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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

CAMPANHA: Doe Livros e Incentive a Leitura

Doe livros ao Museu Carlos Costa Pinto e contribua com a difusão do conhecimento.
Todos os livros serão entregues às Bibliotecas Comunitárias, para que estas proporcionem à comunidade o acesso à leitura.

Local de entrega: Loja do Museu | Horário: das 14:30 às 19:00 horas, todos os dias, exceto terça-feira, domingo e feriado. Caso o Museu esteja fechado, pode entregar na guarita.
Av. Sete de Setembro, 2490 - Corredor da Vitória - Salvador - Bahia

Seminário de Medidas de Segurança frente à Lei Antimanicomial


Inscrições Abertas!

O Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA), em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), promove o Seminário de Medidas de Segurança frente à Lei Antimanicomial (Lei 10.216).
As vagas são limitadas e as inscrições podem ser feitas no link à direita desta página.
O objetivo do evento é debater temas como a política nacional antimanicomial, a implementação do programa da política antimanicomial na Bahia, a construção da rede de trabalho, o mito da periculosidade do louco e a medida de segurança em uma visão contemporânea.

Programação aqui

Inscrições aqui 

IV Lavagem da Biblioteca Pública do Estado da Bahia

Um cortejo percussivo e literário do Campo Grande ao Barris abre as festividades organizadas pela Biblioteca Pública do Estado para comemorar o Dia da Cultura, 05 de novembro. Neste dia, a primeira biblioteca pública da América Latina encerra os festejos do ano do seu Bicentenário e celebra quatro décadas do prédio próprio, localizado no bairro dos Barris. O evento começa às 9h, com concentração na Praça do Campo Grande.

Realizada há 04 anos, a lavagem “profano-literária”, como ficou conhecida, já faz parte do calendário baiano e marca o início da programação do Novembro Negro, série de eventos que marcam o mês da Consciência Negra. A lavagem reúne centenas de pessoas, que acompanham o cortejo puxado por um mini trio e formado por baianas, poetas, escritores, artistas, estudantes e populares. O tema desta edição é “Ler é uma viagem. Embarque nessa!”. Assim, durante todo o trajeto, o livro e a literatura serão divulgados através dos artistas e da presença do veículo da Biblioteca Móvel. O evento será encerrado com o ato simbólico de lavagem da escadaria da Biblioteca, além de uma série de show musicais no Quadrilátero.

Para garantir a animação do evento antes da saída do cortejo, ainda na concentração, o grupo "Kem Samba Vem" convida todos a participar. Para puxar o cortejo, o grupo "Os Multipétalos" e o cantor Mikael Mutti com o seu "Percussivo Mundo Novo" estão confirmados, no minitrio. Já no Quadrilátero às 13h, a cantora Márcia Short fará um show especial celebrando os 200 anos da Biblioteca. Para encerrar a festa, às 15h, o cantor Magary Lord vai subir ao palco e colocar todo mundo para dançar.

Programação

09h – Concentração com "Kem Samba Vem"
10h – Saída do Cortejo com Mini Trio comandado por: Os Multipétalos e Percussivo Mundo Novo
12h – Lavagem simbólica das escadarias
13h – Show de Abertura –  Márcia Short
14h30 – Intervenções artístico-culturais
15h30 – Show de encerramento – Magary Lord

Mais informações : (71) 3117-6079/6041

Baixa Renda Aumenta Risco de Desenvolver Transtornos: distúrbios psíquicos são mais frequentes em pessoas com problemas financeiros

Pessoas com menor poder aquisitivo têm maior predisposição a desenvolver depressão e a tentar suicídio, segundo pesquisa publicada na revista Archives of General Psychiatry. A equipe coordenada pelo psiquiatra Jitender Sareen, do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Manitoba, no Canadá, fez um estudo prospectivo com 35 mil jovens americanos na faixa dos 20 anos, de diferentes classes sociais. Os pesquisadores entrevistaram os voluntários duas vezes em um intervalo de três anos. Eles foram questionados sobre sua situação financeira e seu estado emocional. Resultado: a incidência de distúrbios psíquicos foi maior entre aqueles com renda mais baixa.

Transtornos de ansiedade e abuso de álcool e drogas foram mais frequentes entre os que perceberam sua renda diminuir ao longo dos três anos em comparação com aqueles que mantiveram estabilidade em seus rendimentos. No entanto, não houve relação entre a presença de distúrbio psíquico no período da primeira entrevista e uma eventual redução de renda nos anos seguintes. Segundo Sareen, as explicações podem ser várias, mas há duas hipóteses principais: as defesas psicológicas podem se fragilizar diante das dificuldades econômicas ou pode haver uma “seleção social” com base na saúde mental das pessoas. “O distúrbio mental em si afetaria o status socioeconômico, levando a uma progressiva redução do poder aquisitivo”, observa.

Fonte: Revista Mente e Cérebro

Disponível em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/baixa_renda_esta_relacionada_a_risco_de_desenvolver_disturbios_psiquicos.html>. Acesso em: 27 out. 2011

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

XXIX Congresso Brasileiro de Psiquiatria

Local: Riocentro Exhibition & Convention Center
Av. Salvador Allende, 6.555 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Tel: +55 (21) 3035-9100 // Fax: + 55 (21) 3035-9134

Mais informações através do site: http://abp.org.br/

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria

Medicina Está Sendo Reduzida às Questões Econômicas

Em uma denúncia contundente e alarmante, dois médicos britânicos alertam que a Medicina está sendo reduzida às questões econômicas.
Os médicos, que antes precisavam aprender apenas a linguagem médica, agora devem também lidar com um mundo da saúde que transformou hospitais em fábricas e consultas médicas em transações econômicas.
"Os pacientes não são mais pacientes, são 'consumidores' ou 'clientes'. Os médicos e enfermeiros foram transformados em 'fornecedores'," afirmam Pamela Hartzband e Jerome Groopman em um artigo no conceituado New England Journal of Medicine.
Soluções de prateleira
Segundo os estudiosos, as reformas dos sistemas de saúde que estão ocorrendo no mundo todo estão permitindo que economistas e políticos estabeleçam que os cuidados aos pacientes devam ser "industrializados e padronizados".
"Os hospitais e clínicas devem funcionar como fábricas, e termos arcaicos, como doutor, enfermeira e paciente devem ser assim substituídos por uma terminologia mais adequada a essa nova ordem," escrevem eles.
O problema, segundo os autores, é que o conhecimento especializado que os médicos e enfermeiras têm e usam para ajudar os pacientes a entenderem as razões de duas doenças e os tratamentos disponíveis está se perdendo em um sistema em que tudo deve depender de "soluções de prateleira", que pretendem substituir a "prática baseada em evidências" pelo "julgamento clínico".
Curandeirismo moderno
"Reduzir a medicina à economia faz uma paródia do vínculo entre o curandeiro e os doentes," escrevem os pesquisadores.
"Por séculos, os médicos mercenários têm sido publicamente e devidamente castigados. Esses médicos traem seu juramento. Devemos nós agora elogiar o médico cuja prática, como um negócio bem-sucedido, maximiza os lucros obtidos de seus 'clientes'?" questionam eles.
Nesse novo mundo da "Medicina Econômica", economistas e políticos querem que a prática da Medicina se reduza a seguir alguns manuais de instruções contendo orientações pré-estabelecidas.
Mas essas orientações, argumentam os estudiosos, são preferências subjetivas escolhidas por quem elabora as normas, e não conclusões científicas.
Normas subjetivas
Eles citam como exemplo o fato de que diferentes grupos de especialistas traçam guias de orientação diferentes partindo dos mesmos dados e dos mesmos experimentos científicos.
E isso em questões que vão dos cuidados com a hipertensão e o colesterol alto até os exames preventivos para câncer de próstata e câncer de mama.
Nos casos dos cânceres de mama e próstata, por exemplo, inúmeros estudos afirmam que o rastreamento não produz os benefícios apregoados, mas as organizações médicas orientam exames cada vez mais precoces.
Quando são colocados para debater, a discussão dá razão aos dois estudiosos, acabando em questões econômicas: os defensores de uma posição dizem que os outros querem ganhar dinheiro com mais exames, enquanto os defensores da outra posição dizem que o outro lado quer economizar dinheiro para os planos de saúde.
E os estudos científicos são deixados de lado.
Usurários da Medicina
Mais problemática ainda, afirmam os dois estudiosos, é o impacto do novo vocabulário sobre os futuros médicos, enfermeiros, terapeutas e assistentes sociais.
"Quando nós mesmos ficamos doentes, nós queremos alguém cuidando de nós como pessoas, não como clientes que estão pagando, e para individualizar nosso tratamento de acordo com nossos valores," escrevem eles.
Segundo os pesquisadores, essa redução da Medicina à Economia vai afastar profissionais realmente focados no humanismo, transformando os profissionais da saúde em burocratas seguidores de regras pré-estabelecidas para darem maior lucro.

ATENÇÃO: O CONTEÚDO POSTADO NÃO REFLETE QUALQUER OPINIÃO, CRITICA OU SUGESTÃO DO MEMORIALJM.

Fonte:
Diário da Saúde

Disponivel em: <http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=medicina-reduzida-questoes-economicas&id=7051>. Acesso em: 26 out. 2011

Antidepressivos Trazem Mais Prejuízos do Que Benefícios

Recentemente, a médica Marcia Angell publicou um artigo no "The New York Review of Books" sobre a crise da psiquiatria e a ineficácia dos antidepressivos que fez muitos pacientes pararem imediatamente de tomar medicamentos deste tipo. O artigo pôs em dúvida a eficácia dos antidepressivos nos tratamentos convencionais. Segundo a médica o índice de resposta dos pacientes a antidepressivos é pouquíssimo superior ao de placebos. E, além de poucos benefícios terapêuticos, há graves efeitos colaterais. Cerca de 70% das pessoas que tomam antidepressivos, por exemplo, têm disfunção sexual. E, em alguns casos, mesmo quando param de tomar as pílulas, a disfunção continua.
A teoria do desequilíbrio químico como uma causa da depressão é uma hipótese que não está comprovada, mas os médicos prescrevem medicamentos, principalmente por causa do "rolo compressor da promoção farmacêutica". É o que diz o psiquiatra Daniel Carlat. E não é surpreendente que haja um furor de mídia nos EUA em torno dos medicamentos. Cerca de 10 por cento dos americanos com mais de seis anos de idade tomam antidepressivos. No Reino Unido, as prescrições para as drogas subiram 43% nos últimos quatro anos e chegaram a 23 milhões de receitas por ano.
O professor Irving Kirsch, diretor associado do programa de estudos de placebos da Harvard Medical School e autor de um livro intitulado "As novas drogas do imperador: explodindo o mito antidepressivo", explica a teoria do desequilíbrio químico. Segundo esta teoria, não há serotonina, norepinefrina ou dopamina em níveis suficientes nas sinapses do cérebro de pessoas deprimidas. Mas isto não se ajusta aos dados de pesquisas clínicas, uma vez que reduzir os níveis de serotonina em pacientes saudáveis não tem impacto sobre o humor que eles apresentam. Por isto, há quem acredite que a teria está equivocada.
- Esta teoria do desequilíbrio químico é um mito, diz ele. A idéia de que os antidepressivos podem curar a depressão de forma química é simplesmente errada.
A meta-análise de 38 estudos clínicos - sendo que 40% dos quais tinham sido retirados da linha de de publicação porque as empresas farmacêuticas não gostaram dos resultados - que envolveram mais de 3.000 pacientes com depressão mostra que apenas 25% dos benefícios do tratamento antidepressivo foi devido às drogas e que 50% foi simplesmente efeito placebo.
- Em outras palavras, o efeito placebo foi duas vezes maior que o efeito de drogas, embora a resposta ao placebo tenha sido menor nos pacientes severamente deprimidos. Placebos são extraordinariamente poderosos e podem ser "tão fortes quanto medicamentos potentes". A resposta ao placebo é específica: a morfina placebo alivia a dor, antidepressivos placebo aliviam a depressão. É uma questão de expectativa e condicionamento: se você espera se sentir melhor, você se sente melhor, mesmo se tiver efeitos colaterais negativos, pois os efeitos colaterais convencem as pessoas de que elas tomaram uma droga poderosa - diz Irving Kirsch.
Segundo o médico, a psicoterapia aumenta o efeito placebo e é significativamente mais eficaz que a medicação para todos os níveis de depressão.
- Antidepressivos só devem ser utilizados como último recurso e apenas para os mais severamente deprimidos - avalia Kirsch.
Nem todos concordam. Ian Anderson, professor de psiquiatria da Universidade de Manchester, acredita que os antidepressivos são úteis no tratamento de depressão e vai debater com Kirsch em uma conferência na Turquia no próximo mês. Ele diz que corremos o risco de "jogar fora o bebé junto com a água do banho".
- Isto ocorre quando dizemos que os antidepressivos são lixo. Os antidepressivos são parte da caixa de ferramentas de um médico, embora, provavelmente, sejam mais úteis para os pacientes mais deprimidos. Há pessoas que não respondem a terapias da fala. E neste caso não há escolha - comenta Anderson.
O professor Allan Young, presidente de psiquiatria da Imperial College London, concorda.
- A depressão é uma doença de classificação ampla. Há vários tipos de depressão, e cada tipo responde de forma diferente - diz Young. - É claro que cérebro e corpo são indissociáveis e os efeitos placebo são maiores nos pacientes que sofrem da doença com menos severidade.
Mas Kirsch levanta outro ponto:
- Para tornar as coisas mais complicadas, há o "efeito nocebo": se você espera se sentir mal quando você sair antidepressivos, você vai sentir-se mal, porque nós tendemos a notar pequenas mudanças aleatórias negativas e interpretá-las como prova de que estamos, na verdade, piorando... - diz Kirsch.
Ele cita o exemplo de uma paciente chamada Lucy, que tinha tendências suicidas. Ela tomou antidepressivos por fora por 10 anos. Ela costumava dizer o seguinte: "A droga deu-me de volta a mim mesma, era como um raio de luz que brilha através da névoa". Mas os efeitos colaterais eram náuseas e a perda da libido, e isto a levou a abandonar o medicamento. Ela também descreveu o que sentia sem o medicamento: "Era como um relógio. Sentia uma contração muscular na parte de trás da minha mente. E vivia com medo da depressão voltar. A única coisa que me manteve viva foi saber que as pílulas estavam lá e que a qualquer momento poderia recorrer a elas"
Para Judy, um outro antidepressivo funcionou bem. "O primeiro que me foi dado produziu em mim enorme ansiedade, como uma viagem ruim, e fez-me terrivelmente ciente de todas as minhas terminações nervosas. Mas a segundo fez efeito desde o primeiro dia. Quando tomava de manhã, eu sabia que ficaria com a química equilibrada. Era como um interruptor sendo ligado: sentia uma corrida fabulosa na direção da alegria ".
Ela parou de tomar o medicamento depois de seis meses. E meses depois, ela se sentia fraca, mas não deprimida
- Eu me sinto a depressão como uma pedra no meu plexo solar. E não era mais assim Então, eu ainda pensei que seria agradável ter aquele atalho para a felicidade. E tomei o segundo antidepressivo. Não teve efeito algum porque eu não estava realmente deprimida. E, para mim, a teoria do placebo não faz sentido...
Daniel Carlat, psiquiatra em Boston e autor de "Unhinged: The Trouble with Psychiatry (Revelações de um doutor sobre uma Profissão em Crise) - diz que a prescrição de antidepressivo é um caso de "hit-and-miss".
-Infelizmente, sabemos um bocado menos sobre o que estamos fazendo do que você imagina. Quando eu me vejo usando expressões como "desequilíbrio químico" e "deficiência de serotonina", geralmente é porque estou tentando convencer um paciente relutante em tomar medicação. Usar essas palavras faz com que a doença parece mais biológica. A maioria dos leigos não percebe como interessa pouco saber sobre a base de doença mental.
Carlat não está tão convicto quanto Kirsch sobre o efeito placebo. Os pacientes que aparecem em seu gabinete são diferentes daqueles recrutados para ensaios clínicos porque as empresas farmacêuticas, desesperadas para fazer os seus produtos superarem um placebo, são muito seletivas sobre quem escolherem.
- Você tem que ter depressão "pura", imaculada por uso de álcool, problemas de ansiedade, transtorno bipolar, pensamentos suicidas, depressão leve ou a longo prazo e isto exclui a maioria dos pacientes ) diz Carlat.
No entanto, como diz Marcia Angell, autora de "A verdade sobre as companhias farmacêuticas: como elas nos enganam e o que fazer sobre isso", é verdade que a indústria faz muita propaganda enganosa, mas os medicamentos antidepressivos ainda são uma alternativa quando nada mais funciona.
Uma coisa é clara: o cérebro permanece misterioso. Como Carlat diz:
- Sem dúvida, existem causas neurobiológicas e genéticas para todos os transtornos mentais, mas eles ainda estão além da nossa compreensão. Tudo o que realmente sabemos é que a depressão existe e, por vezes, as drogas parecem funcionar, mesmo que seja efeito placebo.
Para antidepressivos, os médicos têm uma diretriz básica, que todos concordam:
1. Nunca pare de tomar antidepressivos sem o discutir com seu médico, porque a interrupção abrupta de medicamentos pode causar sintomas de abstinência, tanto física como mental.
2. Se você decidir parar, vai precisar reduzir gradualmente a dose, em vez de parar abruptamente.
3. Se você está feliz com seu antidepressivo e sente que funciona no seu caso, continue com o medicamento. O uso regular é o que funciona. Se alguma coisa não está quebrada, não tente consertá-la....

Fonte: jornal O Globo

Disponivel em: <http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mat/2011/10/25/antidepressivos-trazem-mais-prejuizos-do-que-beneficios-925653115.asp#ixzz1btEtBzoC>. Acesso em: 26 out. 2011

Os Robôs Não Nos Invejam Mais: livro mostra que, diante das classificações psiquiátricas, seríamos todos “doentes mentais” e alerta para a medicalização da vida cada vez mais cedo – transformando o ser humano da pós-modernidade numa espécie de “homo automaticus"


ELIANE BRUM é Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem.
É autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo).
E codiretora de dois documentários: Uma História Severina e Gretchen Filme Estrada.


Os primeiros robôs da ficção tinham um conflito: eles eram criados e programados para dar respostas automáticas e objetivas, mas queriam algo vital e complexo. Em algum momento, às vezes por uma falha no sistema, eles passavam a desejar. E desejar algo que lhes era negado: subjetividade. Condenados às respostas previsíveis, revoltavam-se contra a sua natureza de autômato. Humanizar-se, sua aspiração maior, significava sentir angústia, tristeza, amor, raiva, alegria, dúvida e confusão. Os robôs da modernidade queriam, portanto, a vida – com suas misérias e contradições. Ao entrar em conflito e ao desejar, os robôs já não eram mais robôs, mas um algo em busca de ser. Um ser humano, portanto. A partir desta premissa, grandes clássicos da ficção científica da modernidade foram construídos, como O Homem Bicentenário, de Isaac Asimov, que depois virou o filme estrelado por Robin Williams.
Hoje, a pós-modernidade nos encontra em uma situação curiosa: os humanos querem se tornar robôs. Cada vez um número maior de pessoas se oferece em sacrifício, imolando sua vida humana, ao deixar-se encaixar em alguma patologia vaga do manual das doenças mentais e medicalizar o seu cotidiano para se enquadrar em uma pretensa normalidade. E assim dar as respostas “certas”.
Para quê? Ou para quem?
Basta olhar ao redor com alguma atenção para perceber que, nas mais variadas esferas do nosso cotidiano, esperam-se respostas automáticas e objetivas. Seja na área amorosa e no “desempenho” sexual, seja no comportamento profissional. Até mesmo dos bebês espera-se que atendam às classificações previstas nos muitos compêndios sobre o que esperar de um filhote humano a cada fase. Vivemos no mundo dos manuais de todos os tipos, difundidos pelo mercado editorial e reproduzidos e amplificados pela mídia, que nos ensinariam um “modo de nos usar”, com o objetivo de alcançar um tipo específico e previamente anunciado de resultado.
Dar respostas automáticas e objetivas diante de situações determinadas nos daria um lugar no mundo dos “normais”. E dos bem-sucedidos, já que hoje a normalidade é determinada por um tipo particular de sucesso. Tornar-se robô na vã tentativa de apagar a subjetividade humana é, portanto, o que uma parte da humanidade ocidental tem desejado para si – e se esforçado para impor aos filhos. E nisso tem a ajuda decisiva da indústria farmacêutica, que possivelmente nunca tenha ganhado tanto dinheiro com psicofármacos como hoje, e de um certo tipo de profissional da medicina que manipula o “Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - DSM-IV)” como uma Bíblia.
A tese acima é o ponto de partida de um livro muito interessante lançado há pouco, chamado “O Livro Negro da Psicopatologia Contemporânea” (Via Lettera). A obra é organizada por Alfredo Jerusalinsy e Silvia Fendrik, dois dos mais brilhantes psicanalistas da atualidade. Mas, entre os nove autores brasileiros, nove argentinos, um mexicano e um francês, não há apenas psicanalistas, mas também psiquiatras, neurologistas e pesquisadores da área da neurociência. Em alguns capítulos a linguagem é árida, e a obra se beneficiaria de uma edição mais rigorosa e cuidada. Ainda assim, o tema é irresistível e a leitura abre muitas janelas de reflexão. Em certa medida, o livro responde às provocações de outra obra, “O Livro Negro da Psicanálise” (Civilização Brasileira), em que a psicanálise é violentamente atacada como “charlatanismo”. Mas, como os autores anunciam – e cumprem – “O Livro Negro da Psicopatologia Contemporânea” não é um mero contra-ataque, o que serviria apenas para empobrecer um dos debates mais relevantes da nossa época. E sim uma excelente oportunidade para discutir com inteligência e profundidade algo que diz respeito a todos nós.
Afinal, não é o caso de demonizar a indústria farmacêutica e a psiquiatria, como se tivessem o poder superior de nos fazer acreditar que os sentimentos e as contradições inerentes à condição humana constituíssem um estorvo dos quais fosse preciso se livrar com a maior rapidez possível. Tampouco radicalizar afirmando que os medicamentos não têm função alguma nem possam representar uma conquista em determinadas situações. É importante assinalar: existem casos em que os remédios são benéficos e podem ajudar a pessoa a sair de um estado de paralisia. E há bons profissionais que são parcimoniosos e responsáveis no seu uso, em geral por tempo determinado e com rigoroso acompanhamento, para que os efeitos colaterais das drogas não se tornem mais nocivos do que o problema que motivou o seu uso. Infelizmente, a realidade nos mostra que esta não tem sido a regra.
Vivemos hoje uma patologização da vida humana e um uso indiscriminado, abusivo e cada vez mais precoce de psicofármacos. A importância deste livro é nos ajudar a compreender o que isso diz sobre a forma como estamos vivendo as nossas vidas, sobre a qualidade do nosso desejo e sobre a lógica socioeconômica que tem movido nosso mundo. Para isso, de nada valeria trocar um dogma por outro. E o livro tem o mérito de não fazê-lo.
Se muitas vezes a ciência é colocada no lugar de divindade e damos aos médicos o poder de determinar como vamos viver – e como vamos morrer –, é porque nós permitimos que isso aconteça. Porque é mais fácil transferir a um outro a responsabilidade por escolhas que deveriam ser nossas. Ainda que seja difícil escapar das engrenagens do mundo, especialmente quando elas enriquecem as grandes corporações, em alguma medida é justo pensar que temos, se não liberdade, pelo menos uma paleta de alternativas. Com todos os riscos que implica escolher contra a lógica dominante.
Por exemplo. Quando os pais levam uma criança que não está dando as respostas “adequadas”, seja em casa ou na escola, a um psiquiatra ou a um pediatra ou a um neurologista ou a qualquer outra especialidade e saem de lá com um diagnóstico e uma receita de psicofármaco, não me parece que estão sendo enganados. Acredito que a ética do médico pode ser questionada. Mas acredito também que os pais, assim como cada um de nós, procuram – e encontram – o profissional que vai dizer aquilo que gostariam de ouvir.

Hoje parece mais fácil para os pais lidar com um diagnóstico de transtorno psiquiátrico e tentar calar seus filhos com medicamentos do que empreender uma travessia que seguramente será mais espinhosa, exigirá tempo e dedicação maiores e poderá levar a respostas impossíveis de prever – quando não a novas perguntas. Da forma como hoje é colocado, o “transtorno” mental aparece como algo que está convenientemente fora, não tem nada a ver nem com o paciente, nem com o funcionamento da família. Sem contar que parte dos pais adora delegar a difícil tarefa de serem pais – e parte dos médicos adora assumir a prazerosa tarefa de ser Deus.
No capítulo intitulado “Gotinhas e comprimidos para crianças sem história. Uma psicopatologia pós-moderna para a infância”, Alfredo Jerusalinsky afirma: “Nos últimos trinta anos, tem havido um deslocamento das categorias nosográficas (de descrição das doenças) para o terreno dos dados. Não se questiona o que quer dizer este ponto, esta palavra ou este gesto fora do lugar. (...) Na trajetória que estamos descrevendo, foi se apagando esse esforço por ver e escutar um sujeito, com todas as dificuldades que ele tivesse, no que tivesse para dizer, e foi-se substituindo o dado ordenado segundo uma nosografia (descrição das doenças) que apaga o sujeito. (...) É assim que os problemas deixam de ser problemas para serem transtorno. É uma transformação epistemológica importante, e não uma mera transformação terminológica. Um problema é algo para ser decifrado, interpretado, resolvido; um transtorno é algo a ser eliminado, suprimido porque molesta. Os nomes das categorias não são inocentes”.
E, mais adiante: “De nossa parte, continuamos sustentando uma psicopatologia interpretativa, o que quer dizer não nosográfica, porque não depende de dados, não depende de sintomas, mas de deciframento. (...) Colocam na cabeça dos pais que eles não têm nada para ver nem entender e, então, eles se comportam como se não tivessem nada para ver nem entender; consequentemente a criança fica condenada aos automatismos mentais. Mas, claro, para eles só existem os automatismos mentais, então o que é preciso é trocá-los por outros”.
Quando as crianças apresentam um comportamento não esperado (esperado por quem e para quê?), a resposta predominante de pais, médicos e professores têm sido não escutar, mas transformar expressões em transtornos porque o que a criança diz, por palavras, gestos ou ações, pode transtornar os pais. E por isso precisa ser calado o mais cedo e o mais rápido possível. Em nome desta lógica, esquece-se de que somos seres dotados de inteligência e são poucos os que se questionam: se nunca houve tantos diagnósticos psíquicos (e, portanto, tantas patologias), se nunca existiram tantos medicamentos disponíveis para tratar essas doenças ou distúrbios, por que o número de casos não para de crescer e estaríamos vivendo verdadeiras epidemias de doenças mentais, transtornos de comportamento ou como queiram chamar essas síndromes que têm se multiplicado como coelhos? Não seria legítimo questionar: então, os remédios não curam?
Se aceitarmos como verdade única que o problema se resume a uma disfunção química no nosso cérebro, alheia ao viver, algo da ordem dos mecanismos fisiológicos, como o desarranjo de um sistema robótico, não bastaria “corrigir” com drogas para ser “curado”? Pelas estatísticas, tão valorizadas e difundidas pela própria indústria, sabemos que não é isso o que está acontecendo. O número de “depressivos”, “bipolares” e doentes do “pânico”, no mundo dos adultos, assim como o número de crianças com “transtorno de hiperatividade e déficit de atenção” e até mesmo com “autismo” não para de crescer. Se os remédios são tão eficazes e os diagnósticos tão fáceis de fazer como aqueles testes que a imprensa costuma publicar, do tipo “descubra se você é depressivo”, os doentes não deveriam diminuir em vez de aumentar? Afinal, sempre que a ciência descobriu a cura ou uma vacina para as doenças, iniciava-se um processo de redução no número de casos até a total erradicação.
Sobre este aspecto, os organizadores levantam uma questão interessante na apresentação da obra: “A ligeireza (e imprecisão) com que as pessoas são transformadas em anormais é diretamente proporcional à velocidade com que a psicofarmacologia e a psiquiatria contemporânea expandiram seu mercado. Não deixa de ser surpreendente que o que foi apresentado como avanço na capacidade de curar tenha levado a ampliar em uma progressão geométrica a quantidade de ‘doentes mentais’”.
Para complementar essa ideia, vale a pena ler a ótima entrevista feita pela jornalista Cláudia Collucci na Folha de S. Paulo de 18 de outubro. Sob o sugestivo título “Estamos dando veneno para as crianças”, Marcia Angell, professora titular do departamento de Medicina Social da Escola Médica de Harvard, critica a indústria farmacêutica por estimular o uso de medicamentos psiquiátricos em pacientes infantis. E também em adultos. Angell diz: “As pessoas creem que as drogas sejam mágicas. Para todas as doenças, para toda infelicidade, existe uma droga. A pessoa vai ao médico e o médico diz: ‘Você precisa perder peso, fazer mais exercícios’. E a pessoa diz: ‘Eu prefiro o remédio’. E os médicos andam tão ocupados, as consultas são tão rápidas, que ele faz a prescrição. Os pacientes acham o médico sério, confiável, quando ele faz isso. Pacientes têm de ser educados para o fato de que não existem soluções mágicas para os seus problemas. Drogas têm efeitos colaterais que, muitas vezes, são piores do que o problema de base”.
O que vale a pena perceber é que ninguém é normal, mesmo. Basicamente porque não há como saber o que seja isso. O que não é razão para sermos todos tratados como portadores de algum transtorno mental desde bebê. Como afirmam Alfredo Jerusalinsky e Silvia Fendrik: “A generalização e multiplicação dos signos psicopatológicos preparam o território para a expansão industrial na fabricação de psicofármacos, que passam a ser consumidos em massa. Nasce assim uma hipocondria dos estados de humor, dos afetos, das dúvidas, dos desejos, das tristezas. As variações mentais e as singularidades pessoais são comparadas com uma média estatística que cria uma medida comum inexistente na realidade. Esse ‘boneco padrão’ subjacente descreve uma ‘normalidade’ definida pela uniformidade. Comparados com ele, viramos todos ‘doentes mentais’”.
A tentativa de classificar toda singularidade como anormalidade pode se tornar uma grande comédia. Em 1992, o psicólogo clínico britânico Richard Bentall propôs em um artigo para o “Journal of Medical Ethics” o seguinte: classificar a felicidade como distúrbio psiquiátrico e incluí-la no manual dos transtornos mentais (DSM-IV). Richard escreveu com grande rigor acadêmico e citou 32 artigos de importantes revistas científicas britânicas. Passo a passo, ele prova que a felicidade é um estado estatisticamente anormal, acompanhado por sintomas como disfunção cognitiva e marcado por uma percepção distorcida da realidade.
Os pacientes afetados por esse distúrbio apresentam um quadro de euforia, sem contrapartida real, podendo resultar em desvantagem adaptativa. Sem contar que há uma relação significativa da felicidade com obesidade e ingestão de álcool. Richard propõe que os psiquiatras busquem tratamento para a felicidade e sugere até um nome para classificá-la como doença mental: “major affective, pleasant type”. A história é deliciosa porque Richard percebeu que, para evidenciar o absurdo que estava – e continua – sendo praticado, só mesmo assumindo o discurso psiquiátrico, mas pelo avesso. Se a tristeza é tratada como uma anomalia que pode e precisa ser curada, por que não a felicidade?
Ao olhar hoje para nós, com seus olhos artificiais, com o que um robô se depararia? Acho que uma das respostas pode ser encontrada em “Wall-e”, a bela animação da Pixar. Aliás, fica uma dica das mais agradáveis: pegue na locadora estes dois filmes sobre robôs, mas de épocas diferentes, “O Homem Bicentenário”, inspirado no texto de Isaac Asimov publicado na década de 70, e “Wall-e”, que recebeu o Oscar de melhor animação em 2009. “Wall-e” é um filme brilhante, “O Homem Bicentenário” deixa a desejar, mas juntos podem ser um ponto de partida interessante para pensar – sozinho, com os amigos ou com a família – sobre as mudanças ocorridas nas últimas décadas na forma de enxergar a nós mesmos.
“O Livro Negro da Psicopatologia Contemporânea” afirma que o ideal pós-moderno é o pensamento simplificado: memória reduzida + seleção de respostas corretas. Dizem Alfredo e Silvia: “Enquanto a cibernética eletrônica procura engenhosamente capacitar seus robôs para responder a questões cada vez mais aleatórias, e até para formular perguntas, nós humanos somos levados a uma ‘padronização’ do controle da ‘mente’. Amparados em padrões diagnósticos cada vez mais amplos – depressão, TOC, Asperger etc –, incluem-se os mais heterogêneos conjuntos de sintomas justificando deste modo a utilização dos mesmos psicofármacos. (...) Em um mundo em que o sujeito se desvanece ao redor da promessa de ter respostas para tudo, curiosamente surgem e proliferam as ‘patologias’ (...). O modelo atualmente proposto substitui o saber pela informação, a falta pela completude, a busca pela resposta ‘já’, a singularidade da diferença pela repetição do idêntico, o enigma do passado e do futuro pela pretensa certeza garantida do presente. O ideal seria que adaptássemos nossa experiência àquilo que, com toda a propriedade, poderia se chamar: Homo Automaticus?”.
Um dos traços marcantes da modernidade é a descoberta de que nossa consciência é apenas uma pequena parte do que somos. Há um vasto mundo inconsciente ou pré-consciente que nos constitui. Assim, não deixa de ser curioso, ainda que bastante lógico, que a partir da descoberta transformadora de que a consciência nem nos governa nem é nosso “eu” total, de repente desejamos nos robotizar para escapar da aventura ao mesmo tempo extraordinária e assustadora que é criar uma vida. Será que o melhor acordo que podemos fazer com nós mesmos é engolir pilulinhas na tentativa de manter um ilusório controle sobre nossa mente e sobre o outro, quando se trata de nossos filhos? Pílula para comer ou para não comer, pílula para dormir ou para ficar acordado, pílula para ter desejo sexual ou para diminuir o desejo sexual, pílula para se acalmar ou para estimular... Como se a condição humana, com todas as suas ambiguidades, pudesse ser reduzida ao mero ajuste de um corpo-máquina.
O crescimento dos distúrbios mentais na mesma proporção das supostas pílulas da felicidade e de outros “ajustadores” da mente mostra que há algo que não fecha nessa conta. Enquanto puder, a indústria farmacêutica vai continuar ganhando com a transformação de qualquer sofrimento em patologia e com a consequente medicalização da vida. E, quando (e se) algo mudar, vão ganhar com outra coisa. Mas nós, nós e nossos filhos, só temos uma vida para viver da forma mais ampla e rica possível. Convém não perdê-la na tentativa de anular a singularidade que nos pertence.
Como dizem Alfredo Jerusalinsky e Silvia Fendrik, os organizadores de “O Livro Negro da Psicopatologia Contemporânea”: “Os robôs não precisam se preocupar, já que hoje em dia parecem ser eles os que encarnam o ideal: sem desejos, sem envelhecimento, sem falhas, com automatismos garantidos para cada situação específica, sem vacilação, tudo positivado em um pensamento ‘positivo’. No entanto, devemos sublinhar que, enquanto aqueles robôs dos anos 1930 representavam em sua rebelião os ideais de um modernismo romântico, os atuais ‘transtornos’, sob suas formas toxicomaníacas, bulímicas, anoréxicas, de padrões sociais de sucesso ou de quimiopsiquiatria, representam a obediência recoberta por um falso manto de liberdade”.
Por mais que tudo nos empurre para a patologização e a medicalização da vida na busca de uma normalidade inexistente, acredito que há algo do humano que resiste, que não é calado e que grita, ainda que dopado. É por isso que a conta não fecha. Porque, por mais que se divulgue a crença – e é neste momento que a ciência se coloca no lugar da religião – de que é possível controlar o sofrimento e garantir a felicidade, a humanidade que mora em nós desmascara essa ilusão dia após dia. E por isso é preciso encontrar uma nova panaceia para dar conta de cada novo “transtorno”.
Se a dor é inerente à vida, ela necessariamente não é algo ruim, mas algo que nos impele a buscar um jeito de viver que faça mais sentido para nós. Se a confusão pode ser infernal no cotidiano, com todas as dúvidas que ela traz, não há como achar algo ou a si mesmo sem ela, para em seguida nos perdermos de novo, porque é assim que alcançamos outros mundos também dentro de nós. A angústia não deve ser silenciada, mas ouvida, porque está nos dizendo algo que nos diz respeito. E, se você for pai ou mãe, é sua a responsabilidade de lidar com as questões trazidas por seus filhos, sejam em forma de palavras, de gestos ou de comportamento. É sua – e não dos médicos – desde que você escolheu ser pai ou mãe – e até que suas crianças progressivamente assumam a responsabilidade pelos rumos da própria vida. E, acredite, a melhor forma de lidar ainda começa por escutar. Escutar de verdade.
É na incompletude, que não se fecha com nenhuma pílula, que talvez possamos, individual e coletivamente, empreender uma busca sem nenhuma garantia, como são todas as buscas, que nos leve a criar uma vida que ainda possa fazer um robô aspirar a uma existência humana. 

Fonte: Revista Época

Disponivel em: <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2011/10/os-robos-nao-nos-invejam-mais.html>. Acesso em: 26 out. 2011


ATENÇÃO: O CONTEÚDO POSTADO NÃO REFLETE QUALQUER OPINIÃO, CRITICA OU SUGESTÃO DO MEMORIALJM. APENAS COMPARTILHAMOS INFORMAÇÕES RELATIVAS A ÁREA DA SAÚDE MENTAL.

Valorizar Experiências Pessoais dos Alunos Aumenta Aprendizado: educadores devem considerar que o cérebro humano funciona de maneira única em cada estudante; aproximar pedagogia e neurociência pode significar melhoria da qualidade de ensino

Não basta entender como se aprende, é preciso descobrir a melhor forma de ensinar. Há décadas, a psicologia, amparada pela neurocência, difunde que quando um aluno que se sente afetivamente protegido é desafiado a aprender, ocorrem mudanças físicas e químicas em seu cérebro, o que facilita o acolhimento e a reconstrução de informações.

A pedagogia neurocientífica, como denominam alguns pesquisadores, pode ser compreendida como o estudo da estrutura, do desenvolvimento, da evolução e do funcionamento do sistema nervoso com enfoque plural: biológico, neurológico, psicológico, matemático, físico e filosófico. Nessa equação complexa, processos químicos e interações ambientais se aproximam e se complementam, propiciando aquisição de informações, resolução de problemas e mudanças de comportamento. Na prática, a aproximação entre as neurociências e a pedagogia pode reverter em melhoria da qualidade de ensino para milhares de estudantes.

Os benefícios são bem-vindos – e necessários. Afinal, a realidade é preocupante. Levantamento do Ministério da Educação revela que 20% dos brasileiros entre 15 e 19 anos são analfabetos, o que representa 12% da população brasileira. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Brasil tem o sétimo maior contingente de analfabetos do planeta. Mais que mapear o cérebro, desvendar meandros de seu funcionamento, compreender fluxos e refluxos de neurotransmissores, acompanhar dinâmicas complexas e transformar passos da resolução de um problema em modelos matemáticos, observar e diagnosticar, pesquisadores de diferentes segmentos estão interessados nas implicações sociais da aquisição de conhecimentos que possibilitem a inclusão de milhares de crianças, adolescentes e adultos – e não apenas no que diz respeito à quantidade de pessoas com acesso à escola, mas também levando em conta a qualidade da educação
oferecida.

O cérebro humano, porém, não possui nenhum módulo automático que permita o domínio de práticas como a leitura, a escrita ou o cálculo. O aprendizado é sempre um processo único, que envolve afeto. Por isso, conhecer a história do aluno e tratá-lo como sujeito único pode mudar o rumo de sua vida. É fundamental valorizar suas experiências.

A professora de história da escrita do Museu Metropolitano de Nova York e ex-professora do Instituto de Psicologia da USP Elvira Souza Lima costuma contar aos profissionais que assessora uma experiência que viveu com índios na Amazônia. Como na maior parte das escolas que visita, os professores de lá se queixavam da “falta de memória” das crianças, até para fixar conceitos considerados simples, como cores. Ela, então, perguntou a um aluno de que cor era a árvore. “Depende”, respondeu ele. Depende da parte da árvore, do tipo, da hora do dia e de como a luz incide sobre ela. Parece banal, mas é fundamental que o professor compreenda como o cérebro da criança funciona para ajudá-la a aprender. Caso contrário, o professor vai teimar que a árvore é verde e o aluno apenas vai decorar a resposta, sem que isso faça sentido para ele.

É muito importante que o professor saiba que o cérebro humano se organiza em torno da formação de significados. Um campo de significação é uma rede de informações e experiências relacionadas entre si que constituem sentidos para o indivíduo e possibilitam a formação de outros significados. A aprendizagem formal ocorre se houver, no procedimento pedagógico, previsão de trazer o novo relacionado a um conhecimento prévio do indivíduo, o que facilita construções e desdobramentos de sentidos.

Fonte: Revista Mente e Cérebro

Disponivel em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/valorizar_experiencias_pessoais_dos_alunos_aumenta_aprendizado.html>. Acesso em: 26 out. 2011

Efeito Psíquico do Desemprego: depressão, ansiedade e desequilíbrio físico-emocional deixam marcas difíceis de apagar

O desemprego é a segunda maior fonte de estresse para os brasileiros. A primeira é a violência, segundo dados da Isma-Brasil de 2007. O estudo, no qual foram entrevistadas quase 800 pessoas entre 18 e 65 anos, revelou que a preocupação é maior entre os jovens. E não é para menos: cerca de metade dos brasileiros desempregados tem entre 16 e 24 anos. “O futuro do país será marcado por uma população numerosa de idosos que passou grande parte da vida lutando contra os sintomas do estresse”, afirma a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da entidade.

A incerteza em relação ao próprio sustento tira o sono de qualquer um. No caso dos brasileiros, a situação afeta principalmente os que têm baixa escolaridade. “Vivemos no país dos bicos; as pessoas aceitam o que vier pela frente”, diz a psicóloga organizacional Ana Cristina Limongi, professora da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP). Essa instabilidade desencadeia um círculo vicioso do qual fazem parte depressão, desequilíbrio emocional, ansiedade e deterioração da saúde física. A conclusão é de um estudo coordenado por Richard H. Price, pesquisador da Universidade de Michigan, publicado no Journal of Occupational Health Psychology. A média de idade dos participantes era de 36 anos, sendo a maioria mulheres (59%), branca (75%) e casada (52%). Dois anos depois da primeira entrevista, os participantes da pesquisa – com origem social, formação escolar e grau de instrução variados – foram novamente avaliados. Nessa ocasião, 71% dos voluntários já estavam empregados. Ainda assim, relatavam os efeitos negativos da ruptura em sua vida profissional.

O problema não se resolve completamente quando a pessoa encontra um novo emprego. Segundo Price, o desemprego deixa marcas psíquicas por no mínimo dois anos e interfere na disposição e na forma como o indivíduo lida com as demandas da nova ocupação. Para o pesquisador, o desemprego deixa uma “herança psíquica”.

Fonte: Revista Mente e Cérebro

Disponivel em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/herancas_do_desemprego.html>. Acesso em: 26 out. 2011

Desejo de Sentir e Causar Dor: ativistas buscam retirar rótulo de “transtorno sexual” do sadomasoquismo

Sob coordenação do ativista sadomasoquista norueguês Svein Skeid, o projeto Revise F65, criado em 1998, busca mobilizar grupos fetichistas e SMs, bem como profissionais da saúde mental, por meio de um site e grupos de discussão na internet, para a retirada do fetichismo, sadomasoquismo e travestismo fetichista do grupo de distúrbios de preferência sexual (parafilias), como hoje consta na Classificação estatística internacional das doenças e problemas de saúde, 10ª revisão (CID-10), publicada pela Organização Mundial da Saúde.

Os adeptos desse movimento internacional alegam que essas orientações ou preferências sexuais permanecem sob o mesmo rótulo de “doenças” desde a 6ª revisão da CID, em 1948, favorecendo a discriminação de minorias e suscitando violência contra tais grupos. Para eles, a manutenção dessa classificação diagnóstica mostra estagnação no modo de encarar as múltiplas formas de expressão da sexualidade adulta, desde que consensuais. Nos Estados Unidos, depois da revisão do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-IV), em 1994, práticas fetichistas ou sadomasoquistas, caso não prejudiquem o funcionamento social ou ocupacional do indivíduo, são consideradas formas de expressão sexual adulta. No Brasil, boa parte dos psiquiatras segue essa orientação do DSM-IV, embora permaneça a discussão de até que ponto fetichismo e sadomasoquismo são perversões ou não, principalmente do ponto de vista da psicologia e da psicanálise.
 
Fonte: Revista Mente e Cérebro

Disponivel em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/combate_ao_preconceito.html>. Acesso em: 26 out. 2011

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

II Fórum de Psicanálise e Sociedade - 2011


Local: Livraria Cultura (Salvador Shopping-Salvador)
Data: 26.10.2011
Horário: 19:00
As inscrições serão feitas no local.
Mais informações: (71) 3347-8777


Fonte: Comissão Pró- Associação de Profissionais de Saúde Mental da Bahia.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Psicopatas Podem Ser Identificados Pelas Palavras Que Usam: pesquisa em presídio encontrou semelhanças no discurso de assassinos


Psicopatas tem mesmo discurso, aponta pesquisa

Um novo estudo realizado no Canadá descobriu que é possível saber quem é um psicopata por meio da análise das palavras. A forma de relatar o crime foi semelhante, segundo pesquisadores.
O estudo envolveu entrevistas com 52 assassinos, de um presídio de segurança máxima. Deste número, 14 eram psicopatas e 38 eram assassinos que não tiveram transtornos psiquiátricos. De acordo com os pesquisadores, foram encontradas diferenças claras entre os dois grupos.
Os psicopatas descreviam suas ações no passado, sugerindo que os acontecimentos aconteceram havia muito tempo e que não tinham como impedir o ato. Os relatos eram recheados de detalhes, por exemplo, conseguiam se lembrar o que tinham comido na manhã do crime.
Segundo o psicólogo Jeffrey Hancock, da Cornell University, principal autor do estudo, os psicopatas não hesitavam em falar das suas ações.
"Eles são narcisistas o suficiente para falar, a qualquer momento, sobre si mesmos e ficam felizes com isso”, disse.
Os não-psicopatas estavam cientes dos efeitos dos crimes na sua família e nos familiares da vítima. Essa preocupação não existia entre os psicopatas.
Para pesquisadores, o estudo mostrou que psicopatas funcionam em um estado primitivo, porém, racional.

Fonte: Revista Galileu

Disponivel em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI274512-17770,00-PSICOPATAS+PODEM+SER+IDENTIFICADOS+PELAS+PALAVRAS+QUE+USAM.html>. Acesso em: 24 out. 2011

Peça do Escritor Antônio Quinet



Além da Biologia: pesquisador britânico fala sobre como saúde pode ser afetada por fatores sociais e econômicos: em entrevista ao site de VEJA, Michael Marmot, autor do famoso estudo Whitehall, pioneiro em determinar a relação entre o surgimento da doença e os aspectos sociais associados a ela, diz que crise não é desculpa para diminuir investimentos em saúde


Michael Marmot, professor de Epidemiologia e Saúde Pública da Universidade College London

"A questão é: qual o sentido de tratar as doenças das pessoas, mas depois mandá-las de volta para a mesma situação que as deixa doentes?" — Michael Marmot, professor da University College London e presidente da Comissão de Determinantes Sociais da Saúde na Organização Mundial da Saúde

A saúde não se limita ao fator biológico — ela é influenciada por condições sociais, ambientais e econômicas. Michael Marmot, professor da University College London, é um dos responsáveis por consolidar esse conceito. Ele liderou durante 30 anos pesquisas sobre as desigualdades relacionadas à saúde da população. Marmot é o principal autor do famoso estudo Whitehall que, em sua primeira fase, iniciada em 1967, acompanhou a vida de 18.000 funcionários públicos da Grã-Bretanha por cerca de 10 anos (o estudo Whitehall II foi iniciado em 1985). O estudo mostrou que pessoas que tinham um nível hierárquico inferior de trabalho tinham uma taxa de mortalidade três vezes maior do que quem estava em posição superior na hierarquia. Um fato que, segundo ele, pode ser replicado para todas as classes sociais.
"Qual o sentido de tratar as doenças das pessoas, mas depois mandá-las de volta para a mesma situação que as deixa doentes?", pergunta Marmot. Ele cita Glasgow, na Escócia, onde a expectativa de vida para os homens mais pobres é de 54 anos - enquanto os moradores mais ricos vivem até os 82 anos. Uma diferença de 28 anos. "As pessoas pensam: se todo mundo ao meu redor morre aos 54 anos, por que vou parar de fumar, limitar o consumo de bebida ou o consumo de calorias?", diz Marmot. Uma relação direta entre a condição social de um indivíduo e sua fisiologia.
Discutir estratégias para reduzir essa desigualdade é o tema da Conferência Mundial de Determinantes Sociais da Saúde, que ocorre no Rio de Janeiro até esta sexta-feira. Representantes de mais de 100 países do mundo, entre ministros e pesquisadores, se reúnem para estabelecer metas e melhorar os indicadores sociais de cada país. Promovido pela Organização Mundial da Saúde, o evento conta com a participação da presidente da entidade, Margaret Chan, do ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha, e mais 60 ministros de outras nações.
Marmot, que preside a Comissão de Determinantes Sociais da Saúde na Organização Mundial da Saúde, e também é diretor do Instituto Internacional de Sociedade e Saúde, está no Rio para participar da Conferência e concedeu entrevista ao site de VEJA. "Não digo nada que eu não possa justificar baseando-me em evidências", diz o pesquisador.
Para o senhor, qual a importância de uma conferência como esta? É comum que, ao pensar em saúde, as pessoas pensem em assistência à saúde. É a primeira coisa que vem a cabeça da população e também dos governantes. A Comissão de Determinantes Sociais da Organização Mundial da Saúde, da qual fui presidente, trouxe um conjunto de evidências do mundo inteiro que mudou esse conceito. Está claro que você não precisa apenas de assistência à saúde para ser saudável. A saúde de um indivíduo vai além disso. Depende de aspectos sociais e ambientais. Quando uma pessoa fica doente,ela precisa de atendimento. Mas não é a falta de atendimento que causa a doença. Por exemplo, alguém que tem dor de cabeça, mas não tem aspirina. A deficiência de aspirina não é causa da dor de cabeça. Ela é causada por outra coisa. A questão é: qual o sentido de tratar as doenças das pessoas, mas depois mandá-las de volta para a mesma situação que as deixa doentes? Sabemos que as circunstâncias que as pessoas nascem, crescem e envelhecem, como o acesso a dinheiro e recursos, levam a essas condições na vida cotidiana. Alguma coisa deve ser feita.
Você é pioneiro na pesquisa científica sobre a relação entre o surgimento da doença e os aspectos sociais associados a ela. O que se sabe sobre isso até agora? Eu fiz – e continuo fazendo – um estudo longitudinal com funcionários públicos britânicos. É uma população muito interessante de se estudar. Eles excluem as pessoas muito pobres e também os muito ricos. Descobrimos uma gradiente social, ou seja, uma relação entre o nível hierárquico de trabalho e a saúde dos trabalhadores. Funcionários do governo que tinham cargos altos tinham uma saúde melhor do que aqueles com cargos medianos – e estes tiveram melhores resultados do que quem trabalhava em cargos piores. Por que isso importa? Quem disser que isso ocorre por culpa da pobreza, está equivocado. Porque o meu estudo na Grã-Bretanha não está falando de pessoas que vivem no limite da pobreza, com menos de U$1,25 por dia. O que encontramos neste estudo feito com funcionários públicos pode ser replicado para qualquer lugar do mundo — desde Porto Alegre até a Uganda, dos países mais ricos aos mais pobres. É claro que temos que nos preocupar com a extrema pobreza. Mas a preocupação não deve parar por aí. A igualdade de condições também é importante para a saúde das pessoas. A ideia é dar a toda população as mesmas condições de qualidade de vida e de saúde que têm as pessoas do topo da sociedade.
Como o status econômico pode afetar a fisiologia de uma pessoa? Diria que de duas formas. Uma delas é que pessoas com maior nível de instrução são mais ativas fisicamente, menos propensas a fumar e a se tornarem obesas, entre outros hábitos saudáveis. Então, com a educação, as habilidades e o conhecimento, você tem a atitude de controlar a sua vida e pensar no futuro. Tem o luxo de planejar o futuro. Em Glasgow, a expectativa de vida para os homens mais pobres é de 54 anos, enquanto os moradores mais ricos vivem até os 82 anos. Uma diferença de 28 anos. Há um exemplo de um conhecido em Glasgow que disse: “Eu não tenho plano de pensão para quando eu me aposentar”. Ao perguntar por que não, ele disse saber que não viveria tanto tempo. Se eu pensar que todo mundo ao meu redor morre aos 54 anos, por que vou ligar para parar de fumar, limitar o consumo de bebida ou o consumo de calorias? Ao olhar para as causas de morte em Glasgow, nós vemos que muitas têm a ver com drogas, envenenamento, suicídio e mortes violentas — são todas causas psicossociais. E essa é a outra forma. Em outras palavras, as pessoas sentem-se estressadas. Elas não têm o controle de suas próprias vidas e abusam de drogas e de álcool. Se por um lado, há um comportamento de risco, por outro há os causados por estresse, que também têm um efeito claro em relação à biologia.
Como a crise financeira mundial pode afetar as pessoas nesse sentido? De várias formas, em alguns países a qualidade de vida caiu. Nos últimos 12 meses, a inflação subiu cerca de 5% e os salários cresceram 1,2%. Ou seja, as pessoas ficaram quase 4% mais pobres somente neste ano. A crise financeira significa que as pessoas sentem-se pobres, elas estão pobres e as desigualdades aumentam.  Não apenas nas áreas econômica e social, mas também na saúde.
Como evitar esse cenário? Existem algumas recomendações. Investir no desenvolvimento da primeira infância, em educação, garantir o emprego e condições de trabalho, ter o mínimo de dinheiro para sobreviver, acesso à saúde e prevenção.
Como investir nesses fatores quando o problema é a falta de dinheiro? É uma questão de visão. Sabemos que para cada dólar gasto no desenvolvimento infantil, há um retorno de sete dólares. O que significa menos delinquência, menos crime, menos desemprego. É fato que não vai retornar amanhã, mas virá a longo prazo. O pensamento a curto prazo é extremamente perigoso para um governo. A crise financeira não pode ser uma desculpa para interromper o investimento em saúde. Você não pode parar de investir em desenvolvimento infantil e educação e justificar isso com a falta de dinheiro. Porque com isso viriam crises ainda piores. Não podemos arcar com isso.

Fonte: Revista VEJA

Disponivel em:<http://veja.abril.com.br/noticia/saude/alem-da-biologia-pesquisador-britanico-fala-sobre-como-saude-pode-ser-afetada-por-fatores-sociais-e-economicos>. Acesso em: 24 out.2011

Rio Lança Documento Sobre Determinantes Sociais da Saúde: documento é o mais importante já lançado sobre o tema


Maria Guzenina-Richardson, ministra da Saúde e de Serviços Sociais da Finlândia:
defesa de uma "saúde

A desigualdade é uma das principais questões de saúde pública atual. Tanto no Brasil como em países mais ricos, como a Inglaterra, há diferença na expectativa de vida de ricos e pobres, independentemente do tratamento médico recebido. A origem da disparidade é profunda e envolve diversos fatores, como tabagismo, alimentação e outros hábitos (leia entrevista com Michael Marmot). Nesta sexta-feira, durante a cerimônia de encerramento da Conferência Mundial de Determinantes Sociais da Saúde, realizada no Rio de Janeiro, profissionais de saúde de vários países lançaram uma declaração sobre os instrumentos necessários para promover o acesso igualitário à saúde. O evento, que teve início na quarta-feira, foi promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Composto por 16 itens, o documento foi elaborado por representantes de mais 100 países, que chegaram a um consenso sobre quais são as ações necessárias para melhorar questões sociais e ambientais que afetam diretamente a saúde da população. "Esse não e um documento técnico, é um documento politico. E um compromisso assumido pelos governos", afirmou Marie-Paule Kieny, diretora-assistente de inovação, informação, evidências e pesquisa da OMS.
Segundo o documento, a crise econômica global que afeta os países atualmente requer ações urgentes para evitar o aumento das desigualdades, prevenir a piora das condições de vida e também a deterioração dos sistemas universais de saúde. O tema foi bastante discutido durante todo o evento. "Está na hora de lutar pela saúde de uma forma sustentável", disse Maria Guzenina-Richardson, ministra da Saúde e de Servicos Sociais da Finlândia.
A declaração também passa por pontos sobre a necessidade de desenvolver politicas efetivas de saúde pública nos campos social, econômico, ambiental e comportamental visando a redução das desigualdades de saúde. "Só e possível garantir saúde para todos se houverem politicas especificas e diferentes para populações especificas e diferentes", disse o ministro da Saúde Alexandre Padilha, em seu discurso.
Brasil — Para Paulo Gadelha, presidente da FioCruz, essa declaração terá um peso maior no Brasil, pais escolhido para ser sede do maior evento da OMS realizado fora da sede, em Genebra. "Eleva a discussão a outro patamar. Com isso, o Brasil também traz para si uma enorme responsabilidade de melhorar seus próprios determinantes sociais de saúde", diz. "Fico muito feliz que os países concordam que saúde é muito mais que doença e hospital. É algo muito mais complexo que isso", disse o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão.
"Nunca tivemos algo tão avançado no campo de determinantes sociais da saúde", diz Paulo Buss, diretor da FioCruz. Apesar do resultado positivo e inovador, houve um questionamento sobre a falta de destaque a pontos cruciais. "Faltou ênfase no tema acesso a medicamentos, como acesso a novas tecnologias e políticas de patentes. Faltou também destacar a situação dos imigrantes, que muitas vezes tem dificuldades de ter acesso a um atendimento de qualidade." Outro ponto polêmico foi a falta de direções claras sobre a necessidade de um regime democrático para conquistar os objetivos das determinantes sociais da saúde.
Agora, o próximo passo é levar a discussão para a Assembleia Mundial da Saúde, organizada pela OMS anualmente. O objetivo, segundo Buss, é propor que os determinantes sociais de saúde sejam tema de uma Reunião de Alto Nível da Organização das Nações Unidas, assim como ocorreu este ano com as doenças crônicas não transmissíveis.

Fonte: Revista VEJA

Disponivel em: <http://veja.abril.com.br/noticia/saude/rio-lanca-documento-sobre-determinantes-sociais-da-saude>. Acesso em: 24 out. 2011

Freud e Aprendizagem: livro relaciona ideias do pai da psicanálise ao atual sistema educacional

Apesar de Sigmund Freud não haver escrito nenhum texto específico sobre aprendizagem, ele refletiu, em alguns trechos, sobre a relação entre professor e aluno e formas de transmitir conhecimento. Em Educação e psicanálise, o psicanalista Rinaldo Voltolini identifica e desenvolve essas ideias, relacionando-as ao sistema educacional de hoje. Voltolini deixa claro que não pretende defender a existência de uma “pedagogia psicanalítica”, mas que, a partir de apontamentos e observações da obra de Freud, é possível questionar e pensar novas maneiras de educar.
Referência : VOLTOLINI, Rinaldo. Educação e psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. 84 págs., R$ 16,00.

Fonte: Revista Mente e Cérebro

Disponivel em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/freud_e_aprendizagem.html>.  Acesso em: 24 out. 2011

Síndrome de Steve Jobs: empresas de tecnologia não trazem felicidade

Um estudo realizado com 441 empreendedores que criaram empresas de alta tecnologia, e tiveram sucesso financeiro com elas, revela que a riqueza não necessariamente traz felicidade.
Segundo o levantamento, há uma correlação positiva entre o crescimento da empresa emergente e a satisfação com a renda do seu fundador.
Contudo, esse mesmo sinal de sucesso empresarial está negativamente correlacionado com a felicidade do fundador.
Conceitos de sucesso
Arndt Lautenschlaeger, da Universidade de Jena (Alemanha), analisou empresas de alta tecnologia de diversas áreas.
A felicidade pessoal do fundador foi avaliada por indicadores que incluem satisfação com a vida, satisfação com o trabalho, situação financeira e tempo de lazer.
O termo "sucesso" foi conceituado de forma diferente pelos participantes. Alguns o associam com lucros e se tornar rico, enquanto outros valorizam mais ser o próprio patrão e a auto-realização.
Já o sucesso do empreendimento foi medido de forma objetiva, com indicadores de vendas, eficiência e lucros.
Sucesso da empresa, não do empreendedor
"Eu descobri que, no estágio inicial da empresa, o desempenho da firma e a satisfação pessoal do fundador andam lado a lado, com algumas poucas exceções," conta Lautenschlaeger.
Mas a satisfação com a vida do seu fundador apresentou um declínio no longo prazo conforme a empresa crescia - apesar do aumento na renda.
O pesquisador aponta que seu estudo contesta a visão tradicional de que o crescimento de uma empresa caminha lado a lado com o sucesso pessoal do seu fundador.
Desmotivação
As conclusões do estudo são importantes tanto para o empresário de alta tecnologia quanto para as empresas que eles fundam.
Para o empresário tudo parece mais fácil: como ele ficou rico - pelo menos no caso das 441 empresas estudadas - ele pode sair da empresa e usar seu dinheiro para aumentar sua satisfação com a vida.
Já para a empresa, o problema pode vir justamente quando o fundador não sai.
Conforme aumenta a insatisfação pessoal do fundador, sua permanência pode começar a representar um risco para a continuidade da própria empresa, que passa a enfrentar um risco real de falência por conta de uma condução desmotivada.
Síndrome de Steve Jobs
Steve Jobs, um dos maiores ícones do mundo da alta tecnologia, criou a Apple, uma empresa que, apenas alguns dias após sua morte, atingiu o maior valor de mercado de sua história e alcançou o pódio de empresa mais valiosa do mundo.
Antes disso, porém, Jobs foi demitido da direção da empresa em um momento de dificuldades, mostrando que os conselhos de administração das empresas de alta tecnologia de sucesso de fato precisam discutir abertamente se o criador não se voltou contra a criatura.
No caso de Jobs, posteriormente ele voltou e "reinventou" a empresa, levando-a ao patamar no qual ela está hoje.
Jobs morreu de câncer aos 56 anos de idade.

Fonte: Diário da Saúde 

Disponivel em:<http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=sindrome-steve-jobs-empresas-tecnologia-felicidade&id=7063>. Acesso em: 24 out. 2011

As Revelações Sobre o Cérebro Adolescente: novas pesquisas decifram as transformações cerebrais que acontecem na adolescência, explicam comportamentos típicos e sugerem como lidar com eles

O que faz uma garota de 14 anos passar o dia inteiro emudecida, trancada no quarto? Ou ir do riso à fúria em menos de um segundo? Pode ser realmente difícil entender a cabeça de um adolescente. Para ajudar nesta tarefa, a ciência está empreendendo um esforço fantástico. Nos Estados Unidos, ele está sendo capitaneado pelo Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (NIMH). O órgão – um dos mais respeitados do mundo – está patrocinando uma linha de estudos focada na busca de informações para compreender o que está por trás das oscilações de humor e comportamentos de risco que marcam a adolescência. E as informações trazidas pelos estudos realizados até agora estão construindo uma nova visão da metamorfose sofrida pelos jovens. “O cérebro do adolescente não é um rascunho de um cérebro adulto. Ele foi primorosamente forjado por nossa história evolutiva para ter características diferenciadas do cérebro de crianças e de adultos”, disse à ISTOÉ o neurocientista americano Jay Giedd, pesquisador do NIMH e um pioneiro na investigação do cérebro adolescente.
Giedd e seus colegas estão redefinindo os conceitos da medicina sobre essa fase da vida. Para eles, os tropeços da adolescência são sinais de que o cérebro jovem está procurando se adaptar ao ambiente. Nos primeiros 13 anos de pesquisa, os cientistas estudaram mudanças cerebrais ocorridas do nascimento até a velhice, na saúde e na doença. Descobriram que a adolescência é marcada por um aumento das conexões entre diferentes partes do cérebro. É um processo de integração que continuará por toda a vida, melhorando o trabalho conjunto entre as partes.

As pesquisas revelaram ainda que, nessa etapa, dá-se o fortalecimento e amadurecimento de algumas redes de neurônios (as células nervosas que trocam informações entre si) e o abandono de outras, menos usadas. Os estudos mostraram também que a onda de maturidade se inicia nas partes mais profundas e antigas, próximas do tronco cerebral, como os centros da linguagem, e naquelas ligadas ao processamento de emoções como o medo. Depois, essa onda vai subindo rumo às áreas mais recentes do cérebro, ligadas ao pensamento complexo e à tomada de decisões. Entre elas estão o córtex pré-frontal, o sulco temporal superior e o córtex parietal superior, envolvidos na integração de informações enviadas por outras estruturas do órgão. Essa evolução explica, em parte, por que nesse período da vida a impulsividade e os sentimentos mais viscerais são manifestados com tanta facilidade, sem passar pelo filtro da razão.
Na tentativa de elucidar por que os jovens atravessam o período de crescimento como se estivessem em uma montanha-russa, um dos aspectos mais estudados é a tendência de se expor a riscos. No começo da empreitada científica para decifrar os segredos do cérebro adolescente, acreditava-se que a falta de noção do perigo iminente estivesse associada à falta de amadurecimento do córtex pré-frontal, área ligada à avaliação dos riscos que só atinge o desenvolvimento pleno por volta dos 20 anos. O avanço das pesquisas, porém, está demonstrando que por volta dos 15 anos os jovens conseguem perceber o risco da mesma forma e com a mesma precisão que um adulto.
Se sabem o que está acon­tecendo, por que os jovens se colocam em situações ameaçadoras? Embora as habilidades básicas necessárias para perceber os riscos estejam ativas, a capacidade de regular o comportamento de forma consistente com essas percepções não está totalmente madura. “Na adolescência, os indivíduos dão mais atenção para as recompensas em potencial vindas de uma escolha arriscada do que para os custos dessa decisão”, disse à ISTOÉ Laurence Steinberg, professor de psicologia da Universidade Temple, especializado em desenvolvimento adolescente e autor de “Os Dez Princípios Básicos para Educar seus Filhos”. Steinberg é um dos mais destacados estudiosos da adolescência na atualidade.

Leia matéria  na íntegra:   http://www.istoe.com.br/reportagens/170256_AS+REVELACOES+SOBRE+O+CEREBRO+ADOLESCENTE?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

Fonte: Revista Istoé

Esquizofrenia, Linguagem e Assimetria Cerebral: predisposição à doença estaria ligada à expressão gênica regulada por processos bioquímicos

Um dos mais fascinantes capítulos no estudo da esquizofrenia é a tentativa de compreender as possíveis alterações genéticas que levam a ela. O psiquiatra inglês Timothy Crow, uma das maiores autoridades mundiais no assunto, diz que “o preço que o Homo sapiens pagou para a ultra-especialização da espécie, ou seja, a aquisição da linguagem, foi a esquizofrenia”. Crow baseia suas surpreendentes afirmativas em causas genéticas e epigenéticas para a doença. Um dos aspectos que o interessam é saber se há relação entre esquizofrenia, linguagem e assimetria cerebral. Para vários autores, a chave das alterações anatômicas na esquizofrenia está na perda, ou mesmo na reversão, da assimetria. Há várias tentativas de associar a teoria da assimetria com as psicoses. Contudo, não foi identificado até o momento um gene para assimetria. Os achados de ligação genômica com psicoses também são frágeis e inconsistentes. Uma possibilidade considerada por Crow é a de que a predisposição para a psicose não seja genética – associada a uma mutação num seguimento do DNA –, mas epigenética, isto é, que se refira à expressão gênica regulada por algum processo químico ou pela ativação de genes inativos no cromossomo sexual.

Fonte: Revista Mente e Cérebro

Disponivél em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/esquizofrenia_linguagem_e_assimetria_cerebral.html>. Acesso em: 21 out. 2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Brasil Define Normas Para Cópia de Medicamentos Biológicos

Medida anunciada pelo ministro da Saúde incentiva a fabricação nacional de produtos com patentes vencidas. Área compromete 34% do orçamento do SUS

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou, nesta quarta-feira (19), no Rio de Janeiro, durante a Conferência Mundial de Determinantes Sociais da Saúde, a publicação de normas que servem de base para a cópia, registro e produção de medicamentos biotecnológicos no país. Esses produtos, como vacinas, kit diagnóstico e tratamento para doenças como câncer, são criados a partir de organismos vivos ou parte deles. A medida é um estímulo ao ingresso da indústria nacional neste mercado, com base em patentes de produtos vencidos e preparar-se para os estão para vencer. A nova normatização sobre o setor será publicada pela Anvisa (Agência Nacional Vigilância Saúde).
 “Os produtos biotecnológicos são a nova fronteira de produtos mais eficazes e seguros para a população. A Anvisa, ao estabelecer as regras de registro no país, está incentivando a participação da indústria nacional neste mercado. E quando começarmos a produzir aqui esses medicamentos, vamos reduzir os custos de compra e, consequentemente, atender ainda mais pessoas”, destacou o ministro Padilha.
A biotecnologia tem revolucionado a investigação e o desenvolvimento de novos medicamentos, mas chegam ao mercado a um custo muito maior que os demais produtos. Para se ter uma idéia do impacto, esses materiais hoje representam 1% da oferta do Sistema Único de Saúde, no entanto comprometem 34% do orçamento do Ministério da Saúde para compra de medicamentos. Hoje esses produtos são utilizados no tratamento de câncer, doenças inflamatórias e infecciosas, entre outras.
“Acreditamos que a nova regulamentação proposta, fornecerá as diretrizes legais e científicas necessárias ao desenvolvimento de cópias de produtos biotecnológicos no Brasil e preencherá lacunas regulatórias existentes anteriormente”, disse Dirceu Barbano, diretor-presidente da Anvisa. O esforço da Anvisa coincide com o fim da patente de produtos biológicos e possibilidade de início da produção de cópias no país.
As normas são apresentadas em quatro guias criados pela agência e estarão disponíveis em sua página na internet (http://www.anvisa.gov.br/). Dois dos materiais aprovados pelo órgão trazem informações para o registro de eparina, um anticoagulante, e alfa interferon, usado no tratamento de doenças infecciosas. Além disso, foi criada uma Câmara Técnica de Medicamentos Biológicos, que facilitará a implementação de regras neste setor.
Em reunião com representantes da indústria nacional na manhã desta quarta-feira (19), a diretora-geral da Organização Mundial de Saúde destacou que, com o crescimento que o mercado brasileiro vem apresentando, o país tem capacidade para exportar produtos e, principalmente, para não perder a oportunidade do mercado de biosimilares. Segundo ela, para ultrapassar essas barreiras é preciso que o país invista em tecnologia.

Fonte: Ministério da Saúde

Disponivel em:<http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/2733/162/brasil-define-normas-para-copia-de-medicamentos-biologicos.html>. Acesso em: 20 out. 2011

Lençol Usado de Hospital Brasileiro Também é Vendido em Lojas

Lojas de tecidos de Teresina, no Piauí, foram flagradas vendendo lençóis e fronhas usados com logotipos de 16 instituições de saúde do país. O material é vendido nas mesmas prateleiras de outros tecidos e malhas sem logomarcas.
A informação é da reportagem de Matheus Magenta publicada na edição desta quinta-feira (20.10) da Folha. A reportagem completa está disponível para assinantes do jornal.
A reportagem comprou anteontem 7 kg (por R$ 18 cada) de lençóis e fronhas. A comercialização de materiais do gênero, no entanto, é proibida, diz a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e pode trazer riscos à saúde, de acordo com médicos.
Na sexta-feira passada, a Folha encontrou tecidos com marcas de hospitais dos EUA à venda em uma loja em Santa Cruz do Capibaribe, em Pernambuco. Dias antes, a Receita Federal havia apreendido peças semelhantes em carga de lixo hospitalar também de origem americana.
Em Teresina, os produtos são comercializados como novos, mas alguns deles estavam sujos. A loja, no centro da cidade, emitiu um recibo para 7 kg de "lençóis de hospital". A Folha voltou ao local ontem para obter dados sobre o fornecedor, mas o local estava fechado em razão de um feriado estadual.


Fonte: Folha de São Paulo

Disponivel em: <http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/993679-lencol-usado-de-hospital-brasileiro-tambem-e-vendido-em-lojas.shtml>. Acesso em: 20 out. 2011

O Conceito de Gênero: não há um único modelo de masculinidade ou de feminilidade

A denúncia do pretenso aspecto fixo e binário de categorias como feminino e masculino, contido nas explicações biológicas para as diferenças cognitivas entre os sexos, tem no conceito de gênero parte do reconhecimento do caráter social e historicamente construído das desigualdades fundamentadas sobre as diferenças físicas e biológicas.

Nos dicionários brasileiros, o termo gênero é definido como uma forma de classificação e como o modo de expressão, real ou imaginário, dos seres. A partir da década de 80, o conceito de gênero foi incorporado pela sociologia como referência à organização social da relação entre os sexos. A elaboração desse conceito ainda recebe forte influência de áreas como lingüística, psicanálise, psicologia, história e antropologia, responsáveis por demonstrar a variabilidade cultural dos comportamentos, aquisições e habilidades considerados femininos e masculinos. Isso significa que masculinidades e feminilidades plurais são configuradas fundamentalmente pela cultura.

Na década de 90, os estudos da historiadora americana Joan Scott influíram significativamente nos estudos brasileiros de gênero, nas reflexões críticas sobre educação, bem como no saber produzido acerca das diferenças sexuais e dos vários sentidos que esse conhecimento adquire nos distintos espaços de socialização, entre os quais as instituições responsáveis pela educação.

A adoção da perspectiva de gênero, seja em estudos acadêmicos, seja nos espaços de construção de socialização variados, requer o reconhecimento de que as mulheres e os homens não são iguais, as relações que estabelecem são assimétricas, não existe um único modelo de masculinidade ou de feminilidade e as relações de poder perpassam também os relacionamentos entre mulheres e homens.

Gênero remete então à dinâmica da transformação social, aos significados que vão além do corpo e do sexo biológico e que subsidiam noções, idéias e valores nas distintas áreas da organização social: podemos encontrá-los nos símbolos culturalmente disponíveis sobre masculinidade e feminilidade, heterossexualidade e homossexualidade; na elaboração de conceitos normativos referentes aos campos científico, político, jurídico; na formulação de políticas públicas implantadas em creches e escolas; nas identidades subjetivas e coletivas. Ele permite reconhecer a tendência à naturalização das relações sociais baseadas na fisiologia dos corpos e enxergá-los como signos impressos por uma sociedade e por uma cultura.

Fonte: Revista Mente e Cérebro

Disponivel em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/o_conceito_de_genero.html>. Acesso em: 20 out. 2011

Reforma Psiquiátrica: uma visão interdisciplinar

"A Liga Acadêmica de Psiquiatria da Bahiana convida para a sessão: Reforma Psiquiátrica: uma visão interdisciplinar. Um debate inusitado em que há coragem para construir um espaço onde possam dialogar todas as vozes da loucura, tangenciando sua história, seu presente e sua reforma. Pois sim, reformaram a loucura de tal maneira que grades e tortura não puderam ser recicladas. Agora o que temos é o cuidador e a pessoa de quem se cuida lado a lado debatendo sobre o tema. Que venha então o novo e que se desfaça o preconceito.
Há de ser um tanto louco para ser muito vivo." Mariana Aragão

Os convidados serão:
Rosa Garcia, Ex-presidente da Associação de Psiquiatria da Bahia, discutindo a história da reforma psiquiátrica;
João Martins, Coordenador do CAPS AD III - Gey Espinheira e Psicólogo da Área Técnica de Saúde Mental - SESAB, abordando o contexto atual da Reforma Psiquiátrica;
Josuelinton Santos, Usuário e Presidente da AMEA (Associação Metamorfose Ambulante), refletindo a visão do usuário diante da Reforma Psiquiátrica.

Data: 31.10.2011
Horário: 19h
Local: Escola Bahiana de Medicina

 Fonte: Comissão Pró- Associação de Profissionais de Saúde Mental da Bahia.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O Pai Propicia ao Filho Expansão Psíquica e Social: a função paterna permite à criança ampliar recursos como as capacidades de elaboração, fantasia e simbolização

Depois de vivenciar a forte parceria com a figura materna, nos primeiros meses de vida, o bebê passa a reconhecer o pai como terceiro – aquele que se interpõe entre ele e a mãe para separá-los, abrindo espaço para a entrada dos outros significativos da família. Essa inserção tem sentidos importantes para a criança, entre os quais sua introdução na cultura por meio de interdições, imposição de limites e contornos. A função paterna propicia uma espécie de abertura psíquica – tanto interna, subjetiva, como voltada para o outro, o externo –, o que permite à criança ampliar recursos como as capacidades de elaboração, fantasia e simbolização, ao mesmo tempo que expande suas possibilidades de compartilhar e diversificar relações sociais.

A identificação é um dos principais dispositivos para a vinculação do bebê ao outro e ao grupo. Inicialmente, mãe e filho se identificam. Ao reconhecer o pai, a criança passa a inspirar-se em sua imagem. Nesse processo de reciprocidade, o bebê tem condições de explorar as próprias expressões de afeto e abrir espaço para estabelecer novos laços interpessoais.
  
Fonte: Revista Mente e Cérebro

Disponivel em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/o_pai_propicia_ao_filho_expansao_psiquica_e_social.html>. Acesso em: 19 out. 2011