma equipe de investigação sobre os efeitos do ioga na memória, medidas psicológicas e níveis de cortisol em brasileiros adultos. Trinta e seis homens sem conhecimento prévio do ioga, integrantes do Exército Brasileiro, fora submetidos ao experimento por um período de seis meses. Um grupo participou de duas aulas de ioga por semana, mais duas aulas de  exercícios físicos convencionais. Outro grupo (controle) participou apenas de exercícios físicos (quatro aulas por semana). Verificou-se ao final do experimento que o ioga promoveu uma diminuição dos parâmetros psicológicos relacionados à depressão, estressee ansiedade, bem como uma melhoria do desempenho mnemônico em uma tarefa de reconhecimento de palavras, tanto no curto quanto no longo prazo.
Houve também uma significativa redução dos níveis de cortisol, hormônio diretamente envolvido na resposta ao estresse. Os efeitos nessa população ocidental não exposta a outras terapias adjuvantes superaram os efeitos simplesmente relacionados à prática física convencional.
Os resultados, recém-publicados no periódico científico Consciousness and Cognition, generalizam e corroboram os benefícios específicos da prática. Com certeza há muitas outras fronteiras científicas a explorar nos arcanos segredos do ioga, herança poderosa a iluminar a autodescoberta humana. Mapa da mina da vida, o ioga pede passagem.
 
Fonte: Revista Mente e Cérebro 
 
Disponível em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/ioga_para_a_vida.html>. Acesso em: 24 abr. 2012.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Teste de Sangue Pode Revelar Depressão em Adolescentes: pesquisa identifica 11 marcadores que podem diagnosticar doença

Cientistas analisaram o sangue de 28 adolescentes em busca de marcadores para a depressão  

Cientistas podem ter desenvolvido um teste de sangue capaz diagnosticar depressão em adolescentes e jovens. O teste, que ainda está nos seus estágios iniciais de desenvolvimento, encontrou 11 marcadores que podem ser sinais da doença. A pesquisa foi publicada na revista Translational Psychiatry, nesta terça-feira. 
 
A depressão atinge 1% da população com menos de 12 anos, e de 17 % a 25% da população de adolescentes e jovens adultos. O transtorno é ainda mais sério quando atinge pessoas com menos de 25 anos, pois pode atrapalhar seu desenvolvimento, levar ao abuso de substâncias de drogas e ao aparecimento de graves doenças físicas e de ordem psiquiátrica. 
Atualmente, os médicos só conseguem diagnosticar o distúrbio por meio de seus sintomas. Segundo Eva Reid, psiquiatra da Northwestern University nos Estados Unidos e responsável pelo estudo, os cientistas precisavam de um meio mais seguro de fazer esse diagnóstico. Para isso, sua equipe buscou marcadores que diferenciassem o sangue de adolescentes depressivos e saudáveis, e mostrassem a ativação de genes específicos. 
Na primeira etapa da pesquisa, eles analisaram o sangue de uma linhagem de ratos selecionada com características da depressão adolescente, e encontraram 26 marcadores que os diferenciavam de ratos saudáveis. A hipótese do estudo é que esses mesmos marcadores poderiam ser encontrados nos humanos. 
Num segundo momento, a equipe analisou o sangue de 28 adolescentes de 15 a 19 anos, dos quais metade era depressiva. Dos 26 marcadores analisados, 11 também serviram para diferenciar os humanos portadores do transtorno. Esses marcadores mostravam a ativação de genes envolvidos na transcrição do DNA, no neurodesenvolvimento e na neurodegeneração. Além disso, os cientistas encontraram 18 marcadores que separavam os pacientes que sofriam apenas de depressão daqueles que sofriam de depressão e ansiedade. 
O estudo tem algumas limitações, como o pequeno número de voluntários e de marcadores pesquisados. No entanto, seu resultado deve levar ao desenvolvimento de pesquisas maiores e talvez, no futuro, de um exame confiável para diagnosticar o distúrbio. 
 
Fonte: Revista VEJA
 
Disponível em:< http://veja.abril.com.br/noticia/saude/teste-de-sangue-pode-revelar-depressao-em-adolescentes>. Acesso em:18 abr. 2012.

Residência Agora é Pós-Graduação: governo estabelece critérios e institucionaliza os programas de experiência voltados aos profissionais de 13 áreas, como odontologia e psicologia

Trinta anos depois de o Ministério da Educação (MEC) reconhecer a residência para os médicos, a pasta institucionalizou as regras para o programa que mistura estudo e experiência para os demais profissionais da saúde, atendendo a antiga demanda de 13 áreas. As residências passam a ser reconhecidas como pós-graduação lato sensu, o que permite inclusive a adesão a programas de bolsas de estudo.
O conceito de que a saúde engloba outros segmentos e pode ser estudado de forma multidisciplinar é aceito pelo ministério desde 2005, mas só em 2009 foi formada a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS) para avaliar e regulamentar o setor. O reconhecimento oficial veio ontem, com a publicação no Diário Oficial da União das diretrizes gerais para a criação dos programas de residência multiprofissional.
De acordo com as diretrizes, os projetos das instituições de ensino superior de residência, que antes eram encaminhados ao MEC sem uma ordem expressa sobre como deveriam ser feitos, agora precisam atender demandas como a titulação mínima de mestre e experiência profissional de pelo menos três anos para os coordenadores e tutores, carga horária de 60 horas semanais, com duração mínima de dois anos e dedicação exclusiva.
Os programas são orientados pelos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e atendem os profissionais de biomedicina, ciências biológicas, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina veterinária, nutrição, odontologia, psicologia, serviço social e terapia ocupacional. A medida abrange todos os 212 programas de residência multiprofissional e os 296 de residência em área profissional, sendo 137 financiados pelo MEC e o restante, por outros órgãos e instituições, como o Ministério da Saúde.
O presidente do Conselho Regional de Nutrição de Minas Gerais, Élido Bonomo, percebe a decisão como um marco para os profissionais das áreas beneficiadas. Segundo ele, essa proposta estava há anos em discussão, mas faltava sistematizá-la. "É regulamentação de uma prática que vinha sendo adotada, mas que precisava desse reconhecimento", afirma.
Para Élido, a resolução fortalece os programas na medida em que exige das instituições mais critérios e rigor no encaminhamento dos cursos. "A decisão nos faz crer que, além do lado prático, há um estímulo para a produção de artigos, dissertações e estudos." Segundo o especialista, a medida também consiste em uma forma de o ministério reconhecer que os problemas de saúde das pessoas são "multifacetados". "A residência integra as ciências e coloca vários saberes em uma pós-graduação", define.
Prática
A estudante de nutrição da Universidade de Brasília (UnB) Thamires Marinho, 20 anos, por exemplo, acredita que o misto de aula e prática que o programa oferece vai aprimorar sua atuação como profissional. É por isso que ela se prepara para tentar a residência. "A residência oferecida em Brasília para a minha formação é na área de oncologia. É um projeto completamente diferente e muito interessante, que falta na graduação. Ele envolve outras formações e é um jeito de ter contato prático, mas continuar sendo treinada com a orientação de um tutor."
Os programas de residência costumam seguir a mesma regra que os mestrados. Um órgão abre seleção e, geralmente, basta que o interessado seja graduado para poder concorrer à vaga. A diferença fica por conta de uma atividade ser profissionalizante e a outra, acadêmica.
Novos diretores
na EBSERH
O Ministério da Educação (MEC), com aval da presidente Dilma Rousseff, nomeou ontem Celso Fernando Ribeiro de Araújo, Walmir Gomes de Sousa, Garibaldi José Cordeiro de Albuquerque e Jeanne Liliane Marlene Michel para exercerem cargos de diretores da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). A estatal, veiculada ao ministério, foi criada no fim do ano passado para administrar os hospitais universitários federais, mas ainda caminha a passos lentos. Até o momento, somente o presidente, José Rubens Rebelatto, trabalha na EBSERH, em um escritório improvisado na Esplanada. Segundo a assessoria de imprensa do MEC, a previsão para início das atividades da empresa é o segundo semestre deste ano.
 
Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria
 
Disponível em:<http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2#>. Acesso em: 16 abr. 2012.

Sondando o Inconsciente: um século depois de Freud apresentar a ideia de que habita em nós uma instância sobre a qual não temos controle, a ciência busca estudá-la em laboratório

Há mais de 100 anos o criador da psicanálise, Sigmund Freud, popularizou a ideia do inconsciente. Esse aspecto da mente abriga pensamentos, desejos e lembranças que, por seu teor excessivo, sexual ou violento, não suportamos manter por perto – e, por isso, são removidos para uma espécie de “porão” psíquico para que não tenhamos de lidar com eles a cada instante. Apesar de nossos esforços para manter esses conteúdos recalcados, eles continuam vívidos e vez por outra retornam mais ou menos disfarçados. Como esse aspecto não é, por definição, facilmente acessível, não é simples estudá-lo – embora se apresente inúmeras vezes por meio de atos falhos e no conteúdo dos sonhos, por exemplo. Depois de muitas abordagens psicológicas buscarem negar ou ignorar essa instância – o que, aliás, é compreensível, visto que parece realmente desconfortável ter um “estranho morando dentro de nós” –, a ciência tem se rendido e procurado compreendê-la melhor.

Atualmente o domínio da inconsciência, descrito mais genericamente no âmbito da neurociência cognitiva como qualquer processo que não permita a ativação da consciência, é rotineiramente estudado em centenas de laboratórios que usam técnicas psicológicas objetivas baseadas em análises estatísticas. Dentre tantos, dois experimentos revelam algumas capacidades da mente inconsciente. Ambos dependem do “mascaramento”, a ocultação de objetos da cena apresentada. Ou seja: as pessoas que participam dos estudos olham, mas simplesmente não veem o que seus olhos captam. 

O primeiro experimento resultou de uma colaboração entre os pesquisadores Filip van Opstal, da Universidade Ghent, na Bélgica, Floris P. de Lange, da Universidade Radboud Nijmegen, na Holanda, e Stanislas Dehaene, do Collège de France, em Paris. Dehaene, diretor da Unidade de Neuroimageologia Cognitiva (Inserm-CEA, na sigla em francês), é mais conhecido por suas investigações sobre mecanismos cerebrais responsáveis por contas e números. Ele explora até que ponto uma simples adição ou uma média podem ser calculadas de forma automática – o que ele acredita que ultrapasse os limites da consciência. Somar 7, 3, 5 e 8 geralmente é considerado um processo cognitivo consciente e sofisticado. Porém, Van Opstal e seus colegas provaram o oposto de forma indireta, mas inteligente e bastante convincente.

Durante o experimento, a imagem de um conjunto de quatro números arábicos com um único dígito (1 a 9, excluindo o 5) era projetada rapidamente numa tela. Voluntários tinham de indicar, o mais rápido possível, se a média dos quatro números era maior ou menor que 5. Cada rodada era precedida por uma pista oculta que podia ser válida ou inválida. A pista consistia num flash mostrando outro conjunto de quatro números cuja média era menor ou maior que 5). Estes eram precedidos e seguidos por marcas hastag ou jogo da velha (#) no lugar dos números visualizados de relance durante o flashAs marcas efetivamente escondiam as pistas de modo que, conscientemente, não era possível ver esse conjunto de números. Convidar os participantes a adivinhar se a média dos quatro números escondidos era menor ou maior que 5 também não funcionou: ela era aleatória.

No entanto, a pista ainda influenciava a reação dos participantes. Quando a dica implícita era válida, a resposta final era conscientemente mais rápida que quando a pista era inválida. Na ilustração, a média dos quatro indícios invisíveis (3,75) é menor que 5, enquanto a média dos números-alvo visíveis é maior que 5. Resolver esse conflito requer mais tempo de processamento (cerca de 1/40 de segundo). Isso significa que a pista aciona a atividade neural representada pela declaração “menor que 5” que, por sua vez, interfere no estabelecimento imediato de uma associação de neurônios representando “maior que 5”. Essas pistas invisíveis e indetectáveis influenciam no comportamento e sugerem que “saber sem se dar conta disso” pode, de alguma forma, ajudar a estimar a média dos quatro números de um dígito. É pouco provável que nesses casos as pessoas ajam seguindo as regras algébricas precisas que as crianças aprendem na escola. Mas o processo pode basear-se na heurística (método para fazer descobertas). Por exemplo, para cada número maior que 5, realmente aumenta a probabilidade de o voluntário apertar o botão “maior que 5”.

Este é apenas o último de uma batelada de experimentos que demonstram a capacidade de “codificação do conjunto”, uma habilidade da mente de estimar, em poucos segundos, a expressão emocional dominante de uma multidão de rostos ou das dimensões aproximadas de pontos agrupados, mesmo que as faces ou os pontos isoladamente não sejam conscientemente identificados.

A possibilidade que temos de agrupar rapidamente todos os diferentes elementos contidos numa cena e colocá-los no mesmo contexto é uma das principais características da consciência. A forma como a mente conduz esse processo é muito intrigante. Talvez porque as vastas e intrincadas redes neurais do córtex cerebral que codificam as imagens tenham aprendido que certos objetos combinam, outros não (como os bots– programas que executam automaticamente tarefas repetitivas – que o Google e outros mecanismos de busca usam para vasculhar a internet e listar todas as ocorrências da web para disponibilizá-las prontamente na próxima busca). Considerando o número quase infinito de combinações de objetos e contextos, é possível que essa solução seja realizada pelo cérebro? Ou será que as técnicas de ocultação suprimem a visibilidade da imagem mas não impedem completamente o acesso consciente a elas? Somente mais pesquisas poderão responder a essas perguntas. Assim, talvez no futuro possamos finalmente conhecer a capacidade da inconsciência cognitiva e ter mais informações sobre o papel fundamental desempenhado pela consciência.
 
Fonte: Revista Mente e Cérebro
 
Disponível em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/sondando_o_inconsciente.html>. Acesso em:17 abr. 2012.

Contação de História

Contação de História com Mabel Velloso no dia 5 de maio (sábado) das 16 às 17 horas - ENTRADA FRANCA

Efeitos Rápidos da Equoterapia Atraem Novo Público

Os efeitos conhecidos da equoterapia no tratamento de pessoas com deficiências estão atraindo novos adeptos para a técnica. Adultos e crianças que não têm limitações neuromotoras ou cognitivas, mas lidam com outras dificuldades da vida, como estresse, depressão, problemas na escola... 
Mesmo para quem não enfrenta essas dificuldades, a técnica é usada como uma forma de preveni-las e, de quebra, dar um gás a mais para os neurônios. 
"Andando a cavalo, a pessoa recebe de cerca de 2.000 novos estímulos cerebrais", afirma a fisioterapeuta Letícia Junqueira, que coordena sessões de equoterapia e equitação lúdica no Jockey Club de São Paulo. 
AÇÃO CEREBRAL 
O nome equitação lúdica é dado para diferenciar o trabalho feito com pessoas sem deficiência, mas o princípio de ação é o mesmo da equoterapia, tradicionalmente usada para reabilitação. 
"Os ajustes corporais da pessoa para se adaptar aos desequilíbrios causados pelo deslocamento do cavalo mandam sinais nervosos pela medula espinhal até o sistema nervoso central. Isso gera a formação de novas células nervosas no cérebro", diz Junqueira.

Laura Chiavarelli, 2, pratica equitação lúdica no Jockey Club de São Paulo

A possibilidade de estimular precocemente as habilidades cognitivas de Laura, 2, atraiu sua mãe, a dermatologista e clínica-geral Ana Carolina Chiavarelli, 39. 
Apesar de morrer de medo de montar a cavalo, Ana Carolina viu na equoterapia uma forma de evitar que Laura passe pelos mesmos problemas de rendimento escolar que os irmãos mais velhos (de 19 e quatro anos) tiveram. 
"Quero que ela seja centrada, tenha atenção. Eu pesquisei a literatura e vi que o movimento do cavalo melhora a coordenação, a linguagem, o raciocínio. Estou apostando nisso para colher frutos quando ela começar a escolarização", diz Ana Carolina. 
A cereja do bolo é que todo esse aprendizado é feito num ambiente muito diferente e muito mais prazeroso que uma sala de aula. 
No caso de pessoas que precisam de tratamento, é uma vantagem imensa, segundo a psicopedagoga Liana Pires Santos, representante da Associação Nacional de Equoterapia em São Paulo.
"Tirar o paciente do consultório é um motivador e um alívio, tanto para ele quanto para a família", diz ela. 
Outra motivação é a rapidez com que surgem os ganhos motores e psicológicos na equoterapia. "Com 12 sessões já fica evidente a melhora postural e de tônus muscular", afirma Santos.
Esses ganhos não se restringem ao aspecto corporal. "Todo ato motor envolve uma transformação psíquica", diz a psicopedagoga. 
Aprumar as costas, entre outras coisas, eleva a autoconfiança e faz a pessoa respirar melhor -benefícios importantes nos tratamentos contra o estresse e a depressão, segundo a terapeuta ocupacional Luciane Padovani, do centro de equoterapia Camaster, em Salto, interior de São Paulo. 


CABEÇA ERGUIDA 
O alívio veio a cavalo para Neil Anderson de Almeida Saubo, 36. Ele é o único caso conhecido na América Latina de uma doença raríssima de nome complicado (síndrome de Hallervorden-Spatz), que provoca rigidez e perda muscular irreversíveis. 
Quando começou a fazer equoterapia, há um ano, ele chegava à sessão semanal todo curvado, queixo no peito, mal conseguindo respirar. 
Hoje, Neil aproxima-se com a cabeça erguida para acariciar o cavalo. Ao montar, ele mantém a coluna totalmente ereta. 
Sua mãe, Valdete Saubo, 57, conta que foi ele quem pediu para fazer o tratamento, após ver uma reportagem sobre a terapia. Neil cursou até o segundo ano da faculdade de veterinária e tem paixão por três cês: "Corinthians, chocolate e cavalo". 
A facilidade de criar vínculo afetivo com um animal ao mesmo tempo tão dócil e tão poderoso é outro facilitador do tratamento, segundo a fisioterapeuta Ariane Rego, do centro de equoterapia Cresa, na Grande São Paulo. 
Para Samuel, 5, "Foi amor à primeira vista", diz a mãe, Ana Rosa de Sirqueira, 41. 
Por causa da paralisia cerebral, o menino não conseguia nem sustentar a cabeça. Começou a fazer uma sessão semanal de equoterapia e, em poucos meses, teve um desenvolvimento "muito rápido, fora do normal", segundo conta a mãe. 
Tanto para reabilitação quanto para outras finalidades, a recomendação é fazer uma sessão semanal, com 30 minutos de montaria. O custo é cerca de R$ 500 por mês. Alguns locais têm tratamento gratuito para deficientes (veja no site da Ande-Brasil). 
ONDE ENCONTRAR 
Ande- Brasil (Associação Nacional de Equoterapia)
www.equoterapia.org.br 
Centro de Reabilitação Camaster
www.camasterequoterapia.wordpress.com 
Centro de Reabilitação e Equoterapia Santo André
www.equoterapiasantoandre.com.br 
Gati Equoterapiawww.lianaequoterapia.com.br 
Jockey Club de SP - Letícia Junqueira
equoterapia@jockeysp.com.br 
 
Fonte: Folha de São Paulo

Associação Americana de Psiquiatria Revê Definição de Características do Autismo: quinta edição do ‘Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais’, referência no mundo todo, eliminará Síndrome de Rhett do espectro da doença.

Neste momento, uma força-tarefa nomeada pela Associação Americana de Psiquiatria se debruça mais uma vez sobre o diagnóstico do autismo, o que resultará na redefinição do transtorno, a ser publicada, provavelmente em 2013, na quinta edição do "Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais", ou DSM-5, referência no mundo inteiro.
De acordo com um estudo conduzido no Instituto para o Estudo da Criança, da Universidade de Yale, 25% das pessoas classificadas hoje como autistas clássicos e 75% daquelas diagnosticadas com a Síndrome de Asperger ou de TID-SOE não o seriam pela nova descrição, o que leva a crer que o número de diagnósticos terá uma drástica redução. Pelos critérios em vigor, uma pessoa deve ter pelo menos seis entre 12 comportamentos para se definida como autista. Com a revisão, é possível que elas tenham de exibir três déficits de interação social e dois comportamentos repetitivos para se encaixar na definição.

O diagnóstico de autismo foi revisto pela última vez nos anos 1990, para englobar não apenas as pessoas enquadradas no quadro clássico, mas também muitas outras com uma ampla gama de disfunções e níveis de cognição que, no entanto, tinham uma inabilidade social igualmente profunda. Desde então, a doença se tornou mais comum, a tal ponto que ainda hoje a comunidade científica discute se foi a mudança na alteração na descrição do problema que causou um súbito aumento do número de casos ou se o autismo ficou apenas mais bem definido, e, consequentemente, mais bem detectado. Agora, ao que tudo indica, predominará a corrente para a qual é preciso encontrar outra forma de classificar desordens que se afastam demasiadamente da descrição original do autismo.

Fonte: Jornal O Globo
 

Exposição Celebra Cem Anos de Jorge Amado

A partir de amanhã (17.04), o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, será tomado por dona Flor, Gabriela, Quincas, Pedro Bala e companhia. 
Em parceria com a Fundação Casa de Jorge Amado, o museu inaugura exposição em homenagem ao centenário do escritor, nascido em 10 de agosto de 1912 e morto em 6 de agosto de 2001. 
"Jorge Amado e Universal" fica em cartaz em São Paulo até 22 de julho e depois segue para o Museu de Arte Moderna da Bahia. Mais oito capitais (entre elas Recife, Rio e Brasília) e cidades do exterior (como Buenos Aires) também podem receber a mostra. 
"Ele é um escritor superlativo. Foi muito lido e traduzido. A intenção foi contemplar os aspectos que marcam a obra e a vida dele", conta Ana Helena Curti, coordenadora-geral de conteúdo da mostra. 
Para isso, o público terá acesso a fotografias, manuscritos, filmes, jornais históricos, charges, documentos, ilustrações, correspondências e objetos de uso pessoal do escritor espalhados por diferentes módulos do museu. 
O projeto cenográfico é assinado pela dupla Daniela Thomas e Felipe Tassara. 
O primeiro módulo da exposição reúne informações sobre alguns dos principais personagens do universo amadiano. Contudo, a organização evitou utilizar as imagens das diversas adaptações das obras do autor para teatro, cinema ou TV. 
"Achamos que seria desnecessário. O imaginário já faz parte do público. Queremos é somar", diz a coordenadora. Como exemplo, explica que "os mais velhos têm a Sonia Braga na cabeça; os mais novos terão agora Juliana Paes. Nós queremos, então, somar a Gabriela desenhada por Di Cavalcanti". 
Os temas comumente associados a Jorge (a sensualidade, a cultura negra, o cenário baiano) estarão presentes, é claro, mas outros, às vezes pouco citados, também serão representados. 
Nessa tentativa de surpreender os visitantes com uma imagem mais rica e complexa, a mostra dará destaque à trajetória política de autor. 
Um dos módulos do museu trará o cartaz da campanha de Amado para deputado federal de São Paulo pelo Partido Comunista Brasileiro (1945), trechos de jornais sobre sua atuação parlamentar e fotos de viagens por países comunistas. 


O escritor baiano Jorge Amado

JORGE AMADO E UNIVERSAL
QUANDO: de ter. a dom., das 10h às 18h; até 22/7
ONDE: Museu da Língua Portuguesa (praça da Luz, s/nº; tel. 0/xx/11/3326-0775)
QUANTO: R$ 6
CLASSIFICAÇÃO: livre

Fonte: Folha de São Paulo
 
Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1076444-exposicao-celebra-cem-anos-de-jorge-amado.shtml>. Acesso em: 16 abr. 2012.

Confissões de Cirurgiões: em livro, médico americano relata os bastidores das salas de operação, os conflitos emocionais e a complexa vida dos profissionais do bisturi


Ele está lá, todo paramentado, cercado por auxiliares, com bisturi na mão. A figura do cirurgião ao lado da maca, do rosto aparecendo apenas o que máscara permite, costuma despertar curiosidade aos olhos dos pacientes. Normalmente, falam pouco, têm pequeno contato mais próximo com os doentes, mas é justamente neles que as pessoas depositam grande parte de suas esperanças na luta pela vida. Em um gesto raro entre esses especialistas, o cirurgião americano Paul Ruggieri resolveu contar do que é feito o cotidiano desses médicos, o que de fato acontece dentro da sala de cirurgia, os sentimentos, os dilemas pelos quais eles passam. Os bastidores que permeiam a vida nada calma desses profissionais estão revelados no livro “Confessions of a Surgeon”, lançado recentemente nos Estados Unidos. “A maioria das pessoas não tem ideia do que acontece dentro de uma sala de operação”, contou à ISTOÉ. “Quis que todos conhecessem de verdade o que ocorre e como me sinto dentro do centro cirúrgico.”

Ruggieri tem 52 anos, 20 deles trabalhando como cirurgião. Hoje é chefe do Departamento de Cirurgia do Charlton Memorial Hospital, localizado em Massachusetts. Em todos os anos passados entre a residência médica – período depois da graduação no qual o médico recebe o treinamento específico para a especialidade que escolheu – e a chefia do departamento, passou por situações que colocaram em teste sua paciência, seu autocontrole, sua compaixão e sua capacidade de colocar sua missão acima de valores pessoais. Em uma delas, por exemplo, viu-se obrigado a atender um homem que havia acabado de provocar uma tragédia em um fórum, durante uma audiência de divórcio. O homem baleou a ex-esposa, a advogada dela e mais algumas pessoas, e acabou atingido pela polícia com nove balas. E tinha de ser atendido antes dos outros feridos. “Pensei que ele não merecia o esforço para fazê-lo viver”, contou no livro. “Mas voltei à realidade e vi que a sala de operação torna todos iguais. Ele estava ferido e eu podia ajudá-lo.”

O livro ainda não chegou ao Brasil, mas foi bem-vinda por aqui a iniciativa de relatar o dia a dia repleto de emoções, que vão da raiva à alegria, do cansaço à euforia. “É bom revelar que o médico é um ser humano também. Que fica de mau humor, cansado”, diz Carlos David Carvalho Nascimento, cirurgião-geral e do aparelho digestivo do Hospital e Maternidade São Luiz, de São Paulo. “Embora tenha de ficar claro que nada disso pode ser usado para justificar um erro”, ressalva.

Nascimento tem tempo de experiência parecido com o do colega americano. Aos 51 anos de idade, acumula 26 como cirurgião. E, assim como Ruggieri, também enfrenta circunstâncias difíceis, dolorosas, inusitadas. Já se viu, por exemplo, obrigado a amarrar paciente para não ser agredido e já morreu de raiva por ver seu trabalho ir por água abaixo depois de o doente teimar e não seguir suas orientações depois da cirurgia. Por conta do grau de complexidade que caracteriza a atividade, Nascimento acredita que os médicos deveriam receber treinamento para encarar desafios como a morte de um paciente. “Em geral, o médico não sabe lidar com o fracasso”, diz. “Aprender a administrar isso deveria fazer parte da nossa formação”, defende.
 
Fonte: Revista Isto é
 
Disponível em:<http://www.istoe.com.br/reportagens/199089_CONFISSOES+DE+CIRURGIOES?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage>. Acesso em:16 abr. 2012.

A Polêmica da Internação Compulsória: medida sugerida como política pública para usuários de crack provoca discussões; aqueles que discordam citam abusos e ineficácia do procedimento

Drogas como o crack agem de maneira tão agressiva no corpo do usuário que não permitem que ele entenda a gravidade de sua situação e o quanto seu comportamento pode ser nocivo para ele mesmo e para os outros. Foi com base nessa ideia que o deputado federal Eduardo Da Fonte (PP-PE) apresentou em março deste ano uma proposta de política pública que prevê a internação compulsória temporária de dependentes químicos segundo indicação médica após o paciente passar por avaliação com profissionais da saúde. A internação contra a vontade do paciente está prevista no Código Civil desde 2001, pela Lei da Reforma Psiquiátrica 10.216, mas a novidade agora é que o procedimento seja adotado não caso a caso, mas como uma política de saúde pública – o que vem causando polêmica. Aqueles que se colocam a favor do projeto argumentam que um em cada dois dependentes químicos apresenta algum transtorno mental, sendo o mais comum a depressão. A base são estudos americanos como o do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH, na sigla em inglês), de 2005. Mas vários médicos, psicólogos e instituições como os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs), contrários à solução, contestam esses dados.

Os defensores da internação compulsória afirmam que o consumo de drogas aumentou no país inteiro e são poucos os resultados das ações de prevenção ao uso. A proposta tem o apoio do ministro da Saúde Alexandre Padilha, que acredita que profissionais da saúde poderão avaliar adultos e crianças dependentes químicos para colocá-los em unidades adequadas de tratamento, mesmo contra a vontade dessas pessoas. O ministro acrescenta que a medida já é praticada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O Conselho Federal de Medicina (CFM) também é a favor da medida. Durante a reunião de apresentação do relatório de políticas sociais para dependentes de drogas, o representante do CFM Emmanuel Fortes corroborou a proposta de internação compulsória nos casos em que há risco de morte, ressaltando que a medida já é praticada no país.
De fato, de acordo com Relatório da 4a Inspeção Nacional de Direitos Humanos (que pode ser consultado pelo site http://www.pol.org.br/pol/cms/pol/publicacoes/relatorios/120123_001.html), apesar de a lei no 10.216 prever a internação compulsória como medida a ser adotada por um juiz, o que se vê na prática com os usuários de álcool e outras drogas contraria a lei, pois introduz a aplicação de medida fora do processo judicial. Maus-tratos, violência física e humilhações são constantes nessas situações. Há registros de tortura física e psicológica e relatos de casos de internos enterrados até o pescoço, obrigados a beber água de vaso sanitário por haver desobedecido a uma norma ou, ainda, recebendo refeições preparadas com alimentos estragados.
DE TRÊS FORMAS

Atualmente estão previstos três tipos de internação: voluntária, involuntária e compulsória. A primeira pode ocorrer quando o tratamento intensivo é imprescindível e, nesse caso, a pessoa aceita ser conduzida ao hospital geral por um período de curta duração. A decisão é tomada de acordo com a vontade do paciente. No caso da involuntária, ela é mais frequente em caso de surto ou agressividade exagerada, quando o paciente precisa ser contido, às vezes até com camisa de força. Nas duas situações é obrigatório o laudo médico corroborando a solicitação, que pode ser feita pela família ou por uma instituição. Há ainda a internação compulsória, que tem como diferencial a avaliação de um juiz, usada nos casos em que a pessoa esteja correndo risco de morte devido ao uso de drogas ou de transtornos mentais. Essa ação, usada como último  recurso, ocorre mesmo contra a vontade do paciente.

CASO A CASO

Para a secretária adjunta Paulina do Carmo Duarte, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), o discurso que circula sobre epidemia do crack não está de acordo com a realidade. “Há no imaginário popular a ideia equivocada de que o Brasil está tomado pelo crack, mas o que existe é o uso em pontos específicos que pode ser combatido com atendimento na rua, não com abordagem higienista, com o mero recolhimento de usuários.” Dados do Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid) revelam que 12% dos paulistanos são dependentes de álcool e apenas 0,05% usa crack. A psicóloga Marília Capponi, conselheira e representante do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP), aponta que, apesar dos dados, o crack tem sido tratado como epidemia em todo o território nacional nos últimos anos, e com isso tem sido disseminada a necessidade de uma resposta emergencial para resolver a questão, o que referenda a internação compulsória. Marília, que também é cordenadora de um Centro de Atenção Psicossocial (Caps), argumenta, porém, que essa é uma propaganda falaciosa. Estudos desenvolvidos em centros de pesquisa de várias partes do mundo mostram que de todas as pessoas que se submetem a tratamento para se livrar das drogas, apenas 30% conseguem deixar a dependência; mas o acompanhamento dos casos mostra que é imprescindível o tratamento específico e muito esforço multiprofissional.

O sistema de conselhos de psicologia acredita que a medida fere os direitos humanos e tenta destruir o movimento da reforma psiquiátrica. Defende que não basta reconhecer a insuficiência da rede de saúde na administração das necessidades dos que dependem de drogas, mas estabelecer o compromisso de ampliá-la com o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Os especialistas acreditam que a opção pela internação em instituição terapêutica deve ser considerada e respeitada, mas desde que seja avaliada caso a caso – e jamais adotada como uma política pública.

“Trabalhadores, gestores e usuários do SUS mobilizaram-se a favor da defesa dos direitos humanos e do tratamento em serviços abertos e articulados com a Rede Antimanicomial. Fica claro que as comunidades terapêuticas não são aceitas pelos que constroem o SUS. Elas se constituem em serviços que se organizam a partir de pressupostos morais e religiosos que ainda persistem devido à correlação de forças nas diferentes instâncias dos legislativos, executivos e judiciários do nosso país”, afirma Marília Capponi. Outro estudo, feito pelo psiquiatra e coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad) Dartiu Xavier da Silveira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostra que apenas 2% dos pacientes internados contra a vontade têm sucesso no tratamento e 98% deles reincidem. “A porcentagem de fracassos é alta demais para que a medida seja adotada como política pública no enfrentamento do crack”, afirma Marília.

Enquanto se discute a questão, dois usuários de crack são internados involuntariamente todos os dias em São Paulo. Entre pessoas dependentes dessa e de outras drogas e a pacientes psiquiátricos, o número de encaminhados para instituições terapêuticas contra a própria vontade nos últimos oito anos passa dos 32 mil, segundo dados do Ministério Público. Marília garante que as experiências relatadas por quem já passou pela internação forçada são desumanas. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) tem proposto debates para discutir formas de enfrentamento do uso abusivo de álcool e drogas ilegais, argumentando que o problema tem raízes na desigualdade social e que apenas articulações em rede, da qual participem diversos setores e instituições sociais, podem ser eficazes para resolver a questão.

CONFLITOS E DESAFIOS

O movimento da reforma psiquiátrica é uma luta pelos direitos de pacientes psiquiátricos que denuncia a violência praticada nos manicômios e que propõe a construção de uma rede de serviços e estratégias comunitárias para o tratamento dessas pessoas. O movimento ganhou força na década de 70 no Brasil com a mobilização de profissionais da saúde mental e familiares de pacientes insatisfeitos com os métodos praticados na época. A nova política de saúde mental visa o tratamento em rede substitutiva, ou seja, em locais que o paciente possa frequentar, sem a necessidade de passar longos períodos internado, longe da convivência familiar e comunitária.

O movimento de desconstrução do hospital psiquiátrico implica um processo político e social complexo, composto de diversos atores, instituições e forças de diferentes origens do qual o CRP participou efetivamente; por isso a instituição se posiciona contra as internações compulsórias e contra as comunidades terapêuticas, defendendo o tratamento em locais abertos ligados à rede antimanicomial. Para isso luta pela ampliação dos serviços oferecidos pelos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), que é um trabalho em saúde mental aberto e comunitário do SUS e local de tratamento para pessoas que justifiquem sua permanência num dispositivo de atenção diária; nas unidades de acolhimento transitório, postos que funcionam como uma passagem breve para o dependente, que depois será encaminhado a serviços de reinserção social. Também são considerados necessários consultórios de rua que atendam à população em situação de risco e vulnerabilidade social, principalmente crianças e adolescentes usuários de álcool e outras drogas; bem como a oferta de leitos em hospital geral e equipes de saúde mental básica articuladas com as redes de urgência.

Uma contrapartida à internação compulsória é o reforço de políticas públicas de tratamento em rede substitutiva, em convivência familiar e comunitária aos usuários de entorpecentes. “A dependência química é um fenômeno que deve ser discutido da perspectiva biopsicossocial; o tráfico, o desemprego e a violência pedem intervenções mais amplas e recursos de outras áreas como educação, habitação, trabalho, lazer e justiça”, ressalta Marília.

Fonte: Revista Mente e Cérebro 
 
Disponível em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/a_polemica_da_internacao_compulsoria.html>. Acesso em: 16 abr. 2012.